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    Muitas pessoas nas ruas olhavam para a Gravitas com um brilho nos olhos. Algumas delas viam os Certificados e percebiam o quão boa aquela loja era. Uma avaliação perfeita para Forja de Armas Mundiais? Preços mais baixos que em qualquer outro lugar? Isso parecia bom demais para ser verdade!

    Esse era um erro comum que muitos comerciantes novatos cometiam ao abrir suas lojas pela primeira vez. Quando alguém extremamente talentoso em uma profissão abria uma loja pela primeira vez, alegando que podia oferecer coisas incríveis por um preço tão baixo, todos pensavam que aquilo era uma fraude. Por causa disso, ninguém visitava essas lojas até que o dono conseguisse um cliente desesperado, que então divulgaria a qualidade da loja.

    Gravis já tinha ouvido histórias de alguns ferreiros supremamente talentosos que cometeram esse erro. Nos primeiros dias, e talvez até semanas, eles não conseguiam sequer um cliente.

    E era aí que o Certificado de Honestidade entrava em cena.

    O Certificado de Honestidade era um símbolo de confiança. Desde que uma loja possuísse esse Certificado, muitos mais clientes confiariam nas alegações feitas. Não obter esse Certificado quando se era muito talentoso era simplesmente burrice.

    Em questão de segundos, os primeiros clientes começaram a aparecer. No entanto, a maioria apenas dava uma olhada na loja. Gravis havia criado uma enorme quantidade de armas, milhares, na verdade. Ele tinha fabricado essas armas como ferramentas de teste para os clientes. Cada pessoa tinha um Estilo de Combate diferente, o que significava um número incontável de variações das armas tradicionais.

    Por conta disso, Gravis havia criado muitas armas para cada Grande Reino e as exibido. Se alguém quisesse encomendar uma arma, poderia experimentar algumas que já estavam na loja para tomar uma decisão melhor.

    Essas armas estavam penduradas nas paredes. Na verdade, as paredes estavam absolutamente repletas desse tipo de armas. Felizmente, o andar térreo da Gravitas estava equipado com uma Formação de Matriz que comprimia o espaço. Isso significava que o andar térreo tinha, na verdade, um quilômetro inteiro de largura e comprimento.

    Nesse momento, mais de vinte clientes já caminhavam pela loja, observando as diferentes exposições. Yersi permanecia educadamente em sua mesa, apenas esperando os clientes tomarem suas decisões.

    De repente, Yersi recebeu uma transmissão de voz e olhou para uma jovem de aparência inocente. Após receber a mensagem, Yersi foi até a jovem, que rapidamente recuou assustada. Ela era apenas uma Cultivadora Nutrição Nascentet.

    — Senhorita — disse Yersi com educação. — Por favor, deixe o local — afirmou.

    Os clientes observaram aquilo e arregalaram os olhos. A loja tinha acabado de abrir, mas já estava expulsando um cliente? E, além disso, aquela claramente não era uma encrenqueira. Era apenas uma garota inocente!

    — D-Desculpe? — perguntou a jovem com medo. — E-Eu fiz algo errado?

    — Não — respondeu Yersi educadamente — mas não atendemos pessoas como você.

    — P-Pessoas como eu!? — ela perguntou em choque. — Mas eu nunca roubei ou fiz algo errado! Está me expulsando só porque você é uma besta e eu sou humana!? — ela gritou, aparentemente perdendo o medo.

    Os outros clientes observaram a cena com interesse. Alguns queriam ajudar a garota, mas não iriam se envolver, pelo menos enquanto Yersi mantivesse a educação.

    — Senhorita, você cultiva uma Técnica de Colheita — disse Yersi. — Isso é algo que nosso proprietário e nós, funcionários da Gravitas, não apreciamos. Por favor, deixe o local. Não a atenderemos.

    Os clientes olharam com choque para a jovem. Aquela pequena garota inocente cultivava uma Técnica de Colheita!? Muitos balançaram a cabeça em desapontamento, mas não estavam decepcionados com a garota. Estavam decepcionados consigo mesmos.

    Deve-se lembrar que todas as pessoas naquela cidade eram Cultivadores que tinham vivido suas próprias batalhas. Não eram mortais. Por isso, ficaram desapontados por não terem percebido que aquela garota aparentemente inocente era alguém que cultivava uma Técnica de Colheita.

    Ao olharem mais de perto, alguns clientes notaram os sinais. Mãos levemente avermelhadas, uma ausência quase imperceptível de compaixão nos olhos e solas vermelhas como sangue eram sinais claros de alguém que cultivava uma Técnica de Colheita.

    O que era uma Técnica de Colheita?

    Uma Técnica de Colheita era uma técnica que aumentava o Reino de alguém ao colher vidas mais fracas. Cultivadores que usavam essas técnicas nunca lutavam com ninguém de seu nível e permaneciam para sempre em sua ‘fazenda’.

    O Céu proibia o massacre indiscriminado de vidas mais fracas, e todos sabiam disso. Por conta disso, os Cultivadores de Colheita precisavam criar as vidas que iriam colher. Isso significava ter filhos, sustentá-los até que alcançassem certo poder e, então, matá-los e consumi-los.

    Dessa forma, eles tirariam apenas as vidas que trouxeram ao mundo. Além disso, eles amavam seus filhos de todo coração. Por conta disso, ao matá-los, sua Aura de Vontade também se tornava mais poderosa devido à dor.

    Essa era uma maneira de contornar as regras do Céu. O Céu não puniria alguém que matasse acidentalmente. Apenas puniria aqueles que decidissem conscientemente matar seres mais fracos.

    As Técnicas de Colheita não eram geralmente apreciadas, mas também não eram ilegais. Afinal, muitos humanos nem conseguiam imaginar matar seus próprios filhos.

    Esse era também o motivo pelo qual Gravis não queria atender essas pessoas. Ele amava seus filhos, e qualquer humano que decidisse criar seus filhos apenas para consumi-los era um monstro em seus olhos.

    A atmosfera inteira da loja mudou à medida que os sentimentos dos clientes se transformaram de pena para desprezo. Ninguém ajudaria aquela garota agora, nem mesmo se ela fosse violentamente dilacerada pela assustadora Yersi.

    A jovem de aparência inocente olhou ao redor com medo, esquecendo completamente que havia demonstrado raiva momentos antes. Os outros clientes apenas bufaram e se afastaram dela. Vendo que sua atuação não funcionava, sua expressão aterrorizada se transformou em um sorriso sarcástico.

    — Quer que eu vá embora? Então me faça sair! — desafiou.

    BANG!

    Yersi avançou imediatamente com toda sua velocidade e deu um tapa reverso na garota. A jovem foi arremessada diretamente para a porta, que se abriu sozinha. Ela caiu na rua, rolando várias vezes até colidir com outro prédio.

    A jovem cuspiu um pouco de sangue, mas esses ferimentos não eram graves para uma Cultivadora do Reino Nutrição Nascente. Ela apenas tinha alguns ossos quebrados.

    — Por que você não fez nada!? — ela gritou com absoluta fúria para sua sombra.

    — Ela foi rápida demais — respondeu uma voz sombria e sussurrante enquanto sua sombra abria os olhos brancos.

    — Rápida demais!? — a jovem perguntou chocada. — Você está um nível inteiro acima dela!

    — Ainda assim, foi rápida demais — respondeu a sombra lentamente. — Eu recomendaria que você escondesse melhor seus rastros. Você sabe como outros Cultivadores nos percebem. Pode se vingar depois, quando estiver mais poderosa. Por agora, precisa se manter discreta.

    — Argh! — a jovem exclamou com raiva enquanto se levantava com dificuldade. — Às vezes, me arrependo de tê-lo invocado.

    — E, às vezes, me arrependo de ter sido invocado por você — respondeu a sombra.

    Com isso, a garota foi embora sem causar mais confusão. Aquela não era a primeira vez que era tratada dessa forma. Ela estava acostumada a ser desprezada e ridicularizada por todos ao seu redor. Em seu mundo, estava sozinha, junto com sua sombra.

    Uma cena dessas poderia despertar simpatia pela jovem, mas, assim que alguém lembrasse que aquilo era fruto de suas próprias escolhas e que ela regularmente matava seus próprios filhos, qualquer simpatia desapareceria rapidamente.

    Enquanto isso, dentro da loja, Yersi limpava as mãos e voltava ao balcão.

    — Bom trabalho — Orthar transmitiu para ela.

    — Obrigada! — ela respondeu com um sorriso.

    Foi Orthar quem informou Yersi sobre o status da cliente e sua Técnica de Cultivo. Orthar não se importava com o que alguém cultivava, mas sabia como Yersi e Gravis se sentiam sobre o tema família. Por isso, ele os alertou.

    Alguns clientes lançaram sorrisos amigáveis para Yersi, que rapidamente os retribuiu com uma leve reverência. Muitos preferiam lojas que demonstravam integridade. Cultivadores que cultivavam Técnicas de Colheita ainda tinham dinheiro, o que fazia muitas lojas aceitarem atendê-los. Encontrar uma loja que expulsasse alguém assim era reconfortante para eles.

    — Olá, gostaria de comprar esta espada — disse um cliente do Reino Unidade Inicial, colocando uma das espadas da parede sobre o balcão.

    — Bem-vindo à Gravitas — disse Yersi com um sorriso. — Deseja esta espada específica ou prefere uma personalizada com base nela?

    — Esta aqui já é perfeita. Quanto custa? — perguntou.

    — Cinco Pedras Imortais — respondeu Yersi.

    Cinco Pedras Imortais não eram nem troco para Gravis, mas representavam uma fortuna para alguém que acabara de alcançar o Reino Unidade. Vale lembrar que Gravis precisaria trabalhar 50 anos como Pesquisador Adepto para ganhar essa quantia, e esse já era um cargo bem remunerado.

    O cliente suspirou. Aquilo era quase todo o seu dinheiro. — Pode fazer mais barato? — perguntou.

    — Quando você se tornar um Cultivador Unidade Básico e precisar de uma arma, poderá nos vender esta de volta por 80% do valor — disse Yersi.

    — 80%? — perguntou ele, chocado, enquanto outros clientes também prestavam atenção.

    — Sim, 80% — confirmou Yersi com um sorriso. — Você pode comprar esta por cinco, usá-la até avançar, vendê-la por quatro, comprar a próxima por dez, vendê-la por oito, e assim por diante. É um investimento inicial pesado, mas as armas subsequentes ficam mais baratas.

    — Certo, eu vou levar! — disse ele com um sorriso empolgado, entregando o dinheiro.

    Essa era uma estratégia engenhosa criada por Orthar, mas explicar todos os efeitos dessa abordagem seria demorado e entediante.

    Bastava saber que era muito vantajoso tanto para a loja quanto para os clientes.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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