Índice de Capítulo

    Gravis chegou à Seita.

    Liran já havia partido, deixando a Seita sob os cuidados de seus dois Vice-Mestres de Seita. Gravis não sabia se os Vice-Mestres tinham sido informados ou se já tinham percebido alguns detalhes da situação, mas isso não importava.

    A sobrevivência da Seita Irrestrita não era mais uma preocupação de Gravis.

    Alguns anos atrás, ele teria feito tudo pela Seita Irrestrita. Afinal, ele havia se juntado a ela e acreditava que todos ali valorizavam a liberdade acima de tudo.

    No entanto, todas essas ilusões foram destruídas pela realidade. Em vez de buscar liberdade, todos agiam como se já a conhecessem plenamente. Normalmente, conhecer a supressão tornava mais fácil compreender a liberdade, mas, nesse caso, tornava mais difícil. Quando alguém acredita que já sabe algo, muitas vezes fica cego para os sinais de que outra verdade pode existir.

    Liran decepcionara Gravis mais de uma vez, especialmente por não fazer nada quando outro Mestre de Seita quebrou as regras e tentou matar Gravis. Liran tinha todo o poder para desativar a Formação e proteger Gravis. O que o impediu?

    Indecisão.

    E daí se ele quebrasse a Formação? No pior dos casos, Liran poderia simplesmente pagar por uma nova. Claro, Formações como aquela não eram baratas, mas criar uma estava certamente dentro do orçamento da Seita.

    Como o mais poderoso da Seita e seu Mestre, era responsabilidade de Liran proteger seus discípulos contra inimigos muito poderosos para eles enfrentarem. Ninguém se junta a uma Seita que não pode ou não está disposta a protegê-los.

    Gravis olhou uma última vez para a Seita de cima. Quando chegou, acreditava que aquele lugar seria seu novo lar por muito tempo, mas isso já não era mais verdade.

    Aquela era a casa de um estranho, e Gravis não gostava nem um pouco desse estranho.

    Se o Mestre da Seita não estava disposto a proteger Gravis, Gravis não estava disposto a proteger a Seita.

    A morte deles não tinha absolutamente nada a ver com ele.

    Ele não lutaria pela sobrevivência da Seita Irrestrita, mas sim pelo seu próprio refino. Lutar contra um Rei Imortal enquanto era um Imortal de Circulação Maior Avançada era simplesmente perfeito para Gravis. Sua Aura de Vontade não era poderosa o suficiente para suprimir um Rei Imortal, tornando a luta arriscada, mas vencível. Provavelmente seria tão difícil quanto sua luta contra Samantha.

    Gravis já havia preparado alguns sabres e lanças apropriados para a luta.

    De onde ele tirou esses recursos?

    De Samantha e daquele espião Imortal no Pináculo.

    Samantha fora a Imortal de Circulação Maior mais poderosa da Aliança das Seitas, e quando Gravis a matou, adquiriu muitas riquezas dela. O Imortal no Pináculo também possuía algumas riquezas, mas não tanto quanto Samantha.

    Stella não tinha utilidade para as riquezas do espião. Como uma Discípula Central da Seita dos Nove Elementos, sua riqueza facilmente superava a de um Mestre de Seita da Aliança das Seitas. Aquilo era irrelevante para ela.

    Externamente, Gravis aparentava estar no Reino de Circulação Maior Básica. Ele mostrava apenas esse corpo para que o inimigo não suspeitasse de nada. Se os inimigos soubessem que Gravis poderia ser uma ameaça real, poderiam abortar o ataque ou trazer reforços. Afinal, os atacantes não estavam ali para refino, mas para completar uma missão.

    Gravis olhou ao redor da Seita e encontrou Surem sentado no campo de treinamento, conversando alegremente com outros. Sua força não havia aumentado, o que não era nada incomum. Afinal, apenas sete anos haviam se passado desde que se conheceram. Sete anos, para um Imortal, não era nada.

    Na verdade, era insano que Gravis tivesse se tornado um Imortal de Circulação Maior Avançada em apenas sete anos. Com recursos suficientes, qualquer um poderia fazer isso, mas ninguém faria. Afinal, completar cinco avanços em apenas sete anos afetaria massivamente a Força de Combate. Mesmo alguém acima da média se tornaria fraco.

    “Parece que os contos do Céu intermediário sobre a jornada de cultivo de meu pai me influenciaram”, Gravis pensou com um sorriso. “Meu pai lutava violentamente e depois fazia longas pausas para compreender Leis. Parece que agora estou cultivando de forma semelhante a ele.”

    SHING!

    Gravis se teleportou e apareceu na frente de Surem.

    — Ei, Gravis! — disse Surem com um sorriso enquanto bebia um pouco de vinho. — Faz tempo que não te vejo. Tudo bem?

    Os outros membros não reconheceram Gravis. Haviam ouvido falar de um Ascendente supremo, mas nunca o tinham visto. Esse era Gravis? Eles pensavam que ele seria maior. Baseados nos contos sobre seu poder, imaginavam um gigante colossal com seis braços ou algo do tipo. No entanto, ele parecia apenas um cara comum.

    Infelizmente, eles estavam mais certos do que imaginavam. A verdadeira forma de Gravis era, de fato, bastante colossal e tinha seis braços.

    — Surem, precisamos conversar — Gravis disse com olhos firmes — a sós.

    Os outros presentes ficaram surpresos, mas logo estreitaram os olhos. Quem aquele sujeito achava que era? Eles estavam tendo um momento agradável, e aquele desconhecido falava com o filho do Mestre de Seita como se ele fosse um subordinado.

    — O que está acontecendo? — Surem perguntou.

    Em vez de responder com palavras, Gravis transmitiu algo para Surem. — Me siga, ou você pode não ver o próximo dia. Isso não é uma ameaça.

    Os olhos de Surem se arregalaram de choque. Do que Gravis estava falando!?

    Os outros notaram a reação de Surem e lançaram olhares de reprovação a Gravis. Era óbvio que ele havia dito algo desrespeitoso a Surem.

    — Eu não sei quem você pensa que é — disse um sujeito ao se levantar. Ele estava no Reino de Circulação Maior Avançada e lançou um olhar ameaçador a Gravis. — Mas você age como se…

    WHOOOOM!

    E o sujeito caiu inconsciente.

    Gravis nem sequer olhou para ele. Aqueles eram estranhos, e ele não dava a mínima para eles. A única razão pela qual o sujeito não levou um chute no estômago era que Gravis ainda fazia parte da Seita Irrestrita. Aquele cara havia liberado sua Aura de Vontade de forma ameaçadora, o que já era provocação suficiente para justificar um ataque de Gravis.

    Os outros recuaram em choque. Gravis acabara de fazer alguém dois níveis acima dele desmaiar!

    — Está tudo bem! — Surem gritou, suspirando. — Ele não está aqui para fazer algo contra mim, mas parece ser algo importante. Apenas esperem aqui enquanto falo com ele.

    Os outros assentiram timidamente enquanto Gravis e Surem se teleportavam.

    Eles reapareceram fora da Seita.

    — Então, do que se tratava eu não ver o próximo dia? — Surem perguntou.

    Gravis contou a Surem sobre o que provavelmente aconteceria em breve.

    — O quê!? — Surem gritou em choque. — Como isso é possível!? Estamos na Aliança das Seitas! A Aliança das Seitas existe especificamente para impedir que algo assim aconteça!

    — Não, ela existe para criar um campo de batalha aparentemente justo para obter recursos de outros — disse Gravis. — É simplesmente uma comunidade de anciões que disputam status e recursos. Assim que você pagar recursos suficientes, eles estão dispostos a se unir contra qualquer outra Seita.

    Uma discussão se seguiu entre Surem e Gravis, mas Surem encontrou todos os seus argumentos refutados.

    Depois de alguns minutos, Surem apenas rangeu os dentes e cerrou os punhos. — Então, é por isso que você está aqui? Para me proteger do perigo!? — perguntou com raiva.

    — Exatamente — Gravis disse, com os braços cruzados. — Você já quase sacrificou sua vida por mim antes. Isso é algo que valorizo profundamente. Essa não é uma luta que você possa enfrentar. Será um ataque rápido com múltiplos Reis Imortais. Um pensamento errado e você morrerá.

    Surem rangeu os dentes com incrível força, enquanto sua frustração atingia um pico nunca antes visto. Ele sentia que estava abandonando seu lar! Um inimigo estava prestes a atacar, e ele deveria simplesmente desviar o olhar!? Não!

    — Não vou fugir! — Surem disse com convicção firme nos olhos. — Não posso desviar o olhar enquanto meu lar está sob ataque! Se eu morrer, que seja!

    Gravis notou a diferença entre Surem e Liran. Em comparação, Surem realmente possuía convicção.

    No entanto, convicção não concedia milagrosamente uma explosão instantânea de força.

    — Então não faça isso por você, mas pelo seu pai — Gravis disse.

    Surem não se deixou abalar. — Meu pai entenderá minha vontade de proteger a Seita!

    — Ele entende, sim — disse Gravis — mas ele me informou para que eu protegesse sua vida. Mesmo que você esteja disposto a morrer, seu pai vai querer encontrar alguém para culpar, e essa culpa cairá sobre mim. Seu pai pensará que eu falhei e virá contra mim.

    — E quando ele fizer isso, eu o matarei — Gravis disse.

    Surem ficou chocado ao ouvir as palavras brutais de Gravis.

    — Enquanto seu pai não for contra mim, ele ainda terá uma chance de sobreviver. Mas assim que o fizer, sua morte será certa — disse Gravis friamente. — Então, mesmo que você esteja bem com o fim da sua própria vida, está bem em arrastar seu pai com você?

    — Não me entenda mal — Gravis continuou. — Se seu pai não se voltar contra mim, eu não ligo. Podemos muito bem ser estranhos, mas se ele o fizer, sua vida terminará. Pense na conduta do seu pai e em como ele agiu. Depois, pergunte a si mesmo como ele agirá.

    Surem conhecia muito bem seu pai e, mesmo que não quisesse admitir, sabia que seu pai provavelmente agiria exatamente como Gravis descreveu.

    Pela primeira vez, Surem sentiu frustração em relação ao pai.

    Por que seu pai partiu!?

    Se seu pai simplesmente tivesse ficado e lutado com eles, nada disso aconteceria!

    Depois de alguns minutos, Surem grunhiu. — Certo! Eu não vou lutar! — ele gritou.

    Gravis assentiu enquanto Surem transbordava frustração com o pai.

    A fraqueza mental de seu pai estava impedindo Surem de fazer o que ele queria. Surem queria lutar por seu lar! No entanto, por causa da fraqueza de seu pai, ele nem sequer podia fazer isso! Surem era forçado a trair sua Seita e fugir para que seu pai não morresse por sua própria indecisão.

    “Eu nunca quero me tornar como você, pai!”

    Um pequeno gesto, um grande impacto.
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