Índice de Capítulo

    BANG!

    A ponta de uma espada longa se quebrou e caiu no chão.

    Gravis balançou a cabeça.

    Liran olhava para seu filho com um choque incomparável.

    Surem segurava apenas metade de uma espada em sua mão, a lâmina quebrada apontada para Liran. A lâmina havia se partido quando Surem atacou o ombro de seu pai com toda a sua força. Seus olhos estavam vermelhos de sangue, e Gravis se perguntava se já havia visto alguém tão furioso.

    O ar ao redor de Surem tornou-se vermelho enquanto sua aura vibrava e fervia.

    Surem estava tão furioso que acabou de compreender a Lei da Raiva naquele instante.

    As palavras de Liran fizeram Surem explodir. Mesmo naquela situação, seu pai havia colocado toda a culpa nos Vice-Mestres de Seita!? O que eles poderiam ter feito!? O inimigo era composto por seis malditos Reis Imortais! O que eles poderiam ter feito!?

    — Hoje — Surem rosnou entre dentes cerrados — juro perante os Céus. Eu nunca vou te perdoar! NUNCA VOU TE PERDOAR!

    CRACK!

    Surem avançou novamente, mas sua espada se partiu mais uma vez. Havia um Reino inteiro entre eles. Não importava o que Surem fizesse, ele não poderia ferir seu pai.

    — Você não é mais meu pai! Sua fraqueza me roubou tudo o que amo! — Surem gritou, sua voz carregada de ódio e ira absolutos.

    — Quando eu for forte o suficiente, você vai pagar! — Surem bradou enquanto jogava a espada quebrada para o lado.

    SHING!

    Então, ele se teletransportou para longe.

    — Se você partir agora, vai morrer — Gravis transmitiu calmamente a Surem. O Alcance Espiritual de Gravis era muito maior que o de Surem, o que significava que Surem não conseguiria escapar com apenas um teletransporte.

    — Cale a boca! — Surem rebateu. — Você esteve aqui e matou os atacantes. Mas eu sei que também poderia ter evitado isso! Tenho certeza de que você poderia ter salvo muitos discípulos se quisesse! Você também não está sem culpa! Você fazia parte da Seita Irrestrita!

    Surem não estava tão zangado com Gravis quanto com seu pai, mas ainda o culpava um pouco. Algo dentro dele dizia que Gravis poderia ter feito mais. No entanto, Gravis não deu seu máximo para proteger a Seita. Em vez disso, usou essa oportunidade para refinar  de Matrizesa si mesmo!

    Não importava se Gravis tinha ou não razão. Na mente de Surem, Gravis era parte da Seita Irrestrita, e qualquer discípulo deveria dar tudo de si para proteger sua Seita. Gravis definitivamente não havia feito isso, o que significava que também era culpado.

    Gravis suspirou. Ele sabia que Surem dizia essas palavras apenas por raiva. Assim que se acalmasse, Surem deixaria de culpar Gravis. Afinal, Gravis havia matado todos os atacantes. Isso já era mais do que qualquer um havia feito pela Seita.

    “Infelizmente, Surem nunca terá a chance de se acalmar”, pensou Gravis.

    Por quê?

    Porque Surem provavelmente estaria morto antes que uma hora se passasse.

    A missão do Submundo não havia sido um sucesso completo, mas o Submundo basicamente destruiu toda a Seita. Isso significava que o solicitante da missão agiria muito em breve.

    Esse solicitante provavelmente era Arthur, e Arthur sabia quando o ataque havia acontecido.

    Isso significava que Arthur já estava se preparando para o último golpe.

    Arthur provavelmente estava aguardando nas proximidades.

    Gravis sabia que Surem havia tomado uma decisão que resultaria em sua morte, movido pela raiva. Se quisesse, Gravis poderia segurá-lo e impedi-lo de partir.

    No entanto, isso era algo que Gravis não gostava de fazer.

    Permitir que outros fossem livres também significava permitir que cometessem erros. Gravis havia avisado Surem de que ele morreria, mas Surem ignorou e partiu mesmo assim.

    Se essa era sua escolha, que assim fosse.

    Talvez Surem já soubesse que iria morrer.

    Talvez, em sua raiva infinita, ele sentisse que valia a pena trocar sua vida para que seu pai experimentasse a pior dor possível: a dor de ver seu próprio filho morrer.

    Quando alguém se tornava irracionalmente furioso, muitas vezes via decisões ilógicas como o melhor caminho. O desejo de vingança poderia até superar o valor de sua própria vida.

    Surem estava, efetivamente, cometendo suicídio e escrevendo uma nota que dizia que tudo aquilo era culpa de Liran.

    Enquanto isso, Liran ainda não havia se movido. Ele simplesmente não conseguia compreender o que havia acontecido. Seu filho o atacou? Por quê? O que estava acontecendo? Por que Surem estava tão zangado com ele?

    Liran havia feito o melhor pela Seita! Ele havia feito tudo em seu poder para protegê-la!

    Surem achava que Liran poderia simplesmente ter dito não à convocação?

    Não, ele não poderia!

    Não era tão simples assim!

    Se Liran não fosse, a Seita teria que apaziguar a Aliança das Seitas com uma tonelada de recursos! Se não fizessem isso, a Seita seria expulsa da Aliança das Seitas! E então? A Seita teria perdido tudo!

    Eles não podiam simplesmente deixar aquele local!

    Enviar um Vice-Mestre de Seita em vez do Mestre da Seita também seria visto como desrespeitoso. Isso tornaria a colaboração com as outras Seitas muito mais difícil no futuro!

    Era necessário demonstrar respeito para benefícios de longo prazo!

    Liran não podia ter feito nada!

    …era assim que a mente de Liran funcionava.

    Mais de dois minutos se passaram enquanto Liran ainda tentava processar tudo o que havia acontecido.

    Tantas coisas tinham acontecido naquele dia.

    Por onde começar?

    O que fazer agora?

    Liran tentou pensar em um plano, mas simplesmente não conseguia formular um.

    No entanto, ele sabia que havia uma coisa que precisava fazer.

    — Onde estão os inimigos? — Liran perguntou sem olhar para Gravis.

    Gravis zombou com desgosto.

    Mesmo naquela situação, Liran ignorava a realidade.

    O inimigo? Era nisso que ele estava pensando?

    Liran provavelmente achava que Surem estava apenas emocional e que iria se acalmar. Surem estava provavelmente transtornado pela destruição da Seita. Assim que se acalmasse, certamente veria que Liran não poderia ter feito nada, certo?

    Liran só precisava esperar.

    Surem se acalmaria, voltaria e pediria desculpas.

    Liran estava magoado pelas ações de Surem, mas ele era um bom pai. Ele poderia entender as frustrações de seu filho e perdoá-lo por suas transgressões. Afinal, ele era apenas um garoto e não sabia o que fazia.

    Assim, com o problema relacionado ao seu filho resolvido, Liran pensava no próximo problema, que eram os inimigos.

    — Estão todos mortos — disse Gravis.

    E, com isso, Liran ficou novamente chocado.

    — Mortos? O quê? Como? — perguntou.

    — Eu os matei — respondeu Gravis.

    — Você… Você os matou? — Liran perguntou, incrédulo.

    Gravis assentiu.

    Vários segundos de silêncio se passaram.

    — Então como minha Seita inteira foi destruída!? — Liran gritou, tomado por uma raiva absoluta.

    — Você matou os atacantes!? Então por que não fez isso antes!? Por que minha Seita foi destruída!? Você não poderia ter matado o inimigo antes!? — Liran gritou, palavra após palavra, em ódio e fúria.

    Era tudo culpa de Gravis!

    Gravis bufou. — Eu só consigo lidar com um inimigo de cada vez. Obviamente, enquanto eu cuidava de um, os outros continuavam atacando.

    — Você… VOCÊ! — Liran gritou. Nenhuma das palavras de Gravis teve qualquer efeito sobre ele.

    Liran havia encontrado um bode expiatório, e todo o seu ser se agarrou a isso.

    Liran não era o culpado!

    Liran não havia cometido erros!

    Tudo era culpa de Gravis!

    — Estou interrompendo? — uma voz sombria veio do lado, cheia de divertimento.

    Gravis suspirou de olhos fechados enquanto Liran se virava para o recém-chegado com ódio.

    — Arthur! O que você quer!? — Liran gritou.

    Arthur deu uma risadinha. — Que recepção mais hostil — disse ele. — Acabei de matar um dos atacantes da sua Seita, e é assim que me agradece?

    Liran ficou chocado novamente, mas sua raiva voltou. — Do que você está falando!? Todos os atacantes estão mortos!

    — Todos os atacantes estão mortos!? — Arthur perguntou, genuinamente surpreso.

    Arthur havia pensado que o Submundo tinha conseguido recuar. Afinal, a Seita inteira não passava de crateras agora. Contudo, todos eles estavam mortos? Era por isso que não haviam entrado em contato com ele?

    “Isso significa que eu não preciso pagá-los?” Arthur pensou, animado, sentindo-se ainda melhor do que antes.

    Sua vingança estava tão próxima de ser completa!

    Toda a Seita Irrestrita estava morta!

    Liran logo também morreria, já que o expulsariam da Aliança das Seitas com um simples voto.

    Isso era fantástico!

    A expressão de Arthur mudou de genuíno choque para uma confusão zombeteira. — Ah, entendi — disse ele, em um tom de zombaria mascarado como confusão. — Mas então, quem foi que eu acabei de matar?

    — Pode me ajudar a identificar o cadáver? — Arthur perguntou com preocupação, embora não conseguisse conter um sorriso sujo no final.

    — Aqui, olhe! — Arthur disse, enquanto tirava uma cabeça, segurando-a sem cerimônia pelos cabelos à sua frente.

    O mundo de Liran desmoronou.

    Gravis suspirou.

    — Me diga, quem é esse? — Arthur perguntou, balançando a cabeça de um lado para o outro.

    Era a cabeça de Surem.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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