Índice de Capítulo

    Gravis avançava pelo subsolo em direção ao sudeste. Lá embaixo, nenhum humano seria capaz de encontrá-lo, mas isso não valia para as bestas.

    Contudo, atravessar uma enorme quantidade de rocha endurecida levava muito mais tempo do que simplesmente voar. Por isso, sua velocidade era mais lenta do que antes.

    Após cerca de três semanas, Gravis tinha certeza de que estava próximo ao território das bestas. Provavelmente, estava perto da borda. Essa área seria a mais perigosa, pois era onde as forças das bestas e dos humanos se encontravam.

    Dentro da terra, Gravis não via nenhuma diferença. Tudo parecia igual, não importava onde estivesse.

    Alguns dias depois, Gravis acreditava já estar dentro do território das bestas, mas não sairia até ter provas. Se saísse muito cedo, um Imperador Imortal poderia aparecer diretamente e matá-lo.

    Um dia adicional se passou, e Gravis finalmente viu o que estava esperando.

    Gravis parou e estreitou os olhos. Apenas um quilômetro à sua frente havia algo bloqueando seu caminho.

    — Deixe-me passar — transmitiu Gravis.

    O que estava bloqueando o caminho de Gravis?

    Uma raiz gigantesca!

    O Sentido Espiritual de Gravis não conseguia alcançar muito longe naquela profundidade, o que tornava impossível ver o tamanho real da raiz, mas Gravis tinha certeza de que ela era colossal.

    Gravis sentiu uma poderosa sensação varrendo-o.

    — Senha? — perguntou.

    Gravis bufou. — Sério? Agora temos senhas? Sou uma besta e quero ir até a Floresta Grandiosa. Por que precisaria de uma senha? — transmitiu ele, irritado.

    A poderosa sensação o varreu mais uma vez. — Nenhum humano, mesmo que seja de descendência mista, pode ter um corpo tão poderoso. Pode passar.

    CRRRRR!

    E, com isso, a raiz encolheu até que Gravis pudesse ver um caminho à frente.

    — Ob… Pensar que me pediriam uma senha. O que está acontecendo com este mundo? — disse Gravis friamente.

    Porém, no fundo, o pânico e o terror tomaram conta dele.

    Ele quase tinha dito obrigado!

    No mundo intermediário, dizer obrigado seria visto como estranho. Afinal, as bestas não viam valor em palavras tão insignificantes. No entanto, neste mundo, as bestas sabiam o que os humanos eram. Se Gravis tivesse dito obrigado, essa planta poderosa provavelmente perceberia que Gravis havia vivido tanto tempo entre humanos que o modo de falar e a filosofia deles o haviam influenciado. Para as bestas, um ser assim era praticamente um humano.

    Felizmente, Gravis conseguiu reverter a situação rapidamente.

    A planta não respondeu.

    Seu trabalho era proteger as fronteiras de qualquer humano que tentasse se infiltrar. Ela dizia apenas o necessário enquanto fazia seu trabalho. Falar com um mero Rei Imortal de Circulação Menor Básica estava abaixo dela.

    Esse bloqueio era exatamente o que Gravis esperava.

    Como as bestas conseguiam bloquear algo que os humanos, com toda sua engenhosidade, não conseguiam?

    Tamanho!

    Algumas plantas cresciam tanto quanto podiam e se enterravam profundamente no solo. Assim, tornavam-se barreiras vivas e gigantescas.

    Gravis sentiu a presença da planta por um breve momento, mas isso já foi o suficiente.

    Na percepção de Gravis, o poder dessa planta era inimaginável.

    Era tão grande que Gravis nem conseguia estimar corretamente o Reino de Cultivo dela. A única coisa que sabia com certeza era que essa planta estava no Reino de Imperador Imortal. Poderia estar no início ou no auge. Gravis não conseguia diferenciar.

    Gravis passou rapidamente pela abertura, e a raiz atrás dele cresceu novamente para bloquear o caminho.

    A passagem de Gravis por essa barreira parecia sem esforço, mas ele havia passado por quatro verificações diferentes. Nenhum humano seria capaz de superar essas verificações.

    A primeira verificação foi a questão sobre a senha.

    Qual era a senha?

    Não havia senha.

    Os humanos, com sua afinidade por planejamento e intrigas, acreditariam imediatamente que havia algum tipo de senha. Afinal, quem deixaria uma frente tão importante desprotegida? Claro que haveria uma senha, certo?

    Quando confrontados com o pedido de senha, como os humanos reagiriam?

    Talvez dissessem que não haviam sido informados de uma senha.

    Talvez dissessem que a esqueceram.

    Talvez dissessem que estavam em uma missão.

    Nenhum deles diria diretamente que não havia senha.

    Afinal, ter uma senha era lógico em um local tão importante.

    Essa foi a primeira prova que Gravis superou. Qualquer besta apenas zombaria da ideia de senhas. Para elas, algo assim era desnecessário e humano demais.

    A segunda verificação foi o sentido da planta. Falsificar um corpo de besta e escapar da percepção de uma planta tão poderosa seria extremamente difícil. Essa planta provavelmente também conhecia várias Leis que permitiam inspecionar os corpos de outros.

    Se os humanos podiam criar cristais que reagiam às Leis presentes no sangue de uma besta, por que não seria possível para as bestas sentirem essas Leis também?

    Essa planta provavelmente verificou se o ser possuía essas flutuações dentro de seu corpo.

    A terceira verificação foi o poder do corpo de Gravis.

    Existiam descendentes mistos com um corpo de besta fraco, mas com Aura de Vontade e Espírito. As bestas viam esses descendentes mistos como humanos. Somente uma besta com um corpo verdadeiramente poderoso era considerada uma besta.

    Descendentes mistos com corpos de besta, mas com Aura de Vontade e Espírito, poderiam ter essas flutuações de Leis, já que ainda podiam cultivar como bestas, mas seus corpos eram fracos. Por isso, a planta também verificava a força do corpo de cada um.

    Gravis estava a uma profundidade de 90.000 quilômetros como um Rei Imortal de Circulação Menor Básica. Isso significava que seu corpo era incrivelmente poderoso, mesmo para uma besta.

    Era absolutamente impossível que uma besta com um corpo tão poderoso tivesse uma Aura de Vontade e um Espírito.

    A quarta verificação foi uma prova de personalidade e filosofia pessoal. Nenhum humano pensaria em não dizer obrigado. Isso era apenas natural e saia subconscientemente. Eles também agiriam dessa forma em relação às bestas. Afinal, se não mostrassem alguma polidez, poderiam ofender bestas poderosas e serem atacados. Era necessário mostrar respeito aos superiores.

    Contudo, a polidez era muito diferente quando se tratava de bestas. Polidez não estava relacionada a palavras, mas sim a como alguém agia na presença de bestas. Qualquer um podia falar diretamente, sem por favor ou obrigado, diante de uma besta poderosa, e a besta não se importaria, contanto que o outro demonstrasse respeito com sua aura e postura.

    Essas quatro provas verificavam tudo.

    Mentalidade humana.

    Corpo de besta.

    Força física.

    Influência humana.

    Na longa história deste mundo, muitos Cultivadores tentaram infiltrar o território das bestas dessa maneira. Contudo, nenhum deles retornou para relatar.

    Todos foram mortos pelos guardiões da fronteira.

    Assim, os humanos pararam de tentar. Eles só podiam aceitar que as bestas tinham algum tipo de técnica para identificar se alguém era uma besta ou não.

    Gravis conseguiu atravessar a barreira que nenhum humano havia superado.

    Por quê?

    Porque ele tinha o corpo de uma besta e porque viveu quase 2.000 anos exclusivamente entre bestas.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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