Capítulo 922: Artemis
— Papai, por que você não me deixa cultivar?
No mundo mais elevado, uma garotinha de dez anos estava sentada em um enorme salão diante de um homem de meia-idade com cabelos pretos.
O homem de cabelos pretos era o Opositor, e a criança à sua frente era sua filha mais nova, Artemis.
Quando Gravis encontrou um novo amor, o Opositor e sua esposa sentiram seu amor antigo ser reacendido.
Quando Artemis ouviu falar sobre Cultivo por meio de seus amigos, achou isso maravilhoso.
As pessoas podiam voar?
As pessoas podiam remodelar o mundo inteiro?
Ela também queria fazer isso!
— Artemis — disse seu pai, tentando ao máximo suavizar a voz. Ele não queria assustá-la nem suprimir sua vontade com sua autoridade.
— Eu te amo, e você sabe que eu só quero o melhor para você — disse o Opositor com dificuldade.
Artemis não reagiu.
Seu pai dizia tão frequentemente que a amava que essa frase já não tinha impacto algum sobre ela.
— Mas o cultivo não é tão simples quanto você imagina — continuou o Opositor.
— O cultivo não leva à felicidade. Ele pode ajudar a garantir a felicidade, mas primeiro você precisa atravessar um mar negro de dor e desespero antes de realmente encontrar a felicidade.
SHING!
Uma tela branca mostrando imagens de uma vila apareceu diante de Artemis.
— Você os vê? — perguntou o Opositor. — Estes são mortais, e eles são verdadeiramente felizes.
Artemis viu vários adultos trabalhando juntos, e, sempre que os maridos olhavam para suas esposas, era possível sentir uma conexão profunda e duradoura entre eles.
— Você quer ser feliz, certo? — perguntou o Opositor.
— Sim — respondeu Artemis sem hesitar — mas também quero ver mais do mundo. Quero me tornar poderosa e entender o mundo. Não quero apenas passar o resto da minha vida nesta cidade!
O Opositor suspirou. Por que criar esta filha era tão mais difícil do que criar todos os outros?
No passado, ele poderia simplesmente ter mostrado diretamente que eles não precisavam de poder para serem felizes, mas agora tudo tinha se tornado mais complicado.
O Opositor havia mudado e estava tentando ao máximo ser o melhor pai que podia.
Artemis não o chamava de ‘pai’, mas de ‘papai’.
Artemis não ficava surpresa quando ele dizia que a amava.
Artemis nem sequer ficava nervosa diante dele.
Como criança pequena, Artemis via tudo isso como natural.
Isso era normal, certo?
— Eu já te contei pelo que seu irmão mais velho passou — disse o Opositor, referindo-se a Gravis.
— Ele acidentalmente matou seu único amigo no mundo inferior.
— Ele teve que escolher entre poder e felicidade.
— Ele ficou sozinho por tantos anos e, mesmo quando fez amigos, teve que se separar deles.
— Mesmo agora, mais de 50.000 anos depois, ele ainda não reencontrou seus primeiros amigos.
— Se você seguir o caminho do cultivo, o mundo se tornará seu inimigo. Nesse ponto, você não poderá aumentar seu poder e ser feliz ao mesmo tempo. Assim que pisar nesse caminho, a felicidade terá que esperar até que você seja poderosa o suficiente para protegê-la.
— Agora, ninguém ameaça sua felicidade. Se você quiser buscar a felicidade, ninguém irá te impedir.
— Você realmente está disposta a passar toda a sua vida entre sangue e destruição só para buscar algo que já pode ter agora? — concluiu o Opositor.
Artemis franziu a testa. — Então, isso é um não, certo? — perguntou.
O Opositor suspirou novamente.
— Não é tão fácil tomar essa decisão — disse ele. — Agora, você tem apenas dez anos e não é capaz de fazer uma escolha tão duradoura.
— Eu já sou grande! — gritou Artemis, magoada.
Segundos de silêncio se passaram enquanto o Opositor olhava para sua filha com uma expressão complicada, e sua filha o encarava com olhos estreitados.
— Que tal isso? Quando você tiver 15 anos, poderá decidir qual caminho quer seguir — propôs o Opositor.
— Quinze!? — perguntou Artemis, chocada. — Isso é muito tempo!
Cinco anos para uma criança de dez anos podiam parecer tanto quanto uma vida inteira.
Ela teria que esperar a vida inteira!?
— Sim, é o melhor compromisso que consigo pensar — disse o Opositor.
— Eu não acredito que você está fazendo isso! — gritou Artemis, com lágrimas se acumulando nos olhos. — Por que você simplesmente não diz não!? Pelo menos seria honesto!
— Você é estúpido, papai! Eu te odeio! — gritou Artemis antes de correr para fora do salão.
Silêncio.
O Opositor apenas suspirou.
— Por que isso de repente ficou tão difícil? — perguntou a si mesmo.
— É porque agora você realmente se importa com nossos filhos — disse uma voz enquanto a esposa do Opositor aparecia ao seu lado.
Ela tinha uma expressão de orgulho sereno no rosto.
Ela conhecia seu marido há tanto tempo, e finalmente ele estava mostrando progresso.
A maneira como seu marido criava a filha mais nova era como dia e noite em comparação aos outros filhos.
Ela estava tão orgulhosa de seu marido!
Mesmo depois de viver por tanto tempo, ele ainda era capaz de mudar para melhor.
— Estou tentando o meu melhor, mas decisões que eu tinha certeza no passado agora estão cheias de incertezas — disse o Opositor à esposa.
— Isso é normal — respondeu ela.
— Isso só significa que você percebe o peso de suas decisões. Você não decide mais diretamente o que é certo, mas questiona suas escolhas.
— Dê um tempo a ela — disse ela, referindo-se a Artemis.
O Opositor suspirou novamente.
BOOOM!
De repente, uma enorme montanha de Pedras Divinas apareceu na sala.
— De qualquer forma — disse a esposa do Opositor com um sorriso animado. — Olhe todo o dinheiro que ganhei hoje!
O Opositor olhou para a montanha de Pedras Divinas.
— Isso é ótimo, querida — disse ele, desanimado.
Sua esposa assentiu duas vezes, orgulhosa. — Poderia fazer a gentileza de jogá-las no Oceano de Pedras Divinas?
— Claro.
Whooop!
E a montanha desapareceu.
Foi jogada no Oceano de Pedras Divinas, o lugar onde a Economista guardava sua riqueza.
Ela se sentou perto do marido com um sorriso orgulhoso.
— Como o Gravis está? — perguntou ela.
— Ainda naquilo — respondeu ele.
— Ainda? — perguntou ela. — Isso já deve ter uns 1.500 anos. Como podem continuar por tanto tempo?
— Não aja como se nós não tivéssemos conseguido por mais tempo antes — disse o Opositor, olhando nos olhos da esposa.
Ela apenas riu. — Verdade, mas ainda é impressionante.
— Bem — disse o Opositor. — Pelo menos ele está aprendendo algumas Leis com isso.
BANG!
Sua esposa deu um leve soco em seu ombro, um leve soco que poderia ter espalhado um Deus Divino por milhões de quilômetros.
— Ei! — gritou ela, franzindo a testa. — Apenas deixe-o experimentar o amor! Você não precisa sempre pensar nas Leis dele. Dê uma folga ao seu filho de vez em quando!
O Opositor suspirou novamente, algo que vinha fazendo com frequência nos últimos anos.
— Sim, querida — disse ele, desanimado.
Sua esposa apenas assentiu com um sorriso orgulhoso. — Bom!
— Agora, quer ouvir o que planejei para amanhã? — perguntou ela.
— Sim, querida — respondeu o Opositor.
BANG!
Outro soco.
— Leve isso a sério!

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