Capítulo 965: Revelação Chocante
— Não, você não pode cultivar todos os Elementos. Não é assim que funciona.
Um homem de meia-idade, com cabelos pretos, estava de pé diante de vários jovens em um auditório. Os alunos ouviam atentamente o professor enquanto ele explicava os fundamentos do cultivo.
— Por quê não? — perguntou um jovem no fundo da sala, com a testa franzida.
— Porque, não importa o que você faça, os Elementos irão entrar em conflito de uma forma ou de outra — respondeu o professor.
O professor caminhou até o quadro negro, e três imagens apareceram como que por magia. Todas as três mostravam um boneco de palito e uma esfera branca.
A primeira imagem mostrava a esfera branca dentro do boneco.
A segunda mostrava a esfera branca presa por uma corrente, segurada pelo boneco.
A terceira mostrava apenas o boneco, mas havia linhas indicando que ele estava brilhando.
— Como vocês já sabem — começou o professor — existem três maneiras de cultivar com um Elemento. No entanto, cada método apresenta um problema quando mais de um Elemento está envolvido.
O professor apontou para a primeira imagem.
— O primeiro método é absorver o Elemento para dentro do seu corpo, criando uma Semente Elemental. Como todos sabem, este método é o mais fácil de cultivar, mas não pode ser usado para sempre. Em algum momento, será necessário mudar para um dos outros dois métodos. Porém, quanto mais tarde essa transição for feita, mais difícil ela se torna.
De repente, uma esfera preta apareceu ao lado da esfera branca na primeira imagem.
— Agora, alguém pode me dizer o que acontece se introduzirmos um segundo Elemento? — perguntou o professor.
Uma das poucas garotas da turma levantou-se. — Eles entrarão em conflito dentro do seu corpo. Você provavelmente morrerá, mas, se de alguma forma conseguir sobreviver, os dois Elementos ou se cancelarão mutuamente, ou um prevalecerá, deixando você apenas com aquele.
O professor acenou com aprovação. — Correto.
— Agora, o segundo método — disse ele, apontando para a segunda imagem, a da esfera branca acorrentada. — O segundo método é subjugar completamente o Elemento. Cultivar por esse método é mais difícil, mas você não será influenciado pelos temperamentos dos Elementos.
Então, a esfera preta apareceu novamente.
— E se introduzirmos um segundo Elemento? — perguntou o professor.
A mesma garota respondeu novamente. — A mesma coisa acontecerá. Apenas porque você tem o Elemento sob controle, isso não significa que eles não entrarão em conflito entre si.
O professor assentiu.
Depois, ele apontou para a terceira imagem. — O terceiro método é assimilar o Elemento. Este é um dos métodos mais fáceis e poderosos para se conectar com um Elemento. Sua afinidade com ele também aumentará em vários níveis. Infelizmente, vantagens vêm com desvantagens, e desvantagens vêm com vantagens.
— Este método lentamente mudará sua mentalidade até que você não seja mais você mesmo. Você gradualmente adotará o temperamento do Elemento até que seu próprio temperamento praticamente o reflita por completo.
Os alunos não deram muita atenção a essas palavras, pois já as tinham ouvido antes.
No entanto, se qualquer membro da Seita dos Nove Elementos ou de suas seitas subsidiárias ouvisse essas palavras, explodiria em justa indignação.
Isso era proibido!
Esse era um método proibido de cultivo!
Sim, tornar-se um com os Elementos era possível, e sim, isso aumentaria a afinidade com os Elementos a alturas incríveis.
No entanto, esse método poderia se tornar extremamente perigoso dependendo do Elemento escolhido pelo Cultivador.
O Elemento Madeira era aceitável. Quem o cultivasse se tornaria apenas tranquilo e amigável.
O Elemento Água também era aceitável. A pessoa ficaria um pouco mais temperamental, mas conseguiria seguir o fluxo das coisas.
O Elemento Luz era tolerável. A pessoa pensaria em si mesma como superior e sempre certa, mas ainda poderia interagir com outros humanos.
O Vento também era aceitável. A pessoa apenas desejaria liberdade e se tornaria mais despreocupada.
A Terra era tranquila. O cultivador ficaria mais taciturno e inflexível, mas, por outro lado, muito confiável.
O Metal também era aceitável. O indivíduo poderia buscar batalhas mais do que os outros, mas manteria sua bússola moral.
Os problemas começavam com os três Elementos restantes.
O Raio seria problemático. Embora o cultivador buscasse justiça, ele seguiria apenas sua própria bússola moral. Além disso, reagiria com força letal contra qualquer um que considerasse estar contra ele. Humanos precisam trabalhar juntos. Não se pode simplesmente matar alguém por uma palavra descuidada.
O Fogo seria um desastre. O cultivador se tornaria um maníaco por batalhas. Ele exigiria derramamento de sangue, destruição e lutas constantes. Humanos também precisam de períodos de calmaria. Como uma pessoa assim poderia viver em sociedade?
A Escuridão seria horrível. O cultivador se tornaria basicamente um psicopata insensível. Manipularia outras pessoas para ganho próprio, prejudicando toda a humanidade!
E, ainda assim, esse método de cultivo, considerado proibido neste mundo, estava sendo ensinado por aquele professor.
Se as seitas justas descobrissem esse professor, ele seria imediatamente executado, junto com todos os que conhecesse.
— E quanto ao terceiro método? — perguntou o professor com um sorriso. — O que acontece se eu introduzir outro Elemento?
A garota respondeu novamente. — Você morrerá.
O professor assentiu. — Correto.
Então, ele olhou para o aluno que havia feito a pergunta. — Isso responde à sua dúvida?
O aluno olhou para o professor com a testa franzida e lançou um olhar de desprezo para a garota que havia respondido diligentemente todas as perguntas.
— E se houver um quarto método? — perguntou o garoto.
Os estudantes gemeram.
Só deixem o professor continuar a aula!
— É possível — respondeu o professor pacientemente. — Pode haver um quarto método. Afinal, eu não sei de tudo. Contudo, tenho quase certeza de que você não encontrará esse método nos próximos 100 anos.
O aluno rangeu os dentes.
Esse professor estava subestimando-o!
— Por que você tem tanta certeza? — o aluno perguntou com uma voz gélida.
— Bem — respondeu o professor com um sorriso. — Eu sou bem forte, sabe? Além disso, como pode ver, sou bastante velho. Só vim para esta academia como professor convidado porque estava entediado. Estou simplesmente vivendo minha aposentadoria com minha linda esposa.
— Sabe, já vi muito do mundo — disse o professor com uma voz nostálgica. — Todo o meu conhecimento só conseguiu produzir esses três métodos.
O aluno desconsiderou o que o professor disse.
— Ei, dá pra calar a boca de uma vez!? — gritou um sujeito grande na segunda fileira, dirigindo-se ao aluno que estava discutindo com o professor. — Desça do seu pedestal! Nosso último professor de Elementos só conhecia um único método, e era muito pior do que qualquer um que nosso novo professor apresentou.
O aluno queria retrucar, mas não teve coragem.
Aquele era o Grande Barry, o mais forte da classe e também o campeão da escola.
O Grande Barry o partiria em pedaços numa luta!
Com o coração contrariado, o aluno se sentou e ficou em silêncio.
O Grande Barry lançou um olhar ao aluno e voltou-se para o professor.
Então, Barry fez uma reverência educada. — Desculpe minha escolha de palavras — disse ele educadamente. — Por favor, continue a aula, Sr. Gravis.
O Sr. Gravis assentiu e minimizou o pedido de desculpas do Grande Barry. — Tudo bem.
Barry sentou-se novamente, e o Sr. Gravis continuou a aula.
Uma hora depois, os alunos se dispersaram.
O Sr. Gravis caminhou lentamente pelas ruas da cidade com um sorriso feliz e animado, enquanto comprava comida de uma mulher de meia-idade em um beco.
O carrinho de comida dela era bem isolado, pois ela gostava de ficar nas sombras frescas dos prédios, mas ainda assim havia uma longa fila em frente ao carrinho.
O Sr. Gravis comprou alegremente dois pratos de macarrão e seguiu para casa.
Após meia hora de caminhada, ele chegou à periferia da cidade. Contudo, continuou andando.
Vinte minutos depois, Gravis passou pelo último prédio e subiu uma colina.
Dez minutos mais tarde, ele chegou a uma adorável casa de pedra. Não parecia tão ostentosa quanto os prédios da cidade, mas também não era humilde.
Devagar, o Sr. Gravis abriu a porta com um sorriso largo.
— Querida, cheguei!
Na sala de estar da casa estava sentada uma beleza imortal.
Ela parecia bem jovem, e sua aura transmitia paz a todos que tinham a sorte de estar perto dela.
Ainda assim, essa beleza imortal era esposa daquele professor comum, de aparência mediana e de meia-idade.
Stella abriu os olhos e olhou para Gravis.
Então, levou a mão à boca enquanto dava uma risadinha.
— Para ser honesta, acho que estou me acostumando com o seu uniforme de trabalho — disse ela.
— Sério? — Gravis respondeu com um largo sorriso, endireitando as costas.
— Sim, acho que sim — respondeu Stella. — Mas, por favor, tire isso. Não gosto de Cultivadores com aparência de homens de meia-idade.
Gravis riu e deixou de lado o ‘uniforme de trabalho’.
E qual era seu uniforme de trabalho?
Sua aparência inteira, é claro!
Sua pequena barba desapareceu enquanto seus cabelos ficavam mais longos e lisos. As vestes de professor sumiram, substituídas por uma camisa e calças pretas. Suas costas arqueadas se endireitaram perfeitamente, preenchidas por músculos e poder.
Seus olhos, antes cansados, recuperaram juventude e energia, irradiando vigor.
— Agora está satisfeita? — Gravis perguntou com um sorriso.
Que revelação surpreendente!
Aquele professor discreto…
Aquele Sr. Gravis…
Era, na verdade, Gravis!?
Sim, era Gravis.
Por mais inacreditável que fosse a verdade, ela ainda era a verdade.
Gravis sorriu enquanto erguia a comida que tinha comprado.
— Quer comer? — ele perguntou.
Stella riu levemente enquanto observava a aparência de Gravis por um momento.
— Claro, por que não?
O sorriso de Gravis só aumentou enquanto ele fechava a porta atrás de si.
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