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    — A propósito, tem uma coisa que me deixa confuso — disse Gravis.

    — O que é? — perguntou Joyce.

    — Você viu que eu tinha uma Aura de Vontade ainda no Reino de Refinamento Corporal, então por que você me ajudou? Você deveria saber dos métodos da Seita do Céu — perguntou Gravis.

    Joyce suspirou. — Bom, para ser honesta, eu nunca esperei que você fosse me pagar de volta.

    Gravis levantou uma sobrancelha. — Não esperava?

    Joyce balançou a cabeça. — Eu tinha certeza de que a Seita do Céu iria te matar. A única razão pela qual eu te ajudei foi porque senti pena de você. Um destino assim parecia trágico demais aos meus olhos. Mas olha, que bom que isso não aconteceu!

    Gravis sorriu. — Pois é, foi mesmo. Mas, então, a coisa da guerra de recursos é mesmo um não? — perguntou ele.

    Joyce mostrou um semblante desconfortável. — Bem, não completamente.

    — Como assim? Seu mestre disse que você nunca teve a intenção de participar da guerra este ano — perguntou Gravis.

    — Não é que eu tenha decidido contra, mas sim que meu pai e meu mestre decidiram contra — explicou Joyce. — Minha vontade já é muito poderosa, e a guerra de recursos tem uma taxa de mortalidade de 90%. Eles disseram que o risco é muito alto para mim. Se eu tivesse uma Aura de Vontade mais fraca, eles me deixariam ir, mas minha vontade já é forte o suficiente. Só um pouco mais, e minha vontade será forte o bastante para ascender. Eles disseram que eu não preciso passar por uma aventura tão arriscada. A segurança é mais importante.

    Gravis levantou uma sobrancelha. — Depende de qual é o seu objetivo.

    Joyce olhou para Gravis, confusa. — Obviamente, meu objetivo é me tornar poderosa.

    — Sim, mas o quão poderosa exatamente? — perguntou Gravis.

    Joyce franziu a testa. Ela nunca tinha pensado nisso antes. O maior poder que todos neste mundo inferior conheciam era o poder de um ascendente. Eles não sabiam nada sobre o caminho após isso, então também não podiam imaginar como seria nos mundos superiores. Muitas pessoas até acreditavam que os ascendentes subiam para o reino de Deus e viviam para sempre, observando este mundo.

    — Você pode me contar mais sobre os mundos superiores? — perguntou Joyce.

    Gravis deu de ombros. — Claro. O mundo para o qual os ascendentes vão é basicamente o mesmo que este, mas com um teto de poder mais alto. Imagine um mundo ainda mais inferior, onde há tão poucos recursos que as pessoas levariam mais de 50 anos para alcançar o Reino de Reunião de Magia. Poucas pessoas conseguem atingir esse Reino naquele mundo devido aos recursos, mas quando conseguem, aparecem neste mundo como cultivadores do Reino de Reunião de Magia.

    — Basicamente, assim que você ascende para o próximo mundo, não pode ser considerado o mais fraco, mas também não é considerado poderoso. Você é lançado em um mundo estando no nível baixo-médio de poder — explicou Gravis.

    Joyce olhou para o chão, incerta. — Então, o mundo superior não é diferente do nosso? Ainda há lutas por recursos e refinamento de vida e morte?

    Gravis assentiu. — Exatamente. A única diferença é que você vive mais e vê uma montanha maior e um Céu mais alto à sua frente. É como quando a pessoa mais forte de uma vila isolada vai para uma cidade pela primeira vez, achando que é poderosa, só para ser espancada por guardas comuns.

    Joyce suspirou. — E cada pessoa no seu Reino também conseguiu ascender de seu próprio mundo, e por isso, todos poderiam ser considerados gênios.

    Gravis assentiu. — Sim. O mundo superior só te dá a oportunidade de ver um novo objetivo para o seu poder. Não é mais fácil nem mais pacífico, apenas mais cruel. Imagine a destruição que duas pessoas lutando no Reino da Unidade causariam aos arredores. Os mortais estão ainda mais ferrados no mundo superior do que aqui, já que qualquer luta aleatória nas proximidades poderia aniquilá-los.

    Joyce não estava feliz agora. Ela pensava que o próximo mundo seria mais gentil. Afinal, todos já haviam atingido o Reino da Unidade, então por que ainda haveria razão para lutar? No entanto, ela não tinha pensado no fato de que poderiam existir mais Reinos após o Reino da Unidade.

    — Por que o mundo tem que ser tão cruel? — perguntou Joyce, mais para si mesma do que para Gravis.

    — Porque o Céu quer Energia — disse Gravis.

    Joyce ficou um pouco surpresa. — O Céu quer Energia?

    Gravis assentiu. — Eu não sei os detalhes, e não posso te contar tudo o que sei sobre isso, mas o Céu quer humanos poderosos. Quanto mais poderosos, melhor.

    Joyce suspirou. — Isso tem fim?

    — Sim — disse Gravis, surpreendendo Joyce novamente. Ela não esperava que Gravis tivesse uma resposta para uma questão tão profunda e mística. — Existe o mundo mais alto, com o Céu mais elevado que criou todos os outros mundos. Se você conseguir atingir o topo lá, apenas dois seres serão mais poderosos do que você, e ambos não se importam com você, basicamente te deixando fazer o que quiser.

    Joyce olhou, com os olhos arregalados, para Gravis. Ela absorvia o conhecimento como uma esponja seca. Para ela, parecia que os segredos do universo estavam sendo revelados diante de seus olhos. — Dois seres?

    Gravis assentiu. — Um é o Céu mais elevado, e o outro é o Opositor, o humano mais forte que tem o mesmo poder que o Céu mais elevado.

    Joyce olhou com admiração para Gravis. — Um humano com poder igual ao do Céu mais elevado? Esses dois seres governam o mundo mais alto? — ela perguntou.

    Gravis riu secamente. — Pelo contrário. Eles se desprezam completamente e lutam regularmente, mas, tanto quanto sei, apenas os fracos sofrem com essas lutas. As forças no auge raramente se envolvem. Claro, há exceções, por exemplo, quando o Céu trama contra o Opositor diretamente, mas, pelo que ouvi, essas situações só acontecem, no máximo, a cada alguns milhões de anos, e a última aconteceu há cerca de dois anos.

    Joyce franziu a testa. — Como você sabe disso? Você está aqui há três anos, então como poderia saber o que aconteceu há dois anos?

    Gravis percebeu que havia esquecido de explicar algo. — Ah, são dois anos no tempo do meu mundo natal. Existe uma enorme dilatação temporal entre o meu mundo e este. Enquanto estive aqui por três anos, apenas cerca de um dia se passou no meu mundo. Se eu fosse calcular de acordo com o tempo deste mundo, o incidente aconteceu há cerca de dois mil anos.

    Joyce não conseguia assimilar completamente esses números. Milhões de anos entre lutas? Era possível viver tanto tempo assim? O mundo deles sequer existia há um milhão de anos? Ela não tinha ideia! Ninguém sabia ao certo quantos anos o mundo tinha.

    — Então, o quão forte você quer se tornar? — Gravis perguntou novamente. — Se você só quer ter uma vida tranquila, eu sugeriria parar de cultivar no Estágio da Árvore. Sua vontade já é poderosa o suficiente para alcançar isso. Assim, você só precisa esperar para se tornar uma das pessoas mais fortes deste mundo. Pode viver em relativa liberdade e ter poder suficiente para proteger aqueles que ama. Porque, se você ascender, será fraca de novo, e sua sobrevivência poderá ser decidida por milhares ou milhões de cultivadores mais poderosos que você.

    Joyce permaneceu em silêncio enquanto refletia. Aquilo era uma escolha séria, e ela finalmente tinha conhecimento suficiente para tomar uma decisão informada. Gravis lhe contou sobre como sua jornada eventualmente seria no mundo superior e o que a aguardaria. Se ela não estivesse disposta a passar pela mesma dor que sentiu até agora muitas mais vezes, seria melhor parar de cultivar agora.

    Joyce pensou por um minuto inteiro sobre sua decisão enquanto Gravis permanecia calado.

    — Eu não posso parar agora — disse Joyce, motivada. — Meus irmãos e irmãs deram suas vidas para pavimentar meu caminho, e por mais difícil que se torne, eu preciso continuar, até o amargo fim. — Joyce respirou fundo, com a voz um pouco trêmula. — Mesmo que eu tenha que viver com dor por milhares de anos.

    Gravis sorriu. — Certo, então você nunca deve parar de seguir em frente. Todos os outros nos mundos inferiores só enxergam a ascensão e se refinam apenas até esse ponto. Você tem a vantagem do conhecimento, então sabe que todo o refinamento que fizer agora não será em vão. Nunca pare de se refinar e sempre se mantenha à frente. Só assim você poderá se tornar verdadeiramente poderosa.

    Joyce ouviu isso e concordou de todo o coração. — Sim!

    — Vamos participar da guerra de recursos, não importa o que meu mestre ou meu pai digam!

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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