Capítulo 80: Visitante Poderoso

Haviam se passado pouco mais de 40 dias desde que Gravis atualizou sua Semente de Raio para 40% de Energia de Destruição. Nesse tempo, Gravis pensou muito sobre seu estilo de luta com a adição do raio e também sobre a natureza do raio em si.

No entanto, no que ele usou mais tempo foi ganhar dinheiro. Gravis havia ganhado pouco mais de 12.000 ouros até agora. Em algum momento, as missões para bestas demoníacas de nível avançado desapareceram novamente. Parecia que o Céu não queria facilitar demais a vida de Gravis. Provavelmente havia julgado que Gravis já tinha dinheiro suficiente.

Gravis não perderia seus dias caçando bestas demoníacas de nível intermediário. Ele precisaria caçar cerca de dez delas para ganhar tanto dinheiro quanto matar uma única besta demoníaca de nível avançado. Isso levaria mais de uma semana. Gravis estava mais contente em realmente treinar suas Artes Marciais e pensar sobre como usar o raio. Mas nesse dia…

KNOCK KNOCK KNOCK

O único visitante que Gravis recebia era Gorn. Ele vinha de vez em quando, e Gravis discutia ideias com ele sobre como lutar com o raio. Gorn lutava usando o raio há décadas, então ele tinha muita experiência sobre isso. Gorn também lhe contou sobre como as pessoas com outros elementos lutavam. Os olhos de Gravis se abriram naquela época, e ele obteve muita inspiração.

Gravis abriu a porta, esperando ver Gorn na frente de sua casa com seu sorriso usual. No entanto, as coisas pareciam diferentes desta vez. Ele viu Gorn parado na frente da porta, mas ele parecia sério. Além disso, ele não estava sozinho. Alguém estava ao lado dele. A pessoa estava até um pouco à frente de Gorn, o que significava que Gorn tratava essa pessoa com respeito.

A pessoa era um jovem de cabelos brancos. Ele era na verdade do lado mais baixo, com Gravis sendo maior por cerca de dez centímetros. Suas roupas pareciam luxuosas, com um manto branco com bordas douradas e anéis ornamentais presos ao cinto. O homem mostrava um sorriso amigável, mas por algum motivo, Gravis imediatamente não gostou dele.

“Olá, Gravis. Posso entrar?” ele perguntou com uma voz educada. Ele havia chamado Gravis diretamente pelo nome sem oferecer o seu próprio, então ele se considerava superior. Gravis estreitou os olhos, mas antes de fazer qualquer coisa, viu Gorn olhando para ele com um olhar absolutamente intenso e sério. Gravis conhecia Gorn, e sabia que Gorn estava lhe dando o aviso mais forte possível.

Gravis confiava em Gorn, então abriu mais a porta e deu um passo para o lado. “Desculpe, por favor, entre,” ele disse no tom mais educado que conseguiu. Gravis não estava acostumado a falar educadamente, então soou um pouco rígido. Em comparação com a expectativa de Gravis, o homem não pareceu se importar com a rigidez de Gravis. Parecia que ele já esperava por isso.

O homem assentiu educadamente e entrou com Gorn. “Eu moro sozinho e só me concentro no treinamento, então me desculpe, mas não tenho chá ou coisas semelhantes para entreter os convidados,” Gravis se desculpou. Ele não agiria de forma imprudente até saber quem era essa pessoa. Gravis gesticulou para um banco e uma mesa próximos. Eles vieram com a casa.

O homem sentou-se e riu. “Sem problema. Eu também não quero perder muito tempo,” ele respondeu educadamente e indicou o banco do outro lado da mesa. “Por favor, sente-se,” ele gesticulou educadamente. Gorn ficou atrás do homem enquanto Gravis se sentava no banco.

“Agora,” o homem começou a falar, ainda com um sorriso educado no rosto. “Você deve estar se perguntando quem eu sou.” Ele deixou isso no ar por alguns segundos. “Mas antes de lhe dizer, preciso verificar algo sobre você.”

Gravis ficou mais interessado na pessoa. Ele obviamente veio aqui por causa de Gravis e provavelmente também tinha um status transcendente, a julgar por como Gorn agia ao seu redor. Gravis ficou interessado no que a pessoa queria dele.

“Por favor, libere sua Pressão Celestial,” ele gesticulou educadamente.

Um brilho de reconhecimento apareceu nos olhos de Gravis. A mentira sobre Gravis ser um Nascido do Céu ainda estava por aí, e apenas Gorn sabia a verdade. Uma pessoa de status transcendente que até o Mestre da Guilda do Relâmpago tinha que respeitar? Alguém interessado nele ser um Nascido do Céu? Havia apenas uma organização que se encaixava nessa descrição.

Gorn havia explicado a Gravis nos Exames de Entrada que qualquer guilda que conseguisse criar um Nascido do Céu seria generosamente recompensada pela Seita Celestial. Gravis também se lembrou da época em que Gorn conversou com ele no caminho para a Guilda do Relâmpago. Gorn havia dito que a Seita do Relâmpago era igual às outras Guildas Elementais Principais e estava apenas abaixo de uma outra.

Gravis combinou essas duas conversas aparentemente não relacionadas e adivinhou quem era a pessoa. A Seita Celestial era provavelmente a presença mais influente no mundo inferior. Além disso, a julgar pelo nome ‘Seita Celestial’ e pelo recrutamento de Nascidos do Céu, Gravis podia imaginar que tipo de seita era a Seita Celestial.

Era uma seita diretamente sob o Céu. Reunia os escolhidos do Céu e provavelmente também seguia as ordens e mandamentos do Céu. Na busca de Gravis contra o Céu, a Seita Celestial provavelmente seria seu inimigo mais forte, além do próprio Céu. Ele ainda era muito fraco agora e não poderia se opor a essa existência transcendente.

Gravis também percebeu por que tinha uma antipatia inata pela pessoa. A pessoa era abençoada com uma imensa sorte cármica, enquanto Gravis não tinha sorte cármica. Gravis frequentemente entrava em contato com o conceito de sorte cármica e começou a desenvolver uma espécie de instinto para isso.

Gravis podia perceber subconscientemente se alguém tinha uma imensa sorte cármica. Era difícil com pessoas comuns, mas essa pessoa tinha tanta que Gravis podia perceber facilmente.

Gravis sentiu como se visse uma cena de um objeto preto e branco conversando entre si. Um brilhava como as estrelas, enquanto o outro apenas espalhava escuridão. Um era abençoado pelo Céu, enquanto o outro era rejeitado.

Gravis também percebeu que a pessoa na sua frente não tinha certeza se Gravis era um Nascido do Céu. A pessoa obviamente não podia perceber a sorte cármica. Caso contrário, essa pessoa não teria pedido para Gravis provar seu status de Nascido do Céu. Gravis não tinha certeza se deveria continuar com sua mentira ou contar a verdade.

Se continuasse mentindo, poderia se envolver com a Seita Celestial. Se se envolvesse com eles, continuaria se aproximando do Céu, e era muito possível que, em algum momento, Gravis encontrasse uma pessoa que pudesse se comunicar diretamente com o Céu. Se o Céu contasse a eles sobre o relacionamento de Gravis com o Céu…

Gravis olhou para Gorn, que, ao perceber que Gravis estava olhando para ele, olhou para baixo para limpar um pouco de poeira de seu manto e depois olhou de volta nos olhos de Gravis. Gravis percebeu o que Gorn estava dizendo. Ele estava acenando com a cabeça, o que significava que Gravis deveria cumprir o pedido do jovem.

Gravis estava inseguro. Gorn sabia muito sobre Gravis, mas não tudo. Gorn não sabia sobre o relacionamento de Gravis com o Céu. Ele também não sabia sobre a falta de sorte cármica de Gravis. Gorn poderia pensar que ser um Nascido do Céu era menos perigoso do que alguém que tinha uma Aura de Vontade no Reino de Refinamento Corporal.

Gravis rapidamente continuou pensando. O que ele faria se fosse o hegemon¹ de um mundo inferior e visse alguém no Reino de Refinamento Corporal com uma Aura de Vontade? Nesse caso, ele recrutaria ou mataria. Então, a primeira coisa que faria…

“Vamos lá, não seja tímido,” repetiu o homem com um sorriso. “Você não precisa manter isso em segredo de mim,” ele continuou falando como uma cobra se esgueirando para o ouvido de Gravis. “Somos filhos do Céu.”

Gravis percebeu como o homem se referia ao Céu com “Céu” e não com “Céu e Terra”. O homem sabia como o Céu funcionava. Mentir para alguém assim era difícil, mas contar a verdade também era um problema.

O que Gravis deveria fazer?

1. Em história política, hegemonia é a supremacia de um povo sobre outros, ou seja, através da introdução da sua cultura ou por meios militares.[↩]