Vou mudar o futuro (2)

Depois de se encontrar com seu irmão, Elena foi para o arsenal onde espadas, arcos, flechas, armaduras e todos os tipos de armas eram armazenados. Pessoas comuns não podiam entrar, mas felizmente não havia nenhum lugar no Castelo Blaise onde ela não pudesse ir. Mesmo assim, ela evitou os olhos de todos, passou pelas armas perfeitamente exibidas e se dirigiu para a parte mais interna da sala. Ela passou por um canto escuro e estreito antes de chegar a uma armadura negra como breu, em grande grandeza.

Elena sabia o quão especial era aquela armadura. Foi usada por sua mãe quando Elena ainda era uma criança. O metal usado para fazer a armadura era tão caro e tão puro que mesmo os cavaleiros oficiais não podiam pagar. Foi só até se tornar uma espadachim que ela percebeu seu valor, mas foi levado embora antes que pudesse usá-la.

Quando ela gentilmente colocou a mão na armadura, seus olhos umedeceram de emoção. O toque frio e sólido sob sua palma agitou suas memórias. Quando criança, ela pensava na armadura como sua, mas depois que sua mãe morreu, seu pai foi contra as mulheres que aprendiam a lutar com espadas. Por esta razão, ela nunca aprendeu esgrima, apesar de ter nascido em uma família de cavaleiros. No final, ela teve que aprender de qualquer maneira. Talvez tenha sido o destino. Depois de relembrar o passado, ela logo começou a colocar a armadura em seu grande saco.

 ‘Eu sei que papai sente falta de mamãe e não suporta usar seus preciosos itens, mas vou usá-los para salvá-lo.’

Além disso, seu corpo estava menos apto fisicamente do que em sua vida anterior e ela precisava de uma boa armadura para protegê-la.

Depois de finalmente colocar o capacete preto no saco, ela selecionou uma espada não usada. Foi a primeira que ela segurou desde que voltou ao passado, mas para ela foi ontem. Sua mão macia e sem calosidades agarrou desajeitadamente o cabo sólido, mas sua mente teve uma estranha sensação de compreensão perfeita. Ela teve sorte que seu treinamento nunca a deixou.

Elena desembainhou a espada da bainha e viu seu rosto refletido na lâmina afiada. O rosto da mulher era muito diferente do da espadachim fria do passado, mas a determinação em seu coração queimava mais feroz do que antes. Elena brandiu a espada no ar algumas vezes e murmurou para si mesma.

  “… Eu sou apenas metade tão boa.”

Sua velocidade e potência eram limitadas neste corpo destreinado. No entanto, ela balançou a espada milhares ou dezenas de milhares de vezes, e as batalhas nas quais ela arriscou sua vida eram incontáveis. Não importa o quão fraca e lenta ela fosse, ela sabia exatamente onde balançar sua espada. Houve mais ocasiões em que ela lutou em circunstâncias terríveis do que em circunstâncias favoráveis, e ela se tornou engenhosa em situações ruins.

Em uma batalha, sua unidade de suprimentos foi aniquilada e eles passaram fome por três dias e três noites, enquanto outros lutavam aleijados e mal conseguiam se mover. Eles sobreviveram a cada momento. Depois de perseverar assim por tantos anos, até mesmo seu corpo destreinado não diminuiu em capacidade. Ela concluiu que, embora seu poder fosse significativamente reduzido, ela poderia superá-lo até certo ponto com experiência e instinto.

Elena finalmente embainhou a espada e a colocou em seu saco, amarrando-a com um nó que não podia ser aberto facilmente. De repente, ela percebeu que carregar um saco enorme sozinha poderia atrair alguma atenção. Não era fácil livrar-se da mentalidade de ser uma assassina obstinada que fazia tudo sozinha, mas agora ela não conseguia esquecer que fazia parte da nobreza. Depois de deixar o arsenal e colocar o máximo de distância possível dele, Elena chamou um servo que passava. O servo se aproximou dela e Elena apontou para o grande saco.

 “Leve isto para minha carruagem.”

 “O que são todos esses itens grandes, minha senhora?”

 “Estes são presentes para Glenn quando chegarmos.”

 “Tudo isso? Quando Glenn vir tudo isso, ela ficará feliz em ver você.”

Embora o tamanho e o peso do saco fossem um pouco incomuns para ser um presente para uma dama da nobreza, o servo não pensou muito nisso e fez o que Elena ordenou. Outras bagagens, como vestidos e outros itens, já estavam sob os cuidados dos demais criados. Quando Elena confirmou que tudo o que era necessário estava carregado, ela subiu para embarcar na carruagem.

 “Hah, hah. Espere um segundo.”

Mirabelle segurou a saia com uma das mãos enquanto corria para a carruagem enquanto com a outra mão segurava uma grande cesta de piquenique. Elena parou ao ver Mirabelle correndo em sua direção, então desceu e correu em sua direção.

 “Mirabelle, tenha cuidado. Você vai se machucar.”

Mas Mirabelle não diminuiu a velocidade até estar bem na frente de Elena. Ela respirou fundo e deu um sorriso brilhante para a irmã.

 “Eu não quero que você fique sem comer, então, por favor, pegue isso.”

Mirabelle deu a ela a cesta e quando Elena a pegou, a confusão cruzou seu rosto. O peso disso era muito pesado para ela sequer contemplar.

  “Você preparou tanto em tão pouco tempo. É como um banquete.”

 “Você se esqueceu da pessoa que me disse que comer bem todos os dias me deixaria mais saudável?”

Elena ficou momentaneamente sem fala. Era o que ela costumava dizer a Mirabelle, que sempre teve rancor de comer.

Mirabelle percebeu que estava segurando sua irmã, então ela rapidamente empurrou Elena para dentro da carruagem e falou com uma voz alegre.

“Vá e volte rapidamente. E não se esqueça do meu presente.”

Depois de ser empurrada para dentro, Elena ansiosamente olhou pela janela para sua irmã.

 “…Eu voltarei.”

“Sim. Tenha cuidado, irmã. ”

A grande carroça partiu e Mirabelle acenou em despedida. Elena manteve a cabeça para fora da janela e observou até que sua irmã desapareceu de vista. Ela quase teve vontade de chorar quando prometeu que voltaria. Ela não podia acreditar que tinha um lugar para onde voltar.

Elena de repente se lembrou da cesta em seu colo. Ela o colocou no assento ao lado dela e tirou os alimentos um por um. Dentro havia uma salada generosa com alface fresca e peitos de frango, um sanduíche de presunto, ovos cozidos, bolinhos de arroz lindamente decorados e frutas picadas. Todos pareciam deliciosos para comer. A lancheira de Mirabelle parecia ser um banquete interminável de todas as comidas favoritas de Elena.

“…”

Ela espalhou ordenadamente a comida na carruagem, mas não suportava comê-la. Sophie, a empregada sentada na frente ao lado do cocheiro, olhou para ela ansiosamente pela janela.

 “Minha senhora, você está bem?”

Elena estava segurando o rosto entre as mãos e parecia que estava chorando.

 “…Estou bem. Eu só… sou uma pessoa mais feliz do que pensava …”

Ela sempre sentia falta desses momentos em que sua família ainda estava viva em sua vida anterior. Seu pai, seu irmão. Mirabelle. Como ela desejou centenas e milhares de vezes que eles estivessem vivos. Agora ela estava mais feliz do que sua imaginação poderia sonhar.

 “… Como eu poderia comer toda essa comida?”

Sophie respondeu, não entendendo a preciosidade da comida para Elena.

 “Se quiser, podemos parar novamente mais tarde.”

Elena assentiu, esfregando os olhos úmidos com a palma da mão.

 “Sim… Isso vai servir.”

Sua família inteira agora estava viva. Enquanto isso, sua felicidade duraria para sempre. Agora Elena estava indo embora para que ela nunca pudesse perdê-la novamente. Ela com certeza mudaria o futuro a todo custo.

Tradução: Sa-chan

Revisão: Sa-chan

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