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    Pare aí mesmo (2)


    Elena estava muito preocupada com a confusão em sua mente para comer, e Carlisle continuou lançando olhares preocupados para ela. Depois de terminar o jantar, os dois voltaram para o quarto deles.

     ‘… Por que ele estava olhando para mim tão aficionadamente?’

    Ela se lembrou de como seu irmão deixava uma xícara de chocolate quente para ela depois que seu pai ficou chateado com ela. Nunca deixaria de levantar seu ânimo sempre que ela bebesse, mas a sensação que ela teve do olhar de Carlisle continha uma doçura mais profunda do que o chocolate.

    O problema era que nada sobre Carlisle havia mudado, nada em seu olhar, seu tom ou em seu comportamento.

    O que havia mudado era o reconhecimento dela por ele.

     ‘Mantenha sua cabeça focada em frente, Elena. Você não se lembra do que você tem que fazer?’

    As vidas de seus familiares estavam sobre seus ombros. Ela não tinha tempo para procurar em outro lugar. No entanto… Ela não podia deixar de sentir uma atração por Carlisle. Ela não sabia quando tudo começou. Em algum momento, a emoção havia se incrustado profundamente em sua mente e germinado raízes. Se ela olhasse para ele, ela sabia que seu coração iria bater de forma selvagem.

     ‘Começo a ter consciência do sexo oposto…’

    Elena balançou a cabeça bruscamente. Ela teve que resolver isso antes que ela se agarrasse mais a ela. Ela precisava manter distância de Carlisle.

     “Ah!”

    Elena deixou sair um arfar involuntário. Quando ela olhou para o espelho, viu Carlisle olhando diretamente para ela.

     “O-O que você está fazendo aqui, Caril?”

     “Você não me respondeu, não importa quantas vezes eu a chamei.”

     “Ah…”

    Ela deve ter ficado muito perdida em pensamentos para perceber que ele a estava chamando. Carlisle, no entanto, não foi embora. Ele simplesmente se encostou à moldura da porta do closet com os braços cruzados enquanto olhava para ela. Elena quebrou o contato visual com ele e abriu a boca para falar.

     “Bem, você já me viu, então pode sair agora.”

     “No que você estava pensando?”

    Há apenas um momento, Elena balançou a cabeça para afastar os pensamentos em sua mente. Qualquer um ficaria curioso.

     “… Não é nada.”

    Carlisle olhou para ela com questionamento, mas felizmente ele não a pressionou mais. Ele continuou a analisar o rosto de Elena por um momento, depois se virou e se afastavou a longas passadas.

     “Seja o que for, é hora de ir para a cama.”

    Elena lembrou que eles eram casados. Era impossível ficar longe de Carlisle enquanto ela tentava encontrar sua paz de espírito. Sob os termos do contrato de casamento, eles tinham que se encarar a cada refeição, e então eles se veriam novamente toda vez que fossem para a cama.

     ‘… Por favor, Deus.’

    Elena colocou sua mão na testa.

    * * * * *

    Depois de terminar de se arrumar no closet, ela deu alguns passos cautelosos até o quarto, e viu Carlisle abatido sentado no sofá esperando por ela. Sua aparência comum parecia diferente do habitual, apesar de ter permanecido inalterada.

    Elena manteve sua voz casual enquanto falava.

     “Você não tem que esperar por mim. Se você estiver cansado, pode ir para a cama primeiro.”

     “Está tudo bem. Eu não apagarei as lâmpadas até que você chegue de qualquer forma.”

     “Não se preocupe. Eu posso ver bem no escuro e encontrar meu caminho para a cama.”

     “… Eu entendo.”

    Carlisle não se opôs, e Elena ficou satisfeita por ele ter aceitado seu pedido. Eles seriam capazes de resolver como ficar neste quarto.

    Carlisle se levantou do sofá, quando Elena levantou rapidamente sua mão para detê-lo.

     “Por que você está se levantando?”

     “As luzes…”

     “Ah! Eu as apagarei, então, por favor, deite-se de novo.”

     “Não é necessário.”

     “Por favor, deixe-me fazer isso.”

    Carlisle olhou para ela com questionamento, mas finalmente cedeu e voltou a sentar-se no sofa.

    Elena não queria que Carlisle chegasse perto dela. Para apagar as lâmpadas, ele teria que chegar perto da cama onde Elena estava deitada, e seus sentimentos poderiam excitá-la novamente. Embora algum contato fosse inevitável como um casal, ela queria o máximo de distância possível para poder recuperar a compostura.

     “Eu as desligarei.”

    Ela apressadamente apagou todas as luzes do quarto. Ela normalmente deixava uma lâmpada de cabeceira acesa, mas queria a escuridão e a ilusão de dormir sozinha. Compartilhar um quarto com alguém que ela estava começando a ver como um homem a fazia sentir-se estranha de muitas maneiras.

    O quarto escureceu. Elena caminhou até a cama, evitando tanto quanto possível Carlisle e o sofá.

     ‘Não perca tempo pensando nele, e trabalhe em como você vai viver no palácio-Ow!’

    – Bang!

    Ela estava tão preocupada em evitar a Carlisle que seu pé se chocou com um ornamento.

    Ela nunca teria cometido este erro em circunstâncias normais. Sua visão e seus sentidos foram profundamente aperfeiçoados no campo de batalha pela ameaça de uma espada ou flecha.

     ‘… Devo parecer tola.’

    Ela não podia acreditar que tinha feito uma coisa tão estúpida e se inclinou para segurar seu tornozelo dolorido. Ao mesmo tempo, sua frustração brotou nela.

     ‘O que diabos eu estou fazendo…’

    Em sua última vida, ela não se deu ao luxo de ter dormitórios individuais em batalha, e dormiu entre homens que ela não conhecia no quartel. De repente pareceu irônico que ela estivesse se esforçando tanto para evitar Carlisle.

     “… Haaa.”

    Elena arrastou a palma da mão pela bochecha em desânimo.

    – Passos.

    Ela ouviu os sons de passos no escuro. Quando olhou para cima, ela viu uma silhueta escura, com olhos azuis brilhando vagamente através do escuro. Por um momento Carlisle parecia um animal selvagem, uma onça-pintada à procura de suas presas.

     “Você está ferida?”

    Só pelo tom dele, ela sabia que ele não gostava que ela fosse ferida. Elena rapidamente escondeu seu tornozelo machucado e respondeu com uma voz indiferente.

     “Eu estou bem. Você não precisa se preocupar.”

     “Eu não acredito que você esteja bem.”

    Enquanto falava, ele se aproximou de Elena. Ela estendeu a mão apressadamente.

     “Pare aí mesmo.”

    Carlisle congelou. Elena não tinha a intenção de explodir dessa maneira. Ela não queria mais estar tão consciente de Carlisle. Nesta situação em que a vida de sua família estava em jogo, ela não tinha tempo para se entregar a este novo sentimento.

     “Estou bem, de verdade. Não chegue mais perto.”

    Embora estivesse no escuro, Elena quase pôde sentir um sorriso na boca de Carlisle.

     “Não.”

    Os passos de Carlisle foram retomados. E depois veio sua voz, mais baixa e rouca do que antes.

     “Eu disse a você, se há um momento em que você está muito consciente de mim, você tem que esconder isso…”

    Antes que ela soubesse, ela percebeu que as longas pernas de Carlisle o haviam aproximado dela.

     “… Porque eu não suporto isso.”

     “Caril!”

    Antes que Elena pudesse dizer qualquer coisa, os braços de Carlisle subiram sob sua cintura e joelhos e a levantaram abruptamente para o ar. Por mais magra que ela fosse, uma mulher adulta era uma carga pesada. Carlisle parecia no entanto sem carga, e Elena olhou para ele com um olhar arregalado.

     “Quantas vezes você vai dizer isso, quando já quebrou duas coisas de uma vez?”

    Carlisle caminhou em direção à cama, carregando Elena em seus braços. Na curta distância, Elena sentiu uma estranha sensação de cócegas, peculiar.

    Ela foi cuidadosamente colocada no colchão. Mas não terminou aí.

    – Farfalha.

    Carlisle olhou o tornozelo fino de Elena de debaixo de sua roupa de dormir.

     “Diga-me se você está ferida. Vou chamar imediatamente para o médico.”

    Ela ficou assustada com o calor da pele dele sobre a dela. A temperatura corporal de Carlisle era mais alta do que ela esperava.

     “Você não precisa chamar um médico a esta hora. Eu estou bem…”

     “Eu não acredito nisso.”

    Olhando para os olhos afiados de Carlisle, ela não podia deixar de sentir uma vez mais que ele era um homem que cruzava as linhas livremente. Quanto mais ela tentava evitá-lo, mais presa ela se tornava. Elena afastou sua confusão antes de falar.

     “Eu estou bem, de verdade. Eu não quero que as pessoas entrem e saiam. Se eu acordar amanhã e ainda doer, então podemos chamar o médico.”

    Carlisle franziu o cenho com desaprovação, mas ele cedeu.

     “Certifique-se disso.”

    Carlisle hesitou por um momento, depois puxou o cobertor até o pescoço de Elena. Ela olhou para ele com surpresa quando ele encostou a mão na testa dela.

     “É tarde, durma agora.”

    Finalmente, Carlisle recuou.

    Enquanto Elena observava sua forma escura se afastar e depois se reclinar no sofá, ela sentiu seus pensamentos se tornarem ainda mais confusos do que antes.

    Esta vai ser uma noite longa.

    * * * * *

    Zenard tinha andado muito ocupado ultimamente.

    Ele havia reunido todos os criados que trabalhavam no palácio do Príncipe Herdeiro, à ordem de Elena, e mais tarde foi repreendido por não comunicar a planta a Carlisle.

     ‘Quando o procurei, o príncipe já tinha ido ao Palácio Imperial para visitar o Imperador e a Imperatriz.’

    Zenard embora seu tratamento tenha sido injusto, não pôde ser evitado. Por enquanto, ele se concentrou na coleta de informações sobre a planta, mesmo até esta hora tardia. Não havia prazo, pois queria completá-lo o mais rápido possível em respeito a Elena.

     ‘Ela é um bom partido para o príncipe.’

    Quando Zenard a conheceu, ficou atônito com sua beleza deslumbrante, mais tarde, veio a admirar seu caráter meticuloso e sua inteligência. Elena pode não se dar conta, mas Carlisle havia mudado imensamente desde que ele a conheceu. Sabendo como Carlisle era nas fronteiras do Império Ruford, Zenard podia dizer com segurança que o príncipe tinha se tornado mais humano do que antes.

     ‘Se o príncipe quiser ser tão gentil quanto é agora, precisará da ajuda da princesa o máximo possível.’

    A única coisa que poderia colocar uma besta furiosa para descansar era a beleza. Um sorriso incomum se espalhou no rosto de Zenard enquanto ele pensava na princesa da herdeira…

    – Toc, toc.

    Houve uma batida na porta de Zenard.

     “Entre.”

    Um dos homens de Zenard encarregado de coletar informações entrou na sala.

     “Encontramos o que você estava procurando. Por favor, dê uma olhada neste relatório.”

    Zenard imediatamente começou a olhar para o material que o homem havia trazido.

    [Planta Manera.

    Uma planta rara que cresce apenas no reino de Sibena, no sul do país.

    Se for bem cultivada, florescerá rosa e é muito aromática.

    As mulheres, entretanto, se tornarão inférteis se forem expostas à fragrância durante um longo período de tempo].

    Zenard ficou chocado com a passagem que ele acabou de ler. Ele previa algo sinistro sabendo que a Imperatriz Ophelia a havia enviado, mas ele não percebeu que seria a tal ponto. Elena não havia mencionado uma única palavra sobre isto.

     ‘A princesa herdeira sabe sobre isso?’

    Elena já sabia que a planta só crescia no reino de Sibena, então as chances eram de que ela não fosse ignorante. No entanto, ela manteve a planta… Ela era verdadeiramente destemida, e Zenard sentiu outra onda de admiração. No entanto, outra frase chamou sua atenção.

    [Há outra planta chamada Vanera, que é a gêmea da Manera.

    Diz-se que…]

    Uma luz séria brilhou nos olhos de Zenard enquanto ele lia as informações.


    Tradução: Nevasca

    Revisão: Sa-chan

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