Índice de Capítulo

    Quando girei a maçaneta, a turma ainda estava agitada, como esperado. Fomos recebidos por um alto som de risadas, cheiro de comida, o calor dali de dentro, e claro, o som alto de música.

    — Ah, Shin! Bem a tempo! — Seiji acenou, enquanto a turma se ajeitava. — Vem logo! — Olhei, percebendo que a roda de presentes estava quase pra começar.

    Eu e Yuki nos assentamos, e logo os presentes começaram a ser entregues.

    — Hm? Você sempre esteve com esse cachecol Yuki? — Akebi, perto de Yuki, perguntou, e logo meu coração acelerou levemente. 

    — Ah, esse? Não, não. — Ela tocou no cachecol, rindo timidamente. — É bonito, não é?

    — Muito! Onde você comprou! Eu também quero um…

    Instantaneamente, peguei um copo de suco, tentando não prestar atenção na conversa delas. Eu tentava me concentrar na música, nas risadas, ou no som do meu coração batendo alto. Qualquer coisa.

    Mas era inútil.

    — Ah, eu não comprei. — a voz dela começou a se suavizar, e logo ela olhou para mim. — Foi só o presente de alguém muito… 

    — Ei, olha aquilo ali — Seiji interrompeu a minha escuta da conversa, se aproximando de mim. Ele colocou o braço ao meu redor, enquanto olhava para um certo ponto.

    “Justo agora, Seiji!? O que será que ela disse…?”

    Suspirei, levemente irritado, seguindo o dedo dele que apontava para Rintarou. Ele então se aproximou de Mai.

    — Comprei isso pra você, Mai — ele entregou o pequeno embrulho.

    Deu para perceber os olhos dela ganhando um brilho, e ela assentiu, pegando o presente com as duas mãos.

    Ela então desembrulhou, com bastante cuidado. Ao remover o papel, ela se deparou com aquele marca-páginas bonito e detalhado. Mai encarou o presente por alguns segundos, claramente surpreendida, e então, finalmente disse:

    — Ah! Isso é muito lindo! — Ela estendeu o presente, olhando-o e sorrindo calorosamente. — Obrigada, Rintarou! 

    — Não precisa agradecer. — Rintarou mostrou um… sorriso bem sincero.

    Não era só um levantar dos lábios, não , não. Era mais como um sorriso que atingia os seus olhos. Uma rara, bem rara, vista de uma satisfação tranquila.

    Eu não consegui evitar, e sorri junto também, enquanto Mai ainda olhava o presente.

    Após Rintarou voltar ao seu lugar, notei que o semblante de Seiji mudou. Ele… havia ficado mais quieto. 

    Olhei para ele de canto, percebendo que ele olhava na direção da Yumi. 

    Ele parecia diferente do habitual, parecia nervoso. De vez em quando, ele desviava o olhar, indo desde a comida na mesa, até a TV e voltando para Yumi. Sua perna subia e descia de ansiedade.

    — Ei… — murmurei, notando que ele agarrava a barra da sacola tão forte que a ponta dos dedos começavam a ficar brancas.

    Mas meus pensamentos foram interrompidos pela voz alta da Yumi.

    — Sasaki! — ela começou, animada. — Eu também comprei algo pra você, olha!

    Meu olhar foi até Sasaki, que pareceu surpresa. Sem saber o que dizer, aceitou o presente das mãos estendidas da Yumi. Ela abriu-o, delicadamente, e viu um par de luvas de lã. 

    — Ah… q-que bonito! — Ela murmurou, sorrindo de verdade. — Obrigada, Yumi…

    — Não se preocupa. Mas elas são bonitas, né!? — Yumi disse, sorrindo de volta. — E elas combinam com o seu gorro!

    — Pois é. 

    — Olha, também comprei o mesmo par pra mim! Agora estamos combinando. — Yumi sorria, depois de tirar um pequeno par de luvas do bolso.

    — Ei, eu também quero! Que fofos! — Mina começou a implorar para Yumi, agarrando o braço dela. — Onde você comprou isso!?

    Sasaki então assentiu, junto de um pequeno sorriso surgindo no seu rosto, ainda meio tímido, mas que parecia cheio de gratidão por aquele momento. 

    Tudo parecia estar no lugar, mas Seiji… ainda continuava nervoso.

    Ele então respirou fundo, levantou-se e se aproximou de Yumi.

    — Yumi… podemos conversar? Só nós dois.

    Eu e Rintarou observamos a cena de longe, e nos entreolhamos. Era difícil não ficar um pouco nervoso por ele, talvez algo importante estivesse prestes a acontecer.

    Yumi o olhou de volta, levemente surpresa, e assentiu, levantando da cadeira. Então ambos saíram, deixando um pequeno vento suave entrar na sala. 

    Enquanto isso, o barulho de risadas, agradecimentos e a música baixa ainda continuava. Eu peguei um pouco da comida, enquanto observava os outros darem e receberem presentes, com um pequeno sorriso no rosto.

    Mas foi nesse momento, que senti um leve puxão na barra da camisa. 

    — Hm? — olhei para o lado, vendo o rosto corado de Yuki, enquanto desviava o olhar de mim. — Ah, precisa de algo?

    Fiquei confuso com aquilo. Ainda mais por seu rosto estar vermelho.

    Era por causa do frio?

    — Shin…

    — Sim?

    Continuei olhando para ela, ainda curioso, e então ela respirou fundo, olhando finalmente para mim.

    — Eu… também comprei algo pra você. — Ela levou as mãos até o bolso. — Um presente.

    Meu corpo se enrijeceu.

    Eu?

    Um presente?

    Da Yuki?

    “Pra mim!?”

    Meu coração parecia que iria explodir, enquanto ela tirava algo do bolso. Ela então pegou uma pequena caixa retangular, e entregou para mim.

    — A-ah, obrigado — peguei a caixa, meio desconcertado. — Mas não precisava mesmo!

    — Não se preocupa, também é algo simples… — ela respondeu, escondendo parte do rosto no cachecol que havia dado.

    Algo naquele movimento e na sua resposta fez meu coração acelerar ainda mais do que já estava.

    — Posso abrir agora? — perguntei, me questionando o que teria na caixa.

    Ela apenas assentiu.

    Então, com todo o cuidado, tirei a parte superior da caixa, e olhei para dentro. Meus olhos arregalaram no mesmo instante.

    E logo… me deparei com aquilo.

    Uma caneta.

    Não, seria melhor dizer…

    “A caneta.”

    Não era uma qualquer, uma caneta comum. 

    Eu reconheci no mesmo segundo que a vi. Era um modelo especial, feito para escritores de verdade. Ela vinha com uma parte suave perto da ponta, com uma pegada confortável. E, além disso, eu sabia que a tinta era de alta qualidade.

    — Não é nada demais, é só uma caneta… — ela disse, com a voz baixa. — Mas eu me lembrei de você, que escreve tanto… então… achei que poderia ser útil para os seus dedos…

    Eu apenas engoli em seco, sem saber o que dizer. Meu rosto ardia, não só por ser um presente dela, mas também por ser uma caneta que eu havia visto fazia algum tempo.

    — Yuki… isso é incrível! — tentei falar sem a voz tremer, mas genuinamente agradecido pelo presente. — Eu vou cuidar muito bem dela, e usar bastante! Obrigado!

    Naquele exato instante… eu estava extremamente feliz.

    Olhei de volta para ela, que desviou o olhar e baixou a cabeça.

    — Fico feliz que você tenha gostado. 

    Senti meu peito aquecer ainda mais, e um sorriso bobo escapou antes que eu o pudesse segurar.

    E, ali, no meio daquele caos de música, conversa e risada, eu apenas pensei em uma única coisa.

    Eu usaria aquela caneta, dada especialmente por Yuki, para continuar a escrever a minha nova história.

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota