Capítulo 38: A Investida na Masmorra [Parte 2]

A segunda habilidade que William escolheu foi o Grito de Guerra.

Ella não precisou de instruções de William e imediatamente usou o Grito de Guerra.

“Meeeeeeeeeeeeeeeeh!”

Uma poderosa aura emanou de seu corpo. As outras cabras baliram em concordância ao sentirem seus corpos ficarem mais fortes.

O poderoso exército de cabras limpou o mapa inteiro em um único dia. Todas as cabras ganharam um nível, William ganhou dois, e Ella ganhou sete. Foi um ótimo começo, mas William decidiu pausar a “Investida na Masmorra” por enquanto.

Ele queria que as cabras entendessem como trabalhar em equipe. William planejava avançar gradualmente e deixar as cabras se acostumarem com a nova formação. Além disso, sentiu-se um pouco frustrado ao perceber que seus principais atributos não podiam mais avançar.

De acordo com o sistema, sua barra de experiência precisava “ascender” para o próximo nível, o que permitiria o “reinício” e possibilitaria continuar a evoluir. Isso era semelhante às outras classes de emprego que ele já possuía, onde era necessário escolher um método para avançar para classes mais poderosas.

Para resolver isso, William precisava visitar um templo e rezar ao seu Deus Patrono. Somente então a barra de experiência dos atributos seria reiniciada.

Infelizmente, os templos mais próximos ficavam a pelo menos quatro dias de distância de Lont de carruagem. E, no momento, as Marés de Bestas estavam devastando a região. Era impossível para William viajar até um templo. Mesmo que pudesse, James jamais permitiria.

A única boa notícia era que a Classe de Pastor ainda podia ganhar níveis, já que não tinha atingido seu limite.

William olhou para seus atributos atuais e suspirou. Ele agradeceu mentalmente à Maré de Bestas pela oportunidade de evoluir tão rapidamente. Baseando-se em seus cálculos, teria levado pelo menos dois ou três anos para alcançar seu nível atual.

Felizmente, a Besta Milenar e seus lacaios forneceram a William a melhor oportunidade de ganhar uma quantidade massiva de experiência em um ambiente controlado.

As cabras caíram no sono assim que voltaram ao curral. Embora apenas uma hora tivesse passado no mundo real, elas ficaram dentro da masmorra por um dia inteiro. Todas estavam exaustas, e William não queria forçá-las ao limite.

“Vamos dormir também, Mamãe Ella.”

“Meeeeh.”

Ella voltou à sua “forma normal” e se deitou sobre o monte de feno em um canto do curral. William a seguiu e abraçou sua Mamãe Ella para dormir.

Naquela noite, William sonhou que liderava um rebanho de Cabras Ibex de Guerra Angorianas contra uma Maré de Lobos. Todos os lobos eram esmagados sob seus pés, e até as Bestas Centenárias e Milenares não sobreviveram à batalha.

“Hehehe.” William riu em seu sono. “Tantos pontos de experiência…”

Enquanto William e as outras crianças de Lont dormiam, os adultos se revezavam para fazer a vigília.

“Jekyll, sua vez acabou,” disse Marcus com um sorriso. “Vá descansar. Eu assumo a vigilância.”

“Já era hora,” respondeu Jekyll, enquanto espreguiçava o corpo.

“Shawn, certifique-se de trazer pão fresco para nós amanhã. Estou contando com você,” disse o Sr. Bond, dando um tapinha no ombro de Shawn.

“Não me importo, contanto que paguem,” respondeu Shawn com um bocejo. “Só não durmam no trabalho.”

“Nem precisa dizer,” respondeu o Sr. Bond, batendo no peito. “Se vier um monstro, mato um. Se vierem uma dúzia, mato uma dúzia. Fiquem tranquilos, essas criaturas não vão passar por mim.”

A noite transcorreu em paz enquanto os defensores de Lont mantinham sua vigilância. Apenas quando os primeiros raios de sol iluminaram a cidade, ouviram o grito de um falcão vindo do leste.

“Finalmente,” murmurou James, ao observar o falcão descendo do céu.

Todos estavam esperando a chegada de John, então correram para a residência dos Ainsworth para encontrá-lo. Todos estavam ansiosos para ouvir seu relatório e entender a situação atual.

Dentro da sala de conferências, John estava ocupado colocando pedras preciosas em um mapa que ocupava quase metade da mesa redonda. As gemas coloridas indicavam as condições atuais das várias vilas, cidades e territórios na região oeste do Reino Hellan.

James e os outros esperaram pacientemente até que ele terminasse a tarefa. Mesmo assim, alguns já estavam franzindo a testa. Era evidente que quase toda a Região Oeste estava destruída.

“Meu Deus,” murmurou Owen. “Que destruição…”

John suspirou profundamente ao colocar a última pedra no mapa.

“Como podem ver, a Região Oeste está praticamente perdida,” relatou John. “A Maré de Bestas das Terras Proibidas chegou cinco anos antes do esperado. Lont enfrentou uma Maré de Lobos. A cidade de Fushia encontrou uma Maré de Ursos, Pran foi cercada por Harpias, Xynnar por Hienas…”

John listou todas as cidades que encontrou pelo caminho. Segundo ele, quase não haviam sobreviventes nesses territórios.

“Blitz e eu nos aprofundamos mais no reino e encontramos rastros das Marés de Bestas. Parece que todas estão convergindo para atacar o Forte Windermere.”

“Como esperado,” murmurou James, encarando o mapa na mesa.

O Forte Windermere era uma fortaleza construída para resistir às invasões das Marés de Bestas. Normalmente, essas marés aconteciam a cada quinze ou vinte anos. Parecia que algo grande havia acontecido nas Terras Proibidas, causando o adiantamento da maré.

No passado, o Reino Hellan reuniu um exército massivo para tentar limpar as Terras Proibidas, conhecidas como a “Floresta do Grande Vale”. Infelizmente, eles nem sequer conseguiram entrar nos arredores da floresta devido a uma poderosa restrição.

Quando os estudiosos do reino analisaram essa restrição, ficaram surpresos ao descobrir que apenas aqueles com vinte anos ou menos podiam entrar na floresta. Por isso, todos os planos de conquistar a Floresta de Strathmore foram suspensos.

Sem poder atacar a fonte do problema, decidiram construir uma fortaleza para proteger o reino dessas feras devastadoras.