Capítulo 46: Combater Fogo com Fogo(04/50)
“E foi isso o que aconteceu.” William suspirou. “Foi minha culpa por subestimá-lo.”
Owen bateu na cabeça de William com a palma da mão, fazendo o garoto soltar um gemido de dor.
“Imbecil! A primeira regra da exploração de masmorras é nunca subestimar os oponentes!” Owen resmungou. “Você sabe que se não tivesse reagido a tempo e usado o anel, você e suas cabras teriam morrido.”
“…Sim.” William se sentiu injustiçado, mas era a verdade. Ele não se atreveu a dar desculpas pelo erro que cometeu.
“Escute aqui, Pequeno Will,” Owen disse com uma expressão séria. “Existem situações onde a força pura é inútil. Magos das Trevas são temidos por muitos, você sabe por quê?”
“É por causa das maldições deles?”
“Sim e não.”
Owen grunhiu enquanto conjurava uma esfera de luz branca em sua mão. “A razão pela qual os Magos das Trevas são temidos é porque eles podem matar as pessoas sem que a vítima saiba como morreu. Suas maldições podem penetrar o corpo da pessoa e… destruí-lo de dentro para fora.”
Uma mancha preta apareceu no meio da esfera de luz branca na mão de Owen. Ela foi aumentando até englobar toda a luz, transformando-a em uma esfera negra de malícia.
“Esse processo pode levar anos, mas uma coisa é certa,” Owen afirmou. “Uma vez que um Mago das Trevas decide matar uma pessoa, será muito difícil para qualquer um sobreviver. Felizmente, o Xamã Hobgoblin que você enfrentou está apenas no Quarto Círculo. Os feitiços podem ser dissipados por alguém do meu nível.
No entanto, se você fosse amaldiçoado por alguém que fosse igual ou superior a mim, então nada neste mundo poderia salvá-lo. Eu garanto que você sofreria uma morte muito lenta e dolorosa. É por isso que as pessoas não gostam de se associar com Magos das Trevas.”
William ouviu a explicação de Owen e franziu a testa. Ele então olhou para o velho com uma expressão séria e fez uma pergunta que já estava querendo fazer desde que Owen começou a falar sobre Magia das Trevas.
“Então, Sr. Owen, como eu posso lutar contra isso?” William perguntou.
“Bem, existem muitas formas de lutar contra a magia das Trevas. A primeira coisa que você tem que fazer é, matar o Xamã Hobgoblin antes que ele te mate,” Owen respondeu. “Eu só acho estranho que um garoto de dez anos como você me pergunte como lutar contra um Xamã Hobgoblin. Você sabe? Até Aventureiros de Rank Prata podem morrer ao enfrentar esses monstros!”
A voz do velho estava cheia de desprezo enquanto ele olhava para o jovem na sua frente. Mesmo assim, o olhar de William não vacilou. Ele continuou olhando para Owen com uma expressão séria, o que fez o velho levantar uma sobrancelha.
“Você está realmente tentando encontrar uma forma de lutar contra um Xamã Hobgoblin com a sua idade?” Owen perguntou. “Por quê? Você está tentando cumprir um prazo ou algo assim?”
“Não.” William balançou a cabeça. “Eu só quero ficar mais forte. A luta contra a Besta Milenar me fez perceber que sou apenas uma formiga que pode morrer facilmente assim que um ser daquele nível decidir pisar em mim.”
“Mmm, bem, você não está errado.” Owen teve que admitir que a lógica do garoto tinha um pouco de verdade. Após refletir por um tempo, Owen decidiu dar ao garoto alguns conselhos para superar a situação atual.
“Existem três formas de superar a sua situação atual. Como eu disse, a primeira é matar o Xamã Hobgoblin antes que ele te mate. Isso significa que você tem que usar um feitiço de longo alcance ou um ataque que possa matá-lo a uma distância segura.
A segunda forma é aprender Magia da Luz ou Magia da Vida. Embora ambas as magias tenham a mesma origem, elas ainda têm propósitos diferentes. Magia da Luz é amplamente utilizada por Clérigos, Padres e Paladinos. Você pode até dizer que elas são as inimigas naturais da Magia das Trevas.”
Owen fez uma pausa para permitir que William digerisse sua explicação. Ele sabia que isso poderia ser difícil de entender para um garoto de dez anos, mas como o garoto estava sério, ele também decidiu ficar sério.
“Agora, a última forma de derrotar a Magia das Trevas é… enfrentá-la com Magia das Trevas.” Owen sorriu. “Você conhece aquele ditado? Olho por olho, dente por dente, e combater fogo com fogo? Quando você dominar a Magia das Trevas, haverá muito poucos ‘feitiços de status’ que possam te prejudicar.
Então, Pequeno Will, o que você planeja fazer? Ah, deixe-me dizer isso de antemão. Se você for aprender Magia das Trevas, as pessoas vão te evitar como se você fosse uma doença. Embora Magia das Trevas não seja necessariamente maligna, aqueles que a utilizam são tratados como tal.”
William abaixou a cabeça enquanto mergulhava em pensamentos profundos. Ele ponderou sobre os prós e contras das sugestões de Owen. Após dez minutos pensando, William levantou a cabeça e disse sua resposta.
“Sr. Owen, eu gostaria de aprender…”
“Meeeeeeh!”
“Meeeeeeh!”
“Meeeeeeh!”
“Meeeeeeh!”
Após conversar com Owen, William retornou à Residência Ainsworth. Depois de ver seu avô, tio e tia, ele foi direto até o estábulo para verificar suas cabras. Ele foi imediatamente cercado por Aslan, Chronos e o resto das cabras.
William se agachou no chão e deu um abraço em todos. As cabras o cercaram e pressionaram suas testas contra o corpo dele. O jovem garoto sentiu o amor e a preocupação delas, o que fez com que se sentisse aquecido.
Ella observava a cena com uma expressão calma. Ela queria se aproximar e encostar a cabeça no ombro de William, mas se conteve. A segunda mãe de William entendia que seu “filho” precisava dar às cabras uma sensação de conforto para acalmar a ansiedade que as havia mantido tensas nos últimos dias.
Depois de um tempo, as cabras finalmente estavam saciadas e recuperaram sua postura animada.
“Mamãe.” William se levantou e abriu os braços.
Ella caminhou até ele e lambeu o rosto do garoto. William riu, pois a língua de sua Mamãe fazia sentir muita cócegas. Ele a abraçou pelo pescoço e acariciou o topo da cabeça dela. Essa era a maneira deles se assegurarem de que tudo estava bem.
A família Ainsworth, junto com Leah e Cedric, almoçou junta. Os dois irmãos ficaram aliviados ao saber que William havia se recuperado da “Loucura da Evocação”. William já havia sido informado que essa era a explicação que Owen e James haviam dado aos seus companheiros, então ele teve que manter essa versão.
Durante o almoço, William percebeu que Leah parecia mais animada do que da última vez que a viu. Ela até estava sorrindo, e o garoto percebeu que ela não estava fingindo.
“Aconteceu algo bom, irmãzinha?” William perguntou. “Você está mais bonita do que da última vez que te vi.”
“Sério?” Leah deu um sorriso doce para William. Um sorriso doce o suficiente para fazer seus dentes apodrecerem.
“Sim.” William assentiu com a cabeça. “Aconteceu algo bom mesmo?”
“Talvez,” Leah respondeu. Ela fez língua de brincadeira, mas não disse mais nada.
Cedric também notou a mudança de atitude de sua irmã. No entanto, ele não comentou sobre isso. Para ele, era melhor que Leah estivesse assim do que deprimida pela morte de seu pai.
Se ele soubesse que seu pai não estava morto e que até havia encontrado sua irmã, provavelmente estaria sentindo o mesmo que ela.
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