Capítulo 64: Viajando Juntos [Parte 2](22/50)
William ouviu as histórias do velho sobre suas aventuras e as cidades que ele havia visitado em sua juventude.
“Sr. Herman, você sabe algo sobre o Continente Central?” perguntou William.
“O Continente Central? Morei lá por alguns anos,” respondeu Herman. “Aquele lugar é onde as elites dos vários continentes se reúnem. Por quê? Você está interessado em ir para lá, William?”
“Eu não sei.” William balançou a cabeça. “No entanto, existe a possibilidade de que meu Mestre peça para eu ir para lá quando eu for mais velho.”
“Seu Mestre…” Herman estreitou os olhos enquanto olhava para o colar no pescoço de William. Ele já tinha notado o colar de escravo no jovem, mas não comentou nada sobre isso.
Embora o Reino de Hellan não apoiasse o Comércio de Escravos, também não tomava nenhuma atitude para aboli-lo completamente. Até mesmo na capital, escravos ainda eram vendidos. Herman apenas achava uma pena que um garoto como William tivesse se tornado propriedade de alguém.
“Ah, isso?” William tocou o colar em seu pescoço. “É apenas um acessório. Meu Mestre me deu como presente.”
“Entendo…” Herman se sentiu dividido. Ele queria amaldiçoar o mestre de William por enganar uma criança para se tornar escravo. Pelo que podia perceber, William não parecia ressentir seu Mestre. Na verdade, Herman podia dizer que o garoto genuinamente o respeitava.
“Garoto, como é o seu mestre?”
“Mestre? Ela é o tipo de pessoa meio louca… quero dizer, uma pessoa incrível. Ela me trata muito bem.”
Um som de desdém foi ouvido de dentro da carruagem. De repente, a voz de uma mulher chegou aos ouvidos de William. Estava cheia de desprezo e fez William pensar que ela estava em seu período menstrual.
“Eu aposto que seu Mestre o escravizou porque você é um Meio-Elfo,” a mulher na carruagem disse com desdém. “Talvez ela faça de você seu brinquedo quando você crescer. Um garoto bonito como você definitivamente será vendido por um alto preço no mercado negro.”
“É verdade que sou muito bonito,” William respondeu com um sorriso. “Obrigado pelo elogio, minha senhora.”
“Eu não estou te elogiando!” a mulher exclamou. “Estou dizendo que você é estúpido por ser escravizado!”
William coçou o lado do rosto, sentindo-se desamparado. Ele também não queria ser um escravo, mas as circunstâncias eram especiais. Quanto a se tornar o brinquedo de sua Mestre…
William engoliu em seco ao imaginar Celine pisando em suas costas com seus pés esbeltos…
‘Ah, credo! O que estou pensando?! Eu não sou masoquista!’ William afastou as imagens pervertidas de sua mente.
“Nana, por favor, não seja rude,” uma voz que parecia pertencer a um jovem repreendeu a mulher. “Por favor, perdoe seu desabafo. Ela não gosta de escravidão.”
“Eu não me importo,” William respondeu. “Também não sou um grande fã de escravidão.”
Essas foram as últimas palavras trocadas entre eles enquanto continuavam sua jornada. O silêncio constrangedor durante o caminho fez Herman suspirar internamente. Ele ainda queria continuar conversando com William, mas estava envergonhado pelo comportamento de seus colegas anteriormente.
“Meeeeeeeeh!” Ella berrou, transmitindo seus pensamentos para William.
“Oh? Há uma clareira à frente, Mamãe?” perguntou William.
“Meeeeeeh.”
“Sr. Herman, há uma clareira à frente,” William disse com um sorriso. “É um bom lugar para descansarmos. Que tal almoçarmos lá?”
“Boa ideia.” Herman assentiu.
Meio minuto depois, eles chegaram a uma clareira onde um rio fluía ao lado. As cabras trotaram alegremente até o rio para beber água. William as seguiu e aproveitou para encher seu cantil.
Ele não percebeu que um par de olhos claros e castanhos claros o observava atentamente de dentro da carruagem.
“Ele é um garoto interessante,” disse Est, fechando a divisória da carruagem. “Você foi muito dura com ele, Nana.”
“Me desculpe, Jovem Mestre,” Nana pediu desculpas. “Só fico irritada porque esses comerciantes de escravos estão passando dos limites. Até escravizando uma criança tão jovem como ele!”
“Você realmente acha que é esse o caso?” Est perguntou.
“Jovem Mestre?”
“O colar no pescoço dele é feito de Mithril. Não acha que usar Mithril puro para fazer um colar de escravo é um desperdício?”
“Agora que mencionou…” Nana teve que admitir que usar Mithril para um colar de escravo era um luxo extremo. Embora William fosse um Meio-Elfo muito bonito, ter um colar desse nível era algo inédito.
De fato, essa era a primeira vez que Nana via um colar feito de Mithril puro.
Os gêmeos, Isaac e Ian, que estavam sentados ao lado de Est, olharam para ele com confusão.
“Jovem Mestre, há algo especial nesse colar de escravo?”
“Jovem Mestre, um colar de escravo feito de Mithril tem alguma característica única?”
“Eu não sei se o colar é especial ou não.” Est balançou a cabeça. “Tudo o que sei é que o Mestre de William pode não ser uma pessoa comum. Esta é a primeira vez que vejo um colar de escravo feito de Mithril, e posso dizer à primeira vista que é de altíssima qualidade.”
Nana e os gêmeos ficaram quietos e observaram William pela janela da carruagem. Herman também tinha ido até o rio e estava pescando com sua lança.
“O velho tolo gostou do garoto,” Nana resmungou. “Ele é realmente fraco quando se trata de crianças da mesma idade que seu neto.”
“Você diz isso, mas não gostou dele também?” Est sorriu. “William é uma boa pessoa. Até eu me sinto atraído por ele.”
“Bem, desde que ele não atrapalhe nossa jornada, não me importo que viaje conosco.” Nana fechou os olhos, fingindo não ouvir a pergunta de Est.
De repente, a carruagem começou a sacudir.
“Um terremoto?!” Nana abriu os olhos rapidamente. “Isaac, Ian, não saiam do lado do Jovem Mestre!”
Os gêmeos assentiram e desembainharam suas adagas. Nana saiu da carruagem para entender melhor o que estava acontecendo.
Herman ficou de guarda do lado de fora da carruagem, segurando firmemente sua lança. Assim que sentiu o chão tremendo, correu imediatamente em direção à carruagem para proteger seu Jovem Mestre.
William, Ella e o resto das cabras formaram uma formação de batalha, com William no centro. O jovem sentou-se calmamente nas costas de Ella enquanto focava sua atenção ao redor.
Foi então que dois trolls da montanha, do tamanho de uma pequena colina, apareceram na clareira. Eles carregavam troncos de árvore nas mãos, brandindo-os como armas.
“Trolls,” Nana estreitou os olhos. “Eu cuido de um, você lida com o outro.”
“Entendido,” Herman respondeu.
Nana desembainhou sua espada e avançou contra um dos trolls da montanha. Herman correu ao lado dela, e ambos enfrentaram os trolls para garantir que eles ficassem longe da carruagem.
Os dois trolls da montanha eram considerados ameaças de Nível B Superior e eram muito difíceis de matar. Sua pele era dura como pedra, e sua força incrível os tornava juggernauts(@Asimov: Vamos lá juggernauts é tipo um ser místico que tem uma defesa incrível) extremamente letais. Além disso, esses trolls em particular possuíam uma habilidade de regeneração irritante, que tornava a luta contra eles um pesadelo para a maioria das pessoas.
Nana e Herman estavam frustrados porque não conseguiriam matar os trolls a menos que usassem fogo ou ácido. Tudo o que podiam fazer era feri-los o suficiente para que os monstros pensassem que lutar não valeria a pena.
Enquanto a batalha acontecia, outro troll irrompeu na clareira, soltando um rugido poderoso. Ele correu em direção à carruagem, carregando seu enorme porrete de madeira com a intenção de esmagá-la em pedaços.
“NÃO! Jovem Mestre!”
“Jovem Mestre!”
Nana e Herman haviam atraído os trolls para longe na tentativa de impedir que atacassem a carruagem. O que eles não sabiam era que os trolls também tinham uma estratégia similar. Eles sentiram a presença dos dois guerreiros poderosos e decidiram se separar, afastando-os de sua presa.
O terceiro troll da montanha estava a apenas cinco metros de seu alvo quando a porta da carruagem se abriu de repente. Três figuras saltaram da carruagem e correram em direção a William.
Vendo sua presa fugindo, o troll da montanha decidiu persegui-los. Seus passos eram maiores e mais rápidos que os das crianças, e ele os alcançou com facilidade. Est e os gêmeos só puderam assistir horrorizados enquanto o monstro levantava seu porrete gigantesco para atacá-los sem nenhuma piedade.
Nana e Herman queriam voltar para salvar seu Jovem Mestre, mas os dois trolls bloquearam seu caminho.
“Jovem Mestre!” Nana gritou. Ela sentiu arrependimento e impotência enquanto via a tragédia prestes a acontecer. “Me perdoe, minha senhora. Me perdoe!”
Herman rangeu os dentes e rugiu de raiva. Desespero podia ser visto em seu rosto enquanto observava o que estava prestes a se desenrolar.
Foi então que uma cabra de dois metros de altura saltou sobre as três crianças. A grande cabra enfrentou o porrete gigante que estava prestes a descer sobre elas. Em suas costas estava um garoto com cabelos tão vermelhos que lembravam um fogo ardente. Seu cajado de madeira estava posicionado para atacar, como um lanceiro montado em seu cavalo de guerra.
Os belos olhos castanhos de Est observaram enquanto o pequeno garoto, que tinha a mesma idade que ele, criava um milagre bem diante de seus olhos.
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