Capítulo 78: O Velho Duque de Griffith(36/50)

“Estamos quase lá,” disse William enquanto observava a paisagem familiar à sua frente.

“Meeeeeeh!”

“Meeeeeeh!”

“Meeeeeeh!”

“Meeeeeeh!”

As cabras berravam de empolgação ao verem a cidade familiar ao longe. Elas haviam vivido em Lont por muitos anos, e essa foi a primeira vez que estiveram longe de casa. Algumas delas já estavam com saudades após a longa viagem.

Est, Ian, Isaac, Herman e Nana congelaram de choque ao ver o Macaco Dourado (Ouroboro) sentado próximo à entrada de Lont. Eles podiam ver algumas crianças subindo em seus braços, enquanto outras brincavam de esconde-esconde ao redor de seus pés.

“E-Essa é a Ouroboro que foi trazida do campo de batalha?” Est gaguejou.

Embora ele já tivesse ouvido de Nana que o avô de William e seus camaradas conseguiram capturar três Bestas Milenares da batalha na Cidadela Guardiã do Vento, essa era a primeira vez que ele via algo quase tão grande quanto o Ciclope que enfrentaram no julgamento de coragem.

“Sim,” respondeu William. “Ele é o novo guardião de Lont. Seu nome é Lufie, o Macaco.”

“Lufie, o Macaco…” Herman engoliu em seco. “Que nome imponente.”

“Eu sei, não é?” William ergueu o queixo de maneira arrogante.

“Por que você está agindo como se fosse o dono dele?” Ian zombou. “Que pirralho pretensioso você é.”

“Mamãe Ella, você ouviu alguém falar?” perguntou William.

Ella balançou a cabeça.

“Deve ser um daqueles fantasmas conhecidos como caçadores de atenção.” William suspirou de forma exagerada. “Tsk, só porque sou bonito eles decidiram me assombrar? Bem, não me importo se esse caçador de atenção for uma beleza. No entanto, se for apenas um marica ranhento, ele pode muito bem sair e ir chupar um ovo.”

“Quem você está chamando de marica ranhento?!” Ian perguntou.

William virou a cabeça para olhar para o garoto enfurecido sentado na carruagem. “Por que está reagindo? Você é um marica ranhento? Tsk, não é à toa que está sempre irritado. Deve ser bom estar no período 24 horas por dia, 7 dias por semana.”

“V-Você!” Ian estava prestes a saltar da carruagem e espancar William até virar uma polpa quando Isaac o segurou com toda a força que conseguiu reunir.

“Ian, comporte-se,” Est ordenou.

“Hmp!” Ian desviou o olhar com raiva.

Quando o grupo se aproximou da entrada de Lont, algumas crianças acenaram e chamaram por William.

“Você é realmente popular,” disse Est com um sorriso.

William assentiu com a cabeça. “Não quero me gabar, mas sou o garoto mais bonito de Lont. É natural que eu seja popular.”

Depois de viajar com William por alguns dias, o grupo se acostumou ao seu narcisismo. Eles frequentemente se perguntavam de onde ele tirava tanta confiança. Claro, tinham que admitir que William era, de fato, muito bonito.

Essa era uma das vantagens de ser um Meio-Elfo. Embora os Meio-Elfos fossem desprezados pela Raça Élfica por não serem de sangue puro, ninguém podia negar que os genes élficos tornavam os Meio-Elfos muito agradáveis aos olhos.

“William! Ei, William!” Theo gritou enquanto corria em direção ao seu bom amigo. “Você chegou na hora certa! Sua família tem visitas e, pelo que ouvi, elas vieram aqui para ver você.”

“Visitas que vieram me ver?” William ponderou. As imagens de seus convidados anteriores apareceram em sua mente. ‘Não podem ser eles de novo, certo?’

William lembrou-se de Agatha, a mãe de sua ex-noiva, Rebecca. Se fosse uma semana atrás, William definitivamente pensaria em encontrar uma maneira de pedir que mostrassem mais armas raras para que ele pudesse desbloquear algumas Classes de Trabalho.

Era bastante lamentável que ele não estivesse no humor para adquirir mais Classes de Trabalho porque não podia usá-las no momento.

“Você os reconheceu?” William perguntou. “Eles se parecem com os convidados que vieram visitar da última vez?”

“Não vi seus rostos, mas a carruagem parece familiar.”

“Uma carruagem puxada por um Grifo?”

“Sim! Mas, desta vez, há três Grifos!”

“Três?” William sentiu o fígado começar a coçar. ‘Desta vez eles chamaram reforços? Esses nobres acham que sou tão fácil de intimidar?’

A expressão de William se fechou. Ele estava arrependido por não poder usar seus poderes no momento. Se ainda tivesse seus poderes, ele definitivamente amaldiçoaria seus convidados até que fugissem gritando para onde quer que tivessem vindo!

“Viemos em um momento ruim?” Est perguntou.

“Não.” William olhou para Est e sorriu. “Todos vocês são convidados. Os que chegaram são pragas. Deixe-me expulsá-los para que eu possa lhes mostrar Lont.”

William e seu grupo entraram em Lont e seguiram diretamente para a propriedade dos Ainsworth. Assim como Theo havia dito, ele viu três Grifos vagueando fora de sua casa.

“Esse é o brasão do Duque de Griffith,” Herman disse ao reconhecer o brasão nas portas da carruagem. ‘Por que um figurão está aqui nesta cidade de Lont?’

“Duque de Griffith, se bem me lembro, essa é a casa que deu origem à garota genial que se especializa em Magia do Gelo,” comentou Nana. “Sua família é conhecida deles, William?”

“Bem, essa garota genial de quem você falou, Lady Nana, é minha ex-noiva,” respondeu William de maneira casual.

“Noiva?!” A expressão de Est ficou séria ao ouvir que William tinha uma noiva. Ele sentiu uma pontada de dor em seu coração, mas não entendia por que estava se sentindo assim.

Os olhos de Isaac e Ian se arregalaram ao ouvir a resposta de William. Eles foram treinados para ler a linguagem corporal das pessoas e podiam dizer que William não estava mentindo.

“Você disse ex-noiva?” Herman perguntou. “Por quê? Vocês não estão mais prometidos?”

“Eu cancelei o acordo de casamento,” William respondeu como se não fosse nada demais. “Embora minha ex-noiva, Rebecca, seja muito fofa, sua mãe e seu mestre têm a linhagem de Mandrágoras.”

“Mandrágoras?” Est franziu a testa.

A mandrágora era uma planta espiritual usada em alquimia e medicina. No entanto, essas plantas eram bastante irritantes de se obter porque, quando tocadas, emitiam um grito forte o suficiente para romper os tímpanos de uma pessoa.

Herman, Nana, Isaac e Ian entenderam imediatamente o que William estava insinuando. Assim como senhoras em busca de fofocas suculentas, o grupo estava ansioso para ver que tipo de drama iria se desenrolar na Residência Ainsworth.

Depois que Herman estacionou a carruagem nos estábulos, William ordenou que as cabras—exceto Ella—fossem para o curral. As cabras berraram felizes em resposta e foram para sua antiga casa com empolgação. Elas estavam muito cansadas da viagem e queriam descansar em um lugar familiar. William as observou partir com um sorriso no rosto antes de levar seus convidados à entrada principal de sua residência.

“Meu avô lindo e incrível, estou de volta!” William anunciou sua chegada.

“Bem-vindo de volta, meu neto lindo,” James recebeu William de braços abertos. “Você esteve fora por poucos dias, mas ficou ainda mais bonito. Me diga, que tipo de feitiçaria é essa?”

“Não tem como evitar,” William ergueu o queixo com arrogância. “Eu estava destinado a ser bonito no dia em que nasci com seu sangue.”

“Hahaha!” James riu alto enquanto dava um tapa no ombro de William. “Ser bonito é um pecado. Este é o pecado que ambos carregamos.”

“Não importa o quão pesado seja este pecado, eu, William, o carregarei até meu último suspiro!”

“Falado como um verdadeiro Ainsworth.”

Isaac caminhou ao lado de Est e sussurrou em seu ouvido. “Jovem Mestre, agora sabemos de onde William herdou seu narcisismo.”

Est assentiu em concordância. Essa era a primeira vez que ele via um homem velho agir assim em público.

“Oh? Esse é o neto de quem você tem se gabado ultimamente?” uma voz grave perguntou por trás de James. “Nada mal. Pelo menos ele não falta em termos de boa aparência.”

James sorriu enquanto apresentava seu amigo ao neto.

“William, esse velho bastardo é um amigo próximo meu,” James apresentou seu amigo com um sorriso malicioso. “Lawrence Fox Griffith, o velho Duque do Ducado de Griffith.”