Dica para leitura: aspas simples são para pensamentos internos, que é esse símbolo: ’
Aspas duplas para conversa mental: “
Travessão para falas em voz alta: —
Capítulo 24 — Jantar em Família
Seis meses se passaram. Agora, com seis anos, meu corpo estava bem melhor. Esse último ano de treinos com o mestre Álvaro e Grenhard me ajudou muito, tanto no raciocínio rápido quanto no porte físico.
Eu me sentia mais forte, mais capaz e inteligente. Minha coordenação motora também havia melhorado, e eu já não ficava tão cansado quanto nos primeiros dias de treino com o mestre Álvaro.
— Oh, Flügel? Você chegou? — A voz de Sophia me cumprimentou quando entrei pela porta da frente, e o cheiro do cozido penetrou minhas narinas, fazendo eu salivar imediatamente.
— Sim — respondi cansado, tirando as botas na entrada. Mesmo após um ano treinando sob a tutela do mestre Álvaro, eu ainda terminava cada aula exausto. Ele não dava um segundo de descanso durante os treinos, ele era verdadeiramente duro e exigente em seus ensinamentos.
Nytheris, por outro lado, não se incomodou em tirar as botas. Simplesmente as desfez e trocou por um par de pantufas. Eu sentia uma extrema necessidade de também conseguir fazer roupas com mana.
Ele seguiu direto para a cozinha, onde Sophia estava. Eu o segui após calçar um par de chinelos, enquanto meu estômago roncava conforme eu chegava mais perto da fonte daquele aroma tentador.
Ao chegar à cozinha, vi Nytheris abraçando Sophia. Sorri com a cena. Apesar de isso ter se tornado frequente, eu não conseguia evitar de sorrir ao ver que agora Nytheris tinha pessoas que gostavam dele.
Passei pelos dois e me sentei à mesa de jantar, esperando Sophia servir a comida. O abraço não durou muito. Sophia acariciou o cabelo de Nytheris e sorriu docemente, como sempre. Ela estava muito feliz com esse novo membro na família e confiava nele para me proteger.
— Mael, Elijah! Venham comer! — chamou Sophia, enquanto colocava os pratos na mesa.
— Cheguei! — gritou Aragi da porta de entrada.
— Oh, bem-vindo, querido! — disse Sophia, recebendo Aragi com um grande sorriso. Ela lhe deu um beijo na bochecha, e ele retribuiu com um sorriso apaixonado.
Antes de se sentar, Aragi passou por mim e por Nytheris, afagou nossos cabelos e ocupou a última cadeira.
Mael e Elijah não demoraram a chegar. Elijah tinha o rosto sonolento, como quem acabara de acordar. Mael estava com os cabelos úmidos, provavelmente havia tomado banho.
Eles se sentaram, e então Sophia também se sentou. O jantar era um cozido de carne com muitos legumes e vegetais. Havia também uma grande bandeja de arroz. Cada um serviu-se à vontade da comida branca e macia, e nem mesmo Nytheris ficou de fora.
— Como vocês foram na academia hoje, Mael, Elijah? — perguntou Aragi, colocando um grande pedaço de carne na boca.
Fiz o mesmo. A carne cozida praticamente derreteu na boca. Seu calor envolveu meu corpo inteiro, como se tirasse todo o cansaço do dia.
— Eu fui bem. O professor disse que estou progredindo na esgrima e na magia — respondeu Elijah primeiro, já que Mael estava ocupado demais devorando a comida.
Mael engoliu um pedaço e sorriu, claramente esperando alguém perguntar a ele para poder se gabar.
— O professor disse que provavelmente serei um espadachim talentoso no futuro… mas não vou bem na magia — sua voz caiu um tom nas últimas palavras.
— Sério? Parabéns! E não tem problema você não ir bem em algo, dê o seu melhor na esgrima, flho — disse Aragi. Sophia apenas assentiu com a cabeça, sorrindo ao ver seus filhos saboreando os pratos.
— E você, Flügel? Como foi seu dia? — perguntou Aragi, servindo-se de mais uma colherada.
Sophia me encarou enquanto mastigava levemente, aguardando minha resposta.
— O mestre Grenhard me ensinou uma magia de água chamada Cumulonimbus Menor. Ela é de nível perito. Já o mestre Álvaro me fez balançar a espada de ferro três mil vezes, dizendo que eu deveria guardar os movimentos nos músculos, não só no cérebro. Então… foi normal, eu acho — falei, mexendo na comida. Apesar de estar com minha família e tudo parecer bem, um sentimento inquietante me deixava mal, embora eu não soubesse exatamente o que era.
— Que bom, filho. Pai está orgulhoso de você — disse Aragi, sorrindo com orgulho. — E você, Nytheris?
— Hoje eu aprendi um feitiço de escuridão, também de nível perito. E o mestre Álvaro também me fez balançar a espada três mil vezes.
— Hm, parabéns, Nytheris — Aragi sorriu, um brilho de orgulho nos olhos. — Eu também tenho boas notícias. Agora, além de cuidar do transporte de parte dos materiais do exército, também ficarei responsável pela venda de alguns deles. — Seu sorriso ia de orelha a orelha. — Agora ganharei quinze moedas de ouro por quinzena!
Aragi era o encarregado logístico do exército regional, responsável pelo transporte e venda de materiais militares. Materiais esses que normalmente eram: pedras de mana, minérios, armaduras, espadas e etc.
Antes, ele cuidava apenas do transporte, comandando carroças ou, às vezes, carregando pessoalmente os materiais até reinos vizinhos, passando semanas ou até um mês inteiro fora do reino.
Ele ganhava sete moedas de ouro por quinzena. Agora, seu salário tinha aumentado em impressionantes oito moedas.
— Sério? — Sophia exclamou, impressionada, seu sorriso resplandecente. — Isso é ótimo, querido!
— Não é? Tudo bem fazermos compras depois, para comemorar meu novo cargo? — Aragi sorriu, olhando para todos à mesa. Todos assentiram em concordância.
Quando todos terminaram a refeição, fui direto para o banho. O chuveiro era aquecido por uma pedra mágica de fogo, que precisava ser recarregada com mana a cada três dias, o que não era um problema.
Elas eram caras, no local mais barato que você poderia encontrar uma, sairia por no mínimo vinte moedas de ouro, mas não havíamos comprado elas, foram um presente pessoal do mestre Thalion.
Ao sair, vi Nytheris lendo um livro, com a toalha no colo, esperando sua vez de usar o banheiro.
— Pode ir, Nytheris — falei, secando o cabelo com a toalha.
A água quente havia tirado todo o cansaço do meu corpo… exceto por aquele sentimento inquietante.
— Já? Isso foi rápido — disse ele, colocando o livro de lado e passando por mim.
Me apoiei na janela, usando a cadeira como escada, e me sentei na janela, tomando um pouco de cuidado extra para não cair. A brisa fria da noite batia contra minha pele quente do banho revigorante.
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