Capítulo 1198: O Teste de Izroth

Alguns momentos depois, Celia alcançou Izroth e não perdeu tempo em pedir desculpas.

“Sinto muito! Hahaha, eu não sabia que você era ‘aquele’ Izroth”, disse Celia enquanto coçava a parte de trás da cabeça com uma expressão um tanto preocupada.

Ela então continuou: “Peço desculpas pelo meu cumprimento tardio. Eu sou a Espada Jovem das Mil Flores, Celia. É um prazer conhecer o Santo Honorário da nossa ordem.”

Celia fez um cumprimento em parte desajeitado, mas respeitoso — como se estivesse se esforçando para imitar algo que aprendeu às pressas.

Izroth balançou a cabeça interiormente com as ações de Celia. Ela pode ser um pouco excêntrica e se comportar de maneira excessivamente familiar; no entanto, Izroth se considerava um bom juiz de caráter. E, pelo que ele podia dizer, Celia não era uma má pessoa. Embora, cheirar alguém ao conhecê-la ainda fosse um pouco demais.

“Esta é a sua primeira vez visitando o Distrito de Boticários?”, Izroth questionou.

Os olhos de Celia se iluminaram quando ela viu que Izroth não parecia dispensá-la ou mostrar qualquer sinal de estar chateado com suas ações anteriores. Isso a fez soltar um pequeno suspiro de alívio.

Celia respondeu rapidamente: “Esta é a minha primeira vez visitando Danaharpe, mas eu já estive no Distrito de Boticários inúmeras vezes desde que cheguei. Se você precisar de alguém para lhe mostrar o lugar, terei o prazer de fazê-lo!”

Celia pensou que esta era sua chance de apagar a impressão anterior que Izroth tinha dela e torcer para que, de alguma forma, tudo isso não chegasse ao conhecimento de sua mestra e da Donzela Sagrada.

É claro que Izroth conseguia ver as intenções de Celia.

“Você não precisa mudar a maneira como se comporta. No entanto, se quiser me acompanhar, terá que se abster de cheirar pessoas que acabou de conhecer e de fazer perguntas demais”, Izroth afirmou.

Celia corou levemente enquanto dizia, mexendo os dedos: “Não entenda errado. Eu não saio por aí apenas cheirando estranhos aleatórios. É que foi a primeira vez que vi um caldeirão transformado e o aroma de remédios vindo dele era tão interessante…! Eu não pude me controlar… Eu realmente gosto de ser uma Boticária…”

Quanto mais ela pensava em suas ações anteriores, mais envergonhada Celia ficava.

Não era à toa que ele parecia estar com tanta pressa para se afastar dela. Ela também fugiria de um estranho que de repente começasse a cheirá-la e a fazer um monte de perguntas.

Celia soltou um longo suspiro desanimado.

‘Ela me lembra daquele cara quando se trata de algo envolvendo magia. Mas, ao contrário dele, suponho que pelo menos ela é capaz de refletir sobre si mesma e tem um pouco de vergonha.’

A intensa paixão de Celia por ser uma Boticária lembrou Izroth do amor de Valentine pela magia. Pelo menos, Celia não babava ao ver pílulas interessantes.

‘Não, talvez seja muito cedo para fazer esse julgamento…’

“Enfim, eu entendo. Farei o meu melhor para me controlar!” Celia disse com um olhar determinado nos olhos.

Do nada, um pequeno objeto voou em direção a Celia, que foi pega de surpresa. Ela reagiu rapidamente e pegou o objeto em sua mão.

“A cada dez ingredientes que você nomear, eu responderei a uma de suas perguntas. Se você conseguir nomear todos os ingredientes, eu permitirei que você a mantenha”, Izroth disse de forma despreocupada, sem parar seus passos.

Celia olhou para a palma da mão. No momento seguinte, seus olhos se arregalaram em choque e brilharam de empolgação.

“I-isso… Como você pode jogar algo tão precioso de forma tão casual?! Espere, não- Você realmente vai responder às minhas perguntas se eu conseguir adivinhar os ingredientes e me deixar mantê-la?!”, Celia se apressou atrás de Izroth enquanto segurava a pílula na mão como se fosse uma flor delicada.

Izroth havia acabado de dar a Celia uma pílula. Não apenas qualquer pílula, mas a Pílula de Envenenamento das Cem Mortes que passou por Renascimento de Pílula.

Na época em que ele criou a Pílula de Envenenamento das Cem Mortes para a Donzela Sagrada, ele produziu duas Pílulas de Envenenamento das Cem Mortes que experimentaram Renascimento de Pílula. Naturalmente, uma delas foi consumida pela Donzela Sagrada. Quanto à outra pílula, Izroth a manteve em seu inventário.

“Eu não sou de voltar atrás na minha palavra. Eu lhe darei uma hora. É claro, buscar ajuda externa não é permitido”, Izroth afirmou com indiferença.

‘Há um total de 36 ingredientes usados para criar a Pílula de Envenenamento das Cem Mortes — um dos quais é o Sangue da Hidra Imortal. Os outros ingredientes também são todos venenosos, algo que a maioria dos Boticários em seu grau evita. Se ela puder nomear pelo menos dez ingredientes, valerá a pena trazê-la para o Palácio do Reino Místico.’

Além de Worldly Skies, Celia foi a única Boticária de grau quatro que Izroth encontrou em RML entre os jogadores. Mesmo que ela tivesse a ajuda de uma organização como a Ordem das Mil Flores, ainda era impressionante que ela fosse capaz de atingir tal nível por seus próprios esforços.

Após as palavras de Izroth, Celia mudou seu foco total para a Pílula de Envenenamento das Cem Mortes. Ela franziu as sobrancelhas em uma completa demonstração de concentração enquanto inalava cuidadosamente o cheiro da pílula.

Ao descobrir os ingredientes em uma pílula, era preciso realizar uma série de testes usando seu caldeirão. Por causa disso, sempre havia a possibilidade de a pílula ser destruída no processo. Foi também por isso que Izroth deu a Celia uma hora.

Quanto a Celia fugir com a pílula, Izroth não estava nem um pouco preocupado com isso. Mesmo que ela pudesse de alguma forma escapar de Danaharpe sem que ele percebesse, Izroth era alguém que salvou a vida da Donzela Sagrada de sua ordem. Ela realmente arriscaria ofender tal pessoa apenas por uma única pílula de grau cinco enquanto, simultaneamente, arruinava sua posição na Ordem das Mil Flores?

‘Isso deve mantê-la ocupada por um tempo. Agora, as coordenadas…’

“Veneno de Serpente Espinhosa, Seiva da Árvore Juugariana, Folha de Contemplação Estelar, Toxina do Escorpião Branco, Maldição do Resmungão Noturno…”, Celia começou a listar os ingredientes um após o outro.

Em um piscar de olhos, Celia havia nomeado exatamente dez ingredientes que foram usados para criar a Pílula de Envenenamento das Cem Mortes.

“Posso fazer minha primeira pergunta agora?” Celia perguntou ansiosamente.

Izroth parou seus passos e se virou para olhar para Celia.

Como se sentisse os pensamentos que se acumulavam em Izroth, Celia disse com um sorriso orgulhoso: “Eu tenho uma peculiaridade chamada Aroma da Memória. Contanto que eu cheire algo uma vez, eu sempre saberei o que é, independentemente da forma que ele assuma.”

“Você andou cheirando ervas venenosas? Você desenvolveu um péssimo hábito”, Izroth disse enquanto balançava a cabeça interiormente.

“Ah, você não vai voltar atrás no que disse antes por causa da minha peculiaridade, certo?! Você não pode voltar atrás na sua palavra!” Celia disse em pânico.

“Eu apenas disse que você não poderia buscar ajuda externa. Peculiaridades e habilidades são parte de sua própria capacidade. Fique tranquila, minha palavra ainda está de pé”, Izroth tranquilizou.

Celia soltou um pequeno suspiro de alívio enquanto rapidamente recuperava seu ânimo.

“Então, farei minha primeira pergunta. Como você curou a Donzela Sagrada?”, Celia perguntou com uma inesperada expressão séria.

‘Oh? Eu não esperava que esta fosse sua primeira pergunta.’

Celia pode ter feito parte da Ordem das Mil Flores, mas seu grau atual não lhe permitia saber mais do que lhe foi dito.

A notícia de que a Donzela Sagrada foi alvo de um complô por sua própria irmã mais velha e por forças externas, além de ser envenenada por possivelmente décadas por algo fornecido por um dos Grandes Clãs, era uma situação que não podia ser tratada de forma imprudente.

Muito provavelmente, foi mantido estritamente em segredo. Incluindo Izroth e algumas pessoas próximas a ele, apenas aqueles de nível mais alto na ordem e as forças que falharam em remover a Donzela Sagrada do cenário estavam cientes de tudo o que aconteceu.

Izroth manteve sua palavra e explicou a situação a Celia. Ele falou sobre o veneno vivo, o Espírito de Mana daquele Quinto Grande Clã, a traição de Yuveil e tudo o que aconteceu durante seu tempo no Pico das Mil Flores.

Na verdade, Izroth poderia ter simplesmente contado a Celia sobre o processo de criação da Pílula de Envenenamento das Cem Mortes e do veneno vivo. No entanto, ele sabia que isso sozinho não era a intenção por trás da pergunta dela.

Celia era alguém que partiu cedo em sua Jornada Florescente para encontrar uma maneira de curar a Donzela Sagrada. Mais importante, ela era altamente consciente de suas próprias habilidades como Boticária. Ela sabia que era quase impossível ter sucesso onde até mesmo um Boticário de grau oito falhou. Seria arrogante da parte dela acreditar nisso.

No entanto, Celia ainda escolheu se aventurar com a menor esperança de encontrar algumas respostas.

Não desistir mesmo quando uma situação parecia completamente sem esperança, buscando respostas que aqueles com maior conhecimento falharam em descobrir…

‘Esse tipo de pessoa não pode deixar de ir longe no caminho que percorre.’