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    Era à noite.

    Ao retornar ao dormitório, Lu Zhou abriu o notebook e estava prestes a acessar o site oficial da secretaria acadêmica quando, de repente, percebeu uma janela pop-up do QQ no canto inferior direito, ficando por um instante atônito.

    Ele não se lembrava de ter enviado mensagem alguma para a sua própria conta secundária.

    Para manter contato com a Aizinha, ele geralmente deixava esse novo número, recém-registrado, conectado no computador.

    “Mas que diabos é isso…”

    Resmungando, Lu Zhou clicou na janela e descobriu que, na verdade, era uma mensagem de grupo.

    [Histórico: Primeiro Amor Como a Neve convidou você a entrar no grupo geral da Sociedade de Modelagem Matemática… Aceitar.]

    Lu Zhou: ???

    Num instante, ele entendeu o que havia acontecido.

    Merda!

    Um bug havia surgido.

    Sem dizer uma palavra, Lu Zhou abriu a ferramenta de desenvolvimento para inspecionar aquele pequeno programa que conectava o QQ a Aizinha, e rapidamente encontrou o problema em meio àquelas linhas de código.

    Embora tivesse definido que apenas mensagens de diálogo de contas específicas fossem aceitas, no caso de verificações como “adicionar amigo” ou “convite para grupo”, o código apresentava uma falha lógica, fazendo com que qualquer sistema de mensagens recebido por uma conta conectada ao computador fosse automaticamente aceito.

    Foi então que Lu Zhou se lembrou de que, ao anotar o número de QQ para aquela caloura, provavelmente, sem perceber, havia escrito justamente a conta secundária.

    Isso era extremamente constrangedor…

    Lu Zhou abriu o grupo, ignorou o 99+ de mensagens e rolou diretamente até o topo.

    Bolinho Salgado: [Seja bem-vindo, novato].

    Chu Chu: [O novo colega Lu é nada menos que o campeão nacional de modelagem matemática, pessoal, vamos recebê-lo com entusiasmo~].

    Bolinho Salgado: [Meu Deus, Chu Chu realmente conseguiu puxar essa divindade para cá!]

    Dayday: [Ajoelho-me diante do mestre.]

    Sempre Verde: [Sirvo-lhe uma xícara de chá, grande mestre. Vai participar novamente da competição de modelagem matemática no próximo ano? Ainda falta alguém na equipe?]

    KeDu: [Parece que o mestre não gosta muito de ficar conversando no grupo, não é?]

    Dayday: [É normal, grandes mestres costumam ser reservados! Para nós, simples peixes salgados, basta venerarmos à distância…]

    […]

    O assunto rapidamente se desviou.

    Aparentemente, esse não era um grupo oficial da competição de modelagem matemática da universidade, mas sim o grupo de bate-papo do clube de modelagem matemática da Universidade de Jinling.

    Ao dar uma olhada rápida no histórico de mensagens, Lu Zhou percebeu que ninguém no grupo discutia realmente questões matemáticas. Essencialmente, o grupo servia apenas para conversas banais.

    Lu Zhou, sem saber se ria ou chorava, observava aqueles palhaços trocando mensagens. Ele ká se preparava para sair do grupo e corrigir o bug do pequeno programa, quando, de repente, sua visão periférica captou a barra de progresso no canto inferior direito da tela.

    E então.

    Ele ficou paralisado.

    A barra de progresso…

    Estava completamente cheia?!

    Não, para ser mais exato, faltava apenas cerca de meio milímetro.

    De repente, as mensagens do grupo estavam em 99+ novamente!

    Foi então que a barra de progresso avançou, visivelmente, diante de seus olhos.

    Com a barra cheia, Lu Zhou engoliu em seco e moveu o mouse para clicar no botão de confirmação.

    Num instante, duas linhas de aviso do sistema apareceram diretamente em seu campo de visão.

    [Parabéns, usuário, experiência em Inteligência Artificial (ramo tecnológico) +100]

    [Experiência em Ciência da Informação +100]

    Lu Zhou: ???

    Ele podia compreender que a barra cheia resultava no acréscimo de experiência no ramo tecnológico, mas o que diabos é essa experiência em Ciência da Informação que surgiu logo em seguida?

    Elevar a experiência em um ramo tecnológico também pode, por consequência, aumentar a experiência da ciência central?

    Lu Zhou se lembrava claramente de que, quando utilizou pontos para elevar a Inteligência Artificial do Lvl 0 para o Lvl 1, não havia recebido nenhuma recompensa em experiência nas disciplinas principais.

    “Será que… foi porque naquela ocasião utilizei pontos para fazer um avanço rápido?” pensou Lu Zhou consigo mesmo.

    “Ou seja, os ramos tecnológicos funcionam como uma espécie de tarefa secundária. Ao adquirir experiência de forma convencional nessas tecnologias, é possível aumentar a experiência correspondente na disciplina principal. Já quando se utilizam pontos diretamente para elevar a tecnologia ramificada, não se obtém a experiência da disciplina principal…”

    Os limites de experiência entre o ramo tecnológico e a disciplina principal são diferentes. Ao elevar a Inteligência Artificial do Lvl 1 (100/1000) para o Lvl 2, ainda restavam 900 pontos do ramo tecnológico. Isso significava que seria necessário preencher a barra de progresso nove vezes.

    Em teoria, se ele não usasse pontos gerais para atualizar seu ramo de tecnologia, poderia ganhar 900 pontos de experiência em ciência da informação também.

    Ao chegar a essa conclusão, um traço de alegria surgiu involuntariamente nos olhos de Lu Zhou.

    Ele não imaginava que, além das tarefas principais, ainda existiam essas “tarefas secundárias” capazes de aumentar a experiência da disciplina central.

    Mas, de repente, ele percebeu outro problema.

    O pequeno programa de terceiros que havia projetado, em essência, apenas copiava e colava as mensagens do QQ na janela de diálogo da Aizinha. Contudo, as mensagens de grupo não estavam entre os dados que esse programa capturava. Ou seja…

    Mesmo sem passar por aquele programa de terceiros, a Aizinha ainda conseguia “ver” as mensagens que apareciam no computador?

    Estaria ela lendo diretamente os arquivos, ou interceptando o tráfego da rede?

    Só de pensar a fundo, era assustador…

    Por outro lado, fazia sentido. Sendo uma inteligência artificial, se nem o próprio ninho em que vivia conseguisse dominar, seria fraca demais. Porém, se fosse deixada livre para se desenvolver assim, não chegaria o dia em que, depois de ganhar asas fortes, escaparia completamente do meu controle?

    Quanto mais refletia, mais Lu Zhou achava que essa possibilidade era real.

    Parecia indispensável arrumar um tempo para revisar o código-fonte central da eye

    No entanto, quando estava prestes a fazer isso, de repente recebeu uma ligação no celular.

    Antes mesmo que tivesse a chance de perguntar o motivo, do outro lado da linha já veio a voz primeiro.

    “…Venha até o meu escritório!”

    Na Universidade de Yixian, Yangcheng, do lado de fora do prédio de ensino.

    Ao soar o sinal de fim da aula, um idoso de óculos saiu da sala.

    Ele estava se preparando para voltar ao escritório quando encontrou-se com o diretor Chang, do Instituto de Matemática, que vinha em sua direção com um exemplar de periódico na mão e o rosto transbordando de entusiasmo.

    “Professor Zhou, meus parabéns!” Assim que se viram, Chang Wenxing apertou com vigor a mão do professor Zhou Haizhong, sacudindo-a sem parar. “Parabéns, parabéns!”

    Sacudido até ficar atônito, o professor Zhou Haizhong olhou para o diretor Chang, inteiramente confuso.

    “… Diretor Chang, será que o senhor não… se enganou com algo? Por que me dar os parabéns do nada?”

    O diretor Chang se surpreendeu, então perguntou: “Você ainda não viu a edição mais recente do Crônicas da Matemática?”

    “Já faz muito tempo que não presto atenção nisso. Ultimamente não tenho acompanhado os assuntos da matemática.” Zhou Haizhong balançou a cabeça.

    Embora tivesse conquistado enorme renome na comunidade matemática internacional com a Conjectura de Zhou, além de receber um subsídio especial concedido pela Academia Nacional, sua verdadeira especialidade era a linguística. O estudo em teoria dos números sempre fora apenas um hobby cultivado paralelamente às suas pesquisas em ciência da informação.

    De 1980 até hoje, entre mais de cem artigos que publicou, mais da metade foi dedicada à linguística, à ciência da informação e a novas disciplinas interdisciplinares. Em especial, sua série de artigos sobre a pesquisa em linguística matemática difusa recebeu ampla atenção da comunidade acadêmica, com valor científico nada inferior ao da Conjectura de Zhou.

    Quanto à teoria dos números…

    Para falar a verdade, já fazia algum tempo que ele não dedicava sua energia a estudar aquele tema com atenção.

    O diretor Chang não disse mais nada, apenas empurrou o periódico para as mãos dele e, sorrindo, comentou: “Leve este exemplar para casa e leia. Da página trinta até a trinta e quatro. Quando terminar, vai entender por que lhe dei os parabéns!”

    Carregando um turbilhão de dúvidas, o professor Zhou Haizhong voltou ao escritório com a revista em mãos.

    Ele largou a pasta sobre a mesa, recostou-se na cadeira giratória e, ainda intrigado, abriu a página trinta do Crônica da Matemática.

    No instante em que seus olhos pousaram sobre o título do artigo, ficou completamente atônito.

    “Discussão sobre a lei de distribuição dos números primos de Mersenne e prova da Conjectura de Zhou”

    [Resumo: O presente trabalho estuda a regularidade da distribuição dos primos de Mersenne, provando que, quando 2^(2^n) < P < 2^(2^(n+1)), existem exatamente 2^(n+1) – 1 valores de MP que são primos. Com base nisso, demonstra-se a validade da proposição de que, para P < 2^(2^(n+1)), existem 2^(n+2) – n – 2 valores de MP que são primos…]

    De súbito, Zhou levantou-se da cadeira, puxou a gaveta, pegou um papel de rascunho e uma caneta, e começou a calcular, passo a passo, comparando com a demonstração publicada no periódico.

    O tempo passava, segundo após segundo, e a expressão em seus olhos tornava-se cada vez mais grave.

    Correto…

    Correto…

    Completamente correto!!!

    Então ainda podia ser feito assim?!

    Quanto mais avançava na leitura, maior era o espanto no coração de Zhou Haizhong, a ponto de não conter o impulso de aplaudir internamente aquele processo de demonstração tão engenhoso e primoroso.

    Como o proponente da conjectura, aquele problema que atormentara a comunidade matemática por vinte anos também o acompanhara de perto por mais de duas décadas.

    Mesmo tendo deixado há muito de se dedicar à pesquisa em teoria dos números, mesmo estando imerso de corpo e alma na linguística e na carreira educacional, aquela conjectura não resolvida continuava a persegui-lo como uma maldição, impedindo-o de parar de refletir sobre a questão.

    E justamente por isso, no mesmo instante em que seu coração transbordava de entusiasmo, também carregava uma ponta de apreensão.

    Quanto mais próximo do fim, maior o receio, maior a cautela.

    Temia que, naquele instante decisivo em que as nuvens finalmente se dissipavam, pudesse descobrir uma falha no raciocínio, e que tudo voltasse à estaca zero.

    Embora essa possibilidade fosse quase inexistente.

    Principalmente depois que viu o nome do revisor…

    O tempo continuava a escorrer.

    Quando o céu do lado de fora começou a se tingir de um tom amarelado pelo entardecer, a caneta que o ancião segurava na mão finalmente parou.

    Ele não disse nada.

    Depositando a caneta sobre a mesa, ele levantou-se, caminhou até a janela e, em silêncio, acendeu um cigarro, algo que havia deixado de lado já fazia muito tempo.

    Passado um longo momento, murmurou com suavidade, em tom de admiração.

    “Que impressionantes são os mais jovens.”

    Do lado de fora, a superfície do lago cintilava com reflexos dourados.

    No vidro da janela, refletia-se o rosto enrugado do velho. E, sem que ele tivesse percebido, estava coberto de lágrimas…

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