Capítulo 78 - A resposta à questão de Qian Xuesen!
No fim, Lu Zhou não escolheu nenhuma das tarefas.
A tarefa 2 e a tarefa 3 continuavam dentro do escopo de opções, sendo que a 3 tinha prioridade maior que a 2. Desde que o custo em tempo não ultrapassasse o dobro, ainda valia a pena considerar.
Afinal, aqueles vinte mil pontos de experiência em matemática eram uma tentação imensa, sem falar no sorteio com chance de 100% de obter um projeto. Embora um prêmio matemático de nível mundial não pudesse ser conquistado apenas com a prova de uma conjectura, levando em conta o valor acadêmico e a relevância política de seu artigo recém-publicado, não seria impossível que o país lhe concedesse uma medalha, quem sabe?
Essa possibilidade existia, ainda que pequena.
De qualquer modo, nenhuma das duas tarefas poderia ser concluída em poucos dias. Como não iam desaparecer dali. Ele poderia cumpri-las quando reunisse as condições necessárias, sem pressa.
Ele podia muito bem, antes, consultar o professor Tang ou o diretor Lu sobre os critérios de concessão daqueles prêmios nacionais de matemática, assim como os prazos de aprovação, para então decidir qual valeria mais a pena.
Depois de chegar a essa conclusão, Lu Zhou saiu do espaço do sistema, aplicou em si mesmo a seringa de fortalecimento físico de classe E e, em seguida, virou-se na cama e mergulhou num sono profundo.
O que ele não sabia, porém, era que, enquanto entrava em seus sonhos, seu nome já estava estampado nos jornais. Inúmeros jornalistas e redatores de mídias independentes quebravam a cabeça sobre como escrever a manchete da próxima edição, arrancando os poucos fios de cabelo que ainda resistiam, diante de um artigo matemático do qual não compreendiam absolutamente nada…
…
Última edição do “Crônicas da Matemática”, página 30 — [Discussão sobre a lei de distribuição dos números primos de Mersenne e a prova da Conjectura de Zhou]
No final do artigo, havia uma linha com a avaliação do revisor sobre o trabalho.
[“Este é um trabalho revolucionário. Finalmente possuímos um teorema confiável, capaz de restringir a variação dos primos de Mersenne a um intervalo visível.” — Professor Pierre Deligne]
O professor Pierre Deligne era conhecido por sua língua ferina. Seja em conferências acadêmicas ou em cursos abertos em Princeton, se alguém cometia o menor deslize, ele não hesitava em apontá-lo imediatamente, sem se importar com o constrangimento alheio. Mais de um professor renomado já havia passado vergonha em público por conta disso.
No entanto, aqui ele usara o termo “groundbreaking” para descrever este artigo.
Entre as inúmeras avaliações que fez ao longo da carreira, isso era algo quase inédito!
Menos de uma semana após o lançamento da mais nova edição da revista de matemática, o artigo já havia causado forte repercussão no cenário internacional. Quer fosse pelo próprio processo de demonstração, quer pelo comentário do professor Deligne, quer ainda pela idade do autor…
Quando Lu Zhou soube que sua prova havia sido publicada, já fazia uma semana que incontáveis especialistas em teoria dos números vinham submetendo cada passo do raciocínio a repetidas verificações.
Em seguida…
Os professores do Instituto de Matemática da Universidade de Jinling ficaram estarrecidos!
A Sociedade Matemática da China ficou estarrecida!
E os resultados das verificações foram unânimes…
Totalmente corretos!
Quanto aos cientistas populares1…
Pois bem, os cientistas populares não chegaram a se espantar. Continuavam empenhados em superar o último obstáculo do “1+1” da Conjectura de Goldbach, bem como em encontrar uma forma de refutar o já demonstrado Último Teorema de Fermat. Quanto às conjecturas que levavam nomes chineses, a maioria nem se dava ao trabalho de escrever sobre elas, a menos que alguém tivesse conquistado algum grande prêmio internacional por meio delas.
Logo, essa atmosfera de comoção se espalhou do meio matemático para a imprensa.
A Conjectura de Zhou, que atormentara a teoria dos números por mais de vinte anos, fora finalmente provada.
Isso significava que, de agora em diante, aquela conjectura passaria a ser conhecida como Teorema de Zhou.
No grandioso edifício da matemática, surgia mais um teorema batizado com um sobrenome da nação chinesa!
Tanto aquele que propôs a conjectura quanto aquele que a provou seriam inscritos na história da matemática.
O que mais, mais, mais levou a mídia a um êxtase coletivo foi o fato de que quem havia provado essa conjectura era apenas um estudante de graduação, ainda no segundo ano!
Muitos logo associaram o feito ao do estudante Liu, que alguns anos antes resolvera o Enigma de Seetapun.2
Quem entendia um pouco de matemática sabia bem, embora uma tivesse nome chinês e a outra levasse o nome de um britânico, a dificuldade e o valor acadêmico das duas não eram minimamente comparáveis.
O chamado Enigma de Seetapun consistia apenas numa hipótese retrospectiva acerca da força de prova do teorema de Ramsey com duas cores RT²₂, sugerindo que talvez fosse mais forte que WKL₀. O estudante Liu, ao demonstrar que RT²₂ não incluía WKL₀, ofereceu uma resposta negativa ao enigma.
Resolver aquele enigma certamente tinha sua dificuldade, mas enigmas de grau equivalente existiam aos milhares…
No entanto, ao se comparar com a Conjectura de Zhou, embora também existam milhares de conjecturas de dificuldade equivalente, o estudo da lei de distribuição dos primos de Mersenne possuía um significado muito mais concreto. Inúmeros matemáticos haviam tentado expressar em linguagem formal o padrão de distribuição dos primos de Mersenne, mas, sem exceção, todas essas formulações permaneciam como conjecturas. Nenhuma havia alcançado o status de teorema.
Agora, esse teorema havia nascido.
E foi justamente por isso que a imprensa entrou em ebulição.
Pelo menos, a imprensa nacional fervilhava por completo!
Uma nova estrela da matemática estava ascendendo, e os veículos de comunicação do país logo passaram a considerá-lo um candidato em potencial ao cobiçado Prêmio Fields.
Ainda que apenas a prova da Conjectura de Zhou estivesse longe de ser suficiente, seria necessário resolver ao menos um problema do nível da Conjectura de Jacobi para estar à altura daquela coroa da matemática, havia um detalhe decisivo…
Ele tinha apenas vinte anos!
Até o limite etário dos quarenta, imposto pelo Prêmio Fields, havia ainda duas décadas inteiras para lutar.
Só esse fato já bastava.
O jornal “Juventude da China” publicou uma manchete imponente e grandiloquente, citando o comentário do professor Deligne no “Crônicas da Matemática”, para noticiar o acontecimento que abalara o país — “Respondendo à questão de Qian Xuesen, estudante de graduação da Universidade de Jinling conquista problema matemático de classe mundial! Nós também podemos produzir talentos extraordinários!”
O “Diário do Povo” não ficou para trás. Embora não tenha se detido na figura de Lu Zhou, publicou um editorial com título semelhante, incentivando os pesquisadores a “escalar o Everest” e a avançar com coragem na estrada da ciência.
Comparados à sobriedade da mídia tradicional, os veículos independentes não guardavam tantos escrúpulos. Seus títulos eram criados com base em puro sensacionalismo. Quanto mais apelativos, melhor.
“Chocante! Estudante de graduação da Universidade de Jinling resolve em uma noite um problema mundial de teoria dos números!”
“Matemáticos do mundo inteiro em silêncio. Um enigma de vinte anos foi solucionado por um simples estudante de graduação!!!”
“Matemáticos americanos emudecem; matemáticos japoneses só podem suspirar…”
Só faltava proclamarem que Lu Zhou era a reencarnação do venerável senhor Chen.3
O entusiasmo da mídia, que estava em ebulição, inevitavelmente fez com que Lu Zhou fosse empurrado para os assuntos mais comentados do ano pela terceira vez.
E, desta vez, chegara ao primeiro lugar!
Na conta oficial do Diário do Povo, a seção de comentários fervia com as discussões dos internautas.
[I-incrível… Ainda no segundo ano da graduação já resolveu um problema mundial. Quando chegar ao doutorado, será que não vai direto para o céu?! (choque)(choque)]
[Quanto mais se fala, mais dá vontade de chorar. Pronto, já chega, vou sair do Weibo e voltar a corrigir minha tese de doutorado. (lágrimas)]
[Quando eu tinha vinte anos ainda sofria para passar em Cálculo, e ele já está enfrentando problemas matemáticos mundiais. Estou em prantos…]
[É da Jinling! Meu veterano!!! Ainda lembro dele ganhando o campeonato de modelagem matemática!!!]
[Meu ídolo faz parte da série “meu ídolo é um matemático”.]
[Agora ainda tem gente curtindo os xingamentos ao Velho Zhu?]
[Fazendo graça assim você fica feliz? (Doge)]
[Por favor, não explorem o falecido blogueiro. (doge)]
[Este é o irmão Lu da nossa sociedade. Pouco fala, mas quando fala, é implacável.]
[Quando a juventude é forte, a nação é forte! Saudações aos grandes trabalhadores da pesquisa científica! (punho)(punho)]
[…]
Naquele momento, Lu Zhou ainda não tinha a menor noção do que estava acontecendo no Weibo.
Porque, com aquele sono, acabou dormindo até às três da tarde!
Soltando dois sons roucos pela garganta, ele abriu os olhos com dificuldade e moveu lentamente os braços. Ele sentia todos os músculos do corpo doloridos, como se tivesse corrido durante horas seguidas e feito uma centena de flexões logo depois.
E não era só isso. Tanto a manta de toalha que o cobria quanto o lençol embaixo estavam encharcados de suor, grudando em seu corpo de forma pegajosa e exalando um leve odor ácido.
Atirando para o lado a manta pegajosa de suor, Lu Zhou ficou imediatamente chocado.
“Merda, como é que suei tanto assim?”
O lençol e a manta estavam como se tivessem sido mergulhados em restos de lavagem, tão nojentos que ele saltou da cama de uma vez.
Ao movimentar os braços e pernas, suas juntas estalaram em uma sequência de cracks, e a dor muscular aliviou bastante, dando lugar a uma sensação de bem-estar sem precedentes, como se tivesse acabado de mastigar uma goma extra-forte.
Sentando-se na cama, Lu Zhou jogou o lençol e a manta na cadeira ao lado, depois desceu ágil pela escada do beliche.
De frente para o espelho, passou a mão pelo queixo e, além de continuar tão bonito quanto sempre, não percebeu nenhuma outra mudança.
Pegando a manta e o lençol, levou-os até a varanda e jogou-os na bacia de roupa suja, já pensando em enfiá-los junto com as roupas na máquina de lavar. Em seguida, aproveitou a ida para tomar um banho, lavou o suor do corpo e saiu do banheiro cantarolando.
Uma lufada de vento fresco passou e, como se todos os poros do corpo se abrissem, Lu Zhou não resistiu a esticar-se num longo espreguiçar de satisfação.
Não era à toa que aquele era um amostra de alta tecnologia fornecida pelo sistema. Embora não percebesse um aumento evidente de força ou reflexos, sentia claramente que seu estado físico havia melhorado bastante.
Ao menos, a fadiga e os danos acumulados pelas madrugadas em claro e longos períodos sentado tinham sido curados com a injeção da noite anterior, e ele passara de um estado sub-saúde para quase saudável.
Nesse momento, a porta do dormitório se abriu de repente, e Shi Shang e Liu Rui entraram aos tropeços, acordando Huang Guangming, que dormia a sesta na cama.
“Porra, vocês dois estão doentes ou o quê?”
Mas Shi Shang nem lhe deu atenção. Virou-se para a varanda e gritou: “Lu, tem um monte de repórteres lá embaixo do prédio! Você aprontou alguma coisa de novo?”
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