Capítulo 695: Lobo (4/4)

Heerkmuta era supostamente a organização antiga criada pelos seguidores do Mago Branco e do Último Grande Sábio, Diplan Groundel Gabrielius.

— Mas isso não é meio estranho? Se eles são os lobos brancos, por que suas máscaras são pretas?

— Quem sabe… Eu também não sei. E não acho que Bryat vai nos contar. O que você acha? — perguntou o Vovô Caído.

Parecendo igualmente confuso, Baekho murmurou: — Hmm… Ele só ficou assim depois da amplificação da dor, então talvez a gente só precise espancá-lo até a morte? Não há muito mais que possamos fazer. — Ele clicou a língua em uma aceitação ‘relutante’.

O Vovô Caído demorou a responder. — Eu também pensei que talvez um ‘tabu’ tenha sido colocado nele, o que significa que ele não pode falar, mesmo que quisesse.

— Tabu? O que você quer dizer, vovô?

— Eu lembro de ter lido algo assim quando investiguei pela primeira vez essa organização Heerkmuta. Todos os membros fazem um juramento para proteger o segredo do grupo.

— Um juramento não é diferente de um tabu?

— É por isso que isso é só um palpite. No entanto, existe uma magia antiga esquecida que força um juramento em alguém que não pode ser quebrado, então isso não é tão improvável.

— Hmm… É mesmo?

Jaina nos chamou apressada nesse momento. — Ei! Venham aqui! O Sr. Bryat está morto!

— Hmm? Ah, isso? Não se preocupe com ele. Ele só está se espreguiçando enquanto finge estar morto…

— Não é isso, acho que ele está realmente morto!

Ao ouvir o tom sério da reação dela, embora ele não parecesse totalmente convencido, Baekho foi até Bryat. Este não reagiu nem um pouco, mesmo quando Baekho tocou seu ombro com o pé. No entanto, Baekho não demonstrou muita preocupação nem mesmo nesse momento.

— Uau, esse desgraçado está fazendo isso de novo. Vocês acham que somos idiotas? — Baekho soltou uma risada incrédula diante do corpo mole de Bryat antes de chutá-lo de verdade dessa vez. — Olha só, olha só. Se eu chutar ele direito assim, ele vai levantar… Hã? O que? Por que ele não está acordando?

Bryat não reagiu, nem mesmo após ser chutado. Não demorou para a expressão de Baekho endurecer.

— Sério?

Ele pareceu desconcertado por um momento e rapidamente se abaixou para verificar a condição de Bryat. Para ser mais exato, ele deu vários tapas na bochecha dele.

— Ei! Ei! Ei! Ei! Acorda! Não brinca comigo! Ei! Acorda!

— Pare. Ele já está morto.

— Não, mas isso não é estranho? Eu até dei as poções pra ele, como ele pode simplesmente morrer assim do nada? Ei! Velho! Você fez alguma coisa errada? Ele morreu enquanto você abria o subespaço?

O Vovô Caído, que de repente foi acusado, aproximou-se e inseriu uma agulha no pescoço de Bryat. Após uma breve pausa, ele declarou: — É veneno.

— Veneno? — Baekho repetiu, atônito. — Ah! É por causa daquele pó venenoso de antes?

— É um veneno incomparavelmente mais letal do que aquilo. Pelo que consigo ver, mesmo que ele pareça normal por fora, todos os órgãos internos dele estão derretidos.

— Então ele está realmente morto?

— Isso mesmo — respondeu o Vovô Caído. — Não há a menor dúvida desta vez…

Baekho agiu mais rápido do que o velho conseguiu falar.

Crunch!

Sem aviso, ele chutou a cabeça de Bryat como se fosse uma bola e a lançou longe.

Tap, ploft…

O silêncio tomou conta do ambiente com a reviravolta repentina dos acontecimentos. No entanto, um momento depois, Baekho murmurava algo em voz baixa.

— Argh, nada está indo como eu quero. — Ele alongou os braços como se aquilo fosse trabalho leve antes de voltar ao local onde estávamos. — Velho! Me diga. Como diabos esse desgraçado morreu de repente?

— Como eu disse antes, um veneno mortal…

— Mas isso é estranho. Fomos nós que fomos atingidos pelo pó venenoso, então por que esse cara morreu por causa disso?

O Vovô Caído franziu a testa, como se dissesse a Baekho para parar de incomodá-lo. — Nem eu sei de tudo o que acontece neste mundo.

Baekho apenas suspirou em resposta. — Hmm, talvez ele já tenha tomado o veneno antes?

— Ah, ouvi falar disso. Pessoas em missões secretas sempre têm uma capsula de veneno na boca…

— Enquanto todos estavam distraídos com o subespaço, ele pode ter engolido a capsula de veneno. Isso faz sentido.

Fazia sentido, de fato, mas isso não eliminava completamente todas as dúvidas que eu tinha. No entanto, comentar sobre isso só prolongaria o clima desconfortável. Pelo suspiro que Baekho soltou, ele também parecia ser atormentado por outros pensamentos, mas não disse muita coisa. Como havíamos usado a técnica de Confiança Equivocada pouco antes de todo esse desastre, ele hesitava em trazer isso à tona e lançar suspeitas sobre todos novamente.

— Está bem. Vamos apenas investigar o restante das coisas dele. E me avise se algo estranho aparecer.

— Ah, entendido.

— Se eu pegar algum de vocês escondendo algo nessa situação, posso perder a cabeça de verdade, então tomem cuidado com isso — disse Baekho, sem esquecer de dar um último aviso aos aliados.

Se eu estivesse no lugar deles, eu só ficaria ainda mais irritado com ele. No entanto, a única reação deles foi balançar a cabeça, como resposta, então parecia que já estavam bem acostumados com as pirraças do Baekho.

— Certo, então isso está praticamente resolvido.

De qualquer forma, todos trabalhamos juntos para organizar os itens que haviam caído, e em pouco tempo estavam ordenados. Equipamentos, consumíveis, mercadorias. Qualquer um com alma teria dificuldade em não olhar para tudo aquilo, mas, por alguma razão, todos os presentes estavam focados em outra coisa naquele momento.

Era a pilha de itens misteriosos cujo uso desconhecíamos.

— Vamos investigar cada um deles detalhadamente. Máscara de lobo, medalha de lobo. Essas coisas são… tanto faz. Isto aqui, o que você acha que é este quadro?

— Bem… Só parece uma obra de arte para mim…

— Também não vejo nada escrito que esteja escondido por mana.

— Certo, e isto aqui? O que você acha que é isso?

— Isso não é… roupa íntima feminina?

— Então não foi só comigo…

— Argh! Por que diabos ele tem isso?!

Embora usássemos a inteligência coletiva do grupo para analisar cada um dos itens suspeitos, não encontramos nada útil. Até chegarmos a um pergaminho em particular.

— Por que isso foi colocado nessa pilha?

— Isso não é só um pergaminho mágico?

Era um pergaminho que permitia até mesmo pessoas comuns, sem nenhum treinamento em magia, lançar feitiços apenas rasgando-o. Então por que ele estava nessa pilha?

— Quem colocou isso aqui?

— Fui eu… — o GM levantou a mão cautelosamente diante da pergunta de Baekho.

— Por que você colocou isso nessa pilha?

O Vovô Caído examinou o pergaminho com os olhos antes de responder no lugar do GM. — Provavelmente não é um pergaminho mágico comum. Há magia antiga nele.

— Que tipo de magia antiga?

— Consigo sentir que é um feitiço de teletransporte, mas não consigo dizer mais nada. — o GM então virou-se para o Vovô Caído e perguntou: — Você sabe o que é?

Este último acenou com a cabeça. — Eu sei. Pode se tornar nossa salvação também.

— Salvação…? Do que você está falando? Fale logo — instigou Baekho, subitamente interessado.

— Pergaminho de Retorno. Esse é o nome desse objeto.

Pergaminho de Retorno.

Eu nunca tinha ouvido falar deste item durante o tempo em que jogava Dungeon and Stone. No entanto, graças ao nome intuitivo, consegui entender por que o Vovô Caído o chamou de ‘nossa salvação’.

— Então podemos usá-lo para voltar à cidade?

— Ninguém sabe. Esse pergaminho apenas tem o efeito de ‘retornar’ o usuário para uma localização designada.

— Se o que você está dizendo for verdade, então isso é incrível. Mesmo sem usar um círculo mágico inscrito ou um conversor de mana, só um pergaminho é suficiente para teletransportar pessoas.

— É por isso que este é um pergaminho mágico antigo. Dizem que magias ainda mais incríveis eram possíveis nos tempos antigos.

Ao contrário do que esperávamos, não era um pergaminho que nos permitiria voltar imediatamente para a cidade, mas todos ainda pareciam esperançosos. Nossas circunstâncias atuais eram tão críticas assim.

— Então, se usarmos este pergaminho, pelo menos poderemos sair das ruínas?

— Isso mesmo. No entanto, devemos pensar também no pior cenário possível. Se o lugar para onde este pergaminho nos levar for o mundo cinza, estaremos em grande perigo.

— Então, precisaremos considerar seriamente se devemos usá-lo ou não.

Como sempre, o Vovô Caído nos deu apenas as informações e deixou a decisão para nós.

Com isso, todos os membros olharam para mim e para Baekho. Eu podia perceber que eles sabiam que seria problemático se Baekho e eu tivéssemos opiniões diferentes.

— Quero usá-lo e ver para onde ele nos leva. E você, Barão?

— Concordo.

Nossas opiniões estavam alinhadas dessa vez.

Eu não esperava que fosse seguro usá-lo só porque se chamava Pergaminho de Retorno, mas ele e eu precisaríamos, pelo menos, estar dispostos a enfrentar o perigo, se fosse o caso. Eu já estava de saco cheio de ficar preso aqui nos últimos dias.

— Mas precisaremos nos preparar antes de rasgar o Pergaminho de Retorno.

— Concordo.

Lancei-lhe um olhar.

— Ahaha, só quis dizer que concordo com você, Barão.

E assim, depois de alinharmos nossas opiniões, verificamos os outros itens que ainda não havíamos investigado. No entanto, nenhum deles era tão especial quanto o Pergaminho de Retorno.

— Há um total de oito Pergaminhos de Retorno…

— Imagino que, com isso, todos podem usar um e ainda sobrariam dois.

Como havia um total de seis pessoas aqui, Baekho e eu ficamos com os dois restantes. Também dividimos de forma justa todos os equipamentos e consumíveis que conseguimos de Bryat. Depois disso, cada um teve tempo de se preparar e ficar nas melhores condições possíveis.

— Se todos estiverem prontos, vou rasgar agora.

Baekho ergueu o pergaminho, e todos assentiram e levantaram os seus.

Rip!

Rasgamos ao mesmo tempo.

Tink, tink, tink!

Gotas d’água ecoaram à distância.

Ao ouvir isso, abri os olhos e rapidamente analisei os arredores.

— Isso é… a Caverna de Cristal?

— Não exatamente.

Estávamos dentro de uma caverna que parecia muito semelhante ao primeiro andar da Caverna de Cristal.

— Felizmente, estamos todos aqui.

Todos nós nos transportamos com sucesso para o mesmo lugar, e não havia monstros ou inimigos por perto.

— Silêncio.

Uma luz vermelha, semelhante à de uma fogueira, tremeluzia no final do corredor onde nos encontrávamos.

Fwoosh!

Depois de confirmar o que vi, Baekho e eu trocamos sinais com os olhos, e naturalmente dei um passo à frente, avançando o mais silenciosamente que pude.

Bem, não importava o quanto eu tentasse andar silenciosamente, não havia como este corpo enorme e coberto de armadura não fazer nenhum som.

Ao virar a esquina, pude ver um estranho sentado diante de uma fogueira. Era estranho como eu não conseguia sentir sua presença, e ele nem se mexia ou balançava, enquanto olhava fixamente para o fogo.

— O fato de vocês estarem aqui… significa que Bryat está morto, não é? — Ele nem mesmo olhou para nós enquanto continuava: — Ele era um amigo fiel…

— Não me importa. Quem é você? — Apesar de estar em guarda, Baekho perguntou agressivamente.

Essa voz soa… familiar?

Sinos de alerta começaram a soar em minha mente com a perturbação.

Foi então que o homem misterioso abaixou o capuz que cobria o rosto e nos olhou.

— Ainda assim, faz tempo, pessoal.

Um rosto marcado por rugas.

Cabelos e barba totalmente brancos.

Olhos intensos que contrastavam com sua expressão gentil.
Era o criador de Dungeon and Stone, Auril Gavis.