Capítulo 552: Déjà-vu (1/4)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』
Era o 103º dia no labirinto. O número de dias que passamos aqui já havia ultrapassado a marca dos três dígitos, e chegou a hora de interromper nossa sessão de exploração na biblioteca. Neste ponto, precisávamos retornar à Ilha de Pedra para receber os recém-chegados.
“Espero que alguns bons aventureiros desçam para que possamos mirar nos livros que estão mais altos.”
A essa altura, sempre que usávamos um livro de invocação, precisávamos lutar contra quatro monstros de terceiro nível de uma vez, e às vezes alguns monstros de segundo nível também apareciam. Desde que tivemos um confronto decente, imaginei que seríamos capazes de derrotá-los, mas já não era mais possível atravessar monstros continuamente como uma máquina bem lubrificada. Eu desempenhava meu papel como tanque para ganhar tempo para os outros durante a batalha, mas isso significava que eu precisava descansar por um tempo depois para recuperar minha energia.
“Além disso, quase tivemos uma morte na última luta…”
Em todo caso, era por isso que aumentar nosso número não era apenas uma escolha, mas uma necessidade.
Depois de limpar nosso acampamento e nos preparar para partir, senti olhos sobre mim. Virei-me para ver quem era e notei o Presuntinho me observando de longe.
— ⟅Vocês vão embora…?⟆ — perguntou ele, olhando para baixo enquanto eu me aproximava. Embora nosso primeiro encontro não tenha sido particularmente amigável, acabamos nos tornando amigos no final, e depois de algumas conversas durante nosso tempo caçando na biblioteca, parecia que ele havia se apegado a mim.
— ⟅Ah, não se preocupe. Voltaremos em breve. E também estou deixando o livro dourado aqui.⟆
— ⟅Mas você está levando minha caneta-tinteiro…!⟆
— ⟅Haha, amigos não se preocupam com coisas pequenas como essa. Certo?⟆ — Quando ele não respondeu, acrescentei: — ⟅De qualquer forma, voltarei em breve, então não se preocupe.⟆
— ⟅Q-Quem está preocupado? Não volte de jeito nenhum! As coisas são muito melhores sem vocês por aqui! Muito mais quieto!⟆
Haha, olha só para esse hamster. Ignorei as palavras vazias do Presuntinho como qualquer bárbaro faria.
— Lorde Barão, todos estão prontos para partir!
— Sério? Entendido.
Estávamos prontos para sair, mas, por alguma razão, eu não conseguia me mover. Virei-me para o agora silencioso hamster e disse: — ⟅Ei, Presuntinho.⟆
— ⟅…O quê?⟆
— ⟅Arrume os livros enquanto estou fora. E mesmo que você não esteja com fome, coma a carne seca que eu te dei regularmente. E se aparecerem pessoas estranhas, não deixe que te vejam e se esconda atrás das estantes até eu voltar…⟆
— ⟅Eu não sou uma criança! Você não precisa dizer tudo isso, e se você vai embora, apenas vá logo!⟆
Não, mas ainda assim…
Suspirei. Por que eu estava tão preocupado? Será que fui eu que me apeguei a ele em vez do contrário? — ⟅Bem, então, estou indo. Presuntinho…⟆
— ⟅Sim…?⟆
— ⟅Voltarei em breve.⟆
— ⟅…É.⟆
Com isso, dei as costas para o Presuntinho e forcei minhas pernas a se moverem, passando pelos membros do meu grupo que estavam nos observando de longe. Eles se afastaram, abrindo caminho para que eu pudesse chegar à frente. Ao pisar nas escadas, os outros aventureiros se posicionaram atrás de mim enquanto saíamos e embarcávamos nos barcos invocados.
Algumas horas de viagem depois, chegamos à Ilha de Pedra.
— Não há vestígios de nenhum recém-chegado.
Viemos cedo, só para garantir, mas, como esperado, não havia aventureiros na ilha antes de nossa chegada. Fazia apenas três dias desde que o labirinto foi aberto, e seria fisicamente impossível para alguém terminar de explorar o terceiro andar e descer para este em tão pouco tempo.
Percebendo algo em minha expressão, Erwen perguntou: — O que você está pensando?
— É só que estou preocupado com o Presuntinho.
— Estou muito curiosa sobre o que você estava vendo, Senhor… Não importa como eu olhasse, sua aparência realmente me impedia de me aproximar dele…
— Como você disse que ele parecia para você?
— …Um mago. Tinha um rosto encovado que parecia mais assustador do que o de um Lich, e segurava um cajado com um crânio. Também fazia esses ruídos horríveis.
Ah, isso era verdade. Eu havia ouvido isso e deixei passar na época, mas agora me peguei revisitando essa admissão particular.
“Um mago sinistro segurando um cajado com um crânio… Não era essa descrição uma combinação perfeita do Coletor de Cadáveres e Erudito Caído?”
Nem preciso dizer que não disse isso em voz alta.
— Hum… Lorde Barão. Posso levar os membros do meu clã para a praia?
— Praia?
— É que… Há muitas coisas flutuando no oceano. Achamos que talvez pudéssemos passar nosso tempo livre recolhendo algumas coisas…
— Façam o que quiserem. Não faremos muito além de esperar por um tempo.
Alguns aventureiros que estavam entediados de ficar esperando se levantaram, e alguns dos outros membros se juntaram a eles na praia para pegar destroços. O fato de termos conseguido pegar algum equipamento feito de material de terceiro nível no barco recentemente se tornou uma grande motivação. A partir daquele momento, um certo sentimento começou a circular pelo grupo.
Se tivermos sorte, podemos encontrar um tesouro. Podemos até pegar equipamentos usados pelos antigos heróis do passado, se o destino permitir.
“Bem, se tivermos muita sorte, acho que essas coisas poderiam realmente acontecer…”
Para ser honesto, porém, eu estava um pouco cético. Exploramos bastante aqui embaixo, mas a coisa mais valiosa que encontramos foi aquela armadura de terceiro grau que pegamos.
“Aposto que, quando o Primeiro Subsolo for oficialmente aberto no futuro, haverá pessoas cujo único trabalho será vasculhar os destroços.”
Isso parecia um desperdício para o meu gosto, mas eu podia ver esse tipo de catadores aparecendo. Além disso, a Ilha de Pedra também não tinha monstros. Se conseguissem sobreviver à temporada de chuvas, explorar essa ilha poderia se tornar uma fonte estável de renda.
“De qualquer forma, o tempo ainda está passando muito devagar…”
Não demorou muito para que eu ficasse entediado de apenas ficar sentado no ponto de partida sem fazer nada. Logo, eu estava me juntando aos outros membros na praia para recolher destroços com eles.
Um dia, dois dias, três dias…
Chegou o 107º dia. Em outras palavras, restavam apenas algumas horas até o primeiro andar fechar.
“…Não há como ninguém ter chegado ainda. Será que o palácio realmente fez algo? Eles têm tropas impedindo as pessoas de descer?”
A ansiedade começou a tomar conta do meu coração. Eu havia espalhado tantas informações tentadoras que estava ansioso para que aventureiros mais experientes e poderosos descessem.
“Mas se ainda não chegaram… então algo deve ter dado errado lá em cima. Tsk, vou ter que limpar essa área sem nenhuma ajuda nova?”
Meu estômago revirou com o pensamento enquanto eu olhava para o meu relógio.
Vwoong!
— Portais! Os portais se abriram!
Mas então, como se fosse um sinal, dezenas de portais se abriram e deixaram passar uma enxurrada de recém-chegados.
“Como devo testar os novatos desta vez?”
Eu não precisei pensar muito sobre isso. Eu só precisava levá-los pelo Primeiro Subsolo sob o pretexto de ensinar como ele funcionava, e depois de instilar neles que esse lugar era bastante perigoso, eu poderia fazer com que assinassem suas almas para mim.
Mas um momento depois, suspirei.
“E eu estava me perguntando por que ninguém apareceu até o último dia.”
Não tive escolha a não ser aceitar que meu plano não funcionaria assim que vi os novatos.
— Entrem em formação!
— Formação!
Suspirei ao ver o grupo assumir formação assim que chegaram ao Primeiro Subsolo.
“Este é o pior cenário possível.”
Havia sacerdotes demais para ser um clã comum, um esquadrão de magos em uniforme e até mesmo uma ordem de cavaleiros em armaduras reluzentes. Suas classes podiam ser divididas em três categorias distintas, mas todos tinham uma coisa em comum.
— Nia Rafdonia…!
Eles tinham o brasão do palácio em seus peitos.
Depois de se organizarem, o homem que parecia ser o comandante notou minha presença e caminhou até mim para me cumprimentar. — É uma verdadeira honra encontrá-lo assim, Barão Yandel! Nunca poderia imaginar que o encontraria tão cedo, mas é um verdadeiro alívio vê-lo vivo!
— Quem… é você?
— Ah, parece que não me apresentei. Sou um membro da Primeira Guarda Real, Zylan Ebost.
— Alguma relação com o Barão Ebost?
— Ele é meu irmão mais velho.
A única vantagem foi que o comandante não tinha um status tão alto. Ele nem era barão, mas o irmão mais novo de um. Se eu conseguisse aproveitar bem minha posição de barão, poderia provavelmente manipulá-lo como quisesse.
— Ah, e eu sou o vice-comandante deste grupo de expedição.
Minha esperança foi destruída no momento em que essas palavras saíram da boca dele. ‘Vice-comandante…’?
— Sim. Podemos dar um passo para trás? O segundo grupo está prestes a entrar.
Dei um passo cambaleante para trás a pedido dele.
Vwoong!
O céu se iluminou mais uma vez quando dezenas de portais se abriram e mais dezenas de aventureiros entraram no subsolo. Depois disso, uma nova rodada de portais se abriu.
“Como os portais abriram três vezes e sessenta pessoas entraram a cada vez…”
Isso significava 180 pessoas. Esqueça ‘grupo de expedição’, ‘força de expedição’ era uma descrição muito mais precisa, com base apenas na quantidade.
No entanto, o verdadeiro problema estava em outro lugar.
— Nia Rafdonia! Todos os 180 membros ordenados pelo palácio chegaram em segurança ao nosso destino, Comandante!
O comandante recebeu um relatório no momento em que pisou na ilha.
— Não detectamos atualmente nenhuma entidade perigosa nas proximidades, e nosso alvo de maior prioridade, o Barão Bjorn Yandel, foi encontrado. Ele tem um total de trinta e oito membros, e, excluindo os sete de seu Clã Anabada, os membros restantes parecem ser do Clã Hektz e do Grupo de Aventureiros Armin, que entraram durante a primeira e segunda ondas!
— Entendo.
O comandante se aproximou de mim, com seu cabelo prateado balançando atrás dele. Seu rosto quase pálido como um fantasma era um que eu conhecia muito bem. Embora ele tenha envelhecido cerca de vinte anos desde a última vez que o vi como um jovem.
— Lembro-me de tê-lo visto à distância em sua cerimônia — disse o homem — mas não tive a chance de conversar com você.
O comandante da Primeira Guarda Real e o cão de guarda do palácio que ostentava o título de Cavaleiro da Luz.
— Prazer em conhecê-lo oficialmente, Barão Yandel. Sou Jerome Saintred.
Também conhecido como o mesmo cara que encontrei enquanto estava ativo em Noark, há vinte anos, sob o disfarce de uma máscara de ferro.
— S-Sim — gaguejei — é um prazer conhecê-lo pela primeira vez! Olá! E-Eu sou Bjorn, filho do Barão Yandel!
Ele provavelmente não me reconheceria, certo?
Em uma nota não relacionada, há um fenômeno chamado efeito de holofote, onde uma pessoa assume que está sendo notada mais do que realmente está.
Ba-dum, ba-dum, ba-dum!
Mesmo estando certo de que ele não me reconheceria, meu coração começou a acelerar.
— …Filho do Barão Yandel? Essa é uma apresentação um tanto peculiar.
Tudo bem, parecia que ele ainda não tinha notado nada.
Eu respirei fundo para mim mesmo. Acabei soltando o que veio à mente porque fui pego de surpresa. — Ouço isso com frequência — respondi no tom calmo e despreocupado que caracterizava o povo bárbaro. Então, rapidamente comecei a resolver essa situação.
Jerome Saintred. Cerca de vinte anos atrás, ele desceu para Noark para adquirir o Fragmento da Pedra dos Registros, me forçando a lutar contra ele.
Mesmo deixando de lado o fato de que estava nervoso com a possibilidade de ele me reconhecer, isso estava se aproximando do pior cenário possível. Esse cara era um conde, o que significava que minha estratégia de usar minha posição de barão para intimidar as pessoas estava fora de questão.
“Eu não esperava que eles enviassem um peixe tão grande para um lugar sem uma rota de escape óbvia ainda.”
Por mais que eu olhasse, isso não parecia com o modus operandi do palácio. Eu esperava que eles ficassem em segundo plano e fossem cautelosos, como de costume.
De qualquer forma, tentei rir da minha surpresa. — Haha, de qualquer forma, é ótimo encontrar alguém de casa em um lugar como este! A cidade está bem?
— A cidade? Naturalmente, a cidade está segura sob a proteção do palácio…
— Isso é bom! Bem, vamos partir agora, então — disse casualmente, já me afastando na direção oposta. — Aproveitem sua aventura! Fiquem seguros! O que vocês estão fazendo? Preparem-se para sair!
No entanto, ele de repente apareceu bem na minha frente, como se tivesse se teletransportado. Essa era a habilidade de movimento de terceiro nível, 【Portal de Luz】, que eu já tinha o visto usar antes. — Vossa Senhoria, para onde está indo?
— Ah… estou com um pouco de fome…
— Por favor, perdoe minha grosseria. Suas rações devem estar esgotadas. Mas não se preocupe mais — temos muitos suprimentos.
“Ah, então é assim que você planeja me prender a você?”
Eu abandonei o ato amigável e baixei o tom da voz. — Conde Saintred, saia do meu caminho — exigi, com uma frieza que demarcava claramente os limites.
Esse cara não parecia se importar com meu descontentamento óbvio, continuando sem perder o ritmo. — Isso não vai dar certo. Você foi o primeiro aventureiro a entrar neste andar, e um dos objetivos do nosso esquadrão é resgatá-lo, Vossa Senhoria.
— Você está agindo como se eu tivesse pedido um resgate.
— Você é um tesouro tão precioso para o nosso reino, Vossa Senhoria. Por favor, entenda o quanto seria devastador se o perdêssemos.
— E então? Qual é o seu plano? — perguntei diretamente. — Eu sou atualmente o líder de um clã, mas você vai me recrutar à força para o seu grupo de expedição? Sob que autoridade?
Apesar do toque de desprezo na minha voz, Saintred não pareceu nem um pouco incomodado. Em vez disso, ele sorriu. — Bem, para começar, não tenho autoridade para recrutar você à força para o exército. Existe uma lei que nos permite recrutar aventureiros em tempos de desastre, é claro, mas essa lei não se aplica aos nobres do nosso reino… como um barão, por exemplo. No entanto…
Ele tirou um pergaminho do bolso, como se já esperasse que eu argumentasse com ele desde o início. Eu sabia exatamente o que era assim que o vi.
— Este é um decreto real — disse ele.
Em outras palavras, se eu não seguisse o que estava escrito naquele pedaço de papel, seria marcado como traidor.
— Ouça isso, Bjorn Yandel, Barão de Rafdonia. — Ele abriu o pergaminho e leu seu conteúdo com solenidade e gravidade. — Estes são dias caóticos, onde traidores perversos agem sem limites. A luz do palácio sempre protegerá esta bela cidade e seus cidadãos sem falhar, mas falsos rumores desviaram alguns aventureiros para o lado da tentação, e seria uma grande perda para a nossa cidade justa que essas pessoas desaparecessem.
Como o palácio definia o padrão de etiqueta, o documento era bastante prolixo1.
— Como tal, eu, como monarca, concluí que essas circunstâncias não podem ser permitidas e, assim, enviei em meu lugar este grupo de expedição…
Mas, se eu tivesse que resumir tudo em uma frase, seria:
— O Barão Bjorn Yandel se juntará ao Primeiro Grupo de Expedição e atuará ‘sob’ o Comandante Jerome Saintred para mapear todo o território inexplorado e encontrar uma maneira de voltar para a cidade.
“Aha, uau. Estamos ferrados.”
- Prolixo é um adjetivo que significa muito longo, extenso ou demorado⤶