Capítulo 13: Intenção de Aço
Kenji se despede de Isha e aperta o passo para alcançar os lagartos que já estavam mais à frente.
— Kenji, não é? Quando você chegou aqui, você tinha o cheiro de outras pessoas, eu suponho que seja sua família, correto? Onde eles estão agora. — pergunta um dos lagartos.
— Ah sim, sobre isso… — Kenji lembra rapidamente de sua família e seu irmão, como ele poderia esquecer disso? — Eles estão em casa, lá em Embercliff.
— Não me diga que eles estão mortos. Hahahahah — o lagarto que mais parecia um jacaré ri e os outros presentes também o acompanham.
Kenji se calou, deixando o clima um pouco mais pesado, os lagartos percebem e logo param com a gargalhada ficando sérios também.
— É só brincadeira moleque, não precisa ficar tão sério!
O grupo de lagartos era composto por três membros. O primeiro era esguio e lembrava a aparência de um jacaré.
Sua pele era verde, e ele caminhava desarmado, trajando apenas uma calça simples, que dava a impressão de alguém ágil e despreocupado.
O segundo, era completamente cinza, com algumas listras brancas em seu corpo, sua figura mais robusta destacava-se pelo uso de algumas peças de armadura estrategicamente posicionadas, e ele empunhava uma espada com firmeza, exalando uma aura de prontidão e força.
Já o terceiro e último era o mais imponente. Sua pele de tom azul-acinzentado lembrava um dragão-de-komodo, e seu porte parrudo transmitia poder.
Ele vestia uma túnica simples acompanhada de uma calça que, ao movimento, revelava um cinto adornado com duas adagas, uma em cada lado, sugerindo que era alguém preparado tanto para o combate quanto para o improviso.
— Eu me chamo Ajak — disse o dragão-de-komodo. — O de armadura é o Drax, e o jacaré é o Craig.
Kenji acenou com a cabeça como forma de cumprimentar.
— Porque a gente tem que salvar um unicórnio pra começo de conversa? — questionou Craig.
— Parece que aquele unicórnio protege uma floresta mágica ou coisa assim, unicórnios são como espíritos protetores não é? Deve ser por isso. — respondeu Drax.
Aquele grupo de répteis exalava uma presença completamente distinta dos minotauros. Embora, à primeira vista, aparentassem a mesma tranquilidade — conversando entre si ou observando o ambiente com desinteresse — havia algo mais sombrio por trás.
Uma aura densa e cortante pairava ao redor deles, como uma lâmina prestes a ser desembainhada.
Era impossível ignorar: apesar da calma exterior, aqueles lagartos carregavam consigo uma energia assassina clara e inconfundível, como predadores que apenas aguardavam o momento certo para atacar.
— Para onde estamos indo exatamente? — perguntou Kenji.
— Estamos indo para uma cidade costeira, é um pouco distante, por isso saímos bem cedo. — respondeu Ajak. — A Isha e os outros representantes pretendem expandir nossas forças e conseguir aliados com o povo do mar algum dia.
— Cara, imagina pegar uma sereia! Hahaha — exclamou Craig.
— Sereias com certeza não fazem seu tipo, então sossega aí — disse Drax.
— Ah, cara, eu sei, mas não estraga meu sonho.
— Outra que não faz seu tipo é a Isha, você ainda não está maduro. — Drax ri.
Kenji esboçou um leve sorriso de canto, tentando esconder a satisfação que sentia ao ver aquela cena.
Craig, que até então mantinha uma expressão emburrada, soltou uma risada abafada logo em seguida. A tensão que pairava no ar se quebrou por um instante.
A conexão entre os dois era evidente — uma amizade sólida, construída em batalhas e convivência. Riam de tudo, como se o mundo ao redor fosse apenas um detalhe.
Kenji observava em silêncio, e por um breve momento, acreditou que talvez fosse possível se aproximar. Talvez, com o tempo, pudesse rir com eles da mesma forma.
— Qual seria o tipo da Isha? Eu gostaria muito de saber…
— Cara, deixa isso pra lá, vamos focar na missão — disse Ajak.
— Certeza que o tipo dela seria alguém como o Kenji, olhe pra ele! — completou Drax.
Kenji ficou sem jeito, e não entendeu o motivo de tanta comoção sobre o assunto.
O grupo continuou sua longa jornada até Mariviel, a cidade costeira.
Seguiram por vastos campos ondulantes, onde o vento soprava alto entre as gramíneas douradas, atravessaram densas florestas onde a luz mal tocava o solo, e escalaram os caminhos estreitos entre grandes montanhas, cujos picos nevados cortavam o céu.
Quando entraram numa imensa e densa floresta Ajak começou a diminuir o passo, Kenji logo suspeitou e ficou em estado de alerta.
— Estão sentindo isso? — pergunta Ajak.
— Eu só sinto minha fome aumentando, e acho que vocês também sentem — disse Drax.
Ajak estendeu sua língua bifurcada, capturando aromas e vibrações ao redor, atento a cada detalhe do ambiente.
Entre o trio, ele era sempre o mais vigilante, talvez por isso assumisse a posição de líder, caminhando à frente. Enquanto isso, os outros dois estavam mais relaxados, quase distraídos.
Drax, percebendo a postura alerta de Ajak, sacou sua espada e assumiu uma posição de defesa, seus músculos tensos como os de um predador à espera.
Já Craig, embora mantivesse seu jeito desleixado, seguiu o exemplo dos companheiros, colocando-se em estado de prontidão silenciosa.
O ar da floresta era úmido e calmo, quase traiçoeiramente sereno. O som do vento passando entre as folhas criava uma melodia suave, enquanto as árvores imponentes formavam um labirinto natural que dificultava a passagem de qualquer criatura.
A atmosfera parecia prender o grupo, como se a floresta os observasse.
No meio daquele silêncio, o estalo súbito de um galho quebrando cortou o ar como um aviso.
Todos os três pararam, seus sentidos em alerta máximo. Não demorou para que, das sombras, cinco figuras surgissem.
Vestidos completamente de preto, suas silhuetas se fundiam às sombras da floresta.
Tecidos escuros escondiam cada traço de suas formas, revelando apenas os olhos — frios, calculistas, fixos em seu alvo como predadores à espreita.
O silêncio em torno deles era denso, carregado de tensão. Cada um segurava uma adaga com firmeza, lâminas que refletiam a pouca luz com um brilho ameaçador.
Suas intenções eram claras como o aço: estavam ali para matar.
— Quem são os idiotas? — perguntou Drax.
— Saqueadores! Eles acham mesmo que vão conseguir roubar algo de nós. É melhor tomarem cuidado, eu tô morrendo de fome. — respondeu Craig com a língua de fora já babando.
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