Capítulo 17: O Sútil Pigmeu
Os dias foram passando, o grupo de répteis junto a Kenji continuaram sua jornada, e de vez em quando Ajak treinava Kenji.
Craig e Drax também se juntaram ao pequeno treino de Kenji, mas eles eram muito brutais até mesmo para treinar, então Kenji preferia não se envolver com os dois no quesito do treinamento.
Mesmo em pouco tempo, Kenji aprendeu bastante coisa, mas não sabia se já estava pronto para lutar até achar uma luta de verdade.
Depois de cinco dias viajando, finalmente o grupo chegará em Mariviel.
— Tem certeza que o unicórnio só será leiloado hoje? — questionou Kenji. — Levamos dias para viajar e chegar até aqui, talvez tenhamos chegado muito atrasado não?
— A Isha nos garantiu que chegaríamos a tempo, e não só ela, mas os gnomos também, então deve ter algum motivo. — disse Ajak. — Vamos nos misturar, precisamos encontrar algum gnomo para mais informações.
Mariviel era o oposto do que Kenji imaginava. Mariviel era uma bela cidade, o mar tinha água cristalina e os prédios tinham um padrão de cor branco, uma cidade muito bem estruturada pra quem fica próxima ao mar.
Muitas pessoas comuns passavam pelo grupo com olhares curiosos ou desconfortáveis, mas evitavam qualquer interação e seguiam seu caminho rapidamente.
A maioria dos cidadãos vestia roupas brancas, limpas e bem detalhadas, com tecidos leves e adornos sutis que refletiam a elegância local.
Em contraste gritante, os supostos piratas que circulavam pela cidade exibiam corpos cobertos de tatuagens, cicatrizes e vestiam-se de forma despojada — camisas abertas ou inexistentes, calças surradas e botas pesadas.
Eram figuras que exalavam um ar de perigo e liberdade, destoando do resto da população como manchas de tinta em uma tela clara.
— Kenji! Procure pela biblioteca que Isha tinha falado e qualquer coisa suspeita nos avise. — disse Ajak.
— Porque eu? — questionou Kenji.
— Você é humano, não vai atrair suspeitas. Nós estaremos no cais, boa sorte! — Ajak falou se retirando junto aos outros.
Kenji estava sozinho, ele não queria ter que se separar do grupo, era muito conveniente pra ele estar com outras pessoas mais fortes, mas ele decide seguir com sua missão à procura da biblioteca.
“Só espero que aqui não tenha mais de uma biblioteca, eu levaria horas procurando a certa.”
Enquanto isso com os répteis.
O grupo caminhava tranquilamente até o cais, ignorando os olhares humanos. Todos andavam em silêncio até que Drax quebra o momento.
— Vamos deixar o garoto sozinho mesmo? Tem certeza que essa foi uma boa opção?
— Ele é mais tranquilo do que nós, e por ser humano facilita muito para ele. Se ele se meter em confusão, vai saber fugir ou se defender mesmo com o pouco que aprendeu. — conclui Ajak. — Craig! Reconhecimento!
Já no cais, com o cheiro salgado do mar preenchendo o ar, Ajak observava a movimentação ao redor com atenção.
Ele deu um comando curto e firme para Craig verificar a área. Sem hesitar, Craig mergulhou na água com força, criando um grande impacto que levantou ondas e respingos.
O movimento repentino pegou Ajak e Drax de surpresa, encharcando ambos enquanto permaneciam em terra firme.
— Sempre tão sutil… — murmurou Ajak, passando a mão no rosto para afastar a água, enquanto Drax apenas bufava, balançando a cauda para tirar o excesso de água de suas escamas.
Um certo tempo se passou e Craig permanecia na água sem sinal de retorno, aquilo começou a preocupar Ajak o deixando impaciente, já Drax estava mais tranquilo, ele confiava na habilidade de Craig então não deu muita importância.
Enquanto ambos esperavam Craig e Kenji retornarem, uma pequena figura observava as criaturas de longe, ao observa-los com mais calma percebe que eram o grupo enviado de Banehaven.
A pequena criatura sai das sombras se revelando aos répteis.
— Ocês são o grupo enviado de Banehavin? — ele pergunta segurando uma picareta numa pose de ataque.
Ajak rapidamente se vira, porém não vê ninguém em sua frente ficando confuso.
— Aqui em baixo lagartinho!
Ajak e Drax olham para baixo ao mesmo tempo. Drax achou aquilo engraçado e tentou segurar a risada, já Ajak perceberá que era o gnomo que Isha tinha se referido.
— Sim, nós somos! E você deve ser um dos gnomos.
O pequeno gnomo acena com a cabeça como resposta saindo da posição de ataque. Ele olha de um lado para o outro como se procurasse algo e em seguida pergunta:
— Só tem vocês dois? Que raios de grupo é esse?
— Na verdade, estamos em quatro, o quarto integrante do grupo é um humano, ele está se misturando pra achar a biblioteca.
O gnomo cai na gargalhada.
— Ocês são burros? Não precisa procurar coisa nenhuma. Eu sabo o caminho! E desde quando Banehavin aceita humanos, deve ser coisa na Isha… Ela tá dando uns pegas nele?
Os répteis permaneceram em silêncio, trocando olhares rápidos e calculistas, como se pudessem se comunicar apenas com um gesto ou expressão.
Drax, que até então mantinha-se calado e sereno, abriu a boca para finalmente falar algo — mas antes que qualquer palavra pudesse escapar, um som alto interrompeu o momento.
Craig surgiu em um salto repentino, saindo da água com força, aterrissando com um baque firme sobre a terra molhada.
A água ainda escorria por sua pele escamosa, e um sorriso largo tomava seu rosto, como se estivesse se divertindo com o impacto da própria entrada.
— Óia só, chegou mais um! Vamos andar se não o príncipe vai morrer.
— Olha só um gnomo! — exclama Craig assim que põe seus olhos no tal.
— Craig, esse é o gnomo que vai nos mostrar a tal biblioteca. — diz Ajak num tom sério.
— Sem tempo prá isso, temos que correr se não o príncipe morre.
— Príncipe? O que esse doido tá falando? — indagou Drax confuso.
— Se o rapaz tem um caso com a princesa, logo ele é um príncipe não? — o pequeno gnomo se adianta e começa a andar na frente na esperança que os répteis fizessem o mesmo. — Tem um cara muito perigoso aqui, ele é forte, cheio de tatuagens. Ele organiza e compra tudo que tem nesses leilões, é um cara malvado, muito periculoso!
— E você sabe dizer onde esse tal cara perigoso está? — pergunta Ajak.
— Eu não ter certeza, mas ele deve chegar em breve, é melhor vocês se prepararem.
Drax e Craig caminham junto ao gnomo, permanecendo em silêncio, e por mais confuso que seja entender o que ele dizia, somente uma coisa pairava em suas mentes, eles se entreolham e ao mesmo tempo eles berram completamente surpresos.
— A ISHA É UMA PRINCESA!!?
Todas as pessoas da cidade que estavam no caminho param e olham para o grupo espantados. A falta de discrição era notória.
Ajak fica claramente sem jeito e põe a mão no rosto.
— Eu mereço viu!
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