Capítulo 18: Suspeita na Cidade do Mar
Os répteis caminhavam junto ao gnomo, que permaneceu em silêncio diante o questionamento deles.
Pelo seu tamanho, semelhante ao de uma criança humana, o gnomo passava quase despercebido em meio à multidão durante o trajeto.
Seus passos curtos e ágeis se misturavam facilmente ao movimento das pessoas. Em outras circunstâncias, ele certamente teria se escondido, evitando qualquer atenção indesejada — algo que fazia com naturalidade.
No entanto, dessa vez, ele parecia indiferente aos olhares ou à possibilidade de ser notado, caminhando com uma confiança silenciosa.
— Onde será que esse guri se meteu, hein? Cês não tem nenhuma noção? — perguntou o gnomo.
O grupo permaneceu em silêncio. Drax e Craig ainda estavam extasiado com a informação, e Ajak bem, ele não quis dizer uma palavra depois de tal constrangimento.
— Ocês parece não ligar, mas o cara malvado é de arrepiar sô. Ouvi dizer que ele tem artefatos e é muito brutal.
Craig que chegou confuso, mais ainda porque não tinha escutado a conversa desde o início se manifesta em resposta.
— E quais as chances deles se esbarrarem? É praticamente impossível não?
— Sempre tem uma possibilidade Craig, lembre-se disso. — disse Ajak.
Em algum lugar da cidade.
Kenji vagava confuso pela cidade, procurando pela biblioteca. As poucas informações que conseguiu reunir, seja ouvindo conversas escondido ou fazendo perguntas discretas, o conduziram até uma pequena cabana isolada próxima ao farol.
Embora soubesse que aquele lugar dificilmente seria a biblioteca que procurava, algo despertava sua curiosidade. Pensando que poderia ter algo relevante para sua missão, Kenji decidiu investigar, mesmo que com certa hesitação.
“Isso é bem suspeito, mas acho que já consigo lutar caso algo aconteça.”
Ele estava de certa forma um pouco confiante.
Chegando na cabana, Kenji abre a porta que faz um movimento bem lento, a madeira range, fazendo um som nada discreto. A cabana em seu interior era escura, tinha poucos móveis todos feitos de madeira.
“É só uma casa comum… por que eu vim até aqui mesmo?”
Apesar da estranheza, Kenji entra na casa e começa a procurar alguma coisa entre os móveis ou algo suspeito.
— Parece que não tem nada aqui, acho que foi uma perda de tempo. Já demorei demais aqui, é mais provável até que o Ajak o os outros já tenham achado a biblioteca.
No instante em que Kenji decide encerrar sua busca e cogita retornar para junto dos répteis, sons de passos se aproximando da cabana o fazem congelar.
Num reflexo rápido, ele se esconde entre os móveis empoeirados, buscando abrigo na penumbra do interior da casa.
A escuridão, densa e silenciosa, tornava-se sua aliada — e Kenji sabia disso. Controlando a respiração e os batimentos acelerados, ele se manteve imóvel, contando com as sombras para não ser descoberto.
A porta abre novamente de forma lenta, sinais claros de desgaste. Com isso dois homens tatuados entram na cabana, um deles se senta em uma das cadeiras e diz:
— Porque estamos aqui? A gente tinha que preparar tudo pro leilão.
— Pensei que poderíamos encontrar o forasteiro aqui. — disse o outro homem num tom sério. — Em todas as outras cidades combinamos de nos encontrar em algum lugar remoto, e aqui parecia o lugar perfeito para se encontrar com quem quer que seja que queira participar. Sempre na época do leilão a cidade recebe muitos visitantes, normalmente é sempre um riquinho com quem nós encontramos.
— Não tem ninguém aqui, vamos embora logo. O chefe não vai ficar nada contente com nossa demora. O carregamento dessa vez é muito grande, a gente tem que fazer o quanto antes, você sabe que ele não tolera atrasos.
— Ehh.. É melhor andarmos mesmo. O leilão de hoje já está lotado de qualquer forma.
Quando os dois homens finalmente se afastaram, Kenji soltou um suspiro de alívio e deixou seu esconderijo às pressas, ainda com o coração acelerado.
Após algum tempo vagando pela cidade e seguindo pistas dispersas, ele enfim reencontrou o grupo. Os répteis, embora naturalmente sisudos, pareciam aliviados com o retorno do garoto — seus semblantes rígidos suavizaram levemente.
O pequeno gnomo, com sua expressão desconfiada e olhar atento, se aproximou de Kenji. Ele o encarou de cima a baixo, franzindo o cenho como se analisasse até os pensamentos do jovem, e então disse em voz firme e irônica:
— Óia só, então ele é o rapaz? — pergunta o gnomo, mas em seguida ele continua. — Que bom que o príncipe tá vivo. Ocê teve sorte de não encontrar o cara tatuado, que bom que está vivo, seria uma pena para Isha!
Kenji fica confuso ao ouvir tais palavras, não sabia de onde aquilo sairá, mas olhando para baixo percebe a presença do gnomo. Ao ouvir a palavra “tatuado” rapidamente ele se recorda dos dois homens que estavam na cabana.
— Olha só, o príncipe voltou! — diz Drax fazendo uma reverência num tom sarcástico.
— Que pena que ele não morreu, eu com certeza faria um belo trabalho consolando a princesa Isha. — completa Craig rindo.
Todos olham pra Craig com uma expressão séria, apesar de saberem que era uma piada, aquele não foi o melhor momento.
— É só brincadeira gente, foi mal, foi mal.
Kenji ignora a brincadeira do jacaré e se volta para Ajak e o gnomo.
— Enquanto eu procurava a biblioteca, segui algumas dicas das pessoas que eu perguntava e fui até uma cabana estranha. Provavelmente uma armadilha, mas quando eu cheguei lá vi dois caras tatuados. Depois eles saíram e consegui achar vocês. — disse Kenji.
— E então, o que você ouviu? — pergunta Ajak num tom de curiosidade.
— Nada de mais… eles só falaram de um tal de chefe, e que costumam se encontrar com clientes em lugares remotos nas cidades.
— Óia só, o príncipe aqui também é um detetive! — o gnomo fala rindo de sua própria piada. — Antes de ocês chegarem, esses dois paspalhos se instalaram aqui. Eles devem trabalhar pra quela pessoa…
— De quem você está falando? — perguntou Ajak. — Já que estamos todos aqui, está na hora de por o plano em prática, diga o que você sabe gnomo!
— Ora, ora, sempre tem alguém que organiza os leilões. E eles não tem cara ninhuma de gente rica e mesquinha. Dá pra reconhecer de longi.
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