O gnomo encarou o grupo de forma séria e assustadora, sua pele acinzentada deixava a expressão do gnomo cada vez mais sombria.

    — Atrás de mim ocês! — disse o gnomo já em movimento.

    — Porque essa mudança? O que aconteceu? — indagou Drax.

    — O tempo tá passando e em breve o cara tatuado vai chegar.

    — Como você tem tanta certeza?

    — É tipo um arrepio na espinha. Não sei exprica.

    Esse tipo de gnomo desenvolveu uma habilidade natural, de pressentir quando alguém com intenções ruins se aproxima.

    Então esse “arrepio” era naturalmente seu modo de defesa para fugir de inimigos ou predadores.

    Ninguém entendeu o que aquilo significa, então durante o percurso todos ficaram em silêncio.

    O sol já estava se escondendo e a luz da lua começou a sobressair e iluminar aquela cidade escura, a luz refletida na água deixava o ambiente mais acolhedor.

    A beleza natural das coisas fazia Kenji ficar boquiaberto, mas aquela beleza em breve se tornaria algo sombrio e sangrento.

    — Não intendo como essas coisa funciona, mas o leilão vai começar em breve. E terá duas partes, o início vai ter artefatos e objetivos de valor, coisas roubadas, e depois vão passar para o que é mais importante na noite. O unicórnio!

    — E como você sabe disso? — perguntou Ajak.

    — Eu tenho olhos e ouvidos em vários luga. Hehe.

    Depois dessa caminhada o gnomo para finalmente chegando no destino deles.

    — Chegamos na biblioteca, agora o resto é com vocês.

    A biblioteca era grande e também muito bela, ela não estava precisamente no centro da cidade, mas provavelmente deveria ser a maior de todas as bibliotecas dali.

    O gnomo deixou o grupo em um beco ao lado da biblioteca, o beco fedia a comida podre e restos de animais mortos, algo muito estranho para Kenji pois aquilo estava ao lado de uma biblioteca muito importante da cidade.

    — Você vai embora? Não vai nos ajudar? — questionou Kenji.

    — Meu trabalho é só trazer ocês aqui. Se eu tivesse mais gente comigo, certeza que iríamos cacetar esse canalha, mas um gnomo sozinho não pode fazer muita coisa.

    O gnomo em questão na realidade tinha um pouco de medo de conflitos, pelo menos a maioria dos gnomos tem, por isso vivem em cavernas constantemente escondidos.

    O gnomo se retira e os répteis começam a analisar o local e a parede da biblioteca. Todos podiam ouvir um abrir e fechar de porta constante, aquilo indicava que a cada instante chegavam mais e mais pessoas para o leilão.

    — Parece que temos vários problemas para executar a missão com precisão. — disse Ajak. — Dois ou talvez mais capangas que trabalham para um cara que não temos nem ideia de como se parece, encontrar exatamente onde está o unicórnio no meio dessa bagunça, e todas essas pessoas no leilão…. Se eu soubesse disso, traria algo para nos disfarçarmos.

    — Existe algo assim? — perguntou Kenji.

    — Claro que existe, passaríamos despercebidos pelos capengas e uma hora dessa estaríamos infiltrados no leilão. — respondeu Craig.

    Ajak põe a cabeça para fora do beco, observando a movimentação das pessoas entrando na biblioteca, esperando o momento certo para agir.

    Quando o fluxo constante de pessoas diminuiu e a movimentação nas ruas começou a cessar, um dos capangas tatuados sai da biblioteca e se posiciona diante dela, imóvel como uma sentinela.

    Seus olhos percorriam a área com cautela, como se esperasse por alguém ou algo.

    O silêncio ao redor só tornava sua presença ainda mais incômoda, como uma sombra que sabia exatamente o que fazer quando o momento certo chegasse.

    — Kenji! — Ajak dá uma olhada no rapaz. Sua expressão já indicava o que tinha que ser feito. — Já sabe o que fazer, bem, você é um humano também.

    Kenji sai do beco e se aproxima do homem meio hesitante.

    — Sinto muito, mas a biblioteca está fechada! — exclamou o homem tatuado.

    — Tem certeza? Eu acabei de ver uma pessoa entrando aí agora mesmo.

    — São só os funcionários da biblioteca, não foi nada. Vai ter que esperar até amanhã pra pegar algum livro.

    — Quem disse que eu vim atrás de livros, eu quero ver o unicórnio! — disse Kenji encarando um homem com um olhar sério.

    — Hã?! O que você di…

    Antes que pudesse terminar de falar, Ajak o ataca furtivamente usando sua adaga para rasgar sua garganta. O sangue jorra e acaba sujando a roupa de Kenji que engole seco tentando não vomitar, ele ainda não tinha se acostumado a isso.

    Craig e Drax pegam o corpo do homem e jogam no beco ao lado da biblioteca, tentam esconder o cadáver entre o lixo e a sujeira, em seguida todos entraram na biblioteca.

    A biblioteca era imensa e cheia de estantes com livros, era quase como um labirinto, o silêncio daquele ambiente era assustador.

    Felizmente para o grupo, a biblioteca era bem organizada. Placas de madeira entalhada indicavam com clareza as seções principais, e um amplo corredor central guiava os visitantes por entre as prateleiras.

    Pequenas setas e símbolos rúnicos ajudavam a identificar os temas de cada área, tornando a navegação intuitiva mesmo para quem visitava o local pela primeira vez.

    — E agora para onde iremos? — perguntou Craig. — Será que nos separar agora é uma boa opção?

    — Não dessa vez! — disse Ajak. — Vamos ficar juntos, não sabemos o que vamos encontrar separados.

    — Parece que tem uma escada por aqui! — exclamou Drax.

    O grupo então começou a descer pelas escadas, que se revelaram muito mais profundas do que pareciam à primeira vista.

    Era uma enorme escadaria em espiral, esculpida na própria pedra, com degraus gastos pelo tempo e iluminados apenas por tochas mágicas embutidas nas paredes a intervalos regulares.

    A cada volta, o ar ficava mais frio e denso, e o som de seus passos ecoava pelo vazio, reforçando a sensação de que estavam se afastando cada vez mais da superfície e adentrando um antigo e desconhecido segredo enterrado nas profundezas da cidade.

    Já do lado de fora da biblioteca, um homem alto e musculoso se aproximou com passos firmes. Ele parou diante da entrada por alguns minutos, como se aguardasse por alguém ou algo.

    O silêncio, porém, foi a única resposta que recebeu. Sem demonstrar pressa, levou a mão à maçaneta e, com um leve ranger, abriu a porta da biblioteca, adentrando o lugar com olhos atentos e postura imponente.

    — Que curioso, porque será que tem sangue no meu carpete?

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