Passos de um lado para o outro mostrando inquietude e estresse, Kenji não conseguia se manter parado e não entendia o motivo do súbito desmaio de seu irmão.

    Todos estavam em um corredor hospitalar, se ouvia várias vozes e passos por todos os lados, pessoas correndo com frascos de poções e amuletos mágicos, era uma forma de tratar os doentes, além da forma convencional.

    — Como isso aconteceu? — perguntou Yuki.

    — Não tínhamos como saber, ele só estava com febre — disse Brook.

    Uma moça de cabelos ruivos e vestes brancas se aproximou da família, com um olhar apreensivo e cabisbaixo.

    — As poções e o amuleto de sorte não funcionaram. Estamos fazendo de tudo para a melhora do seu filho, chamamos até… um clérigo — disse a enfermeira, engolindo seco.

    Yuki se levanta nada contente com a fala da tal.

    — Qualquer clérigo, paladino, curandeiro ou mago, qualquer um deles vem diretamente da “grande cidade”. — ela contesta num tom de desdém, fazendo aspas com as mãos. — Como eles vão chegar a tempo de salvar o meu bebê?

    — S-senhora… peço que mantenha a calma neste momento. Estamos tentando de todas as formas, mas por favor, tente se tranquilizar. Em situações como essa, eles utilizam as runas de teleporte, facilitando a viagem de uma cidade à outra. — concluiu a enfermeira ruiva, retirando-se do local.

    — Não entendo como um simples amuleto de sorte pode ajudar o Shiro.

    — Amuletos de sorte aumentam o efeito de poções, magias ou encantamentos. E como o nome diz, não se resumem só a isso. Dizem que realmente trazem sorte. — respondeu Kenji. — Mas, mesmo assim, não mudou nada. Isso significa que… — Kenji balbuciou isso para si mesmo e permaneceu em silêncio.

    A grande cidade conhecida como Silverfen, é a cidade com maior concentração de guildas e aventureiros em comparação às outras.

    Como Embercliff é uma cidade menor, a taxa de aventureiros é pequena, não havendo muitos clérigos ou magos para ajudar em situações mágicas, a única proteção da cidade eram alguns guardas locais enviados de Silverfen que protegiam as vilas e cidades próximas.

    Uma hora depois, eles ouvem gritaria e muita comoção vindo do lado de fora, a família se levanta sem entender mas ficam curiosos e tentam ver o motivo de tanta balbúrdia.

    — Deve ser o tal clérigo — diz Brook.

    Com passos leves e quase imperceptíveis, um jovem de pele escura e orelhas pontudas entrou no recinto, fazendo com que todos ficassem extasiados com sua presença.

    Ele vestia uma roupa azul adornada com símbolos misteriosos no peito, uma calça marrom larga, e um cinto repleto de poções. Seus dedos estavam cobertos por várias joias, e seus olhos eram protegidos por óculos, que adicionam um toque de mistério à sua figura.

    Ele atravessava os corredores, entrando em vários quartos, e onde passava, as pessoas gritavam, comemoravam, elogiavam e agradeciam. Em cada canto, havia alguém expressando sua gratidão. Finalmente, ele parou diante de Kenji e sorriu.

    Ao entrar no quarto de Shiro, começou a lançar uma série de magias, recitando palavras de conjuração indecifráveis. Após várias tentativas, ele saiu do quarto com a mesma expressão serena com que entrou.

    — E então? — perguntou Brook.

    — Não fui de grande ajuda para o seu filho — respondeu ele, com um tom tranquilo. — A enfermidade do seu filho é algo que nem eu consigo curar. Trata-se de uma doença que até em Silverfen é enigmática. Ele está infectado com Kroniac, várias pessoas têm sido afetadas, mas até agora não conseguimos descobrir nada para ajudar. O vírus ataca o corpo do indivíduo e conforme a doença avança a pessoa demonstra fraqueza, ocasionando na morte… Isso é tudo o que sabemos.

    — O quê? Isso não faz sentido! Foi por isso que eu não queria ninguém de Silverfen aqui! Vocês só sabem cuidar dos seus e as cidades pobres que se danem, é isso? Vocês têm vários alquimistas e pessoas de poder ao seu lado, e não podem fazer nada? Meu filho querido… — Yuki desabafou, desesperada e aos prantos.

    Brook abraça sua esposa na tentativa de consola-la porém suas lágrimas eram mais intensas, seu choro conseguia ser ouvido por todo recinto.

    — E você se diz clérigo? Me faz um favor e saia daqui, sua presença não nos ajuda em nada.

    Kenji encarava Shiro distante, ele tentou assimilar toda aquela informação, contendo as lágrimas. Kenji se afasta e vai pra fora do hospital, não conseguia ver tudo aquilo, ele não queria encarar aquilo, era demais para ele, sua única solução foi “fugir” daquele ambiente e tentar pensar em algo que não tivesse tanto peso quanto a situação se seu irmão.

    O clérigo segue Kenji para o lado de fora, que se encontrava observando uma árvore próxima, se juntando a ele ambos ficam observando a árvore em silêncio.

    — Tem certeza que você não pode curá-lo? Você parece muito poderoso, garoto elfo. — Kenji diz um tom sarcástico quebrando.

    — Por favor me chame de Sven. E sim, eu não consigo curá-lo, foi exatamente como eu disse antes, até em Silverfen não conseguimos fazer nada, tudo que eu disse foi o que observamos de casos anteriores e mesmo com o estudo que temos não descobrimos nada até agora.

    — Você sempre se veste assim? Parece tão desleixado para um clérigo. — Kenji tenta uma provocação, parecia ser melhor isso do que a situação que se encontrava.

    — Eu estava descansando em meus aposentos quando recebi uma carta que dizia da situação da sua e das outras famílias aqui presentes, eu tentei ser o mais rápido possível. Você parece distante, distraído, tem certeza que se importa com seu irmão?

    Kenji fica em silêncio por um segundo e muda sua expressão completamente, ele cerrou os punhos e fita Sven com raiva o encarando de cima a baixo.

    Sven possuía olhos azuis como uma piscina cristalina, hipnotizantes, transmitiam uma serenidade profunda a quem os fitasse. Quando Kenji encontrou o olhar de Sven, uma sensação de tranquilidade o envolveu, forçando a se calar novamente.

    — Já que você se importa tanto deveria se juntar a nós em Silverfen, juntos podemos procurar uma cura para seu irmão e para várias pessoas que sofrem da mesma condição. E então, o que me diz? — Sven fala estendendo sua mão direita para um aperto de mãos formal.

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