Capítulo 3: Rumo ao Desconhecido
O sol alcançava seu ponto mais quente do dia, e as folhas das árvores próximas balançavam suavemente, como se estivessem dançando ao ritmo da ventania, uma coreografia forjada por anos de experiência.
Kenji observava atentamente as folhas, completamente alheio à proposta de Sven. Ao perceber isso, o jovem de orelhas pontudas abaixou a mão, sua expressão mostrava pela decepção.
— Shiro dizia que seria o maior campeão de todos. Era o sonho dele, e agora isso foi frustado, eu estou frustrado! Eu ouvi falar desse vírus de merda! Não consigo acreditar que não tenha nada que possa curá-lo.
— Nossa medicina e magia atual é falha contra algo que nem sabemos identificar, pode ser uma maldição antiga ou algo imposto pelos deuses de forma irreversível. — Sven disse com o mesmo tom calmo e sereno, também admirando as folhas das árvores.
— Eu sou um explorador, ainda não conheço tudo mas deve ter algo que possa curar meu irmão… Preciso achar uma cura… Quanto tempo ele tem?
— Creio que há alguns meses, normalmente Kroniac ataca o indivíduo de forma gradual. Então por enquanto, só por enquanto conseguirei retardar o avanço dela.
— Então eu preciso ser rápido, avise aos meus pais, tenho que partir o quanto antes. — Kenji terminou com brilho nos olhos, ele estava confiante de que daria certo.
Kenji corre para sua casa animado, pega sua mochila e seus itens de viagem, ele parecia despreocupado. Olhando para os lados ele vê a casa vazia e sente tristeza novamente, ele balança a cabeça de lado para o outro como se negasse algo mentalmente, logo esquecendo sua tristeza, ao virar se depara com Sven, Kenji toma um leve susto ao se deparar com o jovem de olhos azuis em sua frente e se pergunta como ele se moveu tão rápido.
— Deixe-me te ajudar, como você não tem direção nenhuma de onde ir, você deve se encontrar com a árvore de todas as respostas, pode ser útil para sua busca.
— Já ouvi falar, dizem ser um espírito preso em uma árvore, fadado a responder perguntas de viajantes confusos. Na verdade, existem muitas lendas sobre essa tal árvore, então pensei que fosse só mais uma lenda idiota. — Kenji diz colocando a mochila em suas costas se afastando de Sven, numa distância de um braço.
— Leve isso com você, irá te ajudar a chegar no seu destino mais rápido. — Sven estende a mão revelando uma pequena jóia de cor roxa, com alguns escritos runicos na mesma. — É meu orbe de captura, pegue-a.
— Orbe de captura? — Kenji pega a jóia e diz confuso, ele nunca tinha visto pedra tão bonita como aquela. — Parece uma runa de teleporte, como usa isso?
Sven ri.
— Quebre a jóia e veja você mesmo.
Uma joia pequena e tão bonita, poderia se quebrar tão facilmente? Quanto poderia valer? Essas questões pairavam na mente de Kenji. Ele não conseguia acreditar no pedido de Sven e, por um momento, hesitou.
Seus olhos fixaram-se no elfo, esperando uma resposta, mas Sven permanecia em silêncio, como se já esperasse a hesitação do rapaz. Foi preciso a força de um aperto de mãos para quebrar o orbe, que se desfez instantaneamente em vários pedaços, como cacos de vidro.
As runas na joia começaram a brilhar com uma luz azul intensa. Em seguida, o orbe se reconstitui, voltando ao seu estado original, como se nunca tivesse se partido. A luz foi diminuindo, até que uma grande criatura surgiu ao lado de Kenji.
Era uma criatura imponente, com pelagem branca que brilhava como uma pérola rara. Seu corpo robusto, musculoso e imponente, lembrava o de um leão.
Suas asas, vastas e poderosas, eram cobertas por penas brancas com sombras douradas nas extremidades. As patas dianteiras, de águia, eram extraordinariamente afiadas, com garras que pareciam feitas para rasgar o ar. O bico, negro como carvão, era curvado e afiado, complementando a ferocidade de seus olhos vermelhos escarlates, que brilhavam com uma intensidade hipnótica e ameaçadora.
A criatura emanava uma aura de majestade e perigo, como se fosse uma força da natureza, tanto bela quanto aterradora.
— Impressionante não é? É minha montaria e vai te levar até a árvore, ele conhece o caminho.
Kenji observa a criatura maravilhado, nunca tinha visto um grifo tão de perto.
— A esfera que você quebrou é capaz de capturar criaturas e seres mágicos. Usamos isso para transportar nossas montarias com mais segurança, além de prender espíritos ruins se estiverem causando uma desordem natural.
— Porquê tudo isso? Somos simples camponeses comparado a alguém como você.
— Além de me sentir tocado com vidas sendo perdidas, o governo quer manter sua mão de obra, eles não querem perder ninguém e pensam em maximizar o trabalho, não perdendo recursos investidos em populações pobres, então por mais que tenha uma leve preocupação por vidas é extremamente egoísta, aqueles mesquinhos de merda! — por um segundo Sven cerrou os punhos, finalmente ele mostrara algo além de sua extrema calmaria.
Kenji parou e pensou consigo mesmo “e esse imbecil vem pra cá justamente a mando do governo, fazendo esse ciclo continuar.”
Mesmo o grifo não tendo se mostrado em nenhum momento receptivo, ele monta na fera, com medo de cair, porém faz assim mesmo.
O grifo começa a bater suas asas criando uma enorme ventania envolta da casa, fazendo os troncos cortados por Brook voarem, cada um em uma direção e antes que Sven pudesse perder o orbe ele usa um feitiço que traz a jóia para sua mão.
— ESPERO QUE ELE NÃO ESTEJA COM FOME, SUA ALEGRIA SE TORNARIA EM TRISTEZA FACILMENTE! — por conta da ventania que anulava o som, Sven grita aquilo como se fosse uma piada que Kenji precisava ouvir, mas pelo mesmo motivo ao qual Sven gritou o vento impediu que o garoto escutasse a frase inteira.
Kenji olha confuso pro elfo tendo ouvido somente “fome e tristeza”, imaginou que seria algum enigma ou fala emblemática do mesmo, ele ainda tinha uma péssima impressão de Sven mesmo com toda aquela ajuda, achava que ele tentava se parecer como alguém culto e de fala rebuscada.
Após aquilo, o grifo bateu mais uma vez suas asas, tomando impulso e subindo rapidamente aos céus, onde ele gritou exaltando sua beleza e majestade sob os ares.
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