Capítulo 30: Um Vasto Mar
Os peixes e outros animais marinhos se assustam com as pisadas de Amayrom na areia.
Por conta de seu tamanho nenhuma criatura ousou atacá-los, ele era um gigante caminhando sobre vários habitats, que para meros humanos teriam sidos destroçados em instantes.
Eles passaram por vários lugares onde haviam embarcações naufragadas e ruínas antigas que abrigavam vários tipos de peixes e criaturas.
Muitas algas e rochas escondiam polvos e peixes menores, que assustados, não ousaram sair de suas “casas” devido ao grande caranguejo.
Um grupo de tartarugas em migração surge em meio aquela imagem de medo e destruição.
A mente de Kenji, mergulhada na escuridão de suas próprias memórias, é subitamente iluminada por um vislumbre sereno: a migração de tartarugas.
Aos poucos, seus pensamentos se tornam mais claros. Ele se vê maravilhado diante da cena, centenas de tartarugas deslizando graciosamente pelas águas profundas de um oceano vasto e silencioso
— Essa é uma bela vista não é? Vamos chegar mais perto. — disse Amayrom.
Amayrom nada entre as tartarugas que parecem não se importar. Kenji e Isha se entre olham e logo se voltam para as tartarugas, ficando em completo êxtase.
— Isso é demais Amay! Nunca pensei que o oceano fosse tão incrível! — exclamou Isha surpresa.
— Haha. Mas isso não é tudo. Porém não posso passar o dia mostrando essas coisas e fazer vocês esquecerem de seu propósito. Vocês vieram aqui para algo muito importante não é?
— Estamos indo ter uma conversa diplomática com este reino que nos espera. Inclusive, já estamos chegando?
“Diplomática é?” Pensou Amayrom.
— Estamos sim! Passaremos por esse recife de corais e finalmente chegaremos.
O grupo passa pelo recife de corais e logo veem algumas criaturas humanoides, seus corpos eram cobertos por corais e eles tinham olhares tímidos, mas estavam curiosos com a presença daquele ser.
— Acabei me esquecendo de explicar. Estamos entrando no reino dos corais… é meio óbvio agora. Procurem por Coralie ela é a princesa regente desse reino. Como eu disse antes, é um dos reinos mais pacífico, que costuma colaborar com outras espécies.
— Tudo parece muito bonito! — disse Isha.
— É por que vocês não viram lá dentro.
Eles vêem uma grande estrutura com forma similar a de uma concha, muito maior do que a concha de Amayrom.
Aquele era o castelo do reino, tão magnífico em sua grandeza quanto as maravilhas que já foram vistas pelo grupo.
O trio desce da concha de Amayrom. Fhastine nada impressionada fica de cara fechada observando o tal castelo.
— Isso sim que é casa hein. — disse Fhastine com desdém.
Antes de se despedirem, Amayrom entrega um presente para Isha. Era um simples colar de pérolas.
— Como vocês estão em uma missão diplomática, é preferível que tenham um presente para a princesa, como prova de boa fé. Tenho certeza que ela ficará muito contente!
— Verdade, acabamos nos esquecendo disso. Que prestativo! Irei entregar isso pra ela com certeza. Obrigada por tudo Amay! — Isha diz sorrindo.
Amayrom da novamente aquele seu largo sorriso, deixando Kenji e Fhastine desconfortáveis.
— Sem problemas, podem contar comigo pra o que precisar!
Amayrom se despede e deixa o trio em frente àquele grande castelo de concha por conta própria.
— Caranguejo idiota! Ele é muito estranho pro meu gosto. — diz Fhastine.
— Bem… ele pareceu um pouco forçado mas, pode ser o jeito dele não é?
Isha não obtém resposta.
— Vamos logo entrar e acabaremos com isso! — diz Kenji.
As criaturas antes escondidas começam a aparecer pouco a pouco e vão de encontro a eles.
Fhastine e Kenji ficam levemente incomodados com toques e os olhares daquelas criaturas, Isha como sempre sendo a mais receptiva a tal ato.
— Vamos entrar logo, isso é muito esquisito. — diz Fhastine com uma expressão de nojo.
Fhastine bate no grande portão, mas não obtém resposta. As criaturas que ali estavam vêem aquilo e entendendo o que a orc queriam, a ajudam abrindo a porta para ela.
— Até que eles são prestativos também!
Ela entra e o grupo segue a mesma.
— Então Isha, já sabe o que fazer? — perguntou Fhastine.
— Sim, é claro! Preciso conversar com Coralie para negociar sobre a entrada dela e seu povo em Banehaven. Vou entregar esse colar como prova de boa fé, e se tudo der certo, será um sucesso!
Kenji que estava logo atrás das garotas ouvia tudo aquilo, e pela primeira vez também se empolgou com o plano.
“Tomara que funcione. Não pensei que levaria tanto tempo fazendo isso.” Pensou Kenji.
Isha percebe Kenji atrás dela e diminui o passo para o acompanhar, deixando Fhastine andar na frente.
— Você continua bem sério, aconteceu alguma coisa?
— Nada de mais, só observando o quão grande é esse castelo concha. — ele ri.
O castelo era cheio de portas e outras salas, eles andavam por um grande corredor que levaria eles até a sala do trono, onde provavelmente encontrariam Coralie.
O grupo estranhou o fato de não ter guardas no castelo e mais ainda o fácil acesso a entrada, mas imaginaram ser coisa desse “reino pacífico” que Amayrom tanto falava.
— O que você achou desse colar? — pergunta Isha apresentando o colar para Kenji.
— É bonito até… — Kenji hesitou.
— Tenho uma leve impressão que você tem algum problema com esse colar, ou melhor com quem me deu o colar. Na verdade vocês dois tem.
Fhastine olha pra trás percebendo que Isha se referia a ela, mas não dá uma palavra e se volta a olhar para frente.
— Vocês estão com ciúmes? É isso? — Isha pergunta rindo.
Fhastine novamente se vira mas encara Kenji dessa vez, e Kenji faz o mesmo. Ambos olham para Isha, Fhastine se adianta e responde:
— É claro que não! Não tenho nada contra quem você se relaciona, só estou aqui mesmo como linha de frente.
— Eu também não tenho problema nenhum, e nem ciúmes. Ele só me é um pouco estranho. — diz Kenji olhando para a estrutura do castelo, não olhando Isha nos olhos.
— Não precisa ter ciúmes, vocês sempre vão ter um espaço no meu coração!
Kenji fica envergonhado e Fhastine resmunga algo indecifrável.
— Quem deixou vocês entrarem? — uma voz ecoa diante do castelo vazio, era uma voz feminina mas muito firme. — Eu me chamo Coralie, a princesa deste reino. Se apresentem forasteiros!
Coralie se apresenta saindo de uma das salas nas laterais.
Ela tinha pele escura e longos cabelos trançados de cor azul escura. Suas orelhas eram pontudas e em sua testa tinha protuberâncias como chifres em forma de coral.
Os braços e pernas, parcialmente revestidos por corais de tom vinho, pareciam esculpidos pelas próprias marés.
Vestia um traje curto que dava a impressão de ter sido tecido com águas-vivas, translúcido e em constante movimento, como se pulsasse com vida própria.
Seus olhos, de um verde intenso e luminoso, brilhavam como esmeraldas sob a luz do fundo do mar.
Ao verem a princesa se revelar em sua frente Isha e Fhastine se ajoelham como sinal de reverência e respeito. Kenji confuso acaba fazendo o mesmo, porém tem um atraso em sua reverência.
— Eu me chamo Isha, sou uma fada.
— Eu sou Fhastine, uma orc.
— Eu sou Kenji, um… humano.
— O que fazem aqui neste reino? E de novo, quem deixou vocês entrarem?
Fhastine se levanta e toma a frente.
— Seus próprios “súditos” do lado de fora deixaram. Que ótima gestão vocês tem aqui! — ela diz num tom sarcástico.
— Eu já falei que eles não podem deixar qualquer um entrar, vou ter que reforçar isso de novo. Guardas! Levem eles até a saída!
— ESPERA! — gritou Isha se levantando. — Viemos em paz. Queremos conversar com a princesa para negociação, entre o seu reino e o nosso, tenho certeza que será do seu agrado. Tome este presente como prova de boa fé. — Isha entrega o colar que Coralie recebe com certa desconfiança.
Os guardas, grandes criaturas similares a peixes, vestindo armaduras douradas com detalhes de corais se aproximam, indo de encontro ao grupo.
— Esperem, vamos ouvir o que eles têm a dizer. Me sigam! — exclamou Coralie.
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