O grupo permaneceu em silêncio durante o percurso, o cantarolar de Liam parecia mágico, eles já não estavam estressados devido ao calor e a sede.

    Kenji e Isha dormiam sossegados, estavam praticamente abraçados um no outro. Uma visão agradável, que constrangeria eles se acordados estivessem.

    Fhastine observava a paisagem tranquilamente, enquanto Liam empolgado continuava a cantarolar. Algo que começou a irritar a orc com o passar do tempo.

    — Você não cala a boca nunca?

    — Ah! Está acordada, pensei que estivesse dormindo como os dois aí a trás. — ele dá um sorriso de canto.

    — Com você cantando fica difícil. No começo foi bom, mas já está passando dos limites.

    — Vamos chegar em breve, não precisa se preocupar.

    — Já?! Em Banehaven?! — Fhastine diz surpresa.

    — Ehh…não. Estamos chegando na próxima parada, teremos que descansar em algum lugar não acha?

    — Ah… — Fhastine faz uma cara de decepção. — Tem isso ainda. Não sei porque me empolguei, ainda estamos muito longe de Banehaven.

    — Ter pressa não vai nos levar a lugar nenhum, é só ir tranquilo, nesse mesmo ritmo. Contemplando a paisagem, o vento, tudo em sua volta.  — ele fala fechando os olhos como se sentisse a natureza em seu corpo.

    “Porque tinha que ser logo esse cara? Esse papo zen aí de apreciar a natureza está me dando náuseas.”

    — Estamos com sorte! Acabo de ver uma estrutura logo à frente. Vamos nos aproximar!

    Com mais um comando simples, o cavalo começa a trotar numa velocidade consideravelmente rápida. Fazendo com que cheguem mais rápido ao seu destino.

    A estrutura vista por Liam era uma ruínas majestosas de um antigo templo localizado no meio do deserto.

    As colunas maciças, decoradas com entalhes e inscrições esculpidas, estão parcialmente tombadas e desgastadas pelo tempo.

    Pilastras destruídas e muros inacabados faziam parte daquela estrutura antiga e rudimentar.

    O cavalo para bruscamente ao se deparar com aquela ruína, era como um medo inconsciente que o atingiu com força.

    Uma pequena entrada para o subterrâneo era vista dali, como se sussurrasse algo para o cavalo, que ficou imóvel diante daquela visão.

    — Tem alguma coisa te assustando rapaz? Fique tranquilo, você já vai descansar.

    Liam pegou sua flauta e tocou uma música rápida e suave, pondo o cavalo para dormir, afinal ele também estava cansado por caminhar por um longo período.

    O cavalo foi relaxando até cair em seu sono. Fhastine olha aquilo de certa forma impressionada e pensou que ter aquele tipo de poder era uma habilidade e tanto.

    Liam desce e começa e se instalar em meio aos destroços e a areia fria.

    — Bem… como você conseguiu a carruagem? Não entendo como um sátiro teria uma ótima carruagem como essa.

    — Eu ajudei uns nobres com seus problemas do passado enterrados, nada de mais. Aí eles me recompensaram com essa belezinha. — Liam diz sorrindo.

    — Como assim enterrados? — Fhastine pergunta se sentando no chão de frente pra Liam.

    — Eles tinham uns traumas guardados em suas mentes, estava tirando o sono deles. Chamaram todo tipo de mago ou feiticeiro para ajudar a tirar essa carga de suas cabeças. — Liam ri. — Eu não fui o único lá, mas fui o único que foi capaz de ajudá-los. Foi um pouco complicado mas acabei conseguindo, e com sua eterna gratidão, ganhei a carruagem.

    — Essa sim é uma história e tanto. — ela foi sarcástica. — Quando será que eles vão acordar? — Fhastine se refere a Kenji e Isha.

    — Coloquei um encanto neles para só acordarem quando o sol nascer. E se me permite farei o mesmo com você se estiver de acordo.

    — Quando você fez isso? — ela perguntou em choque.

    — A música que eu cantarolei o dia todo. Um encanto em forma de música, muito simples e sofisticado. Me surpreendi por não ter funcionado em você, mas aí eu teria que usar um feitiço mais forte. De qualquer forma eu ainda estou aprendendo.

    — O que você ia fazer com os ossos? Algum tipo de ritual estranho?

    — Ossos dessas grandes criaturas tem um ótimo valor, o suficiente para me manter vivo. E eu gostaria de tentar me conectar com as criaturas mortas através de seus ossos, seria algo mais difícil, mas acho que vou me manter só a pessoas vivas.

    — Credo! Isso é muito estranho. Quer saber… — ela se levanta. — Vou dar uma olhada naquela entrada ali, parece ser mais interessante.

    Fhastine se afasta e vai em direção àquela pequena entrada misteriosa.

    — Se eu fosse você não entraria aí! — diz Liam num tom mais alto.

    — E porque eu não entraria? — ela para diante da entrada e o questiona.

    — Não ouviu os sussurros de antes, é bom deixar quem está quieto em paz.

    Liam fecha os olhos e faz uma posição para meditação.

    — Humpf! Isso é besteira. Eu não tenho medo dessas coisas.

    Fhastine não dá importância ao que Liam diz e segue adentrando no subterrâneo. A entrada não era grande o suficiente para sua passagem, o que deixou ela um pouco espremida, mas conseguiu se adaptar e continuar a passagem.

    “Tem um longo caminho só de escadas aqui. O que será que esconde lá embaixo? Será que tem alguma arma lendária?”

    Por ser uma ferreira experiente, ela tinha um leve fascínio por armas de todos os tipos, então por mais desconhecido que aquela ruína fosse, aquilo lhe despertava curiosidade.

    “Caramba aqui é escuro.”

    Por ser uma orc, sua visão era melhor no escuro do que de qualquer humano, mas mesmo assim ainda era um pouco complicado enxergar naquele breu.

    Por sorte ou alguma interferência externa, várias tochas penduradas nas paredes começam a ascender em sequência numa velocidade assustadora.

    “Isso também é uma magia bem útil.”

    Ela começa a ouvir passos vindo por detrás dela se aproximando de forma lenta mas constante. Ao se virar, vê Liam a seguindo.

    “Merda!”

    — O que faz aqui? Pensei que ficaria lá em cima meditando.

    Ela novamente se vira e continua a descer as escadas.

    — Eu ia, mas lá tem uma vibe muito esquisita quando se está sozinho. Então preferi vir com você. Aqui em baixo é muito louco, da pra ouvir os sons dos sussurros com mais intensidade.

    — Eu não escuto nenhum sussurro. E eu acho que tem duas pessoas dormindo lá em cima, você deveria voltar e ficar lá.

    — Não se preocupe, ninguém vai atacá-los. Com aquele sono profundo, não vão perturbar ninguém.

    — Espero que você também não me perturbe. — resmungou a orc.

    Depois de finalmente descerem aquelas escadas eles chegam em um grande salão, com pilastras sustentando o local, ossos e escritos nas paredes.

    Fhastine e Liam começam a observar o local atentamente, Liam principalmente, ele tocava nas paredes e nos desenhos com grande fascínio.

    De repente ambos escutam um grunhido vindo por detrás deles. Os passos eram lentos, mas podiam ser ouvidos à distância pelo silêncio que fizeram ao escutarem o barulho.

    Eles congelaram por um momento, Liam engoliu seco e ficou paralisado.

    — Quem sussurrava o tempo todo está bem atrás de nós.

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