Fhastine confusa se vira, se deparando com uma múmia, que observava eles em silêncio.

    A múmia, tinha uma aparência ameaçadora, envolta por faixas envelhecidas e desgastadas. A pele visível sob as bandagens é de um tom esverdeado escuro, sugerindo um corpo ressecado e preservado pela morte há muito tempo.

    Os dedos são longos e terminam em garras, com uma postura arqueada e predatória.

    As faixas estão rasgadas em vários pontos, dando à figura uma aparência ainda mais fantasmagórica.

    — É só uma múmia, elas são lerdas então não tem problema! — Fhastine diz cruzando os braços relaxadamente.

    Liam se vira e toma um pequeno susto ao ver aquela criatura cadavérica o observando.

    — Então era isso que estava sussurrando. Isso explica muita coisa, talvez a gente esteja invadindo o território dele.

    — Como assim sussurrando? Você falou disso o tempo todo, e eu ainda não entendi.

    — Ah sim! Como eu tenho uma capacidade de me conectar a mentes e outras coisas, deu para ouvir atentamente ele sussurrando na minha cabeça.

    — E como o cavalo sentiu medo sem nem chegar perto? Como você explica isso?

    — Animais são mais sensíveis a isso, é um pouco complicado de explicar.

    — Já que você fala com eles, manda ele voltar a dormir. Essa visão é completamente bizarra.

    — Tenho certeza que seria uma ótima viagem mental e psíquica. Mas não é bem assim que funciona. Esse não é um tipo de habilidade fácil pra mim.

    Liam parecia encantado com a múmia e agora nada apreensivo.

    — É realmente fascinante!

    — Então vamos por ele pra dormir da moda antiga! — Fhastine sorri fechando os punhos.

    A múmia abre a boca expelindo areia da mesma, a quantidade era considerável, foi o suficiente para formar um pequeno monte de areia no chão.

    Depois de regurgitar a areia, a múmia grita. O grito afeta a audição de ambos naquele espaço, por terem uma audição mais aguçada que dos humanos, a primeira reação deles foi por as mãos nas orelhas, para abafar o som.

    Ao soltar um grito estridente e aterrador, a criatura despertou o desespero adormecido no solo. Uma a uma, outras múmias começaram a emergir da terra seca, como se respondessem a um chamado.

    Elas surgiam em sua forma cadavérica — pele esverdeada, ressequida, e unhas alongadas como garras prontas para dilacerar.

    Então, por um feitiço sombrio, faixas começaram a se enroscar magicamente em seus corpos, envolvendo a carne morta em um ritual silencioso de reconstituição profana.

    As bandagens se ajustavam como se tivessem vontade própria, cobrindo os restos decadentes daquelas criaturas.

    — Agora sim estamos conversando!

    Fhastine avançou até a primeira múmia com uma velocidade impressionante, uma pequena quantidade de poeira e areia voam do lugar de onde ela saiu por conta da pressão de seu avanço.

    Com a mão direita ela prepara e desfere um golpe certeiro na múmia, que voa para longe com a força do impacto batendo contra a parede.

    — Isso vai ser muito bom!

    As múmias restantes que tinham sido recém invocadas correm na direção da orc para atacá-la. Fhastine sorri, aquilo seria a coisa mais divertida da viagem para ela até agora.

    As múmias começam a se agrupar atacando Fhastine usando garras e dentes.

    Elas não eram tão fortes, então seus golpes não foram eficazes, mas ao acertar a pele da mesma ela percebia que mesmo não sendo fortes, eram incômodos.

    “Não posso deixar que me acertem, talvez tenha algum tipo de maldição. Tenho que ficar esperta.”

    Fhastine se agacha em um movimento ágil, concentrando força nas pernas. Num impulso explosivo, ergue-se e desfere um poderoso soco de direita direto no queixo de uma das múmias.

    O impacto é brutal — a criatura é arremessada para longe, e o choque é tão intenso que as múmias ao redor também são lançadas para trás.

    “Vou acabar com isso rápido!”

    Com uma sequência veloz e impressionante, Fhastine avança como um raio entre as múmias remanescentes.

    Cada movimento é preciso — socos de esquerda e direita acertam com força devastadora, derrubando um a um os inimigos que ainda se mantinham de pé.

    Terminando de atacar todas as múmias ela para e finaliza com um largo sorriso.

    — Hahaha, foi mais fácil do que pensei!

    — Acho que você ainda não exterminou elas. — Liam diz apontando para as múmias, que se levantavam lentamente.

    — O que?! — Fhastine começa a olhar o chão e as paredes e vê as múmias retornando como se nada tivesse acontecido. — Merda!

    As múmias se reerguiam lentamente voltando ao seu estado de antes. Quando completamentes de pé começaram a correr na direção da orc novamente.

    — Talvez se eu mirar na cabeça, com um pouco mais de força… as múmias sumam de vez.

    Fhastine assume sua postura de combate, o olhar fixo e inabalável. No instante em que a primeira múmia se aproxima, ela avança com precisão.

    Com ambas as mãos abertas, desce um golpe brutal sobre a cabeça da criatura. O impacto é tão esmagador que o crânio da múmia se desfaz em pedaços secos e poeira, desmoronando instantaneamente sob a força avassaladora do ataque.

    “Então é assim que elas morrem.”

    Fhastine começa a sorrir de empolgação e consequentemente começa a caminhar em direção às múmias com uma expressão mais tranquila. Já sabia o que tinha que fazer.

    — Podem vir!

    As múmias berram como um chamado coletivo para atacar, elas correm na direção da orc com grande fúria. Fhastine também corre de encontro às múmias.

    Uma das múmias salta em direção a Fhastine, os dentes à mostra numa tentativa desesperada de mordê-la. Mas com reflexos afiados, ela gira o corpo e desvia com facilidade, fazendo a criatura cair com força no chão ressecado.

    A múmia se contorce, tentando se erguer, mas é interrompida por um golpe firme — Fhastine pressiona seu pé contra as costas da criatura, imobilizando-a.

    Sem hesitar, ela ergue o pé direito e o crava com brutalidade sobre a cabeça da múmia, que se desfaz em fragmentos de ossos secos e faixas puídas.

    As demais múmias, impassíveis, continuam avançando em sua direção, famintas e determinadas.

    Fhastine continua atacando as múmias que sobraram sem muitos problemas. Liam ficou em todo momento parado apenas observando a luta, não quis ajudar, pensou que só atrapalharia, então ali ficou parado.

    Com um tempo, a luta com as múmias parou e Fhastine ria com sua vitória. Todas as múmias se tornaram pó novamente e nenhuma ousou ressurgir.

    — Pensei que seria mais difícil! — diz Fhastine. — Já estiquei bem os músculos, agora vou descansar. — Fhastine se dirige as escadas.

    — É isso? Você derrota as múmias e sai? — perguntou Liam.

    — O que você quer que eu faça? Elas já estão mortas, não tem mais o que fazer aqui.

    — Você está enganada! Tenho certeza que esse subterrâneo esconde muito mais do que imagina! — exclamou Liam. — Você só está com preguiça! — ele murmura baixinho.

    — Cuidado com a língua sátiro! Não vê que estou cansada, essa luta foi bem intensa.

    Liam fica em silêncio e por força maior segue a orc. Assim ambos sobem as escadas e retornam para onde o grupo estava junto a carruagem.

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