Capítulo 39: É Apenas o Começo
Pela falta de ingredientes Liam prepara uma simples salada com todas as frutas misturadas, o que não agradou Fhastine a primeiro momento.
— Precisamos chegar em Banehaven rápido, esse tipo de comida não me enche nem um pouco. — ela faz uma pequena expressão de nojo, mas é forçada a comer.
— Não é algo tão consistente para orcs, mas não posso fazer muito. Porque você não abateu algum cervo por aí? — perguntou Liam.
Aquela pergunta fez todos ficarem surpresos, não esperavam ouvir aquilo dele então o trio fica em silêncio.
— O que foi gente? Até eu tenho consciência disso. — ele respirou fundo e continuou. — Hoje comeremos algo mais saudável, até que dá para nós mantermos bem até chegarmos lá.
Antes de comer Liam junta as mãos como se agradecesse. O trio ainda em silêncio respeita aquele momento até ele terminar.
— Já podem comer!
Ao ouvirem aquilo com certa ânsia eles atacam a comida, mesmo sendo apenas frutas elas estavam incrivelmente deliciosas.
Depois de comerem e descansarem o grupo mais uma vez sobe na carruagem e continuam sua viagem até Banehaven. Mais uma vez eles conseguiram interagir e gargalhar por onde passavam.
Até o momento eles estavam tendo uma ótima relação, apesar de pouco tempo que se conheciam.
Volta e meia Kenji se lembrava de sua família, vendo a forma que interagia com eles era similar a quando estava em casa em família.
Os pensamentos sobre seu irmão e os seus pesadelos voltam por uns instantes, mas Isha tinha o dom natural de tirar ele de seus monólogos internos.
E Liam com sua cantoria durante a viagem também ajudaram, deixando ele mais tranquilo. Assim ele conseguia ir aos poucos esquecendo, e não lidando com o que realmente deveria.
— Eu acho que já estamos chegando em algum lugar! — disse Liam. — Parece uma vila não muito distante daqui.
Todos ficam em alerta ao ouvir Liam falar, começando a olhar ao redor.
“Eu acho que reconheço esse lugar. É aquele mesmo campo antes de Banehaven. Já estamos chegando finalmente.” Pensou Kenji.
— Olha só! Já estamos em Banehaven! — bradou Isha empolgada.
— Então vamos acelerar o passo! AVANTE! — gritou Liam.
O cavalo relincha e em resposta dispara. A carruagem balança violentamente em alguns trechos, fazendo com que o trio se segure firme, apoiando-se uns nos outros para manter o equilíbrio enquanto seguem em alta velocidade.
Liam ri.
Aquele vasto campo intocado pela mão humana continuava intacto.
O verde vívido da grama, as flores e árvores espalhadas na paisagem. Os cervos e pequenas criaturas que se alimentavam da grama passavam de forma tranquila, até abruptamente ouvirem a carruagem.
A velocidade em que o cavalo corria, assustou as criaturas menores e alguns cervos que estavam no caminho do cavalo.
O cavalo começa a desacelerar à medida que se aproxima da entrada da vila.
A entrada de Banehaven estava vazia, sem nenhum guarda ou alguém para proteger como de costume.
Isha ligou um alerta ao ver aquilo e rapidamente abriu a porta e saiu voando até a vila por conta própria.
— O que houve? — perguntou Liam.
— Ela deve estar preocupada com alguma coisa, ela é assim quando se trata da vila. — respondeu Fhastine.
A carruagem para e eles descem adentrando na vila.
Liam deixa seu cavalo para trás e segue o grupo.
“Aqui é maior do que eu imaginava.” Pensou Liam.
No meio da vila um pequeno tumulto era formado, criaturas de várias espécies formam um círculo em volta de algo no centro.
Enquanto outras, de longe observavam apreensivos e temerosos.
— O que aconteceu aqui? — perguntou Isha voando por cima do círculo.
Um dos minotauros vê Isha voando por cima deles e faz um sinal para Isha descer.
— Nós fomos atacados! — respondeu o minotauro.
— Como assim atacados?! — perguntou Isha com apreensão e desespero.
— Fomos atacados por isso! — o minotauro diz apontando para a criatura no chão.
A criatura já estava morta, todos em volta faziam alarde por conta da cena ali presente.
A criatura tinha aparência reptiliana. O ser possui pele esverdeada com manchas e faixas laranjas vibrantes ao longo do dorso e da cabeça.
Sua estrutura é musculosa e ágil, com membros poderosos, garras afiadas e uma longa cauda adaptada para natação.
A cabeça é ameaçadora, presas pontiagudas e barbatanas espinhosas que se erguem da nuca, reforçando seu aspecto predador e anfíbio.
Kenji e Fhastine chegam bem na hora, observando aterrorizados a criatura morta em sua frente.
— Alguém se feriu? — pergunta Isha olhando em volta.
— Temos alguns feridos, mas já estão sendo tratados. Nada muito grave! — respondeu o minotauro.
Kenji observa aquilo com surpresa e leve desconforto. Fhastine não se surpreende e fita aquilo como algo não importante.
— O que poderia ter causado isso? — perguntou Kenji.
Ao escutar aquela pergunta lembra de Coralie e sua experiência explorando aquele reino.
— Pegue esse corpo e venha comigo! — disse Isha ao minotauro que com ela falava.
Isha segue de volta para a carruagem, onde havia deixado a concha de comunicação. Ela pega o item, e voa rapidamente para sua casa.
Todos ali ficam confusos com a atitude da mesma se entreolhando e cochichando.
— Se afastem pessoal, não tem mais nada para ver aqui! — exclamou o minotauro.
A medida que Isha e o minotauro se afastam, as pessoas começam a sumir. Pouco a pouco aquela comoção termina e os que estavam feridos entram em suas casas fechando a porta abruptamente.
— Aqui é um ótimo lugar pra viver! — exclamou Liam se aproximando de Kenji e Fhastine.
— Ótimo! Agora você vai querer morar aqui também? Cansei disso, eu vou pra casa. — diz Fhastine.
Fhastine também começa a se afastar em rumo a sua casa, deixando os dois ali parados.
Por não ter muito para onde ir Kenji vai em direção a casa de Isha, vendo aquele rastro de sangue deixado pela criatura morta.
O sangue não era vermelho, tinha uma cor de roxo mais escuro. Uma visão que ainda deixava o garoto enjoado.
Já em casa, Isha segura a concha com apreensão e tenta usá-la de alguma forma. Imaginando ter a funcionalidade de uma concha comum, ela coloca no ouvido e um pequeno chiado pode-se ouvir de lá.
O minotauro põe o cadáver no chão e fica à espera de mais alguma ordem.
Grande parte das espécies de Banehaven obedeciam e respeitavam Isha, sua reputação naquele simples lugar era louvável.
A mágica da concha funciona ligando a duas conchas para formar a comunicação.
— Coralie?!
— Isha?! — a voz de Coralie sai da concha. — Você me contactou bem… rápido.
— Eu quero uma explicação! Enquanto estávamos fora Banehaven foi atacada, isso tem uma influência sua? — ela perguntou séria, deu pra perceber no tom de voz.
Coralie ficou em silêncio por um momento.
— Porque eu faria isso?
— É isso que estou tentando saber!
— Somos um reino em pedaços, e um trato foi feito quando vocês vieram aqui, não tem porque eu ter feito algo assim. Você está tirando uma conclusão bastante precipitada!
Isha parou olhou para a criatura morta, viu Kenji e Liam chegarem e voltou a sua conversa com Coralie mais calma.
— Tenho razão! Me perdoe.
— Você pode me dizer com o que se pacere o inimigo?
— Bem… ele parece um réptil, mas tem um rosto como de um peixe, cheio de dentes e barbatanas no corpo.
— Aproveite que estamos aqui e faça aquele desenho que tinha falado, você vai usar o corpo dele para enviar pra cá, assim poderemos dizer com certeza o que é.
Isha deixa a concha um pouco de lado, passa o dedo no sangue deixado pela criatura e com aquilo faz aquele símbolo dito por Coralie.
Pegando novamente o concha ela fala com a princesa novamente.
— Tudo pronto!
Coralie se cala e o símbolo no chão emana uma energia forte, o portal aparece conectando aquele cômodo de uma simples casa, com uma sala do palácio submarino.
O minotauro chuta aquele corpo até o portal que é transportado rapidamente para o outro lado. O portal se fecha e Coralie fala na concha com Isha.
— Espere um tempo até analisarmos tudo e depois daremos a resposta!
Tudo fica silencioso e a conexão da concha é desfeita.
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