Kenji ainda estava dentro de casa, deitado pensando no que faria a seguir.

    Enquanto todos estavam treinando e se preparando para a batalha, ele não sabia se devia, não sabia se podia e não sabia se era digno ou merecedor de ajudar.

    Ele estava estagnado em seus próprios pensamentos e nos acontecimentos recentes, as falas de Liam, tudo que ouviu e descobriu sobre Isha.

    — Sentimentos? O que ela quis dizer com aquilo? Não pode ser o que eu tô pensando…. Ou pode? Eu continuo não tendo nada de útil em minha mochila para ajudar nessa guerra, eu nunca estive em uma guerra mesmo. É melhor eu ficar de fora.

    Todos os pensamentos de Kenji refletiam a forma como ele lidava com as coisas, e um dos porquês ele não soube lidar com seus problemas familiares.

    Enquanto ele arranjava desculpas para não lidar com Isha e com a guerra, o clima começa a mudar.

    Nuvens escuras e carregadas surgem, tirando aquela paisagem viva e alegre, deixando o ambiente um pouco mais sombrio e melancólico.

    — Um temporal está vindo, é melhor nos prepararmos! — exclamou Isha para o grupo de minotauros próximo. — Se a guerra começar, será que estaremos prontos? Me atualizem!

    Um dos minotauros responde.

    — Nosso grupo e os centauros estão sempre preparados, mas existe aqueles que estão esperando suas armas ficarem prontas com a Fhastine.

    “A Fhastine está trabalhando como nunca, melhor não atrapalhar ela enquanto trabalha.” Pensou Isha.

    — Eu não acho que esse temporal seja uma simples chuva. — disse o minotauro olhando para o céu confuso.

    — O que quer dizer?

    — Não sei, uma sensação estranha. Vou avisar aos outros para ficarem alertas. — o minotauro diz saindo apressado.

    “Por terem mais experiência em batalha, talvez ele tenha um pressentimento. Se a guerra começar agora, será que estamos mesmo preparados?”

    Isha continuava preocupada, aquilo invadia sua mente de uma forma que nunca imaginou. Evidentemente ela nunca atuou em uma guerra, muito menos liderou.

    As nuvens começaram a se acumular lentamente no horizonte, escuras e pesadas como cortinas de veludo cobrindo o céu.

    O vento, antes brando e morno, ganhou força, soprando com rajadas inquietas que agitavam as copas das árvores e levantavam redemoinhos de poeira pelo caminho.

    O ar parecia carregar uma eletricidade invisível, uma tensão que arrepiava a pele e silenciava os sons da floresta.

    Em poucos minutos, os primeiros trovões ecoaram ao longe, como rugidos de uma criatura colossal despertando.

    Relâmpagos rasgavam o céu em ziguezagues ofuscantes, revelando por breves instantes a vastidão cinzenta das nuvens. O cheiro de terra molhada se espalhou no ar uma promessa inevitável.

    Então, as primeiras gotas caíram, grossas e espaçadas, estalando no chão como prenúncios.

    Logo vieram os aguaceiros, um verdadeiro dilúvio que desabava dos céus com fúria, tamborilando nas folhas, nas rochas e nos telhados com um som ensurdecedor.

    A tempestade havia chegado, selvagem e implacável, lavando a terra e pintando o mundo com sombras e clarões.

    Os sons de trovões e relâmpagos assustam os moradores desavisados que tremiam e se escondiam devido ao forte barulho da tempestade.

    Kenji que estava deitado de assusta ao ouvir os trovões, ele se levanta e corre até a janela para olhar lá fora.

    — E essa chuva agora, que chato hein. Espero que Isha volte logo, a guerra não vai acontecer agora.

    Kenji se vira e retorna para o sofá com uma expressão desânimo.

    Um pouco distante dali, fora de Banehaven, um grande grupo de criaturas se aproximavam, cada um com aparência similar a de peixes e anfíbios.

    Algumas pequenas torres de observação foram erguidas na vila, com objetivo de observar qualquer aproximação suspeita dos inimigos. Coisa que os elfos com sua ótima visão ficaram encarregados.

    — O que é aquilo? — disse o elfo.

    Ele tinha cabelos escuros e usava alguns brincos com detalhes em verde.

    — Parece que os inimigos estão se movimentando, tenho que avisar aos outros!

    O elfo rapidamente desce da torre com bastante aflição, encontra o primeiro minotauro próximo que vê e vai até o mesmo.

    — Escute! Eu vi os inimigos vindo ao norte daqui, avise aos outros. Eles já estão chegando!

    O minotauro acena com a cabeça e corre para avisar aos outros.

    Como não era surpresa para ninguém que estavam prestes a entrar numa guerra, ele não foi nem um pouco sútil, começou a gritar e berrar para vila inteira, como um aviso desesperado.

    — OS INIMIGOS ESTÃO SE APROXIMANDO! A GUERRA ESTÁ PRESTE A ACONTECER, SE PREPAREM!

    Por onde ele passava gritava aquilo com grande furor, as pessoas ficaram em alerta, todos que estavam dispostos para lutar pegaram suas armas e partiram para a entrada norte.

    A notícia se espalhou rápido, Kenji ouviu toda a gritaria e comoção que começará a respeito dessa guerra.

    Isha voa desesperadamente para casa, um pouco preocupada com Kenji, mas seu objetivo era outro, ela tinha que se comunicar com Coralie e chamá-los para ajudar.

    — Kenji! — ela abre a porta abruptamente. — A guerra vai começar, os elfos já identificaram os inimigos! — ele segue em direção da concha agora andando, com passos firmes.

    Kenji engole seco.

    Isha pega a concha e faz contato com Coralie que rapidamente a atende.

    — Isha?! O que houve? — perguntou Coralie ansiosa.

    — A guerra está preste a começar, os inimigos já estão vindo, precisamos do seu apoio!

    — Merda! Não pensei que fossem tão rápidos, tudo bem, já estávamos preparados para isso. Vou convocar os soldados e já estaremos aí pelo portal.

    A conexão se desfaz e Isha dá um suspiro.

    — Eles vão vir para nos ajudar, até agora tudo está ocorrendo como o esperado.

    “Não acredito que está realmente acontecendo. Lidar com uma guerra não é nada fácil… talvez eu não precise lidar com nada disso.”

    — Então Kenji, como você está com tudo isso? Em relação a guerra, é claro. — perguntou Isha.

    — Bem… é uma experiência completamente diferente pra mim também, nunca pensei que fosse presenciar uma guerra tão de perto, e logo aqui, que parecia completamente intocável.

    O símbolo mágico novamente brilha, criando assim o portal conectando Banehaven e o reino de corais.

    Coralie sai do portal com uma expressão séria caminhando lentamente, atrás dela um pequeno grupo de soldados armados com lanças e espadas.

    — Antes que vocês digam, não temos muito pessoal para a batalha, então eu só posso garantir esse grupo de dez homens. Mais uma vez me perdoe por não ser útil, é o melhor que nós podemos no momento.

    — Tudo bem, com seus dez homens e o nosso pessoal creio que daremos conta do recado! — diz Isha um pouco animada, tentando tirar o peso do clima, dando um fagulha de esperança para Coralie e para si mesma.

    Coralie encara Kenji com desdém e diz:

    — Preparado para lutar humano? Quero ver do que você é capaz!

    Kenji mais uma vez engole seco.

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