Capítulo 47: Desafio da Floresta
A criatura encara Kenji de forma fria e misteriosa, ele não revelava nada em sua expressão, apenas observava o rapaz calmamente.
Aquele ser esperou alguma reação de Kenji, que não fez muito nem reagiu, apenas tentou recobrar a consciência e se levantar.
“Dessa forma eu não vou conseguir sobreviver por muito tempo. Que merda que eu estou fazendo?” Pensou Kenji.
A mistura de dor e angústia invadiam sua mente naquela situação, ele não “tinha” para onde ir, não queria voltar, apenas seguir para um lugar longe dali.
Ele não conseguia resolver suas questões internas, mas de que adianta se ele não consegue sobreviver.
Kenji respirou fundo, mas ao fazer isso toda a dor de suas costas ressoou em todo o corpo, o fazendo gritar.
— Argh! Merda!
Kenji levantou seu olhar até a criatura que permaneceu parada em sua frente. A criatura estende a mão num ato complacente para com o rapaz.
Ele estranhou aquela atitude mas de forma instintiva ele aceitou a ajuda e conseguiu se levantar.
Vendo mais de perto, Kenji percebeu que aquilo era um guardião da floresta. Eles protegem a fauna e animais locais, só atacam se forem perturbados, ou algum intruso representar uma ameaça.
Vendo Kenji naquele estado deplorável o guardião nada fez, já que o garoto não representava uma ameaça, e ao contrário do que fez de agir com agressividade, ele foi “empático”.
O grande guardião deu as costas por um momento, caminhou para frente em poucos passos e olhou para Kenji, como um pedido silencioso para o segui-lo. Kenji logo entendeu e caminhou lado a lado com o guardião.
Por onde passava Kenji via cogumelos de várias formas e tamanhos, eram grandes o suficientes para abrigar uma pessoa dentro delas.
“Devem ser casas.” Pensou Kenji.
“Mas quem moraria aqui? Talvez fadas? Elfos? Gnomos?”
A curiosidade de Kenji disparava e seu instinto de explorador falou mais alto, ele sutilmente se desviou do caminho apresentado pelo guardião e começou a olhar em volta daquelas casas de formatos engraçados.
“Que casas são essas engraçadas?!” Kenji pensou e riu consigo mesmo.
Antes que ele pudesse entrar em alguma casa ou fazer alguma coisa, o guardião percebe o seu sumiço e puxa Kenji pega gola da camisa, o erguendo.
— Já entendi, não vou mais pra esse lado. Aff! Que chato! — Kenji fechou a cara.
O guardião seguiu andando enquanto segurava Kenji. Apesar do tamanho, seus passos não eram pesados, se Kenji não soubesse diria que o guardião era uma criatura tranquila, mas aquilo era só seu modo pacífico.
“Quem diria que eu iria encontrar uma parte mágica da floresta, se eu estivesse com meu mapa aqui…”
Chegando no final do caminho o guardião põe Kenji no chão e fica encarando o mesmo.
— Hã? O que isso significa? — perguntou Kenji confuso.
O guardião aponta para frente, como se mandasse Kenji seguir o caminho sozinho.
— Ah, já entendi agora. Você quer que eu vá embora.
Cabisbaixo, Kenji segue andando pelo caminho indicado pelo guardião, onde a única coisa que ele via eram árvores e arbustos por todo lado. Nenhum sinal de água, vila ou animal.
Três dias depois.
Kenji estava deitado numa tenda de folhas e gravetos feita por ele, suas roupas estavam rasgadas e ele estava parcialmente sujo.
Durante esse tempo Kenji caçou e cozinhou tudo aquilo que encontrou, não tinha o direito de escolher o que comer naquela situação.
Ele carregava consigo uma faca de osso, sua ponta era afiada o suficiente para cortar e furar, em sua base Kenji enrolou cipó para o manuseio seguro do instrumento.
Todas as vezes que explorou na tentativa de achar algum item útil, somente achou um par de botas velho para proteger seus pés e esconder as meias.
Era dia, o sol brilhava na floresta dando um ar leve e calmante, mas aquilo não enchia os olhos de Kenji. Ele se levanta determinado, havia apenas um obstáculo que ele não conseguiu vencer.
Uma criatura que dominava certa área daquela floresta onde estava, uma grande planta carnívora.
Seu corpo é composto por uma massa emaranhada de cipós, raízes, folhas e caules, com múltiplos membros longos e flexíveis que lembram tentáculos ou pernas de inseto.
A criatura se ergue a partir de um ninho de vegetação densa e musgosa, onde pequenas flores contrastam com a sua aparência grotesca.
O destaque vai para sua grande cabeça reptiliana feitas de folhas afiadas e espinhosas, uma boca aberta revelando fileiras de dentes pontiagudos, semelhantes aos de predadores ferozes.
A cabeça é sustentada por um pescoço vegetal grosso, que parece se mover com agilidade ameaçadora.
— Dessa vez eu vou matá-lo! — disse Kenji de olhar sério e tom determinado.
Kenji se dirigiu até a posição da criatura, que parecia descansar.
“Isso não me engana mais!”
Kenji pega uma pedra e a joga em direção da planta, que com apenas um de seus tentáculos pontiagudos perfura a pedra num piscar de olhos.
“Eu sabia… Isso não vai ser uma tarefa fácil. Ela só consegue ouvir e sentir, eu preciso trabalhar com isso.”
Kenji escalou uma árvore e ali ficou esperando o momento certo. Em todos esses dias e até mesmo agora, Kenji sentia que estava sendo observado, não sabia de onde mas conseguia sentir.
Ele olha em volta por cima das árvores e no chão e nada encontra, sempre pensa que é apenas impressão ou pelo menos é isso que ele quer pensar.
Enquanto continuava esperando, um pequeno esquilo apareceu subindo entre as árvores, ele vinha correndo carregando uma noz consigo.
Kenji e a planta carnívora ligaram seus alertas, a terrível planta esticou seu pescoço entre as árvores na procura do que tinha feito aquele barulho.
Não era tão longo quanto de uma girafa, mas o suficiente para procurar entre os galhos.
Kenji segurou sua faca com força, ativou as meias e de forma silenciosa levitou acima da planta.
Pegou impulso ainda no ar e desceu com tudo com a faca apontada para sua cabeça, o golpe atingiu em cheio. A planta rugiu de dor.
De forma instantânea ela usou seus membros parecidos com tentáculos para furar Kenji, cada um de seus quatro tentáculos o atingiu.
Dois em sua perna direita e os outros dois na lateral de seu tronco à esquerda. Apesar da dor, Kenji tentou resistir ao máximo não gritar, sua perna e tronco sangraram mas ele não recuou.
Removeu a faca com força e desferiu vários golpes consecutivos no mesmo lugar atingido pela primeira vez.
— AAAAAHHHH! — Kenji gritou, num estado de fúria e desespero.
A criatura fraquejou e removeu os tentáculos que estavam perfurados no corpo de Kenji.
Com isso Kenji pegou outro impulso, voou até a base de seu corpo no chão e com um golpe o rasgou, abrindo um pequeno corte em seu corpo.
A criatura já fraca devido aos golpes anteriores não conseguiu resistir e desfaleceu em terra.
O corpo de Kenji também estava fraco, ele respirava ofegantemente e seu corpo estava coberto de sangue.
— Consegui… finalmente consegui! — Kenji começa a rir. — Planta desgraçada, não acredito que você me deu tanto trabalho.
Daquele pequeno ninho que ficava embaixo da planta carnívora surge outra criatura tirando os cipós e as vinhas em que estava preso.
Kenji para de rir e observa confuso.
— Ah merda! O que foi isso agora?
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