Capítulo 6: Um Cheiro Ruim
Diante da vila, Kenji se deparou com uma imensa muralha que a envolvia completamente, protegendo-a como uma fortaleza.
No portão principal, sua atenção foi imediatamente atraída por um imponente minotauro de aproximadamente dois metros de altura, ele tinha pelagem preta e olhos vermelhos, usava uma simples calça de couro e um peitoral de ferro.
A criatura, musculosa e intimidadora, bloqueava a passagem com uma postura firme.
Segurando um machado de lâmina larga e reluzente, o minotauro olhou para Kenji de cima a baixo, avaliando-o com um olhar frio e penetrante.
A diferença de tamanho era evidente, e o minotauro parecia se divertir com isso, exibindo um leve sorriso carregado de desdém. A tensão no ar era palpável, e Kenji sentiu o peso daquele olhar enquanto tentava manter a calma diante do guardião colossal.
— Humanos NÃO passarão! — bradou o minotauro.
Kenji ficou em silêncio sem dizer uma palavra, até o minotauro se repetir.
— Humanos NÃO passarão!
— Porque? Qual o problema?
— Nossa vila não é composta por humanos e eu não tenho permissão para deixar você ou qualquer humano passar, nanico! — o minotauro ri. — Saia antes eu divida você em dois!
— V-vamos com calma! — Kenji fala num tom de nervosismo. — Que tal se a gente negociar, aí você me deixa passar, o que acha? Eu tenho algumas coisas aqui, talvez você goste. — o garoto fala abrindo sua mochila. — Eu tenho uma bota, um capacete, umas poções, um mapa, uma meia alada…
— Nada disso me interessa! — interrompeu o minotauro. — Você é um explorador?
— Sim, porque a pergunta?
— Porquê isso me agrada e muito, eu tenho a única missão de ficar aqui e proteger a vila, eu não posso sair daqui, já você… Eu gostaria muito de ter um anel de proteção, então se você me trouxer eu vou ver o que posso fazer. Essa será sua missão agora, nanico!
— Anel de proteção? Onde vou achar isso?
— Não sei, você é o explorador! Você pode tentar em uma dungeon, sei lá, se vira! E leve o tempo que precisar, eu espero. — o minotauro cai na gargalhada.
O garoto se vira, porém não fica chateado com o pedido do minotauro, ele fica empolgado por conseguir uma “missão”. Isso foi a única coisa que deixou ele levemente empolgado depois de tanta notícia ruim.
Ele não sabia onde poderia encontrar esse anel, mas já tinha um plano muito melhor do que procurar algo sem um rumo, ele já tinha passado por isso antes.
Alguns flashes de seu irmão invadem sua mente, interrompendo seus movimentos mais uma vez.
A lembrança o paralisa por um momento, mas logo Kenji determinado a afastar esses pensamentos, alcança a runa de teleporte que a árvore lhe entregara. Sem hesitar, ele ativa o artefato, decidido a esquecer, mesmo que apenas por um instante.
A runa começa a emitir um brilho intenso de tonalidade azul, e um círculo mágico da mesma cor surge no chão ao redor de Kenji. A luz cresce rapidamente, envolvendo-o em uma onda de magia que o transporta instantaneamente.
Num piscar de olhos, ele se encontra de volta ao local onde a majestosa árvore permanecia imóvel, como um guardião silencioso.
— Olha só, você voltou! Foi bem rápido por sinal, me diga o que te traz de volta a minha presença tão rapidamente, ficou com saudades? — perguntou a árvore rindo.
— Eu quero saber onde encontrar um anel de proteção.
— Essa é fácil! Você pode encontrar em Duskmire, a cidade dos magos, fica ao norte daqui.
— Eu nunca tinha viajado para tão longe assim. Que bom que eu tenho isso! — Kenji abre sua mochila e retira seu par de meias aladas. — Achei isso num baú de um templo abandonado, isso eu não venderia nunca é muito útil!
— Mais uma vez já vai tão cedo. Realmente você é um garoto muito impaciente!
Ao calçar as meias, pequenas asas douradas surgem nelas, batendo suavemente até que o garoto começa a levitar.
As meias aladas eram um artefato arcaico, criado para facilitar viagens de longas distâncias.
Elas permitem que o usuário corra a velocidades sobre-humanas ou até mesmo voe, exatamente o que Kenji buscava ao utilizá-las.
Com movimentos leves, Kenji desliza pelo ar como se estivesse patinando no gelo, demonstrando uma surpreendente familiaridade com o item.
Ainda em pleno voo, ele dá um impulso para subir mais alto, ganhando uma visão ampla da floresta abaixo.
De lá, ele consegue avistar tanto o campo de onde havia partido quanto a imensidão à sua frente. Agora nos céus, sobrevoando a floresta, Kenji ajusta sua direção e segue para o norte, determinado.
Depois de muito tempo voando ele se pegava ainda sobrevoando os céus, já sendo noite Kenji se perguntava quando finalmente chegaria a Duskmire. Nunca havia viajado tão longe e sequer imaginava como seria a misteriosa cidade.
Exausto, decidiu pousar, encontrando um pântano envolto em uma aura roxa quase etérea. Árvores retorcidas, vagalumes, cogumelos bioluminescentes e plantas que brilhavam suavemente compunham aquele bioma incomum.
“Onde foi que eu me meti.”
Enquanto caminhava pelo terreno lamacento, percebeu que seus passos esmagavam ossos e carcaças de animais mortos.
A visão o enojou, e o odor de decomposição era tão penetrante que parecia sufocá-lo. Sentindo o perigo iminente, ativou suas meias encantadas, que o impulsionaram a uma velocidade sobre-humana, impossível para qualquer predador do local acompanhá-lo.
Deixando o pântano sombrio para trás, Kenji se deparou com uma visão que tirou seu fôlego: um gigantesco domo roxo, pulsante como o bater de um coração vivo, envolvia a cidade adiante como um manto arcano.
Aquela era Duskmire — lendária e quase mítica, cercada por uma barreira mágica translúcida que ondulava suavemente, como se respirasse junto com a própria cidade.
Mesmo à distância, ele podia sentir a força mágica que fluía daquela proteção. Dentro do domo, Duskmire se revelava em toda sua imponência: torres altíssimas cobertas por inscrições rúnicas que brilhavam com uma luz etérea, dançando com reflexos lilases conforme a barreira mágica captava a energia do ambiente.
Antes mesmo de cruzar seus portões, Kenji notou algo ainda mais estranho — no céu acima da cidade, pequenas explosões de cores vibrantes surgiam e desapareciam como fogos místicos.
Tons de azul, verde e dourado pintavam o ar por breves segundos, iluminando as estruturas da cidade como um espetáculo de magia constante.
Aquilo não era apenas uma cidade, era um redemoinho de poder arcano pulsando em meio à vastidão do mundo.
“Parece que eles estão em alguma comemoração por aqui.”
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