Índice de Capítulo

    A criatura dá uma leve expressão de felicidade ao ver Kenji voar para longe, ele se vira contando vitória se encaminhando para o emaranhado de energia que apenas crescia cada vez mais.

    Os planos do espírito eram claros, roubar a energia espiritual da natureza e das coisas ao seu redor, abrindo um grande tecido no mundo espiritual. Ele queria se fortalecer antes de voltar e concluir sua vingança com o antigo mestre.

    Kenji se choca com uma pedra que foi destruída devido a velocidade do impacto que tinha causado. Ele se levanta um pouco fadigado, abre sua bolsa pegando o bastão que ao tirar da mesma volta ao tamanho original e o orbe de captura.

    — Já que é assim, vamos começar a lutar a sério!

    Kenji começa a correr, pega o orbe em suas mãos, joga para cima e usando seu bastão rebate fazendo com que o mesmo quebre. Flint sai do orbe já acordado em pleno vôo já que estava no ar.

    Kenji assobia dando um comando ao dragão que parte rapidamente da direção do inimigo. O espírito distraído percebeu tarde demais e foi recebido por vários ataques de garra e mordidas.

    Kenji tentou se concentrar em não deixar aquela grande energia de espalhar e tenta fechar a fenda que o espírito tinha criado. Quatro braços de energia surgem de suas costas e começam a conter toda aquela energia.

    O espírito percebe a diferença no ar se instaurar, ele se divide em dois criando um clone mais fraco de si mesmo para lutar com o dragão enquanto corre na direção do garoto.

    Ele corre com tudo e lança mais disparos de energia na direção de Kenji, que são bloqueados pelos dois braços extras espirituais que o acompanhavam.

    — Esquece isso, tenho que me concentrar nele!

    Usando seu bastão ele golpeia lateralmente o espírito da esquerda para direita, mas é bloqueado com um soco que rebateu o bastão para si.

    — O que?!

    A distância entre eles diminuiu então o espírito voltou a dar socos carregados de esquerda e direita em Kenji que desviava com maestria. Com isso ele se lembrou das palavras de seu mestre quando se encontrasse em situações assim.

    — Lembre-se de usar o bastão para pegar distância do inimigo.

    Assim Kenji fez, segurou o bastão com as duas mãos tentou uma estocada falha no espírito que segurou o bastão. Então Kenji colocou energia no mesmo, fazendo com que ele se esticasse se distanciando do inimigo.

    Com isso ele puxa de volta o bastão e mesmo naquele tamanho bate no espírito de esquerda, que defende com os dois braços fechados em seu rosto.

    Kenji usa seus movimentos ágeis para se aproximar do espírito agora com o bastão no tamanho normal. Ele alterna entre golpes de esquerda, direita e estocadas que o espírito bloqueia já conhecendo aqueles golpes.

    Então em um movimento inesperado ele joga seu bastão para cima e agora com os dois braços revestidos de energia começa uma saraivada de golpes em seu tronco desprotegido.

    O espírito é atingido por todos e começa a se enfraquecer, as chamas de seu corpo começam a tremer e ele agachado observa Kenji de baixo.

    Uma visão humilhante que ele não gostou nada.

    O espírito rugiu de forma desesperada, soltando várias esferas energias de seu corpo.

    Kenji aprendeu outras coisas com Kallion não só para ataque mas também defesa. Ele rapidamente criou um escudo espiritual que o protegia dos ataques desordenados.

    Quando ele parou, o escudo se desfez, o bastão retorna para sua mão como mágica e encara o espírito que já não estava mais no local de antes.

    O espírito avançou novamente num ataque vindo das costas, cada soco como um meteoro em chamas. Kenji previu isso e bloqueava, desviava e contra-atacava nesse ritmo.

    O som era ensurdecedor, madeira contra os socos, espírito contra espírito.

    Como a energia espiritual na atmosfera não tinha cessado, aquilo foi fortalecendo lentamente os dois sem perceber. Mas a reação do espírito foi de alegria pois seu corpo começou a evoluir enquanto lutavam.

    Seu corpo passou a ser em vários tons de azul e preto, com padrões brilhantes que lembram marcas tribais ou veias de energia.

    A pele parece ser feita de uma substância densa, quase como sombra solidificada, mas incandescente por dentro.

    O rosto exibe um sorriso largo e distorcido, com dentes brancos e afiados, transmitindo insanidade e prazer no caos.

    Seus olhos são símbolos flamejantes de cor azul brilhante, que parecem arder em energia maligna.

    E seus braços longos e desproporcionais, terminando em garras afiadas que parecem capazes de dilacerar qualquer coisa.

    O espírito agora corrompido começou a rir de uma forma louca e insana. Kenji observou aquilo e entendeu rapidamente a situação.

    “Ele está evoluindo, não pensei que isso pudesse ser capaz, mas faz sentido considerando que a fenda espiritual ainda está aberta.”

    O clone que foi deixado para lutar com o dragão some devido a sua evolução repentina.

    Flint voa e se aproxima de Kenji com a mesma empolgação e animação de cachorro.

    — Vamos lá Flint, sem brincadeiras agora. — disse Kenji fazendo cafuné na cabeça do dragão.

    Com toda essa enrolação o espírito foi o primeiro a avançar, um salto colossal com garras flamejantes, mirando esmagar Kenji.

    Mas, antes que pudesse alcançar o alvo, o dragão soltou um rugido ensurdecedor, cuspindo uma torrente de fogo dourado que colidiu contra o azul flamejante do inimigo.

    O impacto abriu uma cratera de energia no ar, e as chamas das duas entidades se devoraram em fúria pura.

    O monge aproveitou a brecha: girou o bastão em um arco perfeito e, com auxílio dos braços espirituais que surgiram atrás de si, desferiu uma sequência veloz de golpes.

    O espírito azul recuou, rindo enquanto sua carne incandescente se regenerava das queimaduras.

    Em resposta, liberou um vórtice de fogo azul, que engoliu o campo inteiro, tentando consumir o dragão e o monge ao mesmo tempo.

    Flint enrolou-se em torno de Kenji protegendo-o com as escamas.

    Naquele momento Kenji percebeu a sincronia dos dois e lembrou do porque Kallion mandou Kenji colocar um pouco de sua energia no casulo. Eles estavam ligados quase que por pensamento naquele instante da batalha.

    Kenji então percebeu que assim como o espírito poderia reunir mais energia para evoluir, ele se concentrou fortemente e a mudança no ar começou a ser notória.

    Seus músculos foram revestidos por marcas incandescentes douradas e prateadas, como se sua pele tivesse sido esculpida pelo próprio fogo celestial.

    Dos braços e ombros, fluxos flamejantes de energia dourada se desprendem como correntes vivas, chicoteando o ar com poder puro.

    O campo de batalha estava em ruínas. Rochas partidas, chamas azuis espalhadas e o ar denso com energia mística.

    O espírito azul, envolto em chamas espectrais, rugia com sua boca monstruosa e dentes faiscantes, cada passo ecoando como um trovão. Seus olhos flamejantes fixavam-se em Kenji, agora completamente transformado.

    Kenji ergueu o bastão, que já não era apenas madeira: estava envolto por inscrições douradas vivas, cada golpe capaz de rasgar o tecido da realidade, um estado que ele jamais chegaria sem aquele tanto de energia num mesmo lugar.

    O espírito azul avançou em fúria, cobrindo o campo em um mar de chamas espectrais. Mas o monge respondeu girando o bastão em alta velocidade, criando um mandala de runas douradas que bloqueou o ataque como se fosse um escudo indestrutível.

    O impacto gerou uma onda que varreu quilômetros de distância.

    Em seguida, ele avançou: um único salto o lançou acima da criatura, o círculo mágico em suas costas brilhando como um sol ascendente.

    Com um giro do bastão, canalizou sua energia e desferiu um golpe descendente. O bastão colidiu contra o braço do espírito, partindo parte da sua couraça espectral e espalhando labaredas azuis pelo ar.

    O monstro riu, mesmo ferido, sua voz ecoando como um trovão distorcido. Mas ele não caiu tão facilmente.

    Explodindo em energia sombria, ergueu-se ainda maior, seu corpo flamejante se expandindo como uma tempestade. O céu escureceu, e o chão rachou sob sua presença.

    Kenji então fechou os olhos. O bastão começou a flutuar em suas mãos, girando por conta própria, envolto por símbolos em constante mutação. Ao abri-los novamente, seus olhos irradiavam pura eternidade.

    Num piscar, ele avançou. O impacto do golpe atravessou o peito do espírito azul, estilhaçando sua essência como vidro. Uma explosão de energia dourada e azul iluminou o horizonte, apagando as chamas malignas e purificando o ser.

    O silêncio caiu. O espírito, agora em pedaços etéreos, esvaiu-se como poeira cósmica no vento. Kenji permaneceu de pé, ofegante, Flint se aproximou acanhado, não conseguiu acompanhar o turbilhão de poderes do rapaz.

    Quando a transformação se desfez ele caiu em terra, estava exausto, mas ainda consciente. O dragão por sua vez começou a lamber seu rosto e pular em cima do mesmo.

    — Tudo bem, tudo bem, não precisa fazer isso. Vamos fechar aquela fenda, ainda temos coisas pra fazer.

    Com ajuda dos braços extras Kenji mesmo fazendo um pouco mais de esforço consegue fechar a fenda. O céu antes escuro começou a receber novamente a luz do sol.

    — A cratera ainda está destruída. — diz Kenji olhando em volta. — Talvez a natureza se cure e os animais voltem a viver aqui.

    Kenji sobe na ponta da cratera tendo uma visão privilegiada de todo o local ao redor abaixo da montanha. Era uma visão linda, era libertador.

    Antes que Kenji pudesse descer ou fazer qualquer coisa, um pequeno pombo se aproxima do garoto segurando um papel em suas garras.

    Era uma carta escrita à mão, Kenji pega a carta e o pombo rapidamente volta pelo mesmo local de onde veio.

    — Uma carta?! De onde isso veio?

    Kenji estranha aquilo mas enfim lê a carta e se surpreende ao ver que foi escrita e enviada por Sven.

    Kenji, se receber essa carta é porque está vivo e o pombo que enviei conseguiu te encontrar. É um feitiço simples de localização se estiver se perguntando.
    Venho por meio desta carta te informar que já não estou com seus pais. Espero que entenda, mas seu irmão acabou falecendo e sua mãe não teve a melhor das reações mesmo que ela já contasse com isso. Em alguns momentos ele reagiu, falou seu nome e o dos pais, o que nos deu uma fagulha de esperança.
    Em termos gerais, ele foi o maior herói que eu já vi!

    Boa sorte no que quer que esteja fazendo, espero que tenha alcançado o que você tanto buscou.

    Em lágrimas Kenji termina de ler a carta, não pôde se conter tendo a confirmação daquilo que ele mais temia. Ele ergueu a carta para o alto, segurando a mesma pela mão direita, e olhando para baixo diz:

    — Essa é pra você campeão!

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