Capítulo 7: O Brilho da Pedra
Seus olhos se maravilharam ao ver a estrutura daquela cidade, ele pensou em algo diferente quando imaginava uma cidade de magos, principalmente por terem uma cidade tão próxima de um pantano cheio de ossos e cheiro de morte à espreita.
“Deve ser coisa de mago.” Ele pensou.
Ele entrou na vila de maneira bem fácil, não tinha guardas e ninguém veio “recebê-lo”, porém ele ficou em alerta, alguém poderia estranhar sua movimentação nas redondezas pois não era um mago, e visivelmente um completo estranho para a cidade. Apesar de ser noite, tinha muitas pessoas andando pelas ruas, pareciam agitadas.
“Deve ser algo referente às luzes de antes.” Pensou.
Diferente de Embercliff, seus passos na cidade não faziam alarde. Mas os comerciantes, atentos como sempre, logo perceberam: ele era um forasteiro. Um estranho. E para alguns, isso significava oportunidade.
Em poucos minutos, começaram a se aproximar com sorrisos ensaiados, oferecendo desde pergaminhos encantados e ervas raras até relíquias “ancestrais” duvidosas. Kenji mantinha a postura, mas seus olhos analisavam tudo — cada gesto, cada palavra.
A cidade podia parecer acolhedora, mas ele sabia que nem toda magia brilhava com boas intenções.
— Você é estrangeiro? Venha para minha loja, tem muitas poções e itens mágicos, se é o que precisa! — Falou o primeiro comerciante.
— Venha para minha loja, temos muitos ingredientes para poções — disse o segundo.
— Minha loja é especialista em vender itens mágicos e até artefatos antigos, ela é bem melhor para um aventureiro como você! — exclamou o terceiro.
— Você precisa de proteção ou armadura? Vendemos peças de armaduras mágicas, tenho certeza que irá se interessar — disse o quarto.
Kenji ficou perdido nas vozes dos comerciantes, eles falavam com entusiasmo, oferecendo produtos mágicos, poções raras e relíquias de origem duvidosa, todos tentando atraí-lo com promessas encantadoras. O mais estranho era que nenhum deles usava roupas comuns — suas vestes eram longas, encapuzadas, ou encantadas de alguma forma, ocultando por completo suas feições.
Não havia rostos, apenas vozes, mãos que surgiam das mangas com mercadorias reluzentes, e olhos brilhando sob as sombras dos capuzes. Até ele parar e entrar em uma loja de itens mágicos, consequentemente a loja que o terceiro comerciante falará, que veio rapidamente para atender o rapaz.
— Você fez uma ótima escolha, meu rapaz! O que você procura? — perguntou o homem.
— Estou procurando por um anel de proteção, e estou a fim de negociar.
— Bem… Eu tenho um anel aqui…. Deixe-me ver o que você tem aí.
Kenji abriu sua mochila retirando duas poções da mesma.
— Tenho essa poção de mana e uma resistência, o que acha?
O mago pega as poções e começa a analisar como se fosse uma pedra preciosa, ele olha as poções várias vezes, não queria ser enganado por um camponês qualquer. Ao entoar algumas palavras, ambas as poções borbulham em reação ao que o mago falará.
— Tudo bem, negócio fechado! — diz o mago pegando o anel e entregando a Kenji. — Esse não é um dos nossos melhores itens de proteção, então se estiver disposto a pagar, te venderei algo bem melhor!
— Não, tudo bem, esse já serve. Antes que eu esqueça, aí tem alguma runa de teleporte? Não tenho mais nada aqui para negociar, então se eu puder fazer algo em troca da runa, eu aceito.
— Eu posso conseguir uma runa. Sendo assim você terá que trazer uns cristais mágicos, que ficam numa caverna próxima ao pântano.
— Como eu vou fazer isso? — perguntou Kenji.
Com rápidos movimentos das mãos, o mago conjura um feitiço que teletransporta a si mesmo e Kenji para a entrada de uma caverna sombria. A súbita mudança de cenário, passando do aconchego discreto da loja para o ambiente frio e imponente da caverna, deixa Kenji inquieto. Ele não consegue evitar a dúvida que lhe percorre a mente: devo confiar nesse mago?
— É fácil! Use essa picareta para minerar os cristais. — falou o mago apresentando uma picareta para o garoto.
“Não acredito que vou fazer isso.” Pensou Kenji.
A picareta tinha um cabo de madeira escura, e sua cabeça era meramente brilhante, não era feito de um metal como deveria, mas sim de bismuto, ou pelo menos algo similar. De fato aquela picareta não era como qualquer outra.
“Picareta estranha, provavelmente tem alguma magia nela, ou ela deve ser minimamente especial.” Pensou Kenji.
Ele adentra a caverna com cautela. Não sabendo o que poderia encontrar além dos cristais que buscava, então opta por avançar devagar, mantendo-se em posição defensiva, segurando a picareta com as duas mãos atento a qualquer sinal de perigo.
O ar da caverna era frio e carregava um silêncio opressor. A cada passo que dava, Kenji observava o ambiente ao seu redor: cogumelos bioluminescentes iluminavam fracamente as paredes rochosas, pequenas goteiras formavam poças reluzentes no chão, teias de aranha se entrelaçavam pelos cantos, e morcegos repousavam no teto, quase imóveis.
Kenji caminhou por um longo tempo, sem encontrar nada que justificasse sua busca.
“Estou sendo enganado!” Pensou, irritado e frustrado.
Decidido a desistir, ele se preparava para dar meia-volta, mas algo chamou sua atenção.
Um brilho intenso emanava da picareta e em resposta algo nas profundezas da caverna, insinuando a presença dos cristais que procurava.
Sem hesitar, ativou as meias que usava, para aumentar sua velocidade, e correu em direção à origem daquele brilho.
Ao chegar, Kenji ficou deslumbrado ao se deparar com uma imensidão de cristais reluzentes, cobrindo as paredes e o teto da caverna como um espetáculo natural hipnotizante.
— Parece que os magos são confiáveis então. Tenho que ser rápido, aquele minotauro maldito deve estar esperando.
Com a picareta em mãos, Kenji começa a minerar os cristais, que com um pequeno esforço se desprendem das paredes com uma surpreendente facilidade. “Isso está fácil demais para ser verdade”, murmura ele, desconfiado.
Após encher sua mochila com uma quantidade generosa de minerais, um tremor súbito percorre o chão. Das profundezas da terra, emerge uma criatura colossal, inteiramente formada por cristais.
Seu corpo era robusto e imponente, com garras afiadas que reluziam ameaçadoramente sob a luz. Cristais pontiagudos adornavam suas costas, os mesmos que Kenji vinha coletando.
Embora não tivesse olhos visíveis, a criatura parecia enxergar Kenji com precisão assustadora.
Erguendo um braço, apontou diretamente para ele. Com um pisão ensurdecedor no solo, cristais começaram a emergir do chão em alta velocidade, disparando em direção ao garoto como projéteis mortais.
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