Capítulo 8: Negócio Fechado
Os cristais continuavam a saltar do chão numa velocidade assustadora, Kenji teve um breve movimento para desviar e de forma instintiva consegue, usando as meias, saindo da rota dos cristais.
A criatura parecia atordoada pela velocidade do garoto, mas rapidamente reagiu, disparando de suas mãos pequenos cristais afiados como projéteis em todas as direções.
Kenji, tentando se defender, usou a picareta, conseguindo bloquear alguns dos ataques, mas sua defesa não era suficientemente eficaz.
Como resultado, vários cristais atingiram-no, deixando arranhões dolorosos em seu rosto, braços e pernas.
— Aquele desgraçado! Porque ele não me contou sobre isso? Acho que eu ainda consigo correr…
Num movimento quase mecânico, Kenji deixou a picareta cair no chão e virou-se para fugir, ignorando a criatura.
Esse foi seu erro. Antes que pudesse dar o primeiro passo, um cristal atingiu sua perna esquerda, imobilizando-o, ele se lança no chão em uma onda de dor e agonia.
Ele retira com cuidado o cristal que havia ficado preso em sua perna, ferido, seus movimentos eram lentos, ele tenta levantar com extrema dificuldade, e quando finalmente consegue ele segue mancando até a saída.
A criatura começa a andar lentamente em direção de Kenji que continuava mancando, então seus movimentos também eram tão lentos quanto da criatura, que cada vez mais se aproximava.
Com isso o pensamento de morte vem à tona na mente do garoto, por um breve momento ele se lembra do anel que tinha pegado e desesperadamente abre sua mochila jogando todos os cristais no chão, fazendo uma bagunça, impossibilitando de achar o tal anel que se encontrava perdido entre os cristais e a terra no chão.
— Eu não posso morrer aqui…. Cacete! Cadê esse maldito anel?! — Kenji fica estressado e desesperado, porém por conta de sua busca incessante ele vê o anel, colocando-o ele fica levemente aliviado, aquilo poderia lhe dar algum tempo.
O anel era pequeno e simples, feito de metal e com um pequeno entalhe que representava um escudo, Kenji não sabia como o anel funcionava, mas pensou que ajudaria até ele conseguir da caverna.
Um leve brilho dourado sai do anel criando um pequeno escudo mágico na frente do garoto, que logo em seguida some e se converte em uma aura dourada que cobre Kenji.
Kenji continua andando e em dado momento perde o equilíbrio já que uma de suas pernas estava machucada.
A criatura se aproxima lentamente e mais uma vez aponta para Kenji, criando um enorme cristal que saia de sua mão na intenção de finalizar o garoto.
O cristal é lançado, mas rebate por conta do poder do anel, porém a aura e o brilho do anel se desfazem, deixando Kenji confuso.
— MAGO IDIOTA!
No mesmo instante que Kenji grita, a criatura se prepara para lançar mais um de seus cristais já que o último falhara. Mas de repente uma pequena luz de esperança surge no meio daquele caos, era o mago.
— Tudo bem, já CHEGA! — exclamou o mago.
Com algumas conjugações, o mago cria correntes mágicas que prendem a criatura, impedindo a mesma de se mover.
Com magia de telecinese, ele pega os cristais que Kenji havia jogado no chão, além dos cristais que a criatura tinha usado como ataque para com o garoto, e usando um feitiço de teleporte todos os cristais envoltos em seu poder somem.
Kenji, de olhos fechados, sentiu o medo tomar conta ao imaginar que sua morte havia chegado. No entanto, ao abrir os olhos e ver o mago diante de si, seu rosto se transformou em uma expressão de espanto e confusão.
Ele permaneceu em silêncio, sem saber como reagir.
— Você ia morrer pro Golem se eu não intervisse, isso é bem humilhante.
Com outro feitiço de teleporte ele leva tanto ele quanto Kenji de volta para sua loja.
— Um Golem de cristal, uma criatura lenta e difícil de derrotar para um humano comum, pensei que você fosse mais esperto. Se você analisasse o inimigo ao invés de só tentar correr, você poderia sim fugir, porém no momento certo é claro, e não sofreria nenhum dano.
— Não acredito que você ia me deixar morrer! — exclamou Kenji.
— Foi bom fazer negócio com você. Agora saia, eu tenho todos os cristais que eu preciso. — o mago joga a runa de teleporte para Kenji, que cai no chão.
— Espera um pouco, e o anel falso que você me deu, não vai falar nada sobre isso.
— Como eu disse antes, não é um dos nossos melhores itens, esse anel só te protege bloqueando um ataque, e você só pode usar ele de novo quando o poder mágico do anel recarregar. Qualquer idiota sabe disso!
“Merda!”
Kenji ainda no chão organiza suas coisas na mochila e por fim pega sua runa de teleporte. Tentando ficar em pé, Kenji usa a runa saindo da loja do misterioso mago e vai parar novamente na frente da sábia árvore.
Sem dar muitas palavras, o garoto sai daquele ambiente e mesmo mancando vai de encontro a vila na intenção de falar com o minotauro.
No portão da vila onde deveria se encontrar o minotauro, Kenji vê um ser com a metade superior do corpo humano e a metade inferior de um cavalo.
A parte humana tinha um corpo robusto e musculoso, ele não apresentava roupas e nem peças de armadura, mas tinha com ele um machado, talvez o mesmo que o minotauro carregava.
A parte equina tinha uma pelagem marrom, porém difícil de enxergar devido a escuridão da noite.
Era um centauro.
— Não era pra ter um minotauro de guarda aqui? — perguntou Kenji, olhando em volta, confuso.
— Não agora. O minotauro que você procura trabalha em outro turno — respondeu o centauro, com um tom calmo, mas firme. — Então não, ele não deveria estar aqui neste momento.
— O quê?! Como assim? Eu vim de longe só pra falar com ele, e ele não está?! Você não pode me deixar passar só um pouquinho, só pra eu dar um recado rápido?
— Lamento, mas não posso fazer isso. Vai ter que esperar até amanhã de manhã.
“Onde diabos eu fui me meter…” pensou Kenji, suspirando.
Como Kenji não queria mais dialogar com o centauro e acabar na mesma situação quando conversou com o minotauro, ele admitiu derrota e recuou esperando o amanhecer.

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