Capítulo 104: Desenrolar
Sob o angulo de luz certo, um pequeno objeto pode lançar uma grande sombra.
A Guerra Além da Espada ~ Kali
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Nós salões do prédio mais alto e vistoso da cidade, uma mulher de cabelos vermelhos andava a passos largos, lendo folha atrás de folha que seu assistente lhe passava.
— Outro incidente? — Questionou. — Quantos já foram?
— Acredito que três… na última hora… — respondeu calmamente o homem franzino de cabelos brancos.
— Três?
— Sim, senhora.
— Como está indo o torneio?
— Aquela… coisa, ainda precisa ser resolvida…
— O caso do Gaston… — A mulher parou subitamente e colocou a mão no queixo.
— Senhora?
— Hamel, você esteve prestando seus serviços a mim na última década, já deve estar acostumado a me acompanhar… qual sua opinião?
— Sinceramente… — o homem pensou alguns segundos, tomando cuidado com as palavras. — É esquisito…
— Por quê?
— Digo, tudo bem, é normal fatalidades como essa ocorrerem em um duelo, mas a atitude do conselho foi muito… rígida?
— Então parece que concordamos.
— Senhora?
— Deixar passar em branco esse tipo de situação que ocorreu em frente ao público é péssimo para a popularidade do torneio — disse ela. — Fato é, um mínimo de respeito a facção que está residindo o torneio é uma regra oculta que nunca foi feita, mas todos entendem como verdade.
— ‘Então por que dessa vez a opinião dos outros deuses foi tão rígida’ certo? — completou Hamel.
— Sim…
— Antecipei que a senhora iria querer saber disso e já comecei a estudar esses acontecimentos — o homem puxou um folheto de seu bloco e entregou para a mulher, que imediatamente começou a ler. — Apesar de ser a capital e a maior cidade, Anpýrgio tem sido o lugar com melhor segurança em todo o império nos últimos anos. Porém, imediatamente após o início do torneio o índice de criminalidade e de brigas entre despertados, ou seja, pessoas que conseguem utilizar de mana aumentou drasticamente… a senhora já deve ter percebido…
A folha na mão da mulher apontava exatamente os focos onde a taxa de criminalidade aumentou consideravelmente.
— Não deveria ser estranho, afinal, são milhares de pessoas entrando todos os dias para participar dos festivais e assistir ao torneio, mas os focos serem todos em extremidades da cidade é… esquisito.
— Hamel, qual foi a medida tomada para lidar com esse aumento repentino? — perguntou Kali, já com consciência do que poderia ser a resposta.
— Bem, senhora… — respondeu o homem, ajeitando seus óculos. — Guardas comuns não conseguem lidar com esse tipo de criminoso, então nos separamos tenentes e líderes de equipe para patrulhar as áreas, que, como pode ver, são vastas.
— Temos 3 lordes, 7 vices lordes e 14 comandantes, onde eles estão?
— Apenas o Lorde Ya Shen está na cidade e seus subordinados estão na cidade, os outros 2 estão em missões especiais junto aos seus respectivos vices — respondeu imediatamente. — Dos 14 comandantes, apenas 8 estão na cidade, mas 2 deles estão feridos devido àquele acontecimento…
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— Não é uma coincidência, mande Ya Shen para o coliseu, imediatamente, diga que o ordenei a ficar de guarda e cuidar para que nada de errado aconteça, temos que garantir a segurança das figuras presentes. Vou logo depois de cuidar de uma última coisa.
— Sim, senhora.
Hamel imediatamente se retirou. No mesmo momento, um homem de cabelos negros e longos surgiu das sombras.
— Kali… gostaria de solicitar uma audiência imediata com a Deusa da Batalha… faria esse favor para o seu velho tio?
— Veritas… estou extremamente ocupada nesse momento…
— Ah, por favor… eu insisto.
— Senhoras e senhores! — Gritou Téo. — A seguir, continuaremos com o torneio, apresentando a primeira semifinal de nível 2. Sei que muitos de vocês estão animados com essa próxima luta…
Esperando para entrar na arena, Li, aguardava junto ao restante do grupo.
— Daqui a alguns minutos já devem te chamar para subir a arena — disse Matheus. — Li, você tem que tomar bastante cuidado com esse cara.
— Eu sei, não se preocupe tanto com isso.
— É sério, Li — disse Gloria. — Gaston está inconsciente até hoje, ninguém sabe quando ele vai acordar… o estado dele é preocupante e tenho certeza que tem algo a ver com ele… é esquisito que ninguém está falando sobre isso…
— Eles estão certos, a vitória é importante, pelo pedido concedido no final do torneio, mas pouco importa se te perdermos no processo — completou Fynn.
— Você é o último que pode me falar esse tipo de coisa — brincou. — Mas obrigado… me sinto bem sabendo que posso contar com uma equipe como essa.
— Se sentir que tem algo de errado, não exite em se render, lembre-se que nosso objetivo nesse torneio é ajudar a Lisa, mas ela não vai se sentir ajudada se isso custar a sua vida — disse Hans.
— Está tudo bem — afirmou Jihan. — Confiem em mim.
— Ah, participante, Li Jihan, vá logo, já está na hora — disse um dos funcionários chamou a Li.
— Certo.
— Boa sorte, Li — disse Matheus, estendendo o punho.
— Vou ganhar. — Jihan o cumprimentou de volta e foi em direção a arena.
Enquanto olhava as suas costas diminuírem com a distância, Gloria se lembrou de uma conversa que tiveram algum tempo antes do torneio começar.
Após semanas de treino árduo e sem parar, em certo dia, Li colapsou em meio a uma sessão. O instrutor o trouxe até a casa e o deitou em sua cama. Glória, que era a única presente no momento, o tratou rapidamente.
— Você está com febre, te disse que tinha que parar de treinar até tarde — disse ela.
— Febre? Impossível nunca fiquei doente na minha vida inteira…
— Para tudo tem uma primeira vez… sinceramente, Li, o que achou que aconteceria? — repreendeu-o. — Você pode ter a melhor saúde do mundo, mas ninguém aguenta toda essa rotina, você está treinando o dia inteiro e nem parece que está dormindo direito, além disso, você tem estado ansioso e não para em momento algum para descansar. Até mesmo a pessoa mais resiliente tem que parar em algum momento, no seas estúpido hombre.
— Ha… acho que agora entendo por que o Matheus fala que você seria uma ótima mãe…
— Ele disse isso? — perguntou, torcendo uma toalha quente e colocando na testa do homem.
— Sim, vocês parecem próximos.
— Bem, eu o conheço a bem mais tempo que qualquer um aqui… e quanto a você, discordava dele?
— Não é discordar… digo, eu me lembro claramente da minha mãe… mas já faz quase quinze anos que ela faleceu.
— Quinze anos? — Questionou. — Mas você tem dezenove…
— Uhm? — estranhou. — Sim, eu tinha quatro na época, não contei sobre isso?
— Você nunca fala sobre sua vida, Li — disse Gloria. — E seu pai?
— Isso… — a pergunta fez o homem se retrair. — Não cheguei a conhecê-lo…
“Você deve ter tido uma vida complicada, chico” Pensou
A mulher suspirou, vendo como ele se comportou quando ouviu a palavra ‘pai’, resolveu mudar de assunto.
— Enfim, você realmente deve ter se apegado a garota para estar se esforçando tanto assim…
— Me apegado… não sei dizer com certeza, mas… os olhos dela naquele dia…
— O que tem os olhos dela?
— Ela estava sozinha… um tipo diferente de solidão — lembrou Li. — Uma onde você está cercado de gente… mas, ao mesmo tempo… não tem ninguém.
— De um lado, o novato que surpreendeu a todos desde o início, Li Jihan, da facção de Arcádia! — Anunciou Téo. — Do outro, o dark horse da competição, Otávio, da facção de Babylon!
Ambos os participantes subiram na arena, o homem careca parecia irritado com o fato de ser chamado de ‘azarão’, afinal, ele era um veterano da competição.
“Vou mostrar para eles… depois de hoje… nunca mais me subestimarão dessa forma…” pensou.
— Sem mais delongas, em suas posições!
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Um estalo soou da mão de Jihan, que pela primeira vez não estava coberta por uma manopla, revelando um anel de cor purpura em seu dedo. Subitamente, um objeto apareceu do ar nas mãos do homem.
— Uma espada? — notou Miriem e os outros acompanhantes.
— Eu nunca o vi utilizando armas antes — Akemi, que estava assistindo junto também estranhou.
— Ele finalmente resolveu mostrar! — Comemorou Matheus.
— Participantes, comecem!
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