Capítulo 111: O Ilusionista
Política não precisa ser algo odiável. Claro, ninguém gosta de promessas vazias e palavras falsas, mas, algumas vezes, é algo necessário. Desde os tempos antigos, mentiras doces sobrepõem verdades amargas, afinal, que tipo de pessoa que sempre ouvir da mesma tristeza; é muito mais fácil convencer alguém mentindo para ela, pois a realidade é dolorosa. As pessoas querem viver em uma ilusão onde o peso da vida não está nela, onde a culpa não está nela. Sempre existe outro motivo para falhar, outro motivo para ser fraco. Esse contraste precisa existir, se não… de que outra forma esse monte de tolos seria controlado?
O Livro do Governante, Cap. VI ~ Doce Mentira
— Mas não se assustem, não estou aqui para machucar vocês, Inhehehehehehe — o bufão gargalhou. — Isso é meramente uma apresentação!
Os espectadores que ainda estavam conscientes o olhavam paralisados, sem conseguir responder.
— Devem estar se perguntando; porque ninguém faz nada; e a resposta é muito simples, eles estão em uma ilusão! — explicou o Avicci. — Não podem me ver e nem me ouvir!
“Tive sorte dessa vez…” Pensou. “Nenhum dos acompanhantes aqui tem nível de Deus, mas se aquele Alado estivesse aqui ainda seria um problemão… dito isso… contanto que a vida deles não seja ameaçada, seus instintos não os acordarão.”
— Vocês, cidadãos que estão conscientes, foram os que passaram no meu teste, parabéns!
CLAP CLAP CLAP
Bateu palmas sozinho.
— Os seres que desmaiaram ao redor de vocês são fracos, não aguentam nem mesmo uma faísca de mana, mas não vocês… se quiserem, podem ser tão poderosos como o Otávio!
Pouco a pouco os espectadores saíram do choque.
— Otávio?
— Ele estava em conluio com esse demônio?
— Espere, é por isso que ele estava tão forte?
— Sim! — gritou. — Otávio era patético, inútil, mas com o poder que eu dei a ele, se tornou extremamente poderoso!
O povo voltou-se a arena, a ilusão do domínio ainda estava de pé e nela Li era brutalmente espancado por seu oponente.
— Vocês são pessoas comuns, não se cansaram de serem tratadas como inferiores? Ver pessoas tão desprezíveis ordená-los como gado? — perguntou o bufão. — Não se cansaram de terem que trabalhar dezenas de horas por semana para pagar a comida de suas famílias enquanto esses monstros ganham a vida para não fazer nada?
Uma energia maligna se espalhava pela arquibancada, enquanto Triboulet falava e subitamente um dos espectadores na arquibancada respondeu.
— Sim! — gritou. — Esses dias fui forçado a pedir desculpas ajoelhados para um faccionado que achou a comida que o servi ruim!
Seus olhos estavam vermelhos como sangue.
— Eu também — gritou outro. — Tive que fazer o mesmo por ter esbarrado em um na rua, fui humilhado na frente da minha esposa e filha!
— Um desgraçado da facção de Babylon matou meu cachorro que latiu para ele!
— Um deles me espancou até quase me matar.
A cada resposta, a máscara de ferro que cobria o rosto do Avicci mudava de forma. Cada vez que concordavam com ele, a face monstruosa se tornava tênue. Sua boca cheia de dentes afiados se tornava mais humana, lábios cheios e um sorriso branco. Sua pele ganhava uma tonalidade mais morena, seus olhos se tornavam mais castanhos e suas orelhas pontudas.
— Mataram meu irmão!
— Sequestraram a minha mulher!
— Vejam! — gritou Triboulet. — Como podem aceitar que os tratem assim! Como podem aceitar que façam mal a vocês! Por que são obrigados a servi-los!? Por que não lutam pela sua liberdade!
— Somos fracos, como poderíamos revidar? — Um homem que ainda estava com os olhos normais, perguntou.
— Fracos? — perguntou retoricamente se aproximando da pessoa que perguntou. Seu chapéu de bobo da corte já havia sido transformado em um cabelo sedoso, loiro e grande. — Vocês são a base dessa civilização, como podem ser fracos?
Sua voz estava grossa e suave.
— Não temos poder… — disse outro, encantado pela beleza do Avicci.
— E se eu lhe der poder? — O olho do homem lentamente se tornava vermelho.
— Eu lutarei… Eu lutarei!
“Por que está demorando tanto?” Pensou. “Não importa, devo continuar o show!”
— Então peçam me poder! — Peçam e eu lhes concederei a força que precisam para lutar!
— Nos ajude!
— Senhor Triboulet, nos de poder!
— Meu senhor!
— Todos salvem o Lorde Triboulet!
— Nos livre das mãos desses monstros!
O antes bufão, erguia-se aos céus com uma beleza inigualável. Na arena, Li estava caído no chão, extremamente machucado, e Otávio caminhava em sua direção pronto para esmagar a sua cabeça.
— Observem, como o primeiro de vocês, Otávio, dará o primeiro passo em direção à liberdade! Observem, como será o seu futuro!
CRACK
URGH
Jogado no ar como um boneco de pano, Li foi atirado aos céus.
“Eu… vou perder… de novo?” Pensou. “Me desculpe… Lisa… Akemi… galera…”
Suas memórias ressurgiram em sua mente como uma avalanche.
“O que é isso?”
O tempo ao seu redor pareceu desacelerar. Uma música de ninar era sussurrada em seus ouvidos. Ele podia ver uma mulher mexendo em sua barriga e afastando a mão, abrindo-a repetidamente enquanto cantarolava. Toda vez que ela fazia, uma risada ecoava.
“Quem é ela?” Com seus olhos quase fechando no ar, ele tentava enxergar o seu rosto.
— Jihan… você sabia? — disse a mulher. Uma voz doce e graciosa deslizou para a orelha do infanto como néctar. — Em alguns lugares, seu nome significa ‘mundo’… mas de onde eu venho… significa Luz.
A mão da mulher se afastou novamente, aconchegando-se virada para cima em sua barriga que parecia muito próxima de sua cabeça, e em sua palma uma pequeníssima esfera branca brilhou.
— Você é a luz do meu mundo.
Assim que ouviu essas palavras, Li abriu os olhos, recuperando a postura no meio do ar. Juntando ambas as mãos, ele rapidamente acumulou energia de luz em uma esfera, comprimindo-a em várias camadas uma após a outra.
— Comprimir…
E subitamente a esfera se desfez, sendo absorvida pelas manoplas em suas mãos que racharam tentando conter a energia acumulada.
— E absorver!
CRACK
A mana acumulada estendeu as rachaduras do domínio, que começou a se desfazer. E mostrar a realidade para o público.
Um homem nos céus, coberto por luz e um monstro pulando em sua direção. Era incompreensível para os espectadores, mas ficaria gravado em suas memórias.
A energia se espalhava pela arquibancada, tirando dezenas de afetados por Tribulet da ilusão que nublava suas mentes.
— Ele parece…
— Uma estrela…
— Lux de círculo indefinido!
E como se fosse cadente… ele caiu.
— Siriús!

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