Capítulo 98: Ameaça

0% (0 votos)

Existem centenas de formas de matar um homem, mas menos de meia duzia de formas de matar uma ideia. Talvez seja por isso que palavras sejam mais afiadas que facas.

Livros ~ O Bibliotecário

— Queridos espectadores, muito obrigado por aguardarem a nossa pequena pausa — Téo, após meia hora voltou a falar para a plateia. — Agora, sem mais delongas, daremos início ao próximo confronto das quartas de final de nível 2.

As pessoas na arquibancada deram uma salva de palmas para o apresentador.

— Nós da organização ficamos felizes de presenciar um duelo de alto nível e honestidade como foi o primeiro e ficamos ainda mais contentes em anunciar o próximo confronto entre o notável Gaston, da facção de Arcádia e uma figura já carimbada de nosso torneio, Otávio, da facção de Babylon!

— Ah… esse Gaston é um pouco esquisito…

— Gosto dele, é um cara bastante sincero em suas atitudes.

— Mas esse Otávio né…

— Sim… digo, ele já participou mais uma vez, mas até parece outra pessoa nesse torneio em específico.

— É, a facção do Deus Daiko nunca se importou muito com glória, eles trabalham mais com a parte financeira, então continuam mandando-o… quem diria que um homem como esse chegaria tão longe…

Os espectadores cochichavam e fofocavam sobre o confronto do momento.

— É um pouco broxante ver uma batalha dessa depois de presenciar o que acabou de acontecer… — comentou um deles. — Mas já se tornou um pouco previsível. Quem chegará a final desse lado da chave com certeza é o Li Jihan da Arcádia.

— Sim, por outro lado, a parte de baixo do chaveamento está muito mais interessante.

— Concordo plenamente, eu pessoalmente estou torcendo para o Fynn chegar a final, apesar de tudo ele representa a facção que governa nossa cidade.

— Não acredito que está querendo que esse monstro chegue a final, prefiro muito mais que o Xu Wang seja um finalista…

— Penso um pouco diferente de vocês, queria ver como o Li se comportaria contra um bestial como o Gundogam!

— De qualquer forma, acho que todos concordamos uma coisa…

— Esse duelo de agora pouco importa.

“Ah… acho que vai ser difícil animar o público para essa batalha…” Pensou Téo. “Não posso os culpar por não estarem excitados, não importa quem sair desse duelo, será o participante que todos utilizam para julgar o formato do torneio. Sempre se perguntam ‘como esse bagre chegou na semifinal… de uma forma ou de outra…”

— Não pensem que será um confronto fácil! — gritou Téo no microfone. — Qualquer candidato que consiga chegar nesse nível definitivamente é bem forte!

— Só comece logo!

— Queremos ver a próxima luta!

— Certo…

Ambos os homens subiram na arena. Gaston, com seus cabelos loiros, olhos azuis e seu bigode de pontas reviradas ao estilo francês, caminhava nobremente, sem se importar com os comentários da plateia; tudo que passava em sua mente era apresentar um belíssimo espetáculo.

O outro, porém, não estava nada satisfeito. Uma veia gorda saltava de sua testa, tornando ainda mais feia a sua expressão estressada. Seu rosto já não era dos mais apreciáveis e sua falta de capacidade em disfarçar seu emocional só tornava isso ainda mais visível.

— Esses desgraçados já estão me contando fora… vou mostrar pra eles! — murmurou Otávio.

O homem em questão possuía físico invejável com seus um metro e noventa de altura, mais de cem quilos e carregava uma maça cheia de espinhos. Se não fosse por sua falta de cabelo e sua recusa em aceitá-la e raspar o restolho que lhe sobrava, talvez Otávio aos seus mais de trinta anos já fosse casado.

— Hm… — Gaston o encarava de cima a baixo. “Tem alguma coisa de errado com esse sujeito…”

— Participantes! — Téo interrompeu a linha de pensamentos do excêntrico. — Comecem!

A batalha começou disputada, o nobre cavaleiro produzi seu show de sempre, utilizando de sua incrível habilidade de manipulação de água para criar efeitos especiais enquanto reduzia ao máximo a capacidade de combate de seu oponente. Otávio, por outro lado, utilizava mais de força bruta e menos estratégia, forçando seu caminho pelas vãs tentativas de Gaston de fazê-lo gastar sua estamina.

“Ele é estranhamente forte… mas algo está errado…” Pensava o cavaleiro. “Seus golpes carregam uma energia…”

A luta continuou sem parar por alguns minutos.

“Espere… não é somente ele que está ficando mais forte, eu estou ficando mais fraco!?”

Otávio, ao notar a expressão do homem, sorriu.

— Então você percebeu… me desculpe… — apesar das palavras, seu tom era de deboche completo. — Mas preciso alimentá-lo para meu próximo confronto!

BAM

O bárbaro golpeou a lateral da armadura de Gaston, que tentou absorver o golpe com sua espada, mas foi fortemente atirado para longe. Sem perder tempo, Otávio prosseguiu, agarrando-o no chão e tapando sua boca.

— Shh… fique em silêncio.

O rosto do cavaleiro se contorceu, ele tentava falar alguma coisa, mas a mão em sua boca não deixava nenhum som sair.

— Tão fácil assim?

— Mesmo na falta de expectativa achei que daria uma luta melhor…

— Otávio sempre foi tão forte assim?

O bárbaro levantou sua maça.

— Espera, a luta já não acabou? Porque ele continua atacando.

BAM

— Ei, Gaston já está desacordado…

BAM

Homens, mulheres e crianças arregalaram os olhos.

— Alguém pare essa luta!

BAM

Foi só nesse momento que um homem de terno interveio, Otávio imediatamente tomou distância dos dois.

— Apresentador, anuncie logo o fim da luta! — gritou o homem de terno.

— Ah… Eh… me desculpe — disse Téo, confuso, como se tivesse saído de um transe. — O vencedor é… Otávio!

— E foi isso que aconteceu… — finalizou Glória. — Gaston está num estado grave, mesmo com a ajuda das instalações medicas avançadas sua vida continua em risco… e seu braço dificilmente funcionara da mesma forma…

— Que coisa horrível…

— É… Matheus está realmente abalado, ele queria ter feito algo, mas tudo aconteceu tão rápido…

— Por que ele não foi desclassificado? — perguntou Li. — Não tem nenhuma regra contra algo assim?

— Li… por mais que eu queria que tivesse é uma competição de luta, não se pode pedir aos participantes que se limitem dessa forma…

— Mesmo assim…

— Não é esse o ponto do momento, temos outras coisas para nos preocupar — disse Matheus, interrompendo a conversa dos dois. — Você o enfrentara amanhã. Não sei o que Gaston viu, mas ele tentou gritar algo, infelizmente não conseguiremos saber até ele acordar.

— Foi tão ruim assim?

— Pior… parecia um monstro contra um humano comum…

— Está tudo bem — Jihan levantou-se e colocou a mão no ombro de seu amigo. — Amanhã daremos uma lição nesse cara, pode ter certeza.

— Li…

— Aliás, onde está Fynn?

— Ah! — Glória se levantou rapidamente. — Havia me esquecido, a luta dele deve estar acontecendo agora, temos que nós apressarmos!

— Droga, com tudo isso acontecendo nem pensei nisso — concordou Matheus. — Vamos logo!

Correndo de volta para a sala, a luta de Fynn e Gundogam já estava acontecendo.

— Fynn está… perdendo? — observou Matheus.

O homem de mullet estava com seu braço esquerdo sangrando. O trovão estalava a arena, mas o bestial parecia não se afetar.

— Nós da facção de Bestiália admiramos a força, mas isso é inesperado, achei que fosse mais forte!

TSK

— Esse gatinho já está me irritando!

— Hahaha! — riu. — Suas palavras não me afetam reles humano! Mas parece que ainda tem energia para lutar, então me ataque!

Enquanto tudo isso acontecia, Selene sentava-se ao lado da cama de Irmin, em silêncio.

Capítulo 98: Ameaça

AVALIE ESTE CONTEÚDO

Regras dos Comentários: