Izi permaneceu chorando por um longo tempo. Eu não sabia como acalmá-la — e acabei não tentando. Ela chorou, soluçou… e, por fim, adormeceu em meus braços. Estava exausta por vários motivos.

    Era como se o meu tempo tivesse se esgotado. Tudo se apagou, mas reacendeu antes que ela despertasse.

    Naquele breve intervalo, eu mal podia apertá-la com força. Mas, estranhamente, todas as minhas dúvidas e medos haviam desaparecido. Seu perfume já não me deixava sem ar — era apenas um aroma maravilhoso, que eu poderia sentir pelo resto da vida sem jamais me cansar.

    Eu estava feliz. Mas não poderia permanecer nesse momento por muito tempo.
    Precisava voltar à realidade. Precisava entender como ela tinha impedido Jum de me matar… e por que mentiu para minha mãe.

    Não demorou para ela despertar. Seu rosto ainda estava inchado e amassado — mas, ainda assim, continuava linda.

    — Desculpa — sussurrou, envergonhada.

    Assenti. Eu precisava de respostas.

    — O que aconteceu, Izi? Minha mãe disse que foi um ataque de uma horda de Cron. Por que você mentiu para ela?

    Izi ficou em silêncio por um momento, escolhendo as palavras.

    — Kan…

    Ela me olhou nos olhos e fez uma longa pausa, se esforçando para não cair novamente em lágrimas. Izi nunca fazia rodeios. Sempre foi direta e concisa.

    — O Altak chegou sozinho na forja. Meu pai não deu importância, só me pediu para desencilhá-lo. O que você faz para o Altak sempre fugir? — perguntou, curiosa e um pouco irritada.

    — Ele não gosta de mim — comentei, tentando fazer uma expressão inocente. — Mas é estranho, nunca fiz nada contra ele. Talvez ele não goste dos lugares para onde eu o levo.


    Ele era o animal de montaria de Sdom.


    — Ou, talvez, ele só me considere irritante.

    Izi apenas deu um leve sorriso, como se dissesse: “sei muito bem como você pode ser irritante.”

    Ela continuou:

    — Mas aí… eu vi uma flecha enroscada na crista do Altak. Aí tudo mudou. Meu pai percebeu minha aflição quando não consegui recolocar a cela que tinha acabado de tirar. Quando expliquei tudo, ele também pareceu aflito, mas se recusava a me deixar ir junto. Contudo, não teve escolha.

    Ela fez uma breve pausa.

    — A cada segundo que passava sem te encontrarmos, meu coração apertava ainda mais. E, na travessia do rio, encontramos um grupo de soldados. Meu pai avançou com o Altak sobre eles e pulou, gritando para que eu continuasse montada.

    — Ele foi direto ao soldado que tentava te mat… — Ela engasgou com a palavra, respirou fundo e completou com dificuldade: — …ar afogado.

    Ela tremia. Levou as mãos ao rosto, tentando conter o choro. Tinha adormecido de tanto chorar, e eu não queria vê-la triste novamente. Então, acabei ficando nervoso… e falei uma besteira sem sentido:

    — Eu só estava tomando banho!

    Ela me lançou um olhar que dizia claramente: “se continuar, eu te mato.”
    Ela prosseguiu, depois da ameaça velada:

    — Não sei o que ele disse, mas o homem saiu.
    Meu pai saiu com você nos braços. Eu não aguentei e pulei ao seu encontro. Meu desespero aumentou quando ele disse que você estava morto.

    Izi segurou o choro. Ficou um longo tempo lutando para não desabar. Então continuou:

    — Os soldados, ao ouvirem aquilo, baixaram suas armas e apenas nos olharam, curiosos.

     — Meu pai colocou você sobre o Altak e, quando ele percebeu que era você, saiu em disparada!


    — Corremos atrás, tentando alcançar. Meu pai gritava e assobiava, e os soldados ficaram fazendo chacota da situação.


    — O Altak não foi muito longe. Parou logo depois que você caiu e ficou ali, parado, olhando para o outro lado, como se estivesse fazendo pirraça com você.

     — Quando chegamos, você estava respirando. Você estava vivo. Meu pai disse alguma coisa sobre Eirun, mas eu não sei o que significa.

    — Mas eu agradeço… não sei o que faria sem você.

    Neste momento, ela desabou. Chorou por um tempo e falou baixinho, como se implorasse:

    — Por favor, não se envolva mais com aquele homem.

    Ela me olhava com intensidade — e súplica. Mas eu não podia prometer isso. Nem se quisesse. Jum me odiava. De um jeito estranho, irracional. E agora… agora ele sabia da existência de Izi. Esse era o verdadeiro problema.

    Apertei levemente suas mãos.

    — Prometo… fazer o melhor para resolver isso.

    Ela não respondeu. Apenas desviou o olhar, frustrada.
    Em um gesto brusco, pulou da cama onde estava sentada.

    — Sua mãe está chegando — disse, limpando as lágrimas com raiva — talvez mais pelas lágrimas do que pelas palavras.


    — Amanhã eu volto. Tchau.

    E saiu do quarto sem olhar para trás.

    Ela era assim: parecia meiga e frágil, mas era impetuosa quando queria. Sem esquecer também sua teimosia galopante. Acho que ela puxou essa parte do pai.

    Minha mãe não demorou a chegar. A primeira coisa que fez foi subir ao meu quarto.
    Estava como sempre se mostrava ultimamente: frágil e abatida. Mas tentava esconder isso atrás de uma máscara de esperança. Mediu minha febre com as costas das mãos e me deu um chá amargo.

    Esse era diferente do corriqueiro chá verde. Tinha um gosto metálico e adocicado. Era mais espesso e, com certeza, muito mais caro do que o outro. E, por estranho que pareça, me peguei sentindo saudades do chá verde. Ele era asqueroso e amargo, mas as lembranças dele me traziam nostalgia.

    E assim, novamente, os dias se arrastavam. Eu melhorava, dia após dia.
    Izi, como sempre, já não estava chateada pela minha resposta dúbia.
    Meu corpo já não era puro osso, e comecei a dar os primeiros passos. Recuperei um pouco das minhas forças, e Izi resolveu que eu já estava bom o suficiente para me provocar.

    — Já sei o que está escrito na espada. Bem meloso você, hein!

    Fiquei ruborizado de vergonha. Ela estava me provocando para arrancar alguma reação, mas fiquei tão envergonhado que não consegui fazer nada.
    Percebendo que não ia dar em nada, ela se aproximou e me beijou delicadamente.

    — Eu sou sua Promised, e você ainda age como se fôssemos estranhos — terminou a frase com um sorriso travesso.

    — Tá querendo que seu pai me mate, só pode!

    Ela deu um longo sorriso de felicidade e saiu saltitante. Fiquei pensando: ela vem e vai quando quer.

    📢 Nota do Autor

    Alguém está lendo? 👀

    Quero saber se tem alguém acompanhando essa história até aqui!

    Para os 3 primeiros leitores que comentarem nesta plataforma e me mandarem uma mensagem no Discord, vou fazer um PIX de agradecimento:

    🥇 1º lugar: R$50
    🥈 2º lugar: R$30
    🥉 3º lugar: R$15

    💬 Me chame aqui: https://discord.gg/AUbzj5XC

    Só vale se for comentário real. Quero saber o que você está achando do livro. Bora conversar!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota