Capítulo 11 – Início da Jornada
Já se passaram cinco dias desde que Kael aceitou me treinar. Cinco dias que mudaram completamente a minha rotina e a minha perspectiva sobre o que significa realmente se preparar para uma batalha. Durante esse tempo, Kael decidiu que nossa melhor estratégia seria viajar pelo país enquanto eu me fortalecia. A ideia era simples, mas eficaz: quanto mais experiência eu ganhasse, mais preparado estaria para meu verdadeiro objetivo. Quando eu realmente estivesse forte o bastante, começaria uma busca com uma, única missão: encontrar os assassinos dos meus pais e fazê-los pagar pelo que fizeram.
Nestes cinco dias de treinamento, aprendi muitas coisas com Kael, principalmente sobre como manusear uma espada corretamente. Ele me ensinou sobre postura, equilíbrio e como usar o peso do próprio corpo para tornar meus golpes mais eficazes. Cada movimento era meticulosamente explicado, e Kael não tolerava erros. Ele me corrigia com uma precisão quase irritante, mas eu sabia que era necessário.
Porém, por mais que eu estivesse grato pelo conhecimento, o que eu realmente queria aprender era magia. Desde que vi Aiza usando seus poderes, fiquei fascinado pela ideia de controlar elementos e forças além da compreensão humana. Kael, no entanto, insistia em priorizar o treino com a espada. Talvez porque despertar magia em idade tão jovem seja algo extremamente raro.
Aiza é uma exceção, um verdadeiro prodígio. Seu despertar precoce a tornou especial, algo que poucas crianças conseguem.Talvez Kael pense que eu não terei a mesma sorte, ou talvez ele só queira que eu domine primeiro o básico antes de seguir para algo mais avançado. De qualquer forma, mesmo querendo aprender magia, não posso ignorar a importância de me tornar habilidoso com a espada.
Mas hoje é um dia especial. Hoje, finalmente, deixaremos a floresta e iniciaremos nossa jornada. O primeiro destino que Kael escolheu é Drogmog, uma cidade que, segundo ele, é um ótimo ponto de partida para quem deseja se fortalecer. Lá, há muitas lojas de equipamentos bons, além de ser uma cidade cercada por áreas infestadas de monstros. Isso significa que poderei praticar meu manejo da espada em combates reais e, pouco a pouco, aprimorar minhas habilidades.
No entanto, tenho minhas dúvidas se lutar contra monstros será tão assustador quanto treinar com Kael. Esse velho é simplesmente um monstro disfarçado de homem. Seu treinamento é intenso, desgastante e, para ser honesto, doloroso. Nestes cinco dias de treino, houve momentos em que senti que meus ossos iriam se partir de tanto esforço. Kael não pega leve. Cada sessão de treino parece mais um teste de sobrevivência, e às vezes me pergunto se ele está realmente tentando me ensinar ou apenas tentando me matar.
Hoje, por exemplo, enfrentei Kael pela primeira vez em um duelo de espadas. Claro, usamos espadas de madeira para evitar ferimentos graves, mas isso não fez muita diferença. No primeiro golpe que ele desferiu, minha espada quase se partiu ao meio com a força do impacto. A vibração percorreu meus braços e eu mal consegui manter o equilíbrio. Foi um massacre total.
Kael não deu trégua. Cada golpe que ele desferia era como uma tempestade, e eu mal conseguia me defender. Ele me forçou a pensar rápido, a me mover com agilidade e a prever seus movimentos. No final, eu estava exausto, com os braços doloridos e o corpo suado, mas senti que havia aprendido algo valioso.
Agora, exausto, a única coisa que desejo é me jogar nesta cama e dormir um pouco. Sei que amanhã será um dia longo e cansativo, então preciso aproveitar cada minuto de descanso.
Antes de fechar os olhos, olho para o lado e vejo Aiza dormindo profundamente na parte inferior da cama. Ela parece tão serena, tão despreocupada… Mas eu sei a verdade.
Essa vida não deveria ser para ela. Aiza merece ser feliz. Ela não deveria ter que carregar esse fardo ou passar pelas dificuldades que enfrentou até agora. Mas o mundo foi cruel com ela. Assim como foi comigo.
Por isso, por ela… e pela memória dos meus pais, eu irei me tornar forte. Forte o suficiente para protegê-la. Eu nunca deixarei que algo ruim aconteça com Aiza.
Com esse pensamento, dou um leve empurrão nela para que se mova um pouco para o lado.
— Arreda aí, Aiza.
Ela resmunga, mas não acorda. Aproveito a oportunidade para me deitar na parte de cima da cama, e, em questão de segundos, o cansaço me vence.
— Acordem! Acordem logo!
A voz estrondosa de Kael ecoa pelo quarto, me arrancando do sono de forma brusca. Meu corpo reage no mesmo instante, e eu pulo da cama, meu coração disparado.
Por um momento, penso que algo grave está acontecendo. Talvez um ataque, um incêndio, ou algum perigo iminente. Mas, ao olhar para o lado, vejo Kael em pé, nos encarando com impaciência.
— Por que você está gritando desse jeito?! — pergunto, ainda tentando entender a situação. — Me assustou! Pensei que algo ruim estivesse acontecendo!
— Vamos partir para a cidade hoje. Drogmog fica muito longe, então quanto antes sairmos, melhor. — Kael responde com um tom firme e determinado.
Seu olhar é sério, mas não há irritação nele. Ele apenas quer garantir que tudo ocorra conforme o planejado.
— Você tem razão… — murmuro, esfregando os olhos para afastar o sono. — Mas precisava gritar como um louco para nos acordar?
Kael apenas dá de ombros, sem demonstrar qualquer arrependimento.
Enquanto conversamos, percebo que Aiza ainda não acordou. Ela continua dormindo profundamente, indiferente ao caos ao redor.
— Eu vou tomar um ar. Você pode cuidar de acordá-la?
— Hmph. Como se fosse fácil…
Ignoro o comentário e saio do quarto, respirando fundo ao sentir o ar fresco da manhã.
Hoje minha jornada começa de verdade. Sei que há um longo caminho pela frente, e que enfrentarei desafios difíceis.
Mas que este mundo esteja preparado… para a lenda que eu irei me tornar.
A cidade de Drogmog nos espera, e com ela, os primeiros passos em direção ao meu destino. O sol começa a surgir no horizonte, iluminando o caminho que temos pela frente. Kael já está preparando os cavalos, e Aiza finalmente acorda, ainda sonolenta, mas pronta para seguir em frente.
Este é apenas o começo, mas cada passo que dou me aproxima do meu objetivo. E eu não vou parar até que a justiça seja feita.
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