Índice de Capítulo

    — KAEL, LUTE COMIGO!!! — berrou Kurogami, correndo como um verdadeiro monstro solto da jaula, seus pés batendo no chão como tambores de guerra, fazendo o solo vibrar a cada passada. Seus olhos, selvagens e sedentos, estavam cravados em Kael como os de um predador que finalmente avistou sua presa.

    — Kurogami, VAI MAIS RÁPIDO, seu monte de músculos inútil! — esbravejou Lillix, agarrada às costas largas do brutamontes. Seu rosto estava contorcido em impaciência e excitação. — Pelo visto, eu mesma vou ter que resolver essa porcaria!


    O vento assobiava ao meu redor, carregando o cheiro metálico de sangue e o calor.

    Olhei por cima do ombro, sentindo meu coração acelerar. Lillix se levantava com um sorriso psicótico nos lábios, os olhos semicerrados de puro prazer. Com um estalo de seus dedos finos, uma corrente negra serpenteou no ar como uma criatura viva, cortando o espaço entre nós em um movimento rápido e ameaçador.

    Meus olhos se arregalaram.

    O tempo pareceu desacelerar.

    A corrente vinha direto na nossa direção — era rápida demais. Mas então…

    Kael virou o corpo, me envolvendo com o braço como se eu fosse mais valiosa que a própria vida dele. Com a outra mão, ele ergueu sua espada, o aço reluzindo brevemente mesmo em meio à escuridão.

    CLANG!!

    A lâmina encontrou a corrente e a cortou com precisão. Mas não adiantou.

    A corrente se dividiu como uma hidra de ferro, multiplicando-se em quatro novos tentáculos sombrios que se fundiram de novo em uma única corrente grotesca, espessa como o tronco de uma árvore, que se lançou contra nós.

    Fomos pegos de surpresa.

    As correntes se enrolaram em nossos corpos com força descomunal, nos apertando como serpentes famintas. Fomos jogados ao chão sem qualquer resistência, esmagados e amarrados lado a lado.

    Senti o peso de Kael tentando me proteger até o fim, mesmo enquanto era imobilizado.

    — ACERTEI EM CHEIO!! HAHAHA!! — gritou Lillix, gargalhando como uma criança maluca brincando com suas vítimas.— Isso tá ficando mais divertido do que eu esperava!

    Kurogami parou alguns passos à frente, cruzando os braços. Sua expressão era de nojo.

    — Não… Não assim… — rosnou, irritado. — Uma vitória como essa não vale nada. Principalmente contra Kael Varonis…

    Mas Lillix nem o olhou. Ela estava completamente entregue à própria insanidade.


    Seus passos ecoaram na floresta silenciosa enquanto se aproximava de nós com calma. O som de suas botas esmagando folhas secas parecia o prenúncio da morte.

    Ela parou em frente a Kael, levantou a perna com precisão e desferiu um chute brutal em seu rosto.

    THUD!!

    O som foi seco. Senti o corpo de Kael estremecer ao meu lado. Um filete de sangue escorreu pela boca dele, mas ele não gritou. Apenas suportou.

    — Velho desgraçado… — cuspiu ela com desprezo. — Você já me atrapalhou demais. Me fez perder tempo. Tempo que eu poderia estar brincando com essa mocinha aqui. — Ela me olhou, e senti um arrepio gélido subir pela espinha. — Agora eu vou te usar até você não aguentar mais respirar. Vai implorar pela sua vida, vai se arrastar como um cachorro. E então… — seu sorriso se alargou, um brilho demoníaco nos olhos — eu vou te matar. Ahahahah!

    Aquela risada.

    Era o som mais doentio e profano que eu já ouvi.

    — Calma, Lillix. Temos que levar eles pro chefe ainda… — disse Kurogami, sua voz densa como pedra quebrando, tentando conter a fúria caótica da companheira.

    — Tudo bem… mas não precisamos levar os dois. — respondeu ela, lambendo os lábios como se qjá estivesse saboreando minha dor. — Só ela já basta pra diversão começar.


    Mesmo caído, mesmo amarrado e machucado, Kael abriu os olhos. Havia uma chama acesa ali, uma que nunca se apagava. Ele se esforçou, levantando levemente a cabeça e encarando os dois com firmeza.

    — Você acha mesmo que vai me matar…? — disse com a voz baixa, rouca, mas carregada de ira. — Muitos já tentaram. Com essas mesmas palavras idiotas… e eu matei todos. Todos eles. — seus dentes estavam cerrados, o sangue escorrendo do lábio partido. — E vocês… não vão ser os primeiros a conseguir o feito de tirar minha vida.

    Então ele me olhou. Um olhar rápido. Havia fúria. Mas havia também outra coisa: culpa. Preocupação.

    Ele estava tentando ser forte por mim.

    Mesmo preso, mesmo vencido, ele não desistia.


    Lillix se aproximou lentamente, seus olhos brilhando em vermelho como brasas no fundo do inferno. A luz sinistra refletida nas pupilas distorcidas fazia seu rosto parecer ainda mais macabro. Ela se agachou diante de Kael, com um sorriso cruel nos lábios pintados de sangue seco.

    — Engraçado… — disse ela, com a voz doce como veneno. — Você me atacou com tudo que tinha. Com força, ódio, desespero… e mesmo assim… — ela abriu os braços, como se se apresentasse ao mundo — …ainda estou viva. Bem aqui, na sua frente.

    Ela se inclinou um pouco mais, falando quase em sussurros, mas cada palavra era uma adaga:

    — E eu pensei que uma “lenda” como você seria capaz de destruir exércitos. Mas pelo visto… nem consegue matar uma mulher sozinha. Hahaha! Imagina um exército inteiro…

    Com um gesto teatral, afastou a mão que cobria sua barriga.

    Por um segundo, o ar ficou pesado.

    Ali, no centro do abdômen, havia um buraco profundo, uma ferida aberta e grotesca. O corte de Kael, mesmo bloqueado pelas correntes, havia dilacerado sua carne, expondo os músculos internos. Sangue escorria lentamente, mas Lillix parecia imune à dor. Ela apenas olhava para a ferida como se fosse uma marca de vitória.

    — Vê isso? Isso foi o seu melhor golpe. — Ela deu uma risadinha, quase infantil. — E mesmo assim, eu ainda tô aqui. Respirando. Rindo. Você é um fracasso glorificado, Kael. Uma sombra da lenda que dizem que foi. Sabe o que vejo? Um velho patético tentando parecer herói.

    Ela se ergueu, rindo com escárnio, jogando o cabelo para trás com desprezo.

    — Se um homem patético como você virou uma lenda… então eu também posso ser uma. Ahahahahah!


    — CALA A BOCA, LILLIX! — rugiu Kurogami, dando um passo à frente, os olhos flamejantes de raiva. — Kael Varonis é uma lenda viva. Um homem que merece respeito… antes de ter a cabeça arrancada.

    Lillix riu na cara dele, desdenhando.

    Mas, de repente…

    FWOOOOOSH!!!

    Uma bola de fogo incandescente atravessou o céu e atingiu o peito de Kurogami com força. O impacto fez o chão tremer, levantando fumaça e folhas queimadas ao redor.

    Mas ele nem se mexeu.

    A fumaça dissipou-se, revelando sua figura colossal intacta. Nem um arranhão. Apenas sua respiração ficou um pouco mais pesada. Seus olhos se ergueram lentamente para o céu, procurando a origem do ataque.

    E então a viram.


    Aiza.

    Ela flutuava acima das árvores, envolta por uma aura flamejante, os cabelos revoltos dançando com o vento e a energia mágica. Suas bochechas estavam cobertas de lágrimas, e os olhos brancos de pureza, estavam agora arregalados de horror.

    Ela tremia.

    Não de medo. Mas de raiva, desespero e impotência.

    — KAEEEELLLLL!!! — gritou com a alma, sua voz quebrando o céu como um trovão infantil.

    Com um gesto furioso das mãos, lançou várias esferas flamejantes, uma após a outra, direto contra Lillix e Kurogami. As chamas rugiam como bestas famintas, cada bola de fogo carregando todo o desespero e fúria contidos por aiza.

    As explosões começaram a engolir a floresta abaixo.

    O inferno acabava de começa

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