Capítulo 101 — Recomeço.
Despertando em meio a tanto amor, Kevyn se sentou sobre o colchão ainda nu. Ele olhou para sua amada… seus olhos fechados e cabelo branco. O garoto então se levantou, cobriu Night e lhe deu um beijo.
Passo por passo, ele chegou no banheiro e se olhou através de um espelho acima da pia. “Você sou eu?”, observou a si, seu cabelo tão grande, suas mechas negras, seu olho laranja.

Apático, ele pôs a mão sobre o rosto e levantou seu cabelo, podendo ver agora seu olho azul. “Ou é só uma casca?”.
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Tic.
Diante da inexistência, um vazio imensurável foi preenchido em um breve estalar de dedos. Coberto por uma vastidão verde, a grama contaminou o horizonte em leves colinas.
Cedendo ao espaço, uma planície infinita surgiu junto ao vento que balançou o cabelo de seis seres divinamente postos.
Diante deles, uma mesa. Esculpida do cosmo intangível, sete cadeiras vieram junto à sua formação divina.
Tac.
Então a primeira voz soou. Gélida como a neve que nunca derrete, ela quebrou o silêncio com armadura:
— Como ela pôde ter… morrido? Astéria era forte demais para simplesmente cair assim, tão fácil.
Tic.
Então ela veio a se sentar sobre a cadeira mais perto do final. Seu cabelo idêntico ao da mulher falecida mencionada, mas azulado como a fria e mórbida…
Tac.
No mesmo momento, alguém também se sentou. Os fios álgidos de seu cabelo, assim como a sua pele pálida, de frente para a mulher gélida, suas orelhas vampirícas tênues se moveram de maneira involuntária. Então, ele se lembrou e ressoou com certa tristeza:
— Sério, Ice? Nem eu… consigo ver isso acontecendo. Mas estamos falando do Kley, afinal…
Tic.
Então, o rapaz juntou suas mãos sobre a tábula. Em meio à conversa dos mais fracos, uma mulher ruiva também se sentou, mas longe, ao final da grande mesa.
Ela estava de olhos fechados, então tocou a ponta de seus chifres negros e abaixou a cabeça, triste.
Assim, os inferiores continuaram:
— Não gosto daquele vampiro… Frost. Não fique falando o nome dele por aqui — disse a mulher fria.
— Tudo… bem.
Tac.
Logo, uma garota com seu cabelo preto e branco se sentou. De olhos fechados, sem nenhum remorso, com certa ironia, seu falar não hesitou:
— Já que estamos falando daqueles dois, o que fazemos com o Kley? Ele provavelmente… vai atrás do garoto.
Assim, alguém animadamente gritou:
— Hyrome, Hyrome! Olhe bem. Se o moleque não tá na mão dele, então tamo suave por enquanto.
Tic.
Blusa verde camuflada, sorriso de dentes pontiagudos, um homem tão alto se sentou de frente para a menina.
E assim, um silêncio tênue se grudou, mas, sem demora, a jovem citada se reservou:
— Mantis, não fique falando meu nome várias vezes. — Ela abriu seus olhos totalmente negros.
— Tá certo, Srta. Hyrome. — O homem sorriu e cruzou as pernas, inclinando-se para trás na cadeira.
Tac.
Então Ice desviou o seu olhar. Seus olhos tão gélidos acompanharam um suspirar. Frost percebeu e tentou sorrir para ela. Ignorado. Não existia calmaria eterna.
Tic.
A mulher com chifres levantou sua cabeça. Cerrando seus olhos, ela encarou um certo alguém.
De passos tão lerdos e baita arrogância. Seu cabelo cinza matava quem clamava. Uma mulher tão grande que usava kimono. Incomodando a ruiva com seu decote aberto e tão profano.
Então ela ressoou:
— Quem se importa? A vadia foi tarde, não acham? As únicas aqui que se importavam com aquela… traste, eram a Ice e a Myuky. — Ela então passou por quem, perto dela, parecia uma criancinha de cabelo azul-claro, e veio a se sentar de frente para a dita Myuky. — Não é mesmo?
Tac.
Revelando seu olhar azul esverdeado, a ruiva se agravou; ergueu seu queixo e seu dedo do meio mostrou. Melhor amiga de Astéria, repudiou o ato efêmero e respondeu com nojo:
— Se ponha em seu lugar, sua puta. Não consegue enxergar, ou tá difícil? Se ponha no seu lugar, ou eu mesma farei isso.
— Eu não tenho medo das suas palavras vazias, pedófilazinha.
Com sua resposta, seu cabelo cintilava para trás. A tão arrogante mulher ergueu seu queixo enquanto sua franja tampava um de seus olhos.
— Se a carapuça serviu, Kross, eu sei bem tudo o que você fez. — A ruiva debochou e cruzou suas pernas.
Tic.
A dita Kross então abaixou a cabeça e apenas a encarou com raiva.
Tac
Os outros membros da mesa, exceto as duas, então se levantaram e se curvaram para quem caminhava até aquela reunião.
Conforme seus passos, o mundo se distorcia, como se o próprio caos estivesse sobre seus pés. Animada, Myuky coçou um de seus chifres e perguntou:
— Mãe, posso buscar o filho mais novo do Kley, em breve ele vai se tornar um adulto, não é mesmo?
Tic.
Suas roupas leves, um breve terno branco. Conforme se aproximava, seu cabelo vinho levemente voava ao vento da inexistência. Seus olhos com caveiras estampadas sobre eles, os ossos em sua roupa, mais crânios em sua gravata.
Lá estava ela:
Etubezaab Suedrom Learza
Lentamente veio até a última cadeira, e se sentou. Com frieza em seu olhar, encarou a ruiva e respondeu:
— O garoto vai ficar sobre minha vigia. Fora isso, vocês duas, se continuarem, serei obrigada a matá-las por pelo menos duzentas vezes. Rublia não compareceu porque eu e ela temos coisas importantes para se fazer. Myuky, não me chame de mãe em casos formais, lembre-se da promessa que fez, espere até ele realmente fazer 9 anos.
— Hah- — No momento em que riu, a mulher de cabelo cinza foi desmantelada.
Tac.
Apática, Suedrom voltou e disse:
— Não interfiram em nada e muito menos sigam o exemplo da Kross. Em breve vamos enfraquecer aquela pessoa, se ela descobrir a existência do príncipe, estaremos em um perigo que possamos evitar. Mas ainda há algo que quero falar, essa reunião apenas acabou de começar.
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Após se vestir, desceu as escadas. Ao chegar na cozinha, o observar da mesa. Kevyn caminhou até as panelas do fogão e pensou sutilmente: “Fazer almoço”.
De repente, a porta levou alguns toques. Surpreso, o garoto lembrou de seu irmão mais velho e andou até a entrada. Ao abrir a maçaneta, do lado de fora estava um homem loiro com um longo cachecol vermelho.
— Bom dia! Aqui é sua moradia?! Hahaha! Haha… ha?
Kevyn mudou de face e sorriu morbidamente. — Bom dia, Gabriel.

— Desculpa. Como você está? — Ele entrelaçou seus braços.
— Bem, eu tive uma boa noite de sono.
“Seus olhos não dizem isso, irmão”, o homem suspirou e voltou com um sorriso.
O príncipe mantém uma face alegre, mas ainda era desconfortável para seu irmão mais velho.
— Vim cumprir com o que eu disse, lembra? — Gabriel inclinou a cabeça.
O jovem também Inclinou a cabeça.
Assim, o lorde ressoou:
— Não vou te ajudar financeiramente só por ser seu irmão, seja homem e cuide de sua… sua… — Coçou a cabeça. — Eh… cuide dela! Mesmo que eu não seja lá muito fã desse relacionamento. Enfim! Arrume um trabalho e assuma sua nova responsabilidade.
— Já aceitei, eu iria fazer comida agora.
Surpreso, o homem desviou o olhar um pouco sem jeito. — Ah, claro! Mas vou ser direto, quem planejou todo aquele ataque a Lycky, foi nosso segundo irmão do meio, Casy, líder de Ambik-B.
Ao ouvir aquilo, a face de Kevyn tomou uma seriedade imensurável. — Casy, é? Ambik-B… é? Continue.
— Eu vou ter que cuidar de muita coisa já que Lycky foi derrubada, o maninho do meio lutou contra Zeo, e perdeu, mas arrancou um braço dele também, entende?
— Sim.
De tudo, Gabriel realmente não sabia como se portar na frente de seu irmão mais novo, ele parecia muito introspectivo e isso dava um certo medo.
“Eu quero tanto abraçar ele… não. De homem para homem, ele vai cuidar dos próprios demônios, mas… ainda espero que a Star cuide dele”, o lorde piscou os olhos em dor e disse:
— Kevyn, eu preciso partir para cuidar das coisas, posso confiar em você sozinho?
— Sim, mas antes… por que não gosta da minha relação com a Night? — Inclinou a cabeça.
O homem fechou seus olhos e então respondeu após um suspiro: — Isso não importa, até mais. — Criou um portal em seus pés e caiu por ele.
Vendo-o ir, Kevyn acenou e o viu partir. “Imagino o quão forte ele é, enfim, hora de fazer o almoço”. Assim, ele voltou para dentro e fechou a porta.
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