Capítulo 103 — Trabalho diferente.
Através de uma colher de comida, Night pôde saborear a sua maior vitória. Mas ao engolir, percebeu o quanto frio era o custo dessa falsa sensação de vencer. “Eu sou tão patética, precisei quebrar ele para ter seu corpo”.
De repente, uma raiva monstruosa caiu sobre a garota. “Esse mundo imundo, ele vai cumprir a promessa, eu deveria fazer outra? Independente do que o Kevyn queira, vai ser eu quem vou matar Kley, eu vou matá-lo”, semicerrando seus olhos, ela deu outra colherada.
Secretamente, Kevyn chegou em casa. Em total silêncio, ele viu sua amada em pé ao lado da pia e se aproximou. Sem fazer barulho, ele passou seus braços por Night e a abraçou bem na cintura.
A demônio se arrepiou e lacrimejou. “Kevyn, eu não te deixei me abraçar! Isso é cruel…”, corada, ela desviou a cabeça.
“Tá tudo bem agora, eu arranjei um trabalho”, disse o príncipe, que a abraçou mais forte e beijou sua nuca. “Vamos treinar depois? Quero poder estar mais com você”, ele sorriu.
“Seu tolo! Não quero que você fique fazendo isso, mas já que estávamos em casa, vou deixar um pouquinho”, ainda mais corada, ela virou para olhá-lo e colocou suas mãos sobre o rosto dele, esticando seu corpo para trás só para ver olhos tão apáticos.
Aquele sorriso tão melancólico a fez refletir de novo, mas ela sabia que não era culpa dela, não era culpa dela, não é? Não podia ser. “O que eu fiz? O que… ele, fez? Você não pode esconder seus sentimentos de mim, você sabe né?”, pensou para si mesma.
— Night, eu te amo. — Kevyn sorriu e beijou a testa dela enquanto soltava-a do abraço.
“Mesmo assim, ele não mudou nada, continua sendo o meu amor”, pensou a garota, que voltou e pegou sua colher.
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Durante a tarde, os dois foram treinar na planície, começando pelo aquecimento, flexões, agachamentos e alguns quilômetros corridos. Logo após, uma breve luta de espadas até o descanso.
Bem ao pôr do sol, os dois vieram a se deitar em uma colina um do lado do outro. Leve calmaria tão singela após uma tempestade tão destrutiva.
— Sobre seu trabalho, quando vai começar? — perguntou Night.
— Essa noite. A patroa disse para cobrir o rosto com algo, isso me lembrou disso daqui… — De sua bolsa dimensional, o garoto retirou uma venda negra, essa que foi dada por Mouth a tempos atrás.
— Essa venda! Mas não seria melhor usá-la para andar por aí? Meio que seus olhos devem estar te desgastando muito, não?
— Não, eu tô bem. Melhor usar ela pra trabalhar.
— Hm…
Olhando para as folhas da árvore que faziam sombra para eles, Night pensou: “Será que ele realmente tá bem? Mesmo se ele conseguir manter os olhos, ele só vai recuperar a energia quando comer, dormir e usar ela para trabalhar… mas se ele usar os olhos, isso vai dar um desgaste de energia que pode acabar matando ele!”
— Kevyn… não é melhor você usar a venda para achar algum trabalho? Assim as pessoas não vão-
Kevyn girou na grama e abraçou ela enquanto dizia:
— Confia em mim, eu sei o que estou fazendo.
Ainda preocupada, a demônio retribuiu o abraço e suspirou no rosto dele. — Se esgotar sua energia, eu não vou poder te ter durante a madrugada, sabia?
— Ah… você tá pensando naquilo? Eu aguento. — Ele deitou a cabeça no braço dela e sorriu.
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Dada a noite, com o vestir do manto de seu falecido mestre, Kevyn passou a venda por seus olhos e a amarrou atrás de sua cabeça.
— Você ficou lindo — disse Night.
— Obrigado. — Sorriu, tímido.

A garota se aproximou e levou sua mão até a bochecha de seu amado. Com um olhar frio e neutro, ela passou sua mão pelo pescoço dele e disse:
— Após o trabalho, eu vou querer seu tempo, tudo bem?
— Tudo bem. — Ele inclinou a cabeça e prendeu a mão da demônio entre seu ombro e pescoço. — Mas não exagera, não quero ver você se machucando de novo.
— Kuku… certo..
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Em meio a um caminhar calmo, Kevyn inclinou a cabeça enquanto Night andava ao seu lado. Ela o olhou, gesticulou de forma estranha, e lambeu os lábios enquanto perguntava:
— Kevyn, cadê o Humbra?
Um tanto incomodado, ele respondeu: — Ele… eu não tenho conseguido tirar ele da minha alma.
— Hm…
— Ele deve conseguir sair em breve.
A demônio tentou quebrar o clima.
— Kukukuku!!! Vou roubar todos os corpos e almas para mim!
— Do que você tá falando?
— Kukukukukukuku!!!! Não importa! Roubarei todos para meu exército!!!
Ao semicerrar seus olhos, o garoto acariciou o topo da cabeça dela e olhou para cidade ali próxima. “Night, estamos chegando”, pensou, enquanto ela ia para forma de anel em seu dedo anelar.
Dado a chegada, o príncipe instantemente entrou no primeiro beco que viu e, nada? Num piscar de olhos, uma porta surgiu, sua cor era… azul esverdeada.
Sem pensar muito sobre, Kevyn abriu a porta e, do outro lado, um bar calmo e tão singelo, uma sensação de conforto e nostalgia, não só para o garoto, mas para sua espada. No balcão, um homem de cabelo ruivo e olhos de girassol.
— Oh, ela disse que viria, boa noite.
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