Índice de Capítulo

    Após terminarem o espaguete, Kevyn pegou o copo de refrigerante a qual dividiam e tomou um gole. Vendo até o fundo da alma dele, um rubor nas bochechas de Night surgiram e ela suspirou um pouco excitada.

    Ao devolver o copo para a mesa, o garçom trouxe a sobremesa, um pudim e alguns outros doces. “Kevyn, a gente deveria ter feito esse encontro na cama, nos divertiríamos bem mais”, ela passeou seus olhos pelo rosto do seu amado e soltou um leve “gup”.

    “Não fique falando essas coisas, eu me esforcei pra fazer isso”, o príncipe desviou o olhar meio triste.

    — Desculpa! Eu tô só me sentindo meio quente nesse lugar — disse a garota, que soltou outro “gup”, e o fitou com um olhar caído.

    — Você tá soluçando… quer que eu peça um pouco de água?

    — Nah!… Eu tô bem. — Ela se jogou para trás na cadeira enquanto erguia sua palma para o menino.

    Kevyn percebeu a mudança de humor tão repentina e olhou para o “refrigerante” que, na verdade, era whisky, e por mais de não fazer ideia do que era aquilo, por algum motivo, não tinha gás o suficiente para ser um refrigerante.

    “47% Alc? O que seria isso?”, pensou, tentando pegar o frasco para olhar melhor, mas antes de poder, Night pegou a mão dele e, com lágrimas em seus olhos, disse:

    — Você tá escondendo alguma coisa de mim, eu sei disso… quando eu disse para mostrar todos os seus sentimentos, eu não estava brincando, por favor, não fique mal só para você, como sua namorada, eu quero poder cuidar de você, me deixa cuidar, por favor… “gup”.

    “Ela esteve se preocupando tanto assim? E… de toda forma, ela sabe o que eu sinto”, Kevyn soltou sua mão da dela e se levantou.

    Buscando o toque dele, a demônio tentou recuperar sua palma, mas, sem nada esperar, viu seu amado se ajoelhar e ele mostrou uma aliança de ouro negro com um sol de ouro branco.

    — Night, quer casar comigo?

    Uma sensação tão estonteante, como aquilo poderia ser real? “Ele realmente tá falando sério? Kevyn…”, pensou a demônio, que pôs sua mão sobre a cabeça do garoto fitando-o com tristeza.

    — Você não é um adulto ainda, sabe que não posso aceitar, não é? Mas não entre em desespero… enquanto esse dia não chega, esses serão nossos anéis de namoro. — Ela passou seu dedo anelar da mão direita pela aliança e sorriu com o mesmo rubor em suas bochechas. — Pelas nossas almas, será para sempre, isso é o bastante para provar todo meu amor.

    Night se levantou, arrancou a caixa na mão dele, pegou o outro anel e pôs no dedo anelar da mão direita dele.

    — Quando pomos o anel no dedo anelar da mão direita, significa namoro, já na mão esquerda, é casamento, a sua esquerda será só minha, tudo bem? — Ela sorriu.

    Envergonhado, o garoto desviou o olhar. — Tudo… bem.

    As pessoas à volta aplaudiram e, assim, o casal levantou-se e voltou a se sentar.

    Um “glup” de Night o príncipe ouviu.

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    Após o encontro, Kevyn carregava sua amada nas costas. “P̵e̷n̷s̵e̴i̶ ̷q̵u̷e̵ ̴t̵i̵n̷h̶a̵ ̵m̷e̸ ̶t̷o̴r̵n̸a̵d̶o̵ ̵u̶m̷ ̴a̵d̴u̸l̷t̴o̸.̷.̵.̶ ̸s̸e̵ ̸a̷q̸u̶e̵l̷a̷ ̶m̶a̶s̴s̷a̸g̶e̴m̵ ̸n̴ã̶o̶ ̷s̸e̶r̸v̵e̴ ̷p̶a̵r̶a̴ ̴i̴s̸s̸o̴,̷ ̷s̴ó̷ ̶o̵ ̸t̴e̴m̵p̴o̵ ̶m̸e̸ ̴t̴o̴r̸n̷a̷r̴á̸ ̵u̶m̴ ̶h̶o̶m̵e̴m̴ ̸d̷e̵ ̴v̴e̸r̵d̶a̵d̴e̸?̶”, o garoto encarou o chão de pedra um pouco desatento.

    Abraçada no príncipe, a garota fingiu estar dormindo para poder ler seus pensamentos, mas nada ela ouviu. “Você é esperto… essa aliança combina tanto comigo, tão atencioso… eu não vou esquecer de que você fugiu daquele assunto, seu idiota”, a demônio abriu seus olhos e disse:

    — Amor… está tudo bem?

    Ele ajeitou-a em suas costas e, de maneira alegre, falou: — Sim.

    “Quando eu não posso olhar para seus olhos, é tão mais convincente, você mente tão mal!”, Night apertou a cintura dele com suas pernas.

    — Ei! Isso dói! — gritou o garoto.

    — Ah… “gup”, sinto muito, você pegou na minha bunda. — Ela desviou o olhar.

    — Estou segurando suas coxas, sua… sua… 

    — Me chame do que quiser, saiba que vou descontar tudo em você depois, “gup”.

    Podendo já ver a casa deles, Kevyn perguntou: — Por que você tá soluçando desde o restaurante? Tem certeza de que está tudo bem?

    — Ahhhh! Para, né? Só falta me dizer que você não tá bêbado também! — Ela gritou enquanto se pendurava nele e girava de um lado para o outro.

    — Do que você tá falando?! — Indignado, ele tentou manter o equilíbrio.

    — Aquilo era bebida alcoólica! Ou vai me dizer que não sabia?!

    Chegando na porta de casa, o garoto girou a maçaneta e então respondeu: — Eu não sei dessas coisas, você sabe disso… — Com uma voz fraca, ele ressoou e um leve cair de olhos o fez perder o equilíbrio.

    — Kevyn?!

    O cair no chão, o impacto, desacordado. Night caiu por cima do príncipe, sentando-se nas costas dele. Preocupada, ela checou seu pulso, saiu de cima, girou seu corpo, sentiu seu coração e…

    “Tudo está batendo”, aliviada, ela se perguntou quanta energia ele gastou. Momentaneamente, ela se levantou para logo após fechar a porta e se agachar.

    — Você disse que teria energia… mas não vou te culpar, você se esforçou muito, não é? — Enfim, acabando com seus falsos soluços, Night pegou o corpo de seu amado no colo e o carregou até a cama. — Desculpa por não ajudar… desculpa se meu corpo não for o bastante… sinto muito por rir do seu sofrimento… eu não aguento mais te ver com esses olhos.

    Passo por passo, o subir das escadas pareceu sem fim e, olhando para o rosto de seu querido amor, a demônio chorou, suas lágrimas pingaram sobre o rosto dele e aquela sensação de inutilismo só a consumiu mais e mais.

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    A motivação de querer melhorar, um pouco antes de amanhecer, numa hora que sempre acordou. Night abriu seus olhos naquele mesmo horário que sempre brilhava para Kevyn acordar, mas dessa vez não voltou a dormir.

    Ao se levantar da cama, a garota saiu do quarto e desceu pelas escadas. Na cozinha, caminhou até a geladeira a qual comprou com seu amado no dia anterior e tirou duas caixas de leite.

    Do lado de fora, ela foi até um pequeno cercado e despejou o leite sobre uma enorme tigela. Três pequenos tigres de madeira despertaram e vieram se alimentar.

    “Por que será que eles continuam aqui?”, pensou consigo mesma e se levantou. “Um dia eles vão embora viver na natureza, não vão?”, voltou para dentro.

    Tirando o pó de café do armário e uma garrafa térmica, Night despejou o líquido velho do recipiente e o lavou por dentro. “Tudo que eu precisava”, o retirar de uma leiteira de baixo da pia, o encher de água e colocá-la sobre uma das bocas do fogão.

    “Esse é o melhor café que achei naquele mercado, será que se eu pedir ele me deixa plantar café? Esse aqui não tem uma fragrância lá muito boa”, reclamou para si mesma e abriu o pacote com o simples deslizar da faca.

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    “Toc”, “toc”, o bater da porta. Tomando seu café, Night se levantou da mesa onde estava sentada e caminhou até a maçaneta para, então, abri-la. 

    — Hahaha! Bom… dia… — Ao perceber quem atendeu, de um homem de cachecol alegre, virou um loiro relutante.

    — Bom dia. — Respondeu a demônio.

    — Que falta de vergonha… — Olhou-a com reprovação.

    Ao piscar duas vezes, uma face de tédio se ponderou na face da garota, que o respondeu: — Não pode ficar de roupa íntima nem na própria casa.

    O perceber do anel no dedo anelar em que ela segurava a xícara de café. — Não acho que seu namorado vá gostar que outros homens fiquem olhando para você seminua, sabia?

    — Não é só porque eu tô de blusa e calcinha que isso seja nudismo, se continuar implicando, eu vou te chutar daqui! — gritou, ameaçando-o com sua mão esquerda.

    Um leve sorriso se abriu no rosto do irmão mais velho do príncipe dragão. Gabriel deu as costas e balançou seu braço em contestação.

    — Tá, tá! Mas pelo menos coloque uma calça, vamos conversar um pouco, aliás, eu quero uma xícara de café, viu? — Caminhou até um laguinho ali no quintal.

    — Hm… você tá muito abusado pro meu gosto.

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    De volta ao lado de fora, passos um após o outro até chegar no lorde e oferecer café. Vendo-a chegar, agora com roupas mais casuais, o homem aceitou a xícara e sorriu enquanto olhava para o laguinho.

    Em meio ao nascer do sol, ele perguntou:

    — E você? Como se sente roubando a apologia de mim?

    — Hm?

    — Star, minha gêmea que nasceu do mundo, qual é o seu sonho?

    Gabriel virou seu corpo em direção à garota e, ao ressoar aquelas palavras tão efêmeras, viu no rosto da demônio o mais profundo desespero.

    — S-sonho? — O gaguejar dá sequência a um tremor de mãos compulsivo.

    — As vozes não param, não é? — Ele tomou todo o café com somente uma golada.

    Fitando suas próprias palmas, a garota caiu de joelhos e arregalou seus olhos. — Qual… qu-qual era o meu sonho?

    Com uma feição de tédio, Gabriel se agachou, deixou a xícara na frente dela e respondeu: — Você é um caso perdido, sabia? Quantos anos você teve para pensar nisso, sabe me dizer?

    Num piscar de olhos, uma lâmina veio em direção ao pescoço do lorde que, com apenas uma de suas mãos, parou a arma. 

    — Minha querida irmã, seu relacionamento é um problema para mim, então não ache que só por ele te amar, eu não possa te matar. — O liberar de uma presença assassina tomou Night e, com um breve soltar de mãos, o homem se levantou e continuou — Procure por um objetivo, um sonho. Sei que pelo menos isso você tem, não é?

    De cabeça baixa, a garota não sentiu medo algum, mas apenas suspirou e fechou seus olhos. — Quero protegê-lo.

    — Proteger, né? Huhu… seu potencial é tão grande quanto o de qualquer um, faça bom uso dele. — Um portal surgiu nos pés de Gabriel e ele então foi embora.

    Com certo receio, Night pegou o copo, se levantou e absorveu sua arma. “Um sonho…”, ela caminhou de volta para casa.

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