Capítulo 11 — Primeira vez em uma escola.
Caminhando pelos corredores obscuros da mansão de maneira avoada, Klei parou ao lado de uma janela que deixava a luz de uma das luas entrar, iluminando seu rosto.
Com seu cabelo voando ao vento, observou uma figura: uma mulher baixa e magra caminhando em sua direção.
Com um tom de seriedade, ele perguntou: — O que decidiram?
Com a figura se aproximando, o brilho lunar revelou ser Astéria, que respondeu: — Eles não irão tomar o garoto.
— Que bom… mas acho que eles sabem que eu não deixaria tomar meu filho. — Suspirando com um pequeno sorriso em sua face, Klei olhou pelo lado de fora da janela.
Indo até ao lado do homem, ela encarou o lado de fora e pensou: “No fundo, ele é um pai… não é? Eu me pergunto como a mesma pessoa que pôs aquela maldição, consegue suspirar de alívio”.
Olhando para a lua, disse: — Soube que botou ele em uma escola.
— Sim, mas não vai ser por muito tempo.
Voltando seu olhar para Astéria, Klei agarrou sua cintura e começou a rodá-la. Não sentindo nenhuma intenção vinda dele, a mulher deixou, mas fechou seus olhos ao mesmo tempo que, sorrindo, o homem gritava:
— Astériazinha, Astériazinha! Como pôde me deixar ansioso por ver nosso filho lutar?! — Terminando de girar, deixou-a de pé.
Com seu cabelo bagunçado, Astéria perguntou, ainda de olhos fechados: — Por que você precisa ser assim?
— Assim como? — Debochando, Klei puxou um pente de dentro da escuridão e começou a pentear o cabelo de sua “amada”.
Abrindo seus olhos, ela o via penteando seu cabelo, respondendo: — Você uma hora está sério… e outra está brincando feito uma criança.
— Hm… você tem razão, eu diria que são como impulsos, mas não entenda errado. — Após pentear, o homem beijou-a em sua testa e continuou sua caminhada.
Olhando seu reflexo quase transparente pela janela, Astéria pensou: “É tão imprevisível quanto aparenta… mas eu sinto que vou mostrar esse penteado para a Myuky”.
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Invadindo o quarto de Kevyn, Aradam, com um spray de água, vai até sua cama e, encarando-o, pensou: “Kan… isso funciona em gatos, mas no garoto? Não tem como, gênia demais”.
Borrifando água nele, uma barreira óssea o protegeu e, observando Night brilhando, pensou: “Filha da puta, essa espada não me deixa fazer nada, hm… então tá bom”. Quebrando a barreira de ossos, chacoalhou-o dizendo:
— Kevyn, acorda, você precisa ir para a escola.
Levemente, abrindo os olhos, mesmo sendo chacoalhado, falou baixinho: — Escola?
Parando de balançar, ela respondeu: — Sim, no meio do caminho te explico, levanta.
Levantando-se, Kevyn vai ao banheiro e, ao sair, Aradam entregou seu uniforme.
Observando uma blusa social branca e um sobretudo azul-escuro, quase preto, Kevyn, franzindo sua testa, disse:
— Vou ter que usar essa roupa ridícula?
— Você não gosta muito de roupas sociais, né? Tem a calça e o tênis sociais. — Aradam debochou, mostrando as roupas.
Suspirando, estalou os beiços, respondendo: — Tá, me dá licença.
— Você não estala beiço não, você vai me agradecer mais tarde! — aSaindo do quarto.
Suspirando, Kevyn vestiu seu uniforme e arrumou sua mochila, pondo Night pendurada com seu guarda mão em suas alças. Saindo, ele vai até Aradam que, dando uma leve risada, pôs um chapéu fedora de aba grande nele, dizendo:
— Isso aqui é um presente do seu pai, ele disse que iria comprar um igual para ficarem combinando.
Sorrindo, o garoto ajeitava-o, dizendo — Que chapeuzão, gostei!
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Andando até a escola e passando por diversas pessoas, Kevyn sentia que os olhares estavam mais frequentes do que antes, talvez pelo uniforme.
Não se importando, ele observou as diversas lojas e casas que, cobertas de neve, traziam sua atenção, pensando: “A neve com as casas, todas pretas, trazem um contraste tão gostoso de se observar!”.
Aradam olhou para o garoto, percebendo seu estranho olhar. Pondo sua mão sobre as costas dele e olhando mais atentamente, viu que Night estava envolta em ossos e nervosamente disse:
— Kevyn, por que você trouxe ela com você?
Juntando seus dedos indicadores, ele respondeu timidamente: — É que… ela não consegue ficar longe de mim.
Colocando a mão sobre a testa, disse: — Ela, ou você?
Desviando o olhar: — Eu… — disse, colocando as mãos sobre as alças da mochila: — Não consigo deixar ela em casa.
— Por quê?
— Porque é um presente da Améli.
Quieta, Aradam pensou: “A escola que ele vai é conhecida por formar os melhores guerreiros… ele está certo de levá-la… e com o uniforme, fica evidente o motivo dele ter uma espada”. Colocando sua mão sobre a cabeça do garoto, ela disse: — Não precisa se preocupar, você estar com ela não é um problema. A escola forma os melhores guerreiros!
Suspirando aliviado, os ossos de Night são absorvidos: — Não precisa se desculpar.
— Ah! Verdade, você está na escola por causa de um torneio.
— Torneio?
— Sim, vai ter um torneio e eu pedi para te colocarem em uma que vai participar.
Ainda confuso, ele levantou levemente a mão, perguntando: — Ok, mas… que torneio?
— Um torneio feito pelo rei para ele saber qual escola está mais forte. Ele vai dar um prêmio de alguns milhões de ¹grafos para a escola vencedora, fora o aluno receber um certo prêmio.
Levantando suas orelhas, o chapéu levemente se moveu e, arrumando-o, Kevyn respondeu: — A-ah… entendi!
— Hehe… pelo visto, se interessou.
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Chegando até uma enorme escola, eles pararam no portão. Observando as grades que, ligadas à entrada, cercavam a escola, o garoto pensou: “Isso é como uma prisão, não me parece seguro, ou melhor… parece seguro até demais”.
Após Aradam conversar com o guarda que ficava na porta, Kevyn, junto a ele, caminhou até sua sala.
— Piah! Por que chegou tão tarde? — O guarda, com um sotaque inusitado, bate amigavelmente nas costas dele.
Finalmente, olhando para ele e presenciando um elfo negro pela primeira vez, Kevyn, entusiasmado, disse: — Nossa! Seu cabelo branco, seus olhos azuis, sua cor de pele! São tão legais!!
Sorrindo, o elfo cruzou seus braços, dizendo: — Achou, é? Bah tchê! Seus olhos têm cores diferentes, se é aquele guri dos pais que usavam ¹fatiota?
Tentando processar o que ele falou, o garoto balançou a cabeça, dizendo: — Acho que sim, se o homem era um maluco de terno vermelho vinho, sim.
— Mas bah!
— Ah! Cheguei tarde porque acabei demorando um pouco pra acordar. — Coçando a bochecha, Kevyn sorriu levemente.
— Má é um ²boca aberta’ mesmo — disse rindo, ao mesmo tempo, em que chegavam até a sala, dizendo: — Tá entregue! Só bate na porta e estuda. Até outro dia, guri. — Saiu andando.
Vendo-o ir, o garoto acenou: — Até! — Voltando seu olhar para a porta, Kevyn engoliu seco e bateu duas vezes nela.
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¹ — “Grafos ou §”, Moedas mundial de B2A.
² — “Fatiota”, Para os gaúchos é para falar que alguém está bem vestido, principalmente quando a pessoa está de paletó ou terno.
³ — “Boca aberta”, Uma pessoa lerda, sonsa ou burra.
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