Capítulo 119 — Preocupações fora de visão
Abrindo seus olhos tão leves, uma demônio procurou por seu amado. “Você nunca tá aqui… Quero sua atenção…”, ao tentar se levantar, caiu da cama.
— Ah!-
De olhos fechados, ela lembrou de algo: “Ele não… Têm bebido sangue…. E eu tenho sugado ele sem parar, como não ficou doente?”, preocupada, ela caiu em sua própria prisão. Seu corpo tão preguiçoso não quis levantar. Mas sabia que parasitar não era de sua índole, não cometeria tal ¹sacrilégio.
Ela então se levantou rapidamente, escovou seus dentes e correu para o andar de baixo, pronta para fazer a comida de seu parceiro. “Eu vou olhar as memórias dele, tem algo errado, Aycity não vejo, ele vêm saindo de casa pela manhã e eu preciso verificar!”, percebendo sua invasão, ela levemente retomou a compostura e reescreveu sua frase para si mesma:
— Eu preciso olhar as memórias dele, para ver, se… ele têm se alimentado direito, é isso.
Por um momento, ela olhou para o próprio busto. “Será que ele gosta? Tão lindo… Por que você é tão bonito? Essa sensação…”, ela bateu a mão contra a pia enquanto um rubor tomava seu rosto.
— Doce… tão doce… Kevyn, eu tenho te usado muito, não é? Seu dinheiro, seu corpo… minha retribuição é o suficiente? — sussurrou.
Pegando algumas panelas, ela as botou no fogão e suspirou inquieta.
“Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame! Me ame!” vozes intermináveis, ambição.
— Sinto muito, não sou suficiente, sou? Eu não sei se sou quando você coloca essa máscara… Eu não consigo mais ver seu mundo com tanta escuridão… Onde está o campo de flores tão lindas, minha lótus…? Meu sonho é você… Minha sina… Quem diria que Kairós cumpriria sua promessa depois da vida… Quero que você melhore logo, Mas… eu não consigo te entender…
Tão chorosa, ela sentou-se em uma cadeira após tanto cozinhar… Motivos para ver, vozes não se calam…
“Dependência, vício, amor”
Seu único desejo, o amor, a luxúria…
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O tempo passou até o som leve da porta se abrindo. Era Kevyn. Ele entrou devagar, seus olhos percorrendo Night por inteira… E, ao notar que ela já havia preparado a refeição hesitou. Hesitação por um breve instante antes de se sentar à mesa, ainda apreensivo.
Com a chegada de seu amado, a jovem se apressou em pegar dois pratos, escolhendo-os com uma… Atenção especial: um azul, como céu, e o outro vermelho-vinho, tão escuro que lembrava a escuridão.
Movendo-se com ternura, ela serviu a comida que havia preparado com tanto carinho, quase como se desse a ele, todo seu coração. Assim, colocou o prato azul diante de Kevyn, e em seguida, posicionou o vermelho diante de si.
Por um breve instante, o mundo pareceu parar…
e realmente?
Era perfeito. Arroz e carne em formato de coração.
O cheiro da comida quente preencheu o ambiente e a madeira sob o vento trazia a atmosfera acolhedora, íntima. Mas Night percebeu algo em Kevyn.
Ele parecia distante, nebuloso, preso em um nevoeiro de pensamentos que ela não conseguia alcançar por não ser um pensamento, mas uma emoção. Acessar suas memórias, naquele estado, seria tão fácil quanto abrir um livro.
Conectada a ele, ela se inclinou tocando seus seios sobre a mesa e repousou seu maxilar em sua mão. “Aycity… Aycity… Aycity…?”, leve, suspirou, escapou de seus lábios e denunciou incômodo. Aquele momento deveria ser dela… Só dela.
— Diga-me Kevyn… Por que a Aycity te preocupa?
— Tem algo errado…
— Continue.
— Tirar da minha prisão… Resgatar do castelo… Os machucados, os cortes, tudo parece muito inconveniente, não acha? Ainda mais para você que viu minhas memórias.
— Uma acusação?
— Você não fez isso?
Silêncio.
— Tudo bem Night, não é como se já não estivesse acostumado com isso. — Desviou o olhar.
Percebendo o afasto, a garota lacrimejou e então: — Desculpa… Eu sou estava… Preocupada.
Olhando-a nos olhos, o príncipe abriu a boca, mas nada saiu, assim, fechou seus olhos e pensou: “Tudo bem, fico feliz por estar preocupada”.
“Como assim ele fica feliz por isso? Eu tô sempre preocupada com ele…”, insolente, como ele saberia se você nunca o diz? “O que será que estou fazendo de errado para te irritar tanto?”, chorosa, ela teve uma ideia.
Erguendo sua colher em direção a seu amado, ela ofereceu um pouco de sua comida. O príncipe encarou aquilo com certa curiosidade e logo entendeu.
Ele comeu da colher dela, e assim seguiu.
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Grudenta, mesmo após algumas horas, Night se agarrou a Kevyn, como se estivesse protegendo-o de algo, e, ele aceitou de bom grado, atenção dada em raros momentos, um vislumbre de carinho que ele não pediu, finalmente não sendo carnal.
Raro, dado, não era ele, era ela.
Assim, ao anoitecer uma ideia a jovem teve, bem na hora do jantar, ela diz:
— Vamos matar algo hoje?
— A-ah… não sei se tô muito afim…
— Você precisa conversar com o Jeremy, não se esqueça — debochou.
Sem nenhuma surpresa, o garoto respondeu: — Sim. Mas não significa que precisa ser agora, ainda estou pensando sobre…
— Inclusive, quanto mais cedo pode deixar que eu vou dar uma olhada na garota.
— Tudo bem…
“Eu não gostei muito da ideia daquele cara esquisito te enforcando, não vai se repetir”, ela pensou e fechou seus olhos.
Vendo-a franzir a testa, o príncipe desviou o olhar por um momento. Mas brevemente suspirou e disse:
— Então vamos, mas não quero matar ninguém…
— Hm… tudo bem, mas não dispense a ideia. — Ela voltou a olhá-lo e percebeu uma certa vermelhidão em seu rosto. — Aconteceu algo?
— Nada…
Ela então se aproximou e tocou a testa dele. — Você tem se alimentado? Sangue? Eu não vi você me sugando nem nada do tipo.
“Fora não ter visto nada em suas memórias”, ela pensou.
— Tenho sim, quando eu saio sozinho eu compro umas… Garrafas de sangue e tomo pelo caminho… — Desviou o olhar.
“Mentiroso… Não tô gostando dessas suas atitudes! Mas… Eu reparei em algo, você têm me seduzido para não perceber seus problemas. Idiota… Não vou questionar, quando você ficar doente, eu quem vou te seduzir”, completamente irritada, da testa ela levou sua mão até a nuca dele e repousou sua cabeça em seu pescoço.
— Kevyn, quando estiver com fome, você só vai beber o meu sangue, eu te proíbo.
Ao ver teus olhos encontrar com os dele, ali, o príncipe sentiu um arrepio por sua espinha, aquela voz… Sua maldita voz…
Olhar fixo, atravessando-o como uma lâmina, cada palavra parecia traçar um destino inevitável, uma sina que ainda não compreendia.
Ela poderia o destruir se quisesse…
— Farei como ordenar.
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¹Sacrilégio — pecado grave o sagrado.
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