Índice de Capítulo

    Acordando nu, Kevyn se sentou na cama e encarou Night. “Eu te amo tanto…”, desajeitado, ele levou a mão até seu rosto corado. “Me deixa desnorteado… confio em você para ir atrás da Aya, tudo vai dar certo, meu… coração…”, ele se inclinou e então beijou-a na bochecha.

    「❍」

    Após sair do banho, ainda sentindo o calor suave da água em sua pele, vestiu-se com calma, escolhendo roupas simples, mas confortáveis, como fazia quase todas as manhãs. “Ela tá me vendo? Eu senti seu olhar”.

    Sem pressa, ele saiu do quarto e desceu até a forja, onde o familiar cheiro de Daniel estava impregnado.

    Só de adentrar o espaço, o seu espaço, olhou lentamente cada canto, prateleiras com ligas raras, blocos de minério descansando como relíquias, ferramentas penduradas e a poeira, que retilínea, repousava dos feixes de luz entre as frestas do local.

    De passos tão solenes, caminhou entre a luz com a leveza de quem conhece cada centímetro daquele lugar. O ambiente estava silencioso sem seu mestre lá, mas o suave fogo adormecido ainda pairava pela fornalha.

    Após minutos daquele momento de solitude, ele se aproximou da bigorna com seu coração batendo como os ponteiros de um relógio. Sentou-se lentamente em seu banco de madeira e, de olhar sereno, viu…

    Flutuando sobre a superfície da bigorna, uma lâmina em formação. 

    Massa de metal em constante metamorfose, moldando-se sozinha com movimentos lentos e quase coordenados. Como se não obedecesse às leis do espaço e nem do tempo. Não havia martelo, não havia mão, apenas criação.

    A luz que adentrava por uma pequena janela refletia em sua superfície com um brilho etéreo, fazendo a lâmina parecer viva, pulsante, consciente como quem a portaria.

    Assim, observou em silêncio. 

    Encarregada para tornar sua criação mais forte, faltava algo para sua perfeição. Por causa desse mísero detalhe, ela nunca poderia se equiparar à sua anti-síntese. 

    “Ela é uma espada que pode usar necromancia, por que não… fazer algo ainda mais especial?”, pensativo, ergueu sua mão como um maestro de ventríloquo e a arma moldou-se em uma grande lâmina, desprovida de impurezas e ainda superficial perante o seu criador, quase perfeita, mas ainda incompleta.

    — Eu só estou manipulando ferro, preciso entender como colocar mana nela…

    Ele caminhou para fora em silêncio. Subiu as escadas e, ao chegar ao topo, parou diante de uma porta entreaberta, e suspirou. “Ela realmente tá acordada? Será que ela olhou a forja? Meus… pensamentos!”.

    Suspenso, o garoto balançou a cabeça e seguiu em frente. “Daniel… será que você tem algo pra mim?”, aquele quarto fora antes de Daniel, em pensar que, mesmo depois desse tempo, ele estava intocado pelo príncipe.

    Ele empurrou a porta com cuidado e adentrou o lugar de repouso de seu falecido mestre. O ar ali era diferente, quase como se “ele” estivesse ali. Tamanha vida trouxe nostalgia, mas era como um reverb na cabeça do garoto.

    O ambiente, embora desorganizado, continuou com aquela nostálgica sensação. Havia roupas espalhadas pelo chão de madeira, como se tivessem sido largadas às pressas. Uma pilha de livros em um canto e também em prateleiras.

    Fragmentos da história e de momentos diferentes em que Daniel viveu, deixados como estavam, intocados por qualquer impureza. No fundo do quarto, uma janela deixava passar uma luz tímida por meio de suas rachaduras, fazendo o ambiente escuro tomar ainda mais proporção com a poeira visível.

    Uma dúvida se manteve na cabeça do príncipe. Night passou por ali? A bagunça poderia ser organizada e não organizada, não era um degradê agradável, mas talvez um reflexo da preguiça de seu mestre? “Não importa…”, balançou a cabeça e suspirou.

    Aproximando-se dos livros, procurou sobre forja, estendeu a mão e pegou o primeiro exemplar ao topo, sua capa levemente empoeirada, o que o aguardava? Quais segredos o aguardavam?! Um século perdido? Um mundo novo? Como ele se tornou o dono do mundo?

    Ao assoprar a capa, toda aquela poeira subiu e entrou pelo seu nariz. Meio a um espirro, Kevyn então aniquilou aquela poeira com seu bafo gélido e, de olhos fechados… “ARHG! … Isso não foi legal”, ele lentamente o abriu para ver qual seria a maravilha que iria encontrar e…

    “Como namorar sua patroa”.

    Decepção, mas… ainda existia a esperança…

    “A arte da guerra”.

    Ainda não…

    “Como ensinar a pessoas mais novas”.

    Daniel realmente lia bastante…

    “A arte da forja”, um livro enorme, o quão complexo é forjar?

    — Oh! Finalmente, mas… esses livros parecem interessantes, talvez… em outro momento… 

    Kevyn pegou os livros anteriores e os guardou em sua bolsa dimensional. Observando aquele sobre forja, ele caminhou até a cama e se sentou. “Eu preciso estudar o livro do clã ouros que a Nick trouxe, mas agora não”, ele então abriu a primeira página do livro.

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    Ainda pela manhã, agora sentado na cozinha, Kevyn bocejou. “Usei energia demais, merda”, deitou a cabeça na mesa.

    — Ahgrhgrr… ele era grande demais… acho que passei um tempo lendo, mas passou só 20 minutos? Usei energia demais… — Sussurrou.

    Combinado ao cansaço da noite, o príncipe estava muito cansado, mas de repente um “toc, toc” vindo da porta.

    O garoto se levantou e caminhou até a entrada, ao abrir, viu seu irmão.

    — Bom dia! Dia?! Você… parece cansado, não é um bom momento?

    — Ah… não, só usei energia demais. — respondeu Kevyn.

    Mudando para uma face séria, o Gabriel cruzou seus braços e disse: 

    — Kley ainda tá te procurando, e eu quero treiná-lo, pode ser que ele mande alguém atrás de você…

    — Alguém?

    — Um dos apóstolos da sabedoria. Eles são uns babacas intrometidos, se nosso pai suspeitar que você está aqui, ele provavelmente vai mandar um desses idiotas para verificar.

    Confuso, o garoto inclinou a cabeça e perguntou: — Mas no caso não é só morar em outro lugar? Eu posso pagar…

    — Não é sobre morar em outro lugar, é a sua mana, se fosse assim era só vocês se esconderem, mas se um deles aparecer, eles vão perceber sua mana na hora.

    — Então eu não tenho escolha senão lutar?

    De cabeça baixa, o lorde coçou sua nuca e suspirou: 

    — Eh… sim.

    Por mais daquela afirmação tão monótona, Kevyn bocejou e seus olhos brilharam de maneira assustadora por um breve momento.

    Gabriel engoliu seco por um momento e deu um passo atrás. “Ele é mais novo, mas ainda consegue ser tão assustador quanto o Kley, são muito parecidos, é como ver uma versão mais nova dele”, uma pressão saiu do príncipe.

    “Vão vir até mim então? Tudo bem, não importa afinal vou matar todos. Contanto que ela esteja bem, nada importa”, olhando para o anel em seu dedo, suspirou e encarou seu irmão.

    — Tudo bem, eu aceito seu treinamento.

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