Índice de Capítulo

    — Com quem?! — gritaram Yakuza e Odin.

    Tremendo um pouco, o garoto desviou o olhar, sem conseguir responder:

    — A-ah!

    — Você usou camisinha?! — Michael botou as mãos nos ombros dele.

    — O-o que é isso? — inclinou a cabeça, ainda com seus olhos distantes.

    — NÃO É POSSÍVEL! Você engravidou a garota?!

    — Engravidar? A-ah… não acho que… não, não, não!

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    Após alguns minutos, os dois finalmente conseguiram encerrar a conversa sem que tudo fosse um desastre. O clima tenso, aos poucos, se acalmou.

    Enquanto comiam em silêncio, ainda com os resquícios pairando no ar, Odin os observou com atenção.

    Havia algo curioso em seu olhar, como se tentasse decifrar cada gesto, cada suspiro contido. Pouco depois, o velho homem se aproximou, sentou-se de frente para eles e, com a voz calma, perguntou:

    — Por que não tira a máscara para comer? Imagino que esteja um pouco incomodado, e ela pode sujar de molho.

    — Eu tô bem! Meus olhos são muito desgastantes. — Sorriu e inclinou a cabeça.

    — Tudo bem, então. Mas não se limite; não acho que vamos ter medo se seus olhos forem superiores. — Fechou os olhos e bateu uma palma.

    — Tudo bem!

    Logo, Yakuza e o príncipe terminaram suas tigelas de ramen, sorvendo o caldo até a última gota antes de se levantarem. Sem trocar muitas palavras, partiram em direção ao rastro da máfia.

    Apenas dez minutos — era o que faltava para a festa começar. Um tempo curto demais, conveniente até demais. Ainda assim, nada parecia fora do lugar. A cidade continuou com seu ritmo lento, como se o próprio caos estivesse à espreita.

    Condizente a esmo? Seguindo por uma rua estreita, quase esquecida pelo tempo, o silêncio condensou. Um vazio estranho tomou o ambiente, como se o próprio ar hesitasse em se mover.

    E então, diante deles, ergueu-se uma mansão de mármore branco. Menor do que a antiga casa do garoto, mas inconfundível. Ela era a mesma da sua primeira missão, a mesma onde matou aquele gerente.

    Kevyn franziu a testa, os olhos atentos à fachada imóvel. Ao seu lado, Yakuza estava de pé, visivelmente dividido entre excitação e nervosismo.

    Sem conseguir se conter, sua perna balançava de forma inquieta, os olhos fixos na entrada como se esperasse algo.

    — Algo parece errado, deixe comigo — disse Black, dando um passo à frente.

    — Ahm?! São quantos papéis?! Você não pode fazer isso!

    Ainda caminhando, ele respondeu: — Aparentam ser 380, algo assim… mas não me cheira bem. Fica aqui, ok?

    — Entendido, confiarei em sua experiência. — Prestou continência.

    A porta se abriu com um rangido seco, e Room surgiu no vão escuro da noite. Envolto por uma presença que parecia apagar o próprio espaço, como resposta imediata, todos dentro do salão já estavam com as armas erguidas, os dedos já pressionando gatilhos.

    Mas ele apenas sorriu — um sorriso cruel e frio, assim como seus olhos, escondidos por uma venda que agora escorregava lentamente pelo seu rosto.

    De trás da escuridão, revelaram-se olhos vazios como o próprio abismo. Conforme avançava, seus cabelos, antes escuros, ganharam um brilho sobrenatural, tornando-se brancos e etéreos, como neve iluminada pela lua.

    O caos começou. Tiros ecoaram de todos os lados — uma chuva de balas de calibres variados rompendo o silêncio com fúria, junto a gritos seguidos do puxar de gatilhos. Mas nenhuma delas o atingiu. No instante em que se aproximaram, os projéteis simplesmente pararam no ar, como se o tempo ao redor dele tivesse congelado. Em seguida, perderam altitude; sem força, caíram no chão, sem impacto.

    O silêncio que se seguiu foi tão opressor quanto os tiros. A única coisa que se movia era Kevyn: calmo, imperturbável, como um presságio da morte caminhando entre as sombras — sendo a luz que reina sobre a escuridão.

    — Fizeram tudo isso pra mim? Que surpresa agradável… hehehe. — Sorriso alegre, até demais para quem iria matar 300 pessoas.

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    Sem ao menos um respingo de sangue, Kevyn voltou até Yakuza após matar todos. Através de um suspiro tênue, o garoto perguntou:

    — Vamos?

    — Você não demorou muito, quanto profissionalismo. Não tem uma gota de sangue! Ahaha, me surpreendeu, chefe. Vamo lá.

    Vendo-o caminhar na frente, o príncipe inclinou a cabeça e sorriu. “Oh, entendo, entendo”, seguiu-o.

    Não demorou muito para que atravessassem as ruas e chegassem até um beco. Envolta de tijolos gastos, a porta azul-esverdeada os aguardava.

    Assim, passaram por ela. O aroma reconfortante de comida quente os envolveu de imediato, misturando-se ao cheiro nostálgico do lugar.

    Jeremy estava à mesa, saboreando calmamente um prato de purê de batata com um bife perfeitamente bem feito. Em cima, a crosta dourada cintilava sob a luz amarelada do teto. Kevyn, ainda de pé, lançou um olhar curioso para a refeição. Já Yakuza, mais à vontade, se aproximou e se sentou de frente para o balcão, apoiando os cotovelos com um tênue suspiro.

    Black Room não disse uma palavra. Tirou, com precisão calculada, os cartazes da bolsa dimensional e os colocou sobre a bancada com um leve estalo seco. Assim, sua voz enfim pronunciou:

    — Parte meio a meio, meu mano Michael tem filha pra cuidar. — Sorriu.

    — Uff! Ah… sim, sim! Claro! Deixe-me ver… — Os cartazes desapareceram, e o ruivo deu uma garfada em seu bife. — 523.300§, realmente bastante. Vão dividir?

    Sem nenhuma surpresa, o príncipe sorriu e olhou para seu parceiro.

    Com os olhos extremamente arregalados, Yakuza fez uma careta feia e gritou:

    — TODO ESSE DINHEIRO?!

    — Vamos dividir! — sorriu Kevyn.

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    Michael foi para casa muito feliz; ele não iria precisar trabalhar por um bom tempo. Quanto ao garoto, ele ficou para conversar com Jeremy.

    Tão leve, o homem chupou o próprio dedo logo após acabar seu bife; assim, olhou para Black Room à sua frente e disse:

    — O que quer?

    — Quero adamantina, titânio, ouro, cobre e cobalto.

    — Oh! … Quantos quilos?

    — Cinquenta.

    — Faço por 500.000 mil. Nesse caso, faça uma espada de adamantina, quero vendê-la.

    — Ok, mas por quanto você vai comprá-la?

    Os dois começaram um leve desafio mental. Olhares trocados, preços na mesa, começou a negociação.

    — Farei por dez milhões — começou Kevyn.

    — Então, comprarei por cinco milhões.

    Quebra! O que acabou de ver foi uma simulação na cabeça do príncipe.

    — Farei por vinte milhões — falou o menino.

    — Então, comprarei por dez milhões. Mas…

    Quebra! O que acabou de ver foi a imaginação na cabeça de Jeremy.

    Os dois começaram a analisar as sínteses; era como se, a qualquer deslize, um preço pudesse ser definido de maneira errada.

    Aos poucos, uma conclusão: para que aquilo funcionasse, algo era necessário.

    — Eu posso fazer, sim, a espada de adamantina, mas não vou deixá-la pura, né? Que tal eu dar-lhe um poder? — O jovem iniciou como quem…

    — Claro.

    — Que tal assim: se eu fizer algo melhor do que aquelas meras espadas de ferro, sendo de adamantina e também com um poder bem… “especial”, por que não fazemos por um preço que caiba nos parâmetros?

    Curioso, o ruivo fez seu dedo indicador curvar-se sob o nariz. Ele não sentiu hostilidade. — Continue.

    — Faria por um bilhão, mas que tal cem milhões? Acho mais justo assim. Então, farei ela forte o bastante para cortar uma colina inteira e evaporá-la no mesmo instante.

    — Só por alguns trocados? Kukukuku, não… se for tão boa, não vale a pena por um preço tão baixo, não é? Faremos por quinhentos milhões, então. Espero bons resultados. — Sereno, as palmas de suas mãos se abriram voltadas para cima e, como se estivesse apresentando algo óbvio diante dos olhos, ele curvou as mãos para baixo e as afastou gradualmente. Seus dedos ainda esticados — ele não estava apresentando algo, e sim a si mesmo.

    ❍ ≫ ──── ≪ • ◦ ❍ ◦ • ≫ ──── ≪ ❍

    De volta em casa, Kevyn se espreguiçou e percebeu que Night parou de falar depois de um bom tempo. Em silêncio, bocejou e chamou-a:

    — Night… Night.

    Enquanto descansava serenamente no plano astral, o sol começou a nascer, derramando-se sobre o mundo, despertando para tocar a alma adormecida de seu amado. Sentindo-o chamar, ela começou a retornar, lenta e graciosa.

    Transitando em silêncio, etérea, como névoa condensando em carne. Quando seus pés tocaram o chão, ela estava de costas para o jovem, ainda envolta na paz do despertar. Um bocejo leve escapou de seus lábios enquanto esticava seus braços, para então deixá-los cair sob a gravidade.

    — Oi… oi… — respondeu-o.

    — Podemos… sabe? — Corou e desviou a cabeça.

    — Kukuku. — Ela riu, guiou sua mão até ele e segurou seu queixo… ela hesitou. — Eu não sei se deveríamos… eu estou… grávida.

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